Eldunari escrita por Valkiria


Capítulo 3
Acontecimentos!


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas por ter demorado tanto tempo pra postar os novos capítulos, mas a boa notícia é que estou trazendo três de uma vez xD
Espero que curtam a continuação o/
Ah, já ia me esquecendo, deem uma relida rapidinha no epílogo e no 1º capítulo, eu mudei alguns detalhes neles, bem pouco, mas tem algumas coisas mais detalhadas.
Obrigada!
Bjokas



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Dirigindo-me para uma barraca armada onde dormiam parte das mulheres do acampamento e pensei sobre a causa dos ditos “rebeldes”. Esses eram os Varden, que lutavam contra a opressão do governo de Galbatorix que durava já cem anos. Eu conhecia sua história, mas nunca me preocupei realmente em me aprofundar mais a respeito, apesar de se tratar da história do meu país. Pensando no propósito deles, decidi me aliar aos Varden. Estava mais do que na hora dessas terras viverem livres de um tirano.

Após alguns dias no acampamento dos Varden eu já estava me acostumando com a rotina deles. Quando o sol raiava, eu ia direto para o campo de treinamento. Muitos lá estranharam o aparecimento de uma mulher que lutava, mas lá conheci Fredric um grande mestre de armas que me ensinou muitas técnicas novas de luta e várias informações sobre armas. Apesar de enorme, corpulento e ter uma espada tão grande quanto ele, me afeiçoei rapidamente ao seu jeito carismático.

Conheci Ângela a herbolária, uma figura no mínimo peculiar e misteriosa também. Aos poucos fui descobrindo os outros personagens importantes dessa história. Lady Nasuada era a líder dos Vardens, seu pai Ajihad foi o antigo líder. O subcomandante se chamava Jormundur. O rei dos anões: Orik. O rei de Surda, aliado dos Varden era Orin. O dragão azul que vi a pouco tempo, era uma fêmea chamada Saphira e o Cavaleiro que a montava era Eragon, eles andavam acompanhados muitas vezes de um grupo de 12 elfos magos. Eram tantas novidades absurdas que precisei de um tempo pra absorver que aquilo tudo fazia parte da realidade em que eu vivia.

Em uma tarde eu estava montada em meu cavalo – um mustang negro chamado Donner (tradução “trovão” em alemão) - caçando em uma floresta próxima, quando vi ao longe um dragão vermelho voando desengonçado e uma pessoa que parecia estar montada nele, despencando lá de cima – apenas um ponto indefinido na distância, em crescente queda até sumir em meio às árvores. – O dragão lutava em um esforço vão de se manter planando, mas logo em seguida despencou também, causando um forte estrondo no local onde colidiu e uma nuvem de pássaros voou fazendo uma enorme algazarra.

Algo de errado estava acontecendo. Aquele dragão vermelho... eu ouvi falar de um Cavaleiro chamado Murtagh que lutava ao lado de Galbatorix e montava um dragão vermelho cujo nome era Thorn! Pelos rumores, eles eram bem fortes! Se o que vi eram eles, mesmo, então o que estava acontecendo para ambos terem caído de repente e tão perto do acampamento? Apressei o galope me dirigindo com velocidade para o local onde ambos tinham caído. Passei certo tempo procurando e o sol já estava se pondo, quando finalmente encontrei o corpo desmaiado do rapaz.

Desci rapidamente do cavalo e me aproximei para sentir sua respiração que estava bem fraca, mas ele ainda estava vivo! Seu coração batia sem forças e seu corpo estava muito ferido, perdeu completamente a consciência quando caiu. – ele deve ter usado uma magia para amortecer a queda, por que se não já estaria morto. Mesmo assim ele já estava ferido devido alguma luta anterior, pois sua camisa estava manchada de sangue no peito. – E agora, o que eu faria? Podia deixá-lo morrer ou entregá-lo para os Varden, seria o mais correto a fazer?!

Olhei bem para ele, cachos de cabelos castanhos caíam-lhe sobre os ombros, emoldurando sua face plácida, a camisa meio aberta revelando seu peito forte e a pele morena de sol. Parecia até pecado pensar nisso agora, mas ele era tão... atraente! Sua vida estava em minhas mãos e eu tinha que decidir logo o que eu faria. Por fim decidi salvá-lo e pensar nas consequências depois. Quando eu ia puxá-lo para colocar em cima do cavalo, a folhagem próxima se mexeu. Eu me virei de súbito empunhando o machado e fui surpreendida por Thorn imponente, grande e ameaçador! Paralisei por um instante sem saber o que fazer.

.....................

Eu seguia conduzindo o cavalo, com o corpo inerte de Murtagh em cima do animal. A minha frente quem nos guiava era Thorn. Devo admitir que foi assustador quando aquele animal incrível surgiu do nada. - por alguns instantes eu apenas o encarei paralisada, mas aos poucos tomei coragem de me aproximar, era assustador e fascinante ao mesmo tempo. Quando estiquei minha mão para tocá-lo, ele se retesou e me encarou com seus olhos vermelhos vivo, intensos, mas devagar ele permitiu que eu o tocasse. O que se seguiu a isso foi um diálogo um tanto peculiar já que eu estava conversando com um dragão.

Era estranho isso, em um dia dragões eram lendas para mim, no outro eu via um voando bem na minha frente e então de repente eu estava conversando com um. Por fim, depois que eu dei a minha palavra de que o ajudaria e trataria de Murtagh sem contar nada aos Varden, ele decidiu confiar em mim. Thorn não tinha muitas alternativas, já que ele mesmo estava ferido e mesmo que quisesse não teria como escapar dali sem minha ajuda. Teria que confiar em mim de qualquer forma.

Assim decidido, Thorn me guiou por um caminho até certa caverna que ele disse ter visto quando estava sobrevoando o local. Era próxima e serviria de abrigo para ele e Murtagh. Lá eu poderia cuidar melhor de seus ferimentos. – Enquanto eu andava, abaixava vez ou outra para recolher galhos secos, pensando que poderiam ser bem úteis para fazer uma fogueira na caverna para aquecer o ambiente.

Olhei pra frente para a asa machucada do dragão que arrastava no chão, em seu ventre também escorria um pouco de sangue, - eu me perguntava o que poderia ter acontecido para que um cavaleiro e seu dragão tão poderosos terem se ferido dessa forma. - eu cuidaria dos ferimentos de Thorn também depois que tratasse de Murtagh. Virei-me para o lado, para ver o rosto do Cavaleiro, ele parecia estar apenas dormindo, as curvas de seu rosto eram bem desenhadas e seus lábios mesmo que um pouco roxos devido à perda de sangue, eram suaves e delicados, tão belo. De repente Thorn parou abruptamente e eu quase choquei com ele distraída em meus devaneios.

Chegamos! – ouvi a voz grave do dragão, falar em minha mente.

Estiquei-me um pouco para poder ver sobre o dragão. Realmente, lá estava a entrada da caverna. Thorn estava afastando as folhagens que camuflavam a caverna. Eu me lembrei que os dragões tem ótima visão, somente por isso tinha notado uma caverna camuflada mesmo de tão longe sobre o céu.

O dragão seguiu em frente entrando e eu fui logo atrás, puxando o cavalo. Em pouco tempo ficou tudo escuro, olhei para trás para ver o último raio de luz que vinha da entrada, sumir enquanto virávamos a curva. Eu me guiava apenas pelo som de farfalhar do andar de Thorn à minha frente. Estava prestes a dizer que eu não estava conseguindo enxergar um palmo diante do meu nariz, quando notei uma fraca luz no ambiente, era azulada e bem suave. À medida que continuávamos a andar, ela foi se intensificando mais.

Quando o dragão se afastou para a direita abrindo o caminho pra mim, pude ver a magnitude da caverna: Bem na minha frente se abria um amplo espaço, uma abóbada iluminada pela luz azul suave que refletia do lago de água cristalina bem no meio da caverna. Quando me aproximei mais e olhei dentro do lago, fiquei ainda mais encantada, pois todo o fundo do lago era coberto por pedras brutas cristalinas, parecia que a fluorescência vinha delas. Toda a luminescência fluía ao longo do lago que continuava em um filete que sumia em outra curva, provavelmente para outras alas da caverna.

Virei-me para Donner, lembrando-me do Cavaleiro inconsciente. Onde eu poderia deitá-lo? Voltei-me novamente para o lago e procurei no vasto espaço da caverna onde seria ideal. Logo encontrei o lugar perfeito! À esquerda do lago, o chão tinha uma leve saliência, onde seu corpo ficaria bem acolhido. Perguntei a Thorn se tinha alguma coberta nas bagagens de seu companheiro. Encontrei duas e logo estendi uma sobre a saliência para que o corpo ferido não ficasse em contato direto com o chão gelado da caverna. Com a ajuda de Thorn puxei o corpo de Murtagh e o deitei; peguei os galhos secos que tinha recolhido no caminho e juntei por perto acendendo uma fogueira procurando manter o corpo dele aquecido.

Quando retirei sua camisa pude ver os ferimentos pelo corpo, em geral não possuía muitos cortes, apenas um, que começava em seu peito e se estendia pelas costelas, parecia feito por garras grandes como de um urso, mas ele não seria vencido tão facilmente por um simples urso... seria?! Eu estava curiosa para saber o que tinha acontecido, mas decidi não perguntar nada a Thorn. Eu não tinha que saber de nada, apenas ajuda-los afinal.

Minha mãe era uma grande curandeira e tinha me ensinado muito sobre o poder das ervas, eu poderia usar esses conhecimentos medicinais para fechar os ferimentos do Cavaleiro, mas isso exigiria sair e procurar as plantas necessárias e eu temia que ele tivesse uma hemorragia se eu demorasse demais para fechar aquele ferimento. Então coloquei a mão sobre o peito de Murtagh e pronunciei palavras de magia antiga. O dragão ao meu lado soltou um grunhido de surpresa; a magia fluía suavemente fechando o ferimento, reconstruindo os músculos, juntando cada pequena veia e em pouco tempo a pele voltou a ser lisa e perfeita como se nada a tivesse perfurado.

Você sabe magia... – o dragão falou de repente. Não era uma pergunta.

É... – falei um pouco tensa.

Ele não se pronunciou mais, apenas esperando eu terminar de fechar os outros ferimentos.

Houve um momento quando puxei o corpo do cavaleiro em que vi uma longa cicatriz atravessando suas costas e segui com os dedos a marca. Aquilo me fez pensar no passado daquele rapaz. Tudo o que eu sabia é que ele era pau mandado de Galbatorix, controlado por este, como tantas outras pessoas que serviam esse tirano de forma cruelmente manipuladora. O livre arbítrio de seus subordinados era tolhido, isso era horrível. - Será que esse rapaz serve a este falso rei por opção própria? Como foi que ele chegou a cair nas mãos desse tirano? De repente eu queria saber muito sobre ele, queria saber um jeito de ajuda-lo a se livrar dessa sina.

Quando finalmente terminei de trata-lo, me levantei e peguei um pano que carregava na mochila e umedeci na água do lago, limpando o sangue que ainda estava em seu corpo. Depois o cobri com a segunda coberta e sentei perto do lago para descansar um pouco antes de cuidar dos ferimentos de Thorn. Senti seu hálito quente em minhas costas quando ele se aproximou de mim depois de um tempo.

– Por que está nos ajudando, garota? No momento em que surgi há instantes atrás na floresta, você poderia ter fugido, ameaçado denunciar nossa presença para os Varden ou ter deixado meu Cavaleiro para a morte, mas ao invés disso, você quis ajudar-nos de boa vontade... Não é só meu tamanho que a amedrontou, o que foi?

Refleti sobre a pergunta do dragão por alguns instantes e enfim falei ainda encarando o lago a minha frente. – Eu não tenho motivos para odiá-los, tão pouco larga-los para morte sem oferecer ajuda alguma. Posso concordar com os motivos da luta dos Varden, mas não concordo com os métodos de tortura de Galbatorix. Não vou acusar ninguém que está do lado do rei se nem ao menos sei quem realmente está o obedecendo por vontade própria ou não.

Thorn apenas resmungou algo ininteligível e abaixou a cabeça, pensativo. Depois me levantei e tratei de sua asa. – um processo lento e cuidadoso. – Então me dei conta do quão tarde já devia ser.

– Tenho que ir – avisei – mas amanhã eu volto. Não revelarei a ninguém que vocês estão aqui, não se preocupe. – Eu o prometi na língua antiga e então parti.

No dia seguinte o Cavaleiro continuava inconsciente. Logo que amanheceu o dia, eu acordei e fui para o treinamento, depois, no fim de tarde, parti para caverna, prestando muita atenção se ninguém estava me seguindo. Quando retornei para o acampamento naquela noite procurei sobre informações. Me disseram que no acampamento tinha um velho muito culto, chamado Jeod que conhecia muito sobre a história dos Varden, Alagaësia e sobre o que mais eu quisesse saber, fui então procura-lo.

Ele pareceu muito contente em ver que alguém se interessava por tais coisas. Revelou-me muito sobre o histórico dos Varden, o reino da Alagaësia, os vários conflitos e guerras que houve, como começou o reinado de Galbatorix, entre muitas outras coisas. Quando perguntei sobre Murtagh, também descobri muito sobre sua vida; ele era filho de Morzan, o fiel aliado de Galbatorix que morreu pelas mãos do lendário Cavaleiro Brom. A cicatriz em suas costas era uma marca de infância, quando seu pai quase o matou cortando suas costas com uma espada.

Murtagh e Eragon se conheceram em um momento frágil em que Brom e Eragon tinham sido capturados pelos Ra’zac e Murtagh os ajudou. Infelizmente Brom gravemente ferido, não resistiu e faleceu. Os rapazes continuaram o caminho juntos, encontrando uma elfa chamada Arya que estava em cárcere e beirando a morte. Até que finalmente chegaram as montanhas Beor e se juntaram aos Varden.

Murtagh jamais permitiu que entrassem em sua mente, por isso acabou sendo preso, mas quando a grande batalha em Farthen Dûr, entre os Varden e os Urgals – até então, aliados de Galbatorix. – ocorreu, Murtagh foi liberto para ajudar na luta, ao lado dos Varden. Porém quando esta acabou ele foi raptado juntamente com os gêmeos feiticeiros da Du Vrangr Gata. – Que posteriormente descobriu-se que eram dois espiões.

Quando Eragon e Murtagh voltaram a se encontrar, Murtagh estava sobre o controle de Galbatorix e preso a ele por um juramento na língua antiga que ele foi obrigado a fazer junto ao seu dragão, Thorn. Na última guerra que houve em Feinster, em outro lugar também ocorria a guerra dos elfos, foi ai que Oromis, o mestre de Eragon e também último Cavaleiro de dragão antigo, foi assassinado por Galbatorix, que entrou na mente de Murtagh e o controlou e ao seu dragão durante a sua luta.

No terceiro dia, antes de sair para visitar Murtagh, vi um grande grupo de homens sendo chamados para uma missão, para atacar um comboio de soldados do rei. Eles iam sair logo à noite. Eu queria ir, mas sabia que não aceitariam uma mulher junto. A não ser que... – soltei uma risada travessa ao ter uma ideia. – eu ia de qualquer jeito!

Quando encontrei com Thorn na caverna, comuniquei a ele minha posição.

– Bem, espero tê-los ajudado o bastante. Mas hoje é a última vez que nos vemos. Sairei para uma missão ainda esta noite, não mais poderei lhe ser útil. Espero que quando seu companheiro acordar, ele esteja bem. Eu trouxe umas frutas para que ele possa comer quando despertar.

Obrigado! Você foi de grande ajuda, espero um dia poder recompensá-la, pois tenho uma dívida para com você agora, garota.

– Eu gostaria de lhe pedir um favor então. Não revele a Murtagh sobre mim, isso ficará somente entre nós se não se importa. Prefiro que minha ajuda permaneça anônima. Caso Galbatorix encontre algo sobre mim em sua mente, pode não ser bom. Apenas diga a ele que alguém deve tê-lo ajudado, mas somente depois você o encontrou aqui nessa caverna, ou algo assim, por favor.

– Entendo. Está bem, eu prometo que não direi nada sobre você a ninguém, nem mesmo a Murtagh.

– Muito Obrigada! Foi um imenso prazer compartilhar esses dias em sua companhia, Thorn! Até algum dia e espero que não tenhamos que nos confrontar, apesar de lutarmos de lados diferentes.

– Digo o mesmo! Até breve, Milena Morgenstern.

Passei um último olhar sobre Murtagh que ainda tinha a face plácida, seu peito subia e descia com a cadência suave de sua respiração e um ressonar baixo escapava de seus lábios enquanto eu me voltava para a saída da caverna. De alguma forma eu sentia meu peito doer como se parte de mim estivesse sendo arrancada de mim. Eu tinha medo que ao abandoná-lo ali, tão vulnerável, algo pudesse acontecer a ele.

Mas eu já tinha tomado minha decisão e não voltaria atrás, além do mais, eu não estava o abandonando totalmente vulnerável, Thorn estava ali para cuidar dele e em breve ele acordaria de qualquer forma. Seria melhor se eu não estivesse lá... Será mesmo!?


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Notas finais do capítulo

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