CAPÍTULO 14

POV's Nico

Eu consegui encurralar ela contra a pilastra, minha espada estava a centímetros do pescoço delicado dela. Então eu observei os olhos dela, eram tão lindos, e mudavam de cor no sol, normalmente eram verdes amendoados, mas agora, com a luz, estavam meio dourados e muuuito hipnotizantes. Tão hipnotizantes que eu fiquei olhando pra eles, perdido nos matizes dourados e verdes, poderiam ter se passado um milênio ou um segundo e eu não teria notado a diferença. Depois de um tempo notei que ela também olhava nos meus olhos e que seus lábios (muito tentadores, diga-se de passagem) estavam meio entreabertos de um jeito tão fofo que eu comecei a me inclinar involuntariamente, aproximando meus lábios dos dela.

“Se você continuar a fazer o que está fazendo, pode ter certeza que essa garota vai visitar seu pai permanentemente” ouvi a voz de Zeus na minha cabeça. Eu tinha certeza que ele estava falando sério, ainda lembrava da “visita” que ele, Poseidon e meu pai fizeram à minha cabeça. Então me afastei dela e virei de costas, mas consegui ver a expressão de tristeza, incredulidade e decepção no rosto de Stella.

“O que você está fazendo, papai? ” agora era Afrodite. “Estava um clima perfeito!”

“Desculpe” falei pra Stella, ainda de costas.

“Não se preocupe com isso” ela falou, mas pelo seu tom de voz percebi que eu tinha errado feio. “Vou preparar alguma coisa pro café da manhã.”

“Tudo bem, vou treinar mais um pouco.” quando senti que ela se afastava, me virei e pude ver ela correndo, os cabelos flutuando atrás dela e parecendo ouro ao sol.

“Mas que droga!” pensei. “Zeus pode ser muito idiota!”

“Se eu fosse você teria mais cuidado com o que falo.” o dito cujo falou.

“Se o senhor não percebeu, eu não falei nada. É isso que dá entrar na cabeça dos outros.” respondi com sarcasmo.

“Ora, seu pivete, como ousa me desafiar?”

“Papai, o Nico está certo.” perái, Afrodite tá me dando razão? “O senhor acabou com o clima de romance, e a pobrezinha deve estar aos prantos nesse exato momento!”

“Olha só o que você me fez fazer! Agora ela vai me odiar pra sempre!” pensei com raiva. “Zeus, idiota!”

“Olha o respeito, garoto de Hades!” ele falou.

“Respeito é uma coisa mútua, papai! E você não respeitou o clima perfeito pra o beijo da minha garotinha.” essa aí foi Afrodite, me defendendo de novo.

“Peraí! Sua garotinha?” perguntei confuso.

“Ela é sua filha?” falei ao mesmo tempo que Zeus. Afrodite riu.

“Mas é claro que não!” ela falou ainda rindo. “É só uma garota que conserva uma beleza pura e que sabe que o amor escreve certo por linhas tortas. Eu aprecio muito isso nela.” ela falava em um tom maternal, cheio de carinho, mas então sua voz ganhou um tom magoado: “Claro que agora a certeza dela se esvaiu quando o senhor fez o favor que cortar o clima, no quê estava pensando, papai?”

“Ela pode ser perigosa!”

“Ela é só uma garota! Pelos meus sapatos perfeitos! Será que dá pra parar de ser paranoico?” Afrodite falou esganiçada. “Está estragando um dos meus casais preferidos!”

“O que??” perguntei, porque todo mundo sabe que os casais preferidos de Afrodite tem sempre complicações, tipo o Percy e a Annie, Atena não era muito favorável ao namoro deles, e sempre achava um jeito de provar isso. “O que você está tramando?”

Minha única resposta foi um risinho.

“Fique longe da garota, filho de Hades, ou você e ela vão sofre as consequências.” falou Zeus

“Sai da minha cabeça!” falei ríspido pra ele.

“Quem você pensa que é pra mandar em mim?” ele falou.

“Sai logo, pai! Ou vou dizer à Hera que você andou flertando com um mortal.” falou a voz de Afrodite e logo senti a presença de Zeus desaparecer.

“Obrigado” pensei agradecido pra Afrodite.

“Não há de quê.”

“A senhora acha mesmo que ela está chorando por minha causa?” perguntei nervoso.

“Tenho certeza, mas não se preocupe, Nico, eu sempre tenho um plano!”

“Achei que Atena e Annabeth sempre tivessem um plano.” pensei, mas ela já tinha deixado minha cabeça. Ótimo! Perfeito, não podia estar melhor!

Tudo isso por culpa de Zeus e de sua paranoia, ele sempre conseguia um jeito de tentar tornar qualquer pessoa em uma possível ameaça. Como ele fez comigo e com minha irmã, Bianca, e por isso nossa mãe morreu; como ele fez com o Percy e Poseidon, quando seu raio-mestre foi roubado, e isso causou muitas mortes por causa de tempestades, acidentes aéreos e blá blá blá. E como se isso não bastasse, sua paranoia, agora com a Stella, tinha estragado tudo entre mim e a Stella. Aposto que agora ela acha que eu sou um idiota completo. Que raiva! Apertei meus punhos e só então percebi que eu ainda segurava minha espada. Transformei ela de volta no anel, apertando a pedra negra que não sei o nome (N/A: eu mereço! N/Nico: eu não tenho obrigação de saber nome de pedra! N/A: tá, tá, tá! Deixa eu continuar a história! N/Nico: mas foi você que interrompeu! N/A: quem manda aqui? Eu ou você?).

Fui até a cozinha, que estava vazia. Tinha um bilhete na porta da geladeira, eu o abri e vi uma caligrafia delicada e fina, muito caprichada e clara.

Nico, já tomei café. Tem ovos na frigideira e suco na geladeira (N/A: rimou!!!)

Stella.

Ótimo! Agora ela nem me esperou, “traduzindo” o bilhete:

Nico, você é um idiota, não fale comigo. Deixei comida pra você, não sou desnaturada igual a certas pessoas.

Nem venha me procurar,

Stella

Tomei o café da manhã e fiquei pensando em algum jeito de fazer tudo voltar ao normal.

POV's Stella

Enquanto fazia o café da manhã, não pude conter as lágrimas que insistiam em cair. Eu estava totalmente confusa e com raiva de mim, dele e da vida.

Teletransportei um papel e uma caneta, Deus sabe de onde, e escrevi um bilhete, que prendi na geladeira com um ímã.

Comi rápido e em silêncio e depois lavei e enxuguei os pratos, lembrando com nostalgia dos dias anteriores, quando nós o fizemos juntos, rindo e brincando ou simplesmente ficando em silêncio. Mais algumas lágrimas escaparam enquanto eu colocava tudo no lugar com magia, os objetos voando, portas se abrindo e fechando.

Subi pro meu quarto me rendendo às lágrimas, sem ninguém pra me consolar. Então eu inconscientemente comecei a cantar uma música de Miranda Cosgrover, ela não era muito famosa, mas a Bloom adorava ela.

Beautiful Mess
I feel crazy while you seem sane
I saw lightning but you just see rain
I hear music that's my heart beat wave

(Eu me sinto louca enquanto você parece são

Eu vi raois mas você só vê chuva

Eu ouço música que a onda de minha pulsação)

Chorus:

In your shadow I fade
It's a beautiful mess you made
You've had your fun and games
I love you
To you that means so much less
You're like the tear in my brand new dress
It's a beautiful mess

(Refrão:

Em sua sombra eu desboto

É uma bela bagunça que você fez

Você tem sua diversão e seus jogos

Eu te amo

Pra você isso significa muito menos

Você é como uma lágrima no meu vestido novo

É uma bela bagunça)

The rush remains as I watch you go
Your kiss still lingers but it's killing me slow
As I shiver in this space where I lay

(A corrida continua enquanto eu assisto você ir

Seu beijo continua grudado, mas está me matando devagar

Enquanto eu tremo nesse espaço onde me deito)

In your shadow I fade
It's a beautiful mess you made
You've had your fun and games
I love you
To you that means so much less
You're like the tear in my brand new dress
It's a beautiful mess

(Em sua sombra eu desboto

É uma bela bagunça que você fez

Você tem sua diversão e seus jogos

Eu te amo

Pra você isso significa muito menos

Você é como uma lágrima no meu vestido novo

É uma bela bagunça)

It was an innocent mistake to waste my time on you
When they tell you not to go there
Don't care and you do

(foi um erro inocente que eu desperdiçar meu tempo com você

Quando eles dizem pra você não ir lá

Você não liga e vai)

In your shadow I fade
It's a beautiful mess you made
You've had your fun and games
I love you
To you that means so much less
You're like the tear in my brand new dress
And now I'm left with this beautiful mess

(Em sua sombra eu desboto

É uma bela bagunça que você fez

Você tem sua diversão e seus jogos

Eu te amo

Pra você isso significa muito menos

Você é como uma lágrima no meu vestido novo

E agora eu estou deixada com essa bela bagunça)

Enquanto cantava, eu lembrava dos meus pais, me dizendo que era melhor eu aceitar, e agora eu estava acreditando nisso, afinal, se tivesse escutado eles, eu não fugiria, não conheceria Nico e não estaria chorando por ele, eu não estaria sofrendo. Mas eu fui idiota e infantil, dexei meu povo pra trás, minha família e meu amigos por causa de um amor que eu nem sabia que existia, tudo não passou de birra de criança.

Mas ainda havia uma parte de mim que queria desesperadamente acreditar no contrário, ela queria que houvesse uma explicação pra Nico ter me rejeitado, ela queria as respostas pra tantas perguntas não respondidas, ele gostava mesmo de mim? Ou ele era como aqueles garotos que achavam que cada garota que conquistavam só pra depois quebra o coração delas em pedaços bem pequenos, cada conquista, cada lágrima que elas derramavam por eles, era motivo de diversão?

Sim, respondeu a parte racional de mim, ele parece ser exatamente esse tipo de garoto.

Mas ele foi tão doce, protestava a outra parte, tão gentil como ninguém era há muito tempo.

Exatamente, a parte racional rebatia, é assim que eles agem, depois destroem você por dentro. Vamos voltar pra casa.

Eu ainda percebia a pequena parte, aquela doce e boba Stella, protestando desesperadamente, insistindo que devia haver alguma solução pra o problema, quem sabe falar tudo pro Nico, ele compreenderia.

Mas a parte racional venceu e ela dizia pra voltar pra Sollaria e esquecer toda aquela besteira de amor verdadeiro, voltar e aceitar qualquer pretendente que escolhessem pra ela. Porque esse é o dever de uma princesa, se sacrificar pra o bem de seu povo, honrar sua família, e eu, em minha busca patética pelo amor, tinha desrespeitado os dois princípios.

Fui até o closet e comecei a jogar tudo meu de volta na mochila. Minha visão ficou embaçada e uma coisa quente escorreu até meu queixo, e só então percebi que estava chorando. Enxuguei as lágrimas e continuei o trabalho.

Ouvi batidas na porta do quarto, mas às ignorei, continuei guardando minhas coisa parando de vez em quando pra enxugar algumas lágrimas.

Eu já ia me transformar, quando escutei um barulho vindo do andar de baixo, não era um barulho comum, e alguma coisa me disse pra ir ver o que era.

Larguei a bolsa em cima da cama e partir pra ver o que estava acontecendo. Andei sorrateiramente, descendo as escadas nas pontas dos pés. Não era na cozinha, parecia vir do lado de fora, saí pela porta da cozinha e o que eu vi me deixou paralisada.