Eldunari escrita por Valkiria


Capítulo 12
A Ressurreição!


Notas iniciais do capítulo

Cheguei com mais um capítulo, demorei, desculpem, mas ai está!



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Estávamos cavalgando á longas horas, o dia foi ensolarado e já tinha chegado a noite quando resolvemos parar. Na primeira noite de acampamento, eu tomei a iniciativa de ficar com o primeiro turno de vigília, pois eu não conseguia dormir facilmente de qualquer forma, sem ter pesadelos relacionados ao passado. Recostei-me em uma árvore numa pequena clareira, Caleb tinha acabado de se deitar e o fogo crepitava baixo no centro da clareira, nos aquecendo.

Eu observava a escuridão em silêncio quando tentei entrar em contato com Eruda, o fato de não ter conseguido falar com ela desde que ela se reclusou, quando viu aquele menino da visão, me incomodava. Ao fazer uma investida sutil com a consciência de Eruda, finalmente senti reciprocidade, ela foi emergindo aos poucos para falar comigo.

Não vou pressioná-la sobre o que aconteceu, fique tranquila. – me aprecei em me explicar. – Eu fiquei preocupada com você!

– Desculpe, por minha atitude, eu quase a matei... nós duas podíamos ter morrido. – ela falou em uma voz baixa.

– Tudo bem, afinal você já salvou minha vida mais de uma vez. – eu respirei fundo – podemos conversar um pouco? A primeira vez que você falou comigo foi quando eu estava morrendo após meu último ataque em Belatona, isso foi há apenas cinco dias atrás. Desde que eu acordei eu só entrei em contato com você para pedir ajuda para salvar Óbus do domínio mental de Mobilion e para realizar o feitiço do rastro do sangue. Tudo o que fiz até agora foi usar o seu poder, em nenhum momento eu parei para conversar com você, desculpe. Eu fui relapsa e abusiva. Quando parei para pensar sobre isso, notei o quanto eu não a conheço direito, e quantas perguntas eu não sei a resposta.

– Nós não tivemos muito tempo para isso, não se culpe. Quais são as questões que te aflige os pensamentos?

– Sobre as duas primeiras vezes que você despertou, eu não possuía controle sobre o meu corpo, eu não tinha consciência do que acontecia, mas quando eu voltei a mim na primeira vez, meu irmão morreu nos meus braços, na segunda vez eu estava prestes a matar Murtagh. Eu não sei se posso me fazer entender, mas quando Nicolas despertou, causou todo aquele caos e eu estava fazendo a mesma coisa em Belatona... o que eu quero saber é se toda vez que um esmeraldino desperta seu poder pela primeira vez é sempre assim, descontrolado? Se fosse assim, então haveria casos de destruição em vários lugares, sempre que um de nós despertasse. E também, minha maior dúvida é como você que é quem assumiu o controle quando minha consciência estava ausente, se sentia enquanto não tinha uma sincronização entre nós.

– Eu entendo o que você quer saber Milena. Primeiro deixe-me explicar, quando você nasceu, minha alma veio junto para este corpo, então eu automaticamente já estava com você, mas até que eu fosse necessária, eu permanecia adormecida dentro de você, como um ovo de dragão que sabe para quem vai abrir, mas não existe uma relação completa, ou entendimento entre o cavaleiro e dragão, enquanto esse não eclodir. O mesmo vale para o animal interior dos esmeraldinos, quando o animal interior desperta, ele ainda está desnorteado após tanto tempo adormecido, apenas o que ele sente é o poder imenso que esteve contido dentro dele todo esse tempo e por instinto sabemos que devemos proteger esse corpo, como nossa própria vida.

Foi assim que me senti quando eu despertei pela primeira vez, eu sabia que sua vida corria perigo e com isso a minha também corria, por isso acordei e ataquei quem a estava atacando, em seguida retornei para seu subconsciente. Depois disso, porém sua mente ficou muito nebulosa e eu não consegui contatá-la, com isso eu permaneci no escuro, sem poder compreendê-la nós ficamos ainda mais distantes uma da outra. Até que na segunda vez você me chamou para salvar a vida de Dimitri e destruir Alrish e Mobilion, mas tinham muitas pessoas lá e eu tinha pouca compreensão de quem era amigo ou inimigo, quando Murtagh chamou seu nome, eu simplesmente o ataquei, mas então você retomou a consciência e nós finalmente pudemos sentir uma a outra e eu compreendi tudo o que precisava, finalmente eu tive acesso à sua mente. Se você não tivesse voltado a si naquele momento, o estrago poderia ter sido muito grande.

– Você passou dois meses sem compreensão do que estava acontecendo, ou sobre mim, então?! Deve ter sido difícil pra você! – eu finalmente falei após ouvir tudo aquilo.

– Tanto quanto foi para você àquela época Milena! – ela respondeu serenamente.

– Mas então, Mobilion não teve relação direta com o estado em que Nicolas ficou após despertar?! Talvez Nic pudesse ter tido uma reação igual independente das circunstâncias. Talvez isso dependa da situação em que cada um desperta. Não tem uma forma de despertar pacificamente, ou com todos os esmeraldinos é da mesma maneira? – eu perguntei intrigada.

– É claro que ah maneiras de isso acontecer pacificamente, antigamente tinham muito mais esmeraldinos, tribos dos descendentes dos primeiros esmeraldinos, em que vários membros de uma mesma família nasciam com esse poder e dessa forma eles eram instruídos desde pequenos e havia um ritual de despertar. Com o tempo, porém os grupos se dissiparam e a cultura foi morrendo, foram nascendo cada vez menos esmeraldinos e por isso o ensinamento foi se perdendo. Nos tempos atuais, você e Nicolas não devem ter sido os únicos que despertaram bruscamente, deve haver outros que também tiveram dificuldades.

– Entendi. Agora, eu lembro que a lenda que meu avô contou dizia que os descendentes dos primeiros esmeraldinos, nasciam com o espírito dos animais que morreram no massacre do vale. Isso é verdade ou são os mesmos espíritos animais que formaram união com os humanos que sempre retornam em corpos diferentes?

– Existem os dois casos Milena! O Grande Vale era um lugar onde todas as criaturas possuíam ligações além do compreendido. Aqueles que morreram no massacre, não poderiam retornar com seus corpos originais, pois não tinha mais sobrado a própria espécie para reproduzir, então eles retornaram em corpos humanos, continuando a linhagem dos esmeraldinos. Aqueles que foram os primeiros a fundir com os humanos por meio da feiticeira Esmeralda, também retornaram em outras vidas. É a única maneira que conhecemos de renascer.

– Você estava lá quando Esmeralda fez a fusão ou você morreu no massacre?

– Eu estava lá, foi um dia inesquecível, ela era de fato uma humana muito poderosa! – eu sentia respeito nas palavras dela.

– Você lembra-se das suas vidas anteriores? Como é quando o corpo em que você habita, morre? Como é a vida após a morte?

– Infelizmente, eu não me lembro de nada depois de morrer, eu tenho apenas a vaga lembrança de um lugar sem tempo ou espaço em que eu permanecia aquecida e livre de qualquer pensamento ruim. Uma sensação parecida com a do ovo, talvez essa seja apenas a lembrança do período em que eu permaneci adormecida. Mas eu me lembro de tudo em vida, lembro-me de quando eu possuía minha forma original e sobrevoava o vale, lembro quando entrei no corpo do primeiro humano, e lembro-me do corpo que eu possui depois desse.

– Quem era a pessoa antes de mim com quem você viveu?

– Ah, ele foi o segundo corpo em que eu renasci, era Ox Paladari, um homem muito forte, mesmo sem minha ajuda, ele vencia muitas batalhas, era honesto e de caráter inigualável.

– Quantos anos ele viveu?

– Quinhentos e vinte e seis anos! Foram prazerosos os anos com ele, ele era íntegro e uma pessoa muito sábia, se tornou um grande estudioso e escreveu livros com ensinamentos sobre a vida, sobre os esmeraldinos também, ele se obstinou a estudar a própria espécie e conhecer os pontos fortes e fracos e compreender o máximo que se pode desfrutar dessa fusão entre humano e animal. Ao fim da vida, porém ele estava cansado, já tinha visto muita gente morrer, muitas pessoas amadas partirem antes dele. Naquele ano sua bisneta mais amada, que era seu tesouro, também era uma esmeraldina e tinha vivido os longos anos sempre ao lado dele, morreu em uma missão, covardemente em uma emboscada. Ele foi atrás dos malfeitores e se vingou, matando cada um deles. Depois disso ele decidiu dar fim a própria vida, desconectando sua alma do corpo.

– É possível fazer isso? Separar novamente a alma animal do corpo em um processo reverso ao que a feiticeira Esmeralda fez?

– Não sem o risco de morrer, se não já teriam descoberto uma maneiro de possuirmos nossos corpos individuais novamente. Ox fez isso, mas ele sabia que isso causaria a própria morte, um corpo que viveu tantos anos sob a influência da alma do animal místico, não suporta o peso do tempo de uma vez. Foi uma morte calma apesar de tudo, eu ainda pude ver, no momento em que eu estava saindo de seu corpo, eu pude vê-lo virar pó, ele estava sentado, com a cabeça baixa, mas um leve sorriso pairava em seu rosto. Era a face de um homem que viveu tudo o que podia viver e estava plenamente em paz ao finalmente encontrar a morte.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto quando Eruda contou sobre a morte desse homem que também foi o parceiro dela um dia, assim como eu sou agora. Eu me peguei por um instante sentindo respeito por Ox Paladari e orgulho de ter um animal místico como Eruda fazendo parte do que sou hoje. O conhecimento de milênios reunido em uma única pessoa, eu sou muito sortuda! Voltei minha atenção para Eruda novamente para fazer a próxima pergunta.

– Um esmeraldino que nunca tenha seu animal interior despertado, ele viverá quantos anos?

– Eu nunca vi um caso assim. Na Época de Ox, as pessoas ainda faziam o ritual de despertar, mas se hoje um esmeraldino nasce sem o conhecimento de que tem tal poder e nunca enfrenta uma situação na vida que faça seu animal despertar, ele provavelmente deve viver o tempo normal de um humano comum. Seria uma vida inútil para o animal dessa pessoa, já que ele não despertaria.

– Como faziam antigamente para saber quem era um esmeraldino e quem não era? Afinal como saber quem precisava passar pelo ritual de despertar?

– Era bem simples, como antes era mais comum nascer um esmeraldino na família, todos eram sempre próximos e normalmente um animal místico reconhecia quando vinha um antepassado em uma criança que nascia.

– Então é isso. – de repente me passou um pensamento que eu rapidamente guardei para que Eruda não captasse. Se um animal reconhece o outro, então... aquela reação de Eruda ao ver o menino esmeraldino da visão... talvez o animal interior dele seja um parente próximo de Eruda. – Eruda, você sente falta do seu corpo original?

– Sim. – ela respondeu nostálgica.

– De voar?

Ela não respondeu, mas pelo que eu sentia dela, a resposta era afirmativa. Eu a deixei vagar em suas lembranças, enquanto eu pensava em algo e então me pronunciei.

– Ox Paladari descobriu uma forma de morrer ao separar a alma animal do corpo humano, eu descobrirei um jeito para que você possa voltar a sua forma original e ser livre novamente Eruda. Eu prometo!

Ela sorriu solenemente enquanto estava perdida em suas memórias.

– Quando você despertou pela primeira vez... – eu olhei para a noite escura à minha frente, vagando em meus pensamentos – eu não me lembro... eu sei que pode ser previsível o que aconteceu, mas eu não lembro do momento em que feri Nicolas, eu queria ter essa lembrança.

– Para que? Você quer se torturar ainda mais? – Eruda falou suavemente, eu senti seu carinho emanando para mim.

– Eu quero ver o que eu fiz, sempre que eu me lembro, tem um buraco nas minhas lembranças. É ainda mais torturante rever aquela cena de eu voltando a mim, com a espada em punho e a lâmina no coração de meu irmão. Permita que eu veja Eruda, eu preciso ver o restante do que houve!

– Você tem certeza? – ela perguntou receosa.

–Tenho! – afirmei categoricamente.

Então veio do fundo da minha mente, a imagem começou a surgir.

– Eu não sou seu irmão! – ele bradou com as sobrancelhas franzidas e o olhar cruel, levantou as duas mãos para o alto com a espada em punho. – você vai desaparecer da minha frente agora! – o céu trovejou e um raio desceu diretamente para sua espada que ele desceu em minha direção.

Em seguida um flash rápido marcando a troca da visão para o momento em que Eruda assumiu o controle, eu levantando o braço com a espada em punho no momento em que a lâmina de Nicolas passou gritante pela minha. Uma nova força invadia meu corpo, agora eu podia sentir o que meu corpo sentiu naquele dia, naquele instante... Eu desviei rapidamente de sua ira e o raio desceu direto de sua espada para o chão, fazendo vibrar a terra por baixo dos meus pés.

Eruda levantou o olhar para encará-lo diretamente, duas bestas se encaravam em corpos de humanos. Usando meu corpo, Eruda avançou primeiro com um único objetivo: Aniquilar o inimigo! Ela avançou com a espada em transversal com as duas mãos em punho, Nicolas estava prestes a detê-la com sua espada, quando Eruda o enganou em um movimento astuto e no meio do caminho mudou a trajetória da espada, segurando-a apenas com a mão direita, recuando um pouco e com destreza deslizou a lâmina da espada por cima da de Nicolas, enfim cravando-a em seu coração.

De olhos arregalados e tomado pelo choque, Nicolas voltou a si e largou a espada, quando eu também voltei a mim com a mão no punho da espada com o sangue do meu irmão e ele então caiu sobre mim.

De repente o rosto de Nicolas apareceu se sobressaindo sobre a lembrança e eu senti um fio de energia no ar. Levantei a cabeça surpresa, me desconcentrando e por um instante fiquei perdida tentando sentir aquela energia novamente, voltei-me para Eruda.

– Você sentiu isso também?

– Sim, era claramente a energia do seu irmão! – ela respondeu seriamente.

– O que significa isso? Será que... ele realmente está vivo, como supõe Nero?

A noite foi passando enquanto eu conversava com Eruda e quando Caleb trocou de turno comigo, felizmente eu não tive problemas ao dormir, assim que o dia nasceu nós continuamos nossa viagem. No meio da tarde ensolarada, nós cavalgávamos em silêncio até que eu decidi puxar assunto.

– Ei Caleb, você veio sozinho para o acampamento dos Vardens, mas você não tem familiares em outro lugar? – Ele permaneceu em silêncio, me ignorando completamente, eu bufei frustrada. – Qual é Caleb, já estamos no segundo dia de viagem juntos, você não pretende permanecer esse tempo todo em silêncio, não é? Temos a companhia um do outro, por que você não tenta ao menos conversar? – ele permaneceu impassível – Vamos lá, eu estou levantando a bandeira branca, ao menos tenta....

– Vamos parar aqui para descansar os cavalos. – ele me interrompeu de repente e eu respirei fundo, sentindo que seria impossível conseguir uma conversa amigável com ele algum dia.

Nós estávamos seguindo o Lago Leona de perto, quando paramos e descemos dos cavalos, eu levei Donner para beber no lago, enquanto eu tirava a mochila para comer algo.

– O mapa está com você, certo? – Caleb se dirigiu a mim. – me passe ele um instante.

Eu tirei o mapa da mochila e passei pra ele, Caleb desenrolou e pôs no chão, nos mostrando nossa localização atual e quanto faltava para chegarmos ao nosso destino.

– Se continuarmos como estamos, chegaremos lá amanhã no começo da tarde. – falou Caleb.

Seguindo as instruções do mapa com a localização da aldeia Barush, o dia passou tranquilo, nós estávamos dando à volta por trás do Lago Leona. Constantemente passávamos por bosques que se estendiam entre o lago e as montanhas, até chegar a noite.

– Eu fico com o primeiro turno, hoje! – falou Caleb.

– Não, eu posso ficar. – o contrariei, eu tinha medo de ter pesadelos e acordar no meio da noite com ele me observando.

– Eu fico! – ele falou categoricamente, se sentando em posto de vigia e eu achei melhor não discutir.

Ajeitei minha coberta no chão e virei para o outro lado para dormir. À medida que as horas foram passando, os pesadelos começaram a me atormentar, até que eu tive um sonho diferente. Eu estava no escuro, não importava para que lado eu olhasse, eu não via nada, era uma escuridão infinita, mas eu escutava um som de gota de agua caindo constantemente.

Por onde eu andava o chão formava movimentos circulares como se eu estivesse andando sobre água. Então eu comecei a escutar, primeiro como uma voz vinda de muito distante, depois foi se aproximando, chamava pelo meu nome, eu então reconheci aquela voz, era de Nicolas. Lena... Lena... Eu olhava para todas as direções tentando encontrá-lo sem êxito, até que quando eu virei novamente ele estava diante de mim.

A imagem do meu irmão estava na minha frente, era uma imagem fraca que parecia estar lutando pra permanecer visível, ele flutuava com a mão estendida para mim, sua face triste, parte do seu corpo parecia fumaça se dissolvendo no nada. Eu estendi a mão para ele, mas minha mão parecia não chegar até ele, por mais que eu tentasse tocá-lo. Lena... Sua voz pedia ajuda.

– Eu estou aqui, Nic! – eu falei em súplica – venha pra mim!

E então ele avançou, seus braços abertos para me abraçar e eu retribui o gesto ansiosa, pude sentir enfim seu toque ao redor de mim quando seus braços me abraçaram, eu o abracei forte, com todas as minhas forças eu o segurei em meus braços. Seu toque era tão real, eu pude sentir sua respiração suave, a sensação da sua pele contra a minha foi se intensificando, parecia cada fez mais real, ele estava ali, eu tinha certeza, minha respiração foi se acelerando enquanto meus sentimentos transbordavam.

Eu não podia conter minha euforia naquele momento, cada célula do meu corpo estava vibrando ao senti-lo novamente, como se ele estivesse em vida ali, eu fui me convencendo cada vez mais disso até que a sensação fosse tão forte que eu acordei abruptamente, sentando-me e nesse instante a fogueira à minha frente soltou um uivo fantasmagórico e o fogo subiu por um instante, em seguida voltando ao normal.

Eu arfava ao despertar tão repentinamente daquele sonho extremamente realista, meu coração parecia que ia sair pela boca de tão forte que batia. Meu corpo tremia de euforia, a sensação era tão intensa quanto sonhar que está caindo em um precipício e acordar. Eu vi de canto de olho a silhueta de Caleb em pé e virei-me para olhá-lo, ele estava com a espada na mão, olhando tenso para a fogueira. Isso não vai servir pra nada contra espírito, pensei comigo mesma e decidi ignorá-lo recolhendo uma perna e apoiando um braço sobre ela, eu me curvei cobrindo o rosto com a mão.

Nesse momento eu ouvi um farfalhar nos arbustos próximos e me virei abruptamente em direção do som, imediatamente pegando o machado e levantando, Caleb também se virou preparado para atacar. Saiu então de trás dos arbustos um rapaz aparentemente com uns vinte anos, de pele negra, sem camisa, seu peito brilhava de suor sobre as luzes bruxuleantes da fogueira, ele arfava como se tivesse corrido muito até chegar ali. Ele estava descalço e sua única veste era uma calça branca, amarelada e desgastada que chegava a altura de suas canelas. Com olhos apavorados, ele deu um passo temeroso em nossa direção e Caleb mostrou que ia atacar, quando o rapaz colocou as mãos para o alto lentamente e juntou-as.

– Por favor... Me ajuda! – os olhos dele reviraram e ele caiu desmaiado a nossa frente.

Eu virei-me para Caleb por um momento com o olhar interrogativo, os olhos dele refletiam os meus, porém mais atentos e mais ferozes. Eu andei em direção do rapaz desmaiado e sem soltar o machado, eu toquei seu pescoço para sentir sua pulsação. Seu coração batia irregular, mas ele estava só desmaiado afinal. Olhei atentamente para suas costas e vi marcas de chibatadas, pelo resto do corpo ele também tinha outros ferimentos. Seus pés descalços estavam em sangue vivo.

– Um escravo? – eu disse distraidamente para Caleb que começava a se aproximar. – ele deve ter corrido durante horas, deve ter fugido. – eu o virei pra mim e em seguida levantei-me, colocando o machado na cintura e me curvei, puxando-o pelos braços para perto da fogueira.

– Se ele fugiu, deve ter gente atrás dele, não é seguro ficarmos aqui! – ponderou Caleb, depois se curvando e ajudando-me a deslocar o rapaz.

– Primeiro eu tenho que cuidar dos ferimentos dele! – eu disse, pegando um pano na mochila e indo em direção do lago para molhá-lo.

– Eu vou verificar os arredores, para ver se não tem ninguém por perto. – avisou Caleb.

– Não, espera! – eu voltei com o pano húmido nas mãos. – tem um jeito mais rápido de fazer isso! Eu vou fazer uma sonda psíquica nos arredores, se tiver alguém seguindo esse rapaz, eu vou saber. – eu me ajoelhei, largando o pano na coxa e apoiei uma mão sobre a terra, fechando os olhos eu comecei a inspeção mental.

Avancei rapidamente sentindo apenas a presença de pequenos animais nos arredores, nenhum rastro de pessoas por perto, avancei dois, três quilômetros, até finalmente sentir a presença de pessoas. Fiz uma rápida inspeção na mente de alguns e então retornei.

– A cinco quilômetros daqui, tem um grupo de sete homens e uma mulher, são vendedores de escravos, eles estão acampados, já se deram conta da fuga do rapaz e estão procurando nos arredores, mas o líder deles já deu ordem para desacampar e sair pra procurar aprofundadamente apenas quando amanhecer o dia. Temos uma vantagem de distância sobre eles. – eu olhei para Caleb sentado em um tronco de árvore mais à frente, com um cantil de hidromel na mão – Eles o apelidaram de Gali, mas esse não é o nome verdadeiro dele. É tudo o que eu consegui!

– É mais do que eu conseguiria em um avistamento ao redor... – resmunga Caleb bebendo um gole de hidromel – de qualquer forma, deveríamos seguir em frente para garantir que eles não ganhem vantagem sobre nós.

– Eu concordaria com você... – eu peguei o pano nas mãos novamente e me levantei, andando em direção do rapaz. – mas o garoto tá muito machucado, vai demorar um tempo até que eu cuide de todos os seus ferimentos e ele não pode viajar assim. Enquanto isso você podia aproveitar para dormir, eu ficarei acordada pelo resto da noite, então eu fico de vigia a partir de agora.

– Esse garoto vai acabar nos atrasando – soltou Caleb após inspirar profundamente e soltar o ar tenso. – seria melhor que nos livrássemos dele o quanto antes.

– Caleb! – eu o repreendi – olhe pra ele, ele pediu nossa ajuda, correu quilômetros para fugir de pessoas cruéis que o maltrataram e queriam vende-lo! Tenha o mínimo de consideração! O que espera que façamos? Larguemo-lo desacordado, jogado em qualquer mato?

– Não foi isso o que eu quis dizer... – ele tentou arrumar um argumento, mas tomou dois goles grandes de hidromel e depois fechou a boca em uma linha rígida, evidentemente emburrado. – faça o que tiver que fazer, veremos o que fazer com ele pela manhã, mas não podemos levar ele para o mesmo lugar para onde estamos indo!

– E se ele nos levar para onde queremos ir? – eu soltei de repente enquanto limpava os ferimentos do garoto.

– O que você quer dizer? – perguntou Caleb intrigado.

– Olhe para ele! A cor da pele dele, não te lembra de alguém? – eu falei naturalmente, tentando expor meus pensamentos. – Tudo o que eu soube sobre os Barushkas, foi que Ajihad, disse para a filha que quando fosse necessário, ela devia procurar esse povo. Pense Caleb, por que Ajihad confiaria tanto em um povo que nem é conhecido pela maioria? Uma aldeia de pessoas reclusas. Contam também que Ajihad estava sozinho quando trouxe Nasuada, recém-nascida, para Farthen Dûr. Ele nunca disse de onde ele e Nasuada vieram.

– Você quer dizer que esse rapaz pode ser um Barushka?! E que Nasuada vem originalmente dessa aldeia? – Caleb estava começando a seguir minha onda de raciocínio.

– Isso mesmo, e se ele for... será de grande ajuda, por que pelos rumores ninguém enviado antes conseguiu retornar dessa missão, mas uma vez que temos alguém do próprio povo deles conosco, que conhece o lugar e as armadilhas que tem no lugar, a coisa toda muda.

– Você podia simplesmente ler a mente dele para sabermos se ele é de fato um Barushka, se não for já podemos pensar em um modo de nos desvencilharmos dele no caminho. – Caleb tomou outro gole exagerado de hidromel.

– Eu me recuso – afirmei categoricamente. – Caleb, não sou assim, eu não saio invadindo a mente das pessoas ao meu bel prazer, a mente de uma pessoa é seu santuário. As evidências indicam que ele é quem precisamos, e quando ele acordar ele nos dirá se é ou não e se pode nos ajudar.

– Você não teve problema para fazer isso com os vendedores dele, agora a pouco! – Caleb indicou o rapaz deitado, com o cantil na mão.

– É diferente, era necessário... agora para falarmos com ele é só uma questão de tempo. Tenha um pouco de paciência. Você fala como se não tivesse problema nenhum! Vou invadir sua mente também, vamos ver se você gosta! E pare de beber tanto, você vai ficar bêbado! – eu falei rispidamente com ele.

– Eu já tomei medidas para que isso não aconteça... – ele de repente falou pensativo. – depois do evento em Belatona.

Eu demorei um instante pra entender o que ele estava falando, mas então me lembrei da luta em Belatona, eu tinha notado em um momento ele ficar imobilizado. Provavelmente Mobilion entrou em sua mente e o impediu de se movimentar.

– Ah bem... – eu falei com pesar. – deve ter sido doloroso ter uma criatura asquerosa como Mobilion investigando sua mente e o tolhendo de suas ações. – eu peguei algumas ervas medicinais dentro da minha mochila e coloquei em uma panelinha com agua sobre a fogueira para ferver.

– A sensação é sufocante... – Eu observei de canto de olho a silhueta desarmada de Caleb, sentado com a cabeça baixa. Ele está tão aberto de repente... Deve ser a bebida! – mas depois disso eu procurei Trianna e pedi para que ela me ensinasse a proteger minha mente desse tipo de coisa.

– Trianna, é? – eu sussurrei distraída me lembrando de quando ela entrou na minha mente e depois teve aquela reação espantosa quando viu minhas lembranças mais sombrias.

Concentrei-me em um feitiço de cura, para fechar os ferimentos nos pés do garoto. Eu tinha decidido fechar os ferimentos mais graves com magia e o resto eu usaria o conhecimento de ervas que eu aprendi com minha mãe. Por um momento eu parei para pensar em tudo que Caleb viu naquele dia em que eu mostrei meu poder de fênix. Mesmo depois daquilo, ele me trata igual antes, não parece ter medo, nem fez perguntas a respeito... ao contrário de Dimitri – eu ri internamente – esse garoto é muito entusiasta, quando teve uma chance de falar sozinho comigo, ele estava cheio de caras e bocas e gestos extravagantes ao descrever os acontecimentos. Ao menos ele teve o senso de não espalhar isso por ai.

– Um Filho. – a voz grave de Caleb me arrancou de meus pensamentos de repente e eu virei-me para ele com as sobrancelhas franzidas, mas ele encarava o chão. – Você me perguntou mais cedo, se eu tinha uma família... – Ah, ele estava me ouvindo afinal. – eu tenho um filho!

Eu fiquei surpresa com essa revelação, Caleb não tem cara de ser pai. Mais surpresa ainda eu estava com ele se abrindo pra mim dessa maneira. Por que isso de repete? O álcool faz efeitos surpreendentes em um homem...

– Minha esposa morreu, tentando proteger o nosso filho, enquanto os oficiais do exército o levavam a força... ele era só uma criança. E eu não fui capaz de proteger nenhum dos dois. – Ele levou a mão à cicatriz no rosto. Sua voz estava baixa e rouca, mas de repente ele pareceu recuperar as forças e levantou a cabeça para mim, seu olhar estava repleto de ódio. – eu vou destruir o império! Eles roubaram o que era meu e eu vou arruinar tudo que é deles! – as chamas crepitantes da fogueira iluminavam sua face repleta de raiva.

Eu estava chocada, absorvendo as últimas informações. Então é por isso que ele se juntou aos Vardens... de repente passou a fazer sentido toda aquela aura poderosa que o dominava quando eu o vi pela primeira vez no acampamento. Ele só queria saber de seguir em frente e destruir o que estivesse no caminho. Será que o filho dele ainda está vivo? Caleb se levantou de repente e seguiu para o extremo da clareira com o cantil de hidromel pendendo na mão, pegou sua coberta, deitando-se para dormir em silêncio.

Eu segui a noite tratando do rapaz, ele estava muito magro, seu corpo franzino e debilitado. Eu coloquei emplastos nos ferimentos mais superficiais e ao terminar meu trabalho, o cobri com uma manta e me afastei um pouco assumindo o posto de vigília, recostando-me em uma árvore. Eu sinto que amanhã será um dia agitado. Respirei fundo relembrando tudo o que se passou agora ao anoitecer. Meu sonho tão real com Nicolas, o surgimento desse rapaz que provavelmente é um Barushka, as revelações de Caleb...

Eu levantei o olhar para o céu estrelado, sem lua, ansiosa pelo que estava por vir. As chamas da fogueira agora se apagando, dando lugar a luz da manhã que viria em algumas horas.

As horas passaram e finalmente os primeiros raios de sol sugiram, eu vigiava o sono dos dois homens adormecidos na clareira, quando Gali começou a se mexer acordando, ele virou-se e seus olhos encontraram os meus, eu sorri gentilmente para ele.

– Bom dia. – eu disse baixinho para não acordar Caleb.

Ele fez um movimento leve com a cabeça, em resposta e então se apoiou no cotovelo e se sentou afastando a manta que o cobria. Ele olhou para o próprio corpo notando a falta de machucados, um tanto espantado.

– Está tudo bem agora. – eu disse docemente, me levantando e me aproximando dele, sem fazer barulho, sentando-me a sua frente. – Meu nome é Milena, qual o seu?

– É Finndalgos, mas pode me chamar apenas de Finn. – ele baixou a cabeça humildemente. Sua voz era suave. – Obrigado por cuidar de mim... eu não sei como recompensá-los, desculpe por incomodar. – ele olhou de relance para Caleb que permanecia deitado no outro extremo da clareira. – Se houver uma maneira de retribuir o favor, apenas mande que eu obedecerei. Eu posso começar imediatamente... – ele começou a se levantar.

– Não, espere! – eu segurei suavemente seu pulso e falei mais alto, sem pensar, Caleb começou a resmungar, acordando. Eu não dei importância e continuei a falar com Finn que voltou a se sentar. – Não precisa se preocupar com isso. – ele tinha uma aparência bem fragilizada, não parecia nenhum pouco com um guerreiro, por que se interessariam em vendê-lo como escravo?

Caleb se levantou descabelado e arrumou a coberta de volta na mochila, em seguida andando rijo e desajeitado para o lago lavar o rosto.

– Hei, Caleb está com dor de cabeça? – eu falei descontraidamente enquanto ele bebia agua com uma cara carrancuda. – Hoo, alguém aqui é fraco pra bebida! – eu provoquei me divertindo.

– Cala boca Pirralha! – ele retrucou mal-humorado.

– Caleb, esse é Finn, Finn esse é Caleb! – eu os apresentei à distância e ambos responderam com um aceno de cabeça, Caleb com um olhar de morte e Finn levantou a mão em um aceno leve e um sorriso amarelo.

– Não liga pra ele, ele é meio mal-humorado, mas não é de todo ruim. – eu falei baixinho para Finn tentando descontrair. Em seguida eu fiquei mais séria. – Mas então Finn... ontem, você estava fugindo... de mercadores de escravos, eu devo supor?! – eu tentei parecer que não sabia.

– Hum... – ele acenou vagamente, obviamente incomodado em falar sobre o assunto.

– Tudo bem, olhe, você não me deve satisfações, fique tranquilo! Eu só queria entender como você veio parar aqui. – eu tentei amenizar o receio dele.

– Não, tudo bem... Na verdade eu acabei provocando alguns deles e então fui pego. – ele me olhou sobre os cílios. – Como pode ver eu não sou o tipo muito forte, então já faz um tempo que eu estava sobre o domínio dessa gente.

– Entendo, mas, desculpe dizer, por que queriam te manter como escravo? – eu não quis ser indelicada, mas ele realmente não é o típico escravo para trabalhos braçais.

– Eu não sou lutador, mas sou estudioso. Acabou que eu os desmascarei para uma plateia que eles estavam enganando e revoltados eles me pegaram para se vingar.

– Bem, eu e o meu companheiro estamos seguindo para o norte, se você estiver indo pela mesma direção, podemos te dar carona.

– Eu agradeço pela oferta, mas realmente não desejo incomodá-los ainda mais! – ele se curvou humildemente.

– Finn... – eu precisava tirar minha dúvida logo. – eu e o meu colega vamos seguir viagem de qualquer forma... precisamos enviar uma mensagem dos vardens para o líder dos Barushkas, já ouviu falar?

Na hora Finn se retesou e eu pude confirmar o que suspeitava.

– Por que está me perguntando isso? – ele gaguejou inseguro. Eu decidi ser direta.

– Você é um Barushka? – eu tentei soar tranquila, mas ele estava rígido na minha frente. – Finn – eu respirei fundo. – eu não estou te pressionando está bem? Fique calmo! É que muitos mensageiros foram enviados para Barush e ninguém voltou. Eu pensei que talvez você pudesse nos ajudar. Ninguém quer destruir sua aldeia, tudo que viemos fazer é pedir ajuda em nome dos Vardens, em nome de Lady Nasuada. Aconteceu de você cruzar com a gente e bem... Eu não quero que você se sinta forçado a nada! Não mesmo! Se quiser nos ajudar, bem, se não quiser, eu vou entender. Mas é que estamos indo pelo mesmo lado! Nós vamos ir para o mesmo lugar de qualquer jeito, temos o mapa conosco, a questão é que não sabemos o que nos espera. Eu posso te levar pra casa e se você concordar, nos leve até seu líder.

Ele ficou calado na minha frente, refletindo.

– Eu vou te dar espaço para pensar. – levantei me afastando e indo em direção do lago. As árvores ao redor eram frutíferas e eu aproveitei para colher umas maçãs para a viagem. Donner comia feliz uma maçã que eu estava dando pra ele, quando eu senti a aproximação de algo, desviei bem a tempo de passar uma flecha ao meu lado. Olhei para a direção de onde veio e vi uma pessoa atrás de uma árvore com um arco. Eu reconheci o rosto de um dos vendedores de escravos.

– Droga! Caleb! – eu peguei as rédeas de Donner e o puxei para o meio das árvores. Caleb estava a alguns metros arrumando os arreios do seu cavalo e logo puxou a espada. Eu me aproximei dele. – Eles foram mais rápidos do que eu pensei!

– Eu disse que nós tínhamos que ter levantado acampamento ontem! – ele berrou irritado pra cima de mim!

– Agora é tarde pra lamentar, não acha? – eu retruquei procurando por Finn, uma chuva de flechas passava por nós. Eu avistei Finn abaixado atrás de uma árvore um pouco adiante. – Temos que dar o fora! – Eu subi em Donner e parti em disparada, quando passei perto de Finn estendi a mão para ele, puxando-o para minha frente protegendo-o. Caleb estava logo atrás e os perseguidores também. Uma flecha passou raspando pelo meu quadril e outra cravou no meu ombro. – Droga.

Eu tentei mudar a rota de corrida, mas o bosque estava ficando mais denso, com pouco espaço para fugir. Tinham três homens em cima de seus cavalos nos seguindo. Outra flecha atingiu minha costela. Eu tinha que tomar uma atitude ou logo eu viraria uma peneira. Ouvi Caleb resmungar e olhei brevemente, ele tinha sido atingido na coxa.

Disparamos por quase um quilômetro, mas não tinha o que fazer, teríamos que partir para o confronto direto. Eu diminuí o ritmo do cavalo de repente, permitindo que Caleb avançasse na minha frente e então virei o cavalo de lado e levantei a mão direita em direção dos nossos perseguidores que estavam a alguns metros de nos alcançar.

– Finn, não se assuste. – eu o avisei abraçando-o com o outro braço. Então eu invoquei o poder de Eruda e um calor forte passou pelo meu corpo e se espalhou saindo pela minha mão estendida, pulverizando as flechas que se aproximavam e atingindo os homens como uma lufada quente derrubando-os de seus cavalos, jogando-os contra as árvores. Dois deles bateram a cabeça, morrendo instantaneamente.

Eu pude notar que havia outros homens à distância cavalgando em nossa direção, tinham ficado pra trás. Eu retomei as rédeas de Donner e voltei a disparar para longe, alcançando rapidamente Caleb. Se eles fossem espertos, não nos seguiriam mais. Ainda assim eu segui a corrida o mais rápido que pude para não haver problemas. O tempo foi passando e aos poucos não havia mais vestígio dos nossos perseguidores.

Mais tarde, nós já seguíamos a um ritmo mais calmo e estava ficando cada vez mais difícil de passar pelas árvores enquanto nos aprofundávamos no bosque.

– Vire à esquerda. – disse Finn de repente. – Logo adiante tem uma entrada para as cavernas, pare quando eu disser. – Finn nos instruiu.

Eu o olhei em dúvida, mas segui suas instruções, Caleb repetindo a minha ação. Finn tinha decidido nos ajudar afinal. Seguindo suas instruções nós encontramos a entrada e logo nos vimos seguindo mais fundo nas cavernas. Logo começaram a surgir laguinhos entre o chão nos fazendo ficar cuidadosos. Colunas rochosas ao longo do caminho formavam um visual pitoresco e um suave nevoeiro envolvia o ambiente.

– Desçam aqui. A partir daqui é melhor tomar cuidado por onde andam. E não importa o que aconteça sigam em frente. Concentrem-se em onde caminham e não se distraiam com qualquer coisa.

Caleb desceu do cavalo e eu desci logo depois de Finn, notei que Caleb já tinha tirado a flecha de sua coxa e passado um pano em volta. Eu me apoiei em Donner enquanto virava o braço para arrancar a flecha que estava no meu ombro. Soltei um arfar de dor e logo em seguida rangi os dentes enquanto tirava a segunda flecha da costela.

Finn parecia distraído andando um pouco à frente pra lá e pra cá medindo alguma coisa, resmungando consigo mesmo. Ele não tinha perguntado nada sobre o que aconteceu lá trás no momento em que eu usei o poder da fênix e eu aproveitei enquanto ele estava distraído agora, para usar novamente. Uma onda suave de calor fez arrepiar meus pelos enquanto os locais onde fui atingida pelas flechas se regeneravam.

Virei-me e Caleb estava me observando, logo em seguida ele começou a mexer na mochila para disfarçar.

– Se quiser, eu posso... – eu dei um passo em direção dele. Eu ia me propor a curar seu ferimento.

– Não, não! Eu não preciso! – ele olhou rapidamente em direção de Finn. – E então, já podemos seguir em frente?

Finn se virou em nossa direção, sério.

– Sim... mas por favor, mantenham atenção! Esse lugar pode causar delírios a quem não pertence a aqui. Em mim não afeta, por que sou um Barushka, mas a vocês pode causar alucinações. Não se deixem enganar pelo que veem! Não importa o quê, ou quem vocês vejam, não é real... E provavelmente não está vivo!

Eu senti um arrepio na espinha com a frase final me lembrando da noite anterior, o sonho que tive com Nicolas... tão real. Nós assentimos para Finn assumindo os riscos do que estava por vir e seguimos em frente.

A neblina que envolvia a caverna ficava mais densa ao passo que nós seguíamos adiante e lagos fundo se formavam ao nosso redor, diminuindo o espaço por onde andar. Apesar disso a caverna não era escura, apenas mantinha um ar enevoado e misterioso. Eu pude sentir uma energia densa dominando forte o ambiente e aquilo nos envolvendo como mãos sutis conduzindo ao abismo. Vez ou outra eu me via seguindo em frente sem pensar, como um vagante sem caminho, mas eu olhava ao redor e ainda estávamos todos juntos seguindo Finn por onde ele nos levava.

Sem que eu notasse eu comecei a ouvir os sussurros ecoarem ao redor, mas aquilo não me perturbava por alguma razão, eu me sentia anestesiada. Concentre-se! Eu me forçava a voltar, mas sem perceber eu era sugada de volta para um torpor inebriante. Eu não sei quanto tempo se passou enquanto andávamos, mas estávamos todos silenciados, vez ou outra Finn olhava para trás com uma expressão preocupada, provavelmente para confirmar se ainda estávamos ali.

Os lagos ao redor eram encobertos pelo nevoeiro e Finn tomava muito cuidado ao nos conduzir entre eles, para que não caíssemos. Em determinado momento eu estava olhando ao redor e vi a imagem nítida de Nicolas sair em meio à névoa, sobre o lago e vir na minha direção chamando pelo meu nome. Eu dei um passo em sua direção, mas no momento seguinte ele sumiu e eu me lembrei de que aquilo era apenas uma ilusão. Sacudi a cabeça tentando me concentrar em seguir em frente e olhei ao redor para ter certeza de que eu continuava na mesma direção, foi quando eu notei a ausência de Caleb.

– Caleb! – eu chamei de repente alarmada. Olhei ao redor e nem sinal do desgraçado, Finn se virou pra mim alarmado.

– Como eu não percebi que ele se distanciou?! – se culpou Finn.

Então como uma resposta, eu escutei um som de mergulho e me virei bem a tempo de ver a agitação na névoa onde Caleb tinha acabado de cair em um lago.

– Caleb! – eu gritei em vão, pois ele já tinha sumido. Eu esperei um momento pra ver se ele voltava a emergir, mas não houve movimento. Tirei o machado da cintura, pousando sobre o chão. – eu vou busca-lo.

– Não! – Finn me segurou pelo pulso e eu o olhei sem entender. – Uma vez que alguém cai nessas águas, não tem como voltar!

– Como assim? – eu disparei alarmada.

– A medida que se avança para próximo do nosso território, toda essa área é protegida, não apenas por uma forte magia, mas... os lagos são repletos de águas-vivas venenosas. Uma vez que uma pessoa caia nesse lagos, dificilmente vai escapar com vida.

– E você só me diz isso agora? – eu não o estava acusando, mas não podia deixar simplesmente Caleb morrer dessa maneira, sem fazer nada. – eu vou tirar ele de lá. – me desvencilhei de sua mão e avancei dois passos para o nevoeiro e então me virei para Finn. – Siga em frente e peça ajuda, se o seu povo mantém esse tipo de coisa como proteção, eles devem saber como tirar o veneno!

– Milena, você não pode...

– Finn, corra sem olhar pra trás e peça ajuda, por favor! – eu me voltei para o lago e mergulhei na água gelada.

Uma vez dentro da agua, a visibilidade era muito mais difícil, mas eu ainda conseguia enxergar um pouco ao redor. Eu nadei adiante a procura de Caleb, olhando para um lado e para o outro até que pude avistá-lo a alguns metros, afundando. Eu nadei até ele e o envolvi por trás, ele estava inconsciente. Quando comecei a puxá-lo para cima, a tarefa se tornou muito mais difícil. A agua do lago parada parecia nos puxar para baixo e o fato de Caleb estar inconsciente, não ajudava em nada.

Meus pulmões já estavam pedindo arrego enquanto eu me esforçava para subir. Eu fechei os olhos me esforçando e quando voltei a abri-los, Nicolas estava na minha frente, o ar escapou pela minha boca na hora. A imagem dele foi dissipando, mas em seu lugar eu notei uma agua viva se aproximando. Eu me movimentei ainda mais, recuando, a agua entrando pela boca agora que eu estava sem ar. Eu cerrei os dentes, resignada a me afastar daquela criatura, mas ela foi se aproximando rapidamente e eu não estava conseguindo subir.

Eu pude notar outras aguas vivas surgirem do fundo do lago, subindo rapidamente e vindo em nossa direção. A primeira que tinha surgido estava se aproximando de Caleb enquanto eu mantinha o braço ao redor dele na tentativa de protegê-lo. Quando ela veio com os tentáculos para cima dele, eu fiz um movimento brusco com o braço para afastá-la e nesse instante, ela agarrou em meu braço. Eu senti uma queimação percorrer pelas minhas veias enquanto os tentáculos finos grudavam em minha pele.

Imediatamente o mecanismo de defesa da fênix despertou e eu senti a forte energia me dominar, minha pele começou a iluminar iluminando o ambiente ao redor e o atrito da energia da fênix com a descarga de veneno da agua viva gerou um choque tamanho que eu fui jogada para fora da água. Eu caí pesadamente no chão da caverna e Caleb escapou por meus braços, caindo a alguns metros adiante. A implosão causou uma chuva por toda a área da caverna e a agua viva que antes estava agarrada a mim, caiu torrada do outro lado da caverna.

A névoa se dissipou com a repentina agua que estava caindo e um vapor quente saia de mim enquanto eu secava a minha roupa com o calor que emanava do meu corpo. Eu apoiei o braço para me levantar, quando notei gotas de sangue caindo no chão e percebi que o meu nariz estava sangrando. Olhei para o braço que ardia com o veneno fluente em meu sangue. Um ardor forte se espalhava paralisando meu movimento e também... uma pressão forte se formava sobre o meu peito.

Quando olhei, percebi que a mancha que eu possuía no peito da flecha envenenada em Belatona, estava se espalhando, o líquido negro era visível em minhas veias. Droga! Agora eu não tenho mais chance! Senti algo subir pela minha garganta e cuspi uma bola de sangue. O gosto de ferro ficou na minha boca, enquanto eu me esforçava para me movimentar e minha cabeça começava a ficar zonza. Eu senti uma presença e levantei a cabeça para ver a imagem de Nicolas flutuando na minha frente, assim como no meu sonho.

– Nic... – eu balbuciei – Ah Nic... volta pra mim! – eu levantei a mão esticando-me para tocar seu fantasma. Ele soltou um som agonizado que reverberou pela caverna. Eu podia sentir a tristeza que vinha dele e lágrimas rolaram pela minha face. – Eu não aguento mais ficar sem você. – eu sussurrei em apelo. – volta pra mim, meu irmão! Não importa o que aconteceu! Eu te perdoo... mais do que qualquer um, eu também peço o teu perdão!

Ele se aproximou de mim com a face sofrida.

– Eu não sei... onde você está, ou como você está, mas se houver uma maneira de trazê-lo de volta... então eu ofereço a ti, a minha vida... assim como você me deu parte da sua, quando eu nasci! – eu respirava com dificuldade. – Nic, eu estou te devolvendo o que você me ofereceu há dezenove anos. – nossas mãos estavam quase se tocando. Eu fechei os olhos e quando os abri, eu gritei com toda a força que restava em meus pulmões. – NICOLAS, VOLTA PRA MIM!!!

Quando nossas mãos se tocaram eu senti seu toque suave, tão nítido, tão real, eu senti um aperto no coração, eu o sentia tão forte, que doía, pois eu desejava seus braços ao meu redor, desejava sentir sua pele quente. Eu podia sentir nossa conexão novamente, mais forte do que nunca, seus sentimentos, tudo pelo o que ele passou nos últimos dois meses foi passando em fleches pela minha mente. Nicolas estava vivo, mas passou todo esse tempo com o espírito atormentado, seus pensamentos de culpa por tudo o que fez o incentivaram a continuar fugindo da realidade.

– Ah, meu irmão, você não sabe o quanto eu senti sua falta! – eu falei mentalmente com ele e a resposta veio da mesma forma.

– Eu entrei em um estado de coma auto induzido, não sei onde meu corpo está exatamente, mas tenho a consciência de que alguém está cuidando de mim enquanto permaneço inconsciente. – Ele me passou a dimensão da distância que seu espírito tinha vagado de onde estava realmente seu corpo, quilômetros dali. – Nesse meio tempo eu também tive muito tempo para aprender com meu espírito animal, tivemos muito tempo para nos conhecer e ele inclusive me incentivou a retornar, mas eu não podia. Eu não podia encará-la novamente, sabendo o que eu fiz minha irmã!

– Nic... eu não te culpo por nada que aconteceu... eu só quero você de volta! – falei do fundo do meu coração. – Tem sido difícil sem você!

Assim como eu recebia todas as informações dele, eu sabia que ele também podia saber tudo que aconteceu comigo, inclusive meu ingresso nos vardens e tudo o que veio depois.

– Eu sinto muito pelo que eu lhe causei. – suas palavras repletas de dor.

– Eu te perdoo! – eu pude sentir o peso que saia dele com as minhas palavras. – por favor, volta pra mim!

Eu dei toda minha energia para ele desejando profundamente que meu querido, querido irmão voltasse pra mim e senti um tranco quando eu soube que a barreira tinha se quebrado e uma forte luz iluminou totalmente o lugar, ofuscando-me, quando essa luz se dissipou eu senti minhas energias se esvaindo e desabei no chão perdendo os sentidos.

Senti um toque em meu ombro e alguém me virando, quando abri pesadamente os olhos, tinha um homem de pele bem negra agachado sobre a minha cabeça com uma faca apontada para mim. Eu tinha a nítida sensação de que tinha se passado apenas alguns minutos desde que apaguei.

– Eu vou diminuir seu sofrimento, feche os olhos e se entregue em paz para a morte. – o homem sobre a minha cabeça falou resignado, tinha uma voz grossa e mantinha o cenho franzido.

Eu comecei a fechar os olhos sem pensar e então parei abruptamente.

– Es.... espere! – eu me esforçava para falar. Movi a mão para a cintura e o homem a minha frente segurou firme no cabo da faca alarmado. Juntando toda minha concentração eu desamarrei o tubo de madeira que carregava a mensagem de Nasuada para os Barushkas. – Eu pre... preciso que você estregue... essa mensagem ao seu... líder! – eu estendi pra ele. – Por favor...!

O homem pegou o rolo receoso e eu deixei meu braço desabar pesadamente no chão, fechando meus olhos, cansada e entregue. Eu pude sentir seu movimento acima de mim, pronto para descer a lâmina da faca sobre meu pescoço. Tudo bem, eu não carrego mais arrependimentos, estou pronta pra me entregar.

– Pare! – eu escutei uma voz penetrante gritar a alguns metros. Era uma voz carregada pelo tempo, parecia de uma pessoa muito velha, mas tinha um comando surpreendente. A lâmina parou no mesmo instante a alguns centímetros da minha garganta. Ouvi passos se aproximando, era mais de uma pessoa que se aproximava. Eu me esforcei para abrir os olhos novamente olhando vagamente para cima.

Eu me esforçava para respirar, eu sabia que meu coração estava quase parando. Duas faces entraram no meu campo de visão, duas mulheres, uma jovem e uma muito velha. A jovem possuía pele clara e tinha cabelos lisos, castanhos e se afastou com um aceno de respeito após um comando da mais velha.

A anciã era bem negra e usava roupas rústicas, um xale colorido sobre os ombros, seus cabelos negros trançados e seu rosto era marcado por rugas profundas. Seus olhos experientes me examinaram e ela passou a mão por sobre meu corpo como se estivesse me examinando, por fim ela disse.

– Ela é uma Esmeraldina! – a anciã afirmou categoricamente e o homem sobre mim, recuou imediatamente a faca. – O veneno no peito já passa de seis dias. Leve-a imediatamente para a câmera antes que ela morra!

Eu tombei a cabeça para o lado procurando por Caleb, até que eu o vi um pouco distante. A moça que tinha se afastado, estava agachada ao lado do corpo inerte de Caleb fazendo alguma coisa, e então ele tossiu e se mexeu virando-se e cuspindo a água que tinha engolido. Ah, graças a Deus, ele está vivo! Eu pensei comigo mesma.

Eu senti um movimento sutil ao meu lado e voltei a olhar, a anciã estava sobre mim agora, balbuciando palavras que eu não conseguia distinguir, sua mão passou sobre minha cabeça.

– Durma criança. – foi tudo o que eu consegui escutar antes de navegar na escuridão novamente.

Depois disso eu experimentei um misto de imagens soltas que eu peguei nos breves momentos em que eu voltava à consciência. Primeiro eu vi o chão de um túnel e os pés de uma pessoa, eu estava sendo sacolejada nas costas de alguém que me levava como um saco de batatas; Depois eu vi um local mais amplo e iluminado, acho que escutei a voz de outras pessoas, mas não lembro exatamente; Por último eu senti que estava sendo deitada em algo frio, de pedra, nivelado.

Ao olhar ao redor, o local todo era feito de pedra, mas possuía uma luminosidade azulada, acho que senti o cheiro forte de algo queimando, como ervas sendo queimadas, mas era gostoso e inebriante, não sei dizer, mas pareceu que aquilo afetou de alguma forma o meu raciocínio, por que depois disso eu virei um misto de sensações que eu não pude controlar.

A noção de realidade se perdeu completamente, parecia que muita coisa estava acontecendo sem o meu controle. Eu pude sentir a anciã novamente perto de mim, sobre a minha cabeça, ela mantinha um olhar sério sobre mim e sua boca não parava de se mexer balbuciando palavras ininteligíveis. Tive a breve noção de que tinha mais gente dentro do aposento, talvez umas quatro moças, todas de vestidos brancos. Ouvi o som de algo se arrastando, como se o local estivesse sendo fechado e um misto de sons foi se tornando cada vez mais forte.

Uma sensação de desconforto estava me dominando, como se meu corpo fosse desconfortável para mim mesma. Eu senti minhas vestes serem retirada e meu corpo ser banhado por um óleo, algo ser posto sobre o meu peito e acho que sobre minha mão também. Minhas lembranças das minhas maiores dores e sofrimentos vinham à tona e eu não pude conter um lamento fúnebre que saía do fundo da minha garganta e as lágrimas brotando livremente.

Parecia que um peso escorria por mim, o peso que eu acumulei durante os últimos tempos. Parecia que ia me esmagar de tão pesado e eu era pura agonia e dor. Eu só queria que aquilo passasse logo, mas o tempo parecia parado, puxando tudo o que eu tinha para dar. Eu senti vagamente a presença de Eruda, dentro e fora de mim, ela estava se expressando, extravagando. Eu não tinha controle da situação, mas aos poucos eu pude notar que foi aliviando.

Depois do que pareceu uma eternidade, eu me concentrei nas coisas boas, Murtagh, meu amor e Nicolas que estava vivo, sim! Eu sabia que agora ele estava bem. Óbus, Dimitri e todos que eu havia conhecido e criado laços de afeto. Aos poucos meu coração foi se acalentando e a agonia foi embora, deixando em seu lugar, uma profunda paz. Eu me sentia bem agora, livre e de alguma forma, leve.

Apesar de todo esse bem estar, eu estava cansada e um sono me tomou, mas dessa vez era um sono gostoso e não uma escuridão que me sugava para um abismo sem volta. Eu simplesmente me deixei levar, como uma criança conduzida pela mãe para o jardim, eu fechei os olhos e me permiti levar para um descanso merecido.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente deixe-me explicar um pouco sobre as águas vivas:

1º - Sim, existem espécies que vivem em água doce! Eu não sei dizer todas que podem viver em água doce, mas tem algumas que conseguem.

2º - Existem as águas vivas e as medusas que são muito maiores e extremamente fatais, essas vivem nos grandes oceanos, mas eu não tinha condições de colocar medusas gigantes em lagos dentro de uma caverna na história. Seria extremamente irreal. Exemplos existentes de águas vivas fatalmente venenosas é a Chiropsalmus quadrumanus, quem quiser conferir é só procurar no Wikipédia internacional.

3º - Lembrando que Milena é uma Esmeraldina e só por isso ela consegue sobreviver mesmo que o atendimento demore um pouquinho, se fosse o Caleb que tivesse recebido o ataque da água viva ele provavelmente teria morrido em poucos minutos! (A vida é cruel para os reles mortais) '-'

4º - A espécie de medusa mais fatal que existe no mundo, boia nas águas do Oceano Pacífico. Conhecida como vespa-do-mar (Chironex fleckeri), suas toxinas podem matar em apenas 5 minutos. Nenhuma cobra consegue isso. Alguém picado pela serpente mais venenosa do mundo, a taipan, não morre antes de 10 minutos. A medusa geralmente usa o seu poder químico para capturar as presas, e azar do homem se for confundido com uma delas. Ao encostar na pele de outro animal, a vespa-do-mar libera cápsulas minúsculas - menores que uma célula - que penetram na pele levando as toxinas. "Elas caem na corrente sanguínea e chegam em poucos minutos ao coração e aos pulmões, paralisando os batimentos e a respiração." Fonte: Super Interessante.

Agora finalmente, peço a vocês que comentem, por favor! No último capítulo, eu tinha postado a pedido de um leitor e ninguém sequer comentou. Isso é muito triste! u.u

Bjokas!



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