Memórias de Bellatrix Lestrange escrita por Shanda Cavich


Capítulo 4
Comensais da Morte




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/128814/chapter/4

Meus anos em Hogwarts finalmente chegaram ao fim. Eu mal cheguei em casa e meu pai já me esperava com um grande sorriso no rosto. Estranhei. Pois em todas as férias anteriores ele sempre me entregava um novo livro e me dizia para estudar mais no ano seguinte. Nosso elfo doméstico, Monstro, segurou minhas malas assim que adentrei ao portão. Então eu e minhas irmãs entramos na imensa sala de estar.

Nela estava boa parte de minha família e outros convidados a quem meus pais já conheciam há muito tempo. Meu pai me deu um longo abraço como nunca tinha feito antes, seguido por um beijo na testa.

''Bella, minha filha querida, arranjei-lhe um casamento dentro de três meses!'' – disse ele, alegremente.

No momento em que ouvi a palavra ''casamento'' senti um arrepio. Já imaginava quem seria meu noivo. Mas a idéia não me agradava por completo. Olhei atentamente para o fundo da sala e reparei um homem alto de longos cabelos negros escorridos até as costas, usando uma lustrosa capa de viagem. Ao lado dele estava um garoto belo e robusto de olhos cor de avelã. Era um de meus amigos de escola, o Rodolfo. O sorriso dele estava tão intenso quanto o seu olhar encarando a mim. Chegava a ser assustador.

''Abigor, meu caro amigo! Precisamos festejar! Nossos filhos nos unirão ainda mais. '' – meu pai deu um abraço no velho bruxo e um aperto de mão em Rodolfo.

Abigor Lestrange pertencia a uma das seis famílias que possuíam um cofre em Gringotes protegido por um dragão. Entre elas também estavam os Malfoy e os Rosier. Famílias que também participavam de nosso vínculo familiar. Os Lestrange eram riquíssimos e poderosos. Muito temidos pela comunidade bruxa por suas influências, inclusive no exterior.

Em meio aquela festa não pude fazer nada a não ser sorrir e me calar. Mas quem me conhecia realmente sabia que eu não estava feliz. Percebi isso quando Ciça sentou-se ao meu lado e apoiou-se em meu ombro:

''Tudo bem, Bella. Você vai aprender a amá-lo, assim como aprendeu a me amar. ''

''Irmãzinha boba. Eu sempre amei você. Só não posso dizer o mesmo sobre a Andie. '' – eu disse isso e então nós duas rimos. Andrômeda conversava com nosso primo Sirius, a quem eu sempre desconfiei ser um traidor, já que ele sempre discordava de mim quando eu condenava os trouxas em minhas palavras agourentas.

Certa noite, um som me chamara à atenção. Olhei janela afora e reconheci o homem que acabara de entrar em nossa casa para o banquete de noivado. O Sr. Avery – meu padrinho – e o Sr. Lestrange – agora meu sogro – o levaram até a sala de jantar. Desci depressa, me afogando em minha própria ansiedade. Para o meu desgosto, no pé da escada esbarrei em Rodolfo. Assim que me esquivei de seus abraços, corri para a grande porta. Na cadeira da ponta, lá estava ele como um verdadeiro rei: Tom Riddle.

Os convidados já estavam todos sentados na mesa colossal. Restaram apenas cinco lugares disponíveis. Três deles eram no meio, próximo aos meus pais, e os outros dois eram na mesma extremidade em que Tom estava sentado. Por impulso, fui na direção dele. Mas minha mãe puxou-me para a cadeira a seu lado. Durante aquele jantar e reunião ouvi a mesma conversa que eu ouvia todos os verões: qual seria a melhor maneira de liquidar os sangues-ruins.

Em meio às vozes possantes dos homens da família pude escutar um sussurro vindo dos lábios finos e pálidos de Tom. Ele conversava com o Abigor Lestrange. Então ouvi meu sogro dizer:

''Ah, sim Milorde! É Bellatrix Black. Está noiva do meu filho. Os dois pombinhos são um dos motivos deste maravilhoso banquete! ''

''E logo será Bellatrix Lestrange, pai. '' – concluiu Rodolfo, sorrindo para mim.

Naquele momento meu coração bateu mais rápido e fortemente. Tom havia perguntado sobre mim. Pena que a resposta que ele obteve fora aquela. Senti vontade de gritar. E pior: não pude decifrar a reação dele. Seus olhos estreitos eram frios como o gelo. Olhavam para mim de esguelha, como se não quisesse que eu reparasse.

Ao fim daquela noite, a maior parte dos convidados foi embora. Restaram apenas alguns amigos de meus pais e familiares. Estavam agora reunidos na sala de estar. Então Lord Voldemort levantou-se.

''Nosso número precisa se expandir, cavalheiros. Comensais da Morte! É disso que precisamos. Não é mesmo, Avery?"

Otello Avery concordou com a cabeça.

''Milorde! Tenho certeza de que meus filhos se sentiriam honrados em servir ao senhor. '' – prosseguiu o Sr. Lestrange. Rodolfo e Rabastan fizeram uma reverência.

Lord Voldemort deu um leve sorriso. Foi então que me direcionei ao centro, encarando-o nos olhos. Naquele momento senti a necessidade em comunicar-me com ele. A força que ele impunha em sua fala, a dominação que ele transmitia aos bruxos presentes naquela assembléia era maligno. O poder de sua voz era imenso, ainda assim suave como um sibilo de serpente. Ah, sim! Poder era algo que me atraía.

''Adoraria servi-lo, Milorde!''

Todos os presentes olharam-me admirados. Andrômeda ficara assustada. Pude ouvir um pequeno grito vindo da boca dela. Rodolfo veio ao meu lado e beijou-me na mão. Tom sorriu ainda mais assim que fiz uma longa e demorada reverência.

''Continuemos com os preparativos. '' – ordenou ele. Então eu jamais deixei de obedecê-lo.

Tornei-me sua seguidora mais fiel.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!