Eldunari escrita por Valkiria


Capítulo 10
A Origem!


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu ia postar esse capítulo muito antes, mas eu acabei deixando o tempo passar e não terminei ele, dai enrolei pra postar, desculpem!

Primeiramente eu gostaria de agradecer aos que estão acompanhando essa história. Obrigada Isac por ter favoritado ela, mesmo eu sendo uma escritora relapsa fico muito feliz que vc goste de acompanhar essa fic! ^^

Quero agradecer tbm à quem recomendou minha fic, eu não tenho como saber quem foi, pois pra mim aparece como anônimo, mas obrigada por divulgar!

Antes de falar sobre esse capítulo, eu tenho que corrigir uma coisa, no cap anterior e no cap "Acontecimentos" eu escrevi que "o velho culto que conhecia a história dos vardens" era Josef, mas eu andei relendo "Eragon" e me dei conta de que não sei da onde eu tirei o nome Josef rsrs o nome do personagem é Jeod! Mil desculpas pela falha, eu já corrigi em ambos os capítulos!

Agora vamos ao próximo capítulo, ele é curtinho e eu dei uma pausa na história pra contar na íntegra sobre a origem de Milena, aqui vcs vão conhecer tbm o irmão dela e como tudo aconteceu desde o início. Bem, espero que gostem!



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Em um pequeno vilarejo chamado Liverpoo, uma mulher estava dando à luz. A estação toda tinha sido muito quente, os fazendeiros mal podiam cultivar as plantações, pois o sol ardia em suas peles. Mas naquele dia em especial, estava um calor absurdo! Anna havia passado uma gravidez difícil, sua pressão descia com frequência e ela se sentia exausta e mesmo com todos os seus esforços, ela não pôde segurar a gravidez até os noves meses. Quando entrou para o oitavo mês a bolsa estourou. Sua irmã, Zaira que morava na fazenda ao lado, foi chamada rapidamente por Walter, marido de Anna para ajudar no parto.

No quarto, Anna usava seus últimos esforços, penosamente para a criança sair e quando finalmente esta nasceu a mãe tombou pra trás delirante. Zaira pegou a menina nascida prematuramente em suas mãos e essa não emitiu som algum. A expressão na face de Zaira se tornou apreensiva, pois a menina não gritava, ela temia que a criança tivesse nascido morta. Ela aproximou o bebê de si e ele fez um pequeno movimento, porém nada mais, ela o colocou sobre a cama enrolado a um pano e preocupada virou-se para sua irmã que também havia silenciado perigosamente.

Enquanto ela tentava desesperadamente salvar a vida do bebê e da mãe, ela mal notou a porta abrindo minimamente e o ser miúde que se aproximava, quando virou-se em determinado momento percebeu a presença do outro filho de sua irmã.

– Nicolas saia daqui querido, sua mãe precisa descansar. Depois você pode vê-la está bem?

Nicolas com seus olhos cor de mel virou sua cabecinha de lado e seus cabelos castanhos claros deslizaram bagunçados para a mesma direção. Olhou sua tia diretamente nos olhos e ela relaxou por um instante. Com seus dois anos, o garoto tinha uma presença intensa, ele se fazia entender com um simples olhar ao transmitir uma sensação tranquilizadora. Nicolas sempre foi um garoto fácil de cuidar, doce e emotivo, ele tinha se demonstrado muito feliz com a espera de uma irmã, como ele mesmo havia afirmado que viria e de fato acertou que era uma menina! Durante os últimos meses ele aguardava pacientemente o nascimento dela.

Nesse momento ele virou seu olhar para a garotinha silenciosa em cima da cama.

Ele estendeu sua mãozinha macia em direção ao bebê e quando a tocou, Zaira sentiu no mesmo instante uma energia muito forte dentro do quarto, emanando do garoto. Um tom de azul bem suave emanou da mão do menino enquanto ele tocava sua irmã recém-nascida e a observava ternamente. Anna levantou levemente e observou impressionada, um suspiro de incredulidade escapou de seus lábios. Quando a luz diminuiu, Nicolas tombou para o lado e Zaira o pegou nos braços, inconsciente, no mesmo instante o bebê soltou um grande berro cheio de vida.

Nicolas passou longas horas dormindo profundamente, mas quando enfim acordou, sua querida irmã estava saldável nos braços de sua mãe, que se recuperava com o tempo. Apenas Zaira e Anna sabiam o que havia acontecido naquele quarto, naquele dia, e anos mais tarde sua mãe teria contado isso para a própria menina, para que ela jamais esquecesse o grande amor que seu irmão sempre teve por ela, desde que ela nasceu. Para menina foi dado o nome de Milena Morgenstern.

Os dois eram como unha e carne. O elo entre os irmãos era muito forte. Certa vez quando Nicolas tinha quinze anos e Milena treze, Nicolas e os amigos foram a uma caçada e Milena ficou em casa. Era o terceiro dia que Nicolas e os colegas estavam fora e já haviam conseguido uma boa caça – meu pai ficará muito orgulho de mim quando ver a grande caça que consegui – pensava Nicolas. No momento eles perseguiam uma gazela, porém ao se descuidar Nicolas tropeçou no tronco de uma árvore e tombou no chão áspero de terra, ao tentar levantar sentiu uma dor no tornozelo e caiu novamente no chão com um som abafado, ele tinha torcido o pé – Ah, justo agora? Isso vai me atrasar! – ele pensou consigo.

Seus amigos tão concentrados que estavam com a caça, não perceberam o colega ficar para traz, nem o perigo que este estava correndo. Quando Nicolas notou, atrás dele um leopardo avançava em sua direção, ele logo procurou pegar seu arco de caça, mas este com sua queda tinha caído longe. Persistente, vez observando o leopardo, vez olhando o arco ele foi avançando cuidadosamente em direção do objeto, porém a fera era velos e quando ele voltou a olhar para o leopardo, este saltava para cima dele, Nicolas só teve tempo de ver uma flecha atravessando o ar, atingindo o leopardo, antes de sentir o grande peso em cima dele e uma dor aguda transformando tudo em escuridão.

Naquele momento Milena estava no estábulo do sítio de seu pai – Ah são criaturas tão belas – a moça refletia sobre os cavalos. Quando crescesse pretendia ser eximia como seu pai no adestramento de cavalos, ela sempre ficava fascinada ao ver os belos animais, tão dóceis aprenderem rapidamente o cortejo de um trote, ou a destreza de salto em obstáculos, porém o que ela amava ainda mais era correr livremente com eles pelos campos de girassóis, era como se ela sentisse com eles a liberdade de poder usar toda a força de suas pernas poderosas para voar em plena terra, sentir o vento forte bater em suas faces e o cheiro dos campos verdes misturarem-se com os belos girassóis. No momento ela estava andando em direção de Lissi uma linda égua marrom-dourada de crista longa e dorso branco, era um animal muito dócil e estava prenha. De repente Milena parou abruptamente, uma dor excruciante fazia arder seu peito como garras rasgando sua pele, seu grito ecoou pelo galpão, ela tombou no chão, uma visão enevoada começou a tomar conta de sua mente e então tudo ficou escuro.

No dia seguinte Anna e Walter se encontravam sentados no banco de madeira de mãos dadas na varanda, suas faces expressavam preocupação. Milena tinha acordado de manhã, mas ela parecia fragilizada e reclamava de dores fortes no peito, Milena dizia que algo tinha acontecido com o irmão – eu sei que ele não está bem! – ela repetia para a mãe, mas esta não sabia o que dizer. O casal observava o horizonte com olhar vazio, quando os olhos atentos de Anna avistaram algo á distância, observando melhor ela notou que um grupo caminhava em direção de sua casa. Logo o casal se espantou ao descobrir que era o grupo de colegas de Nicolas que haviam ido pra caçada. Mas já estão voltando? Pensou Walter. Eles deviam voltar dias mais tarde. Tinha algo de estranho, logo Walter notou que em meio ao grupo alguém estava sendo carregado em uma maca improvisada.

Horas mais tarde a noite já havia caído, Anna já tinha cuidado dos ferimentos do filho e este descansava ainda desacordado na cama. Milena não desgrudava dele, sentada à beira da cama do irmão, zelando por ele. Como tinha sido doloroso para Anna lembrar o momento em que os garotos sem muito coragem pra dizer o que tinha acontecido gaguejavam – Dona Anna – ela se lembrava de quando Bruno o melhor amigo de Nicolas lhe disse – ...eu tentei, mas quando cheguei ela já estava em cima dele, não pude fazer muito, acertei a fera certeiramente com minha flecha mas não deu tempo de impedi-la de feri-lo... – lamentava-se o jovem – me perdoe Dona Anna, eu deveria ter notado antes que Nicolas não estava entre nós, que ele tinha ficado para traz, se eu tivesse chego antes... – lágrimas brotavam da face do jovem.

Neste momento todos os rapazes estavam em sua sala, muito preocupados, principalmente Bruno que se culpava por não ter ajudado mais. Anna deu uma xícara de chá para que ele se acalmasse. Mais tarde ela se despediu dos garotos, prometendo-lhes dar-lhes notícias se Nicolas melhorasse. No dia seguinte Nicolas acordou. Uma semana depois ele já andava pela casa e suas feridas curavam rapidamente apesar da profundidade da lesão.

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Quatro anos depois Milena com dezessete anos e Nicolas com dezenove, havia sobrado apenas uma fina marca de seu confronto com o leopardo. Milena conquistou seu sonho de adestradora de cavalos e ajuda o pai com o serviço. Já Nicolas se tornou ferreiro, aprendiz de um ferreiro muito conhecido na vila por sua excelência na forja e habilidades com a espada. Sempre que estavam com o tempo livre os dois cavalgavam pelos campos, ou iam para uma linda gruta azul celestial escondida em meio a uma vasta floresta que tinha perto do vale verdejante que ambos brincavam quando crianças. Milena aprendia rapidamente com o irmão a arte da esgrima como se já soubesse manusear uma espada naturalmente.

Houve, porém um dia em que os dois estavam em uma clareira próxima a gruta, ambos manuseavam suas respectivas espadas e desferiam ataques, no fim da luta exaustos sentaram-se no chão e começavam a trocar comentários sobre o dia de cada um, quando com o canto dos olhos, ambos perceberam um movimento a direita e viraram para olhar. Tinha um senhor de cabelos e barbas brancas, muito velho, sentado em uma pedra ao lado das árvores, sobre saltaram-se surpresos com a presença inesperada daquele senhor. Este veio falar com eles e apresentou-se como Mobilion, explicou-lhes que já estava assistindo a luta há um tempo e também lhes disse que estava surpreso em ver tão exímios lutadores em uma vila tão pequena e pacata como Liverpoo.

– Já viajei para muitos lugares e conheci lutadores exímios, mas confesso que faz muito tempo que não vejo tão bons espadachins jovens, porém sei muitas outras técnicas, gostariam de aprender comigo?

Sendo assim, todo final de tarde os dois irmãos iam ao encontro do senhor que lhes ensinava técnicas surpreendentes de luta de espada na gruta que se tornou a moradia no ancião. Porém com o passar do tempo, o velho Mobilion passou a ensinar-lhes não somente o manuseio de espadas, mas também a formular porções e magia. Quando começaram aulas sobre invocação de espíritos, Milena começou a se sentir desconfortável, saber que se você não controlar direito essa técnica, o espírito pode dominar seu corpo, lhe mostrou ser um ponto longe demais para se seguir. Com o passar do tempo ela começou a perceber mudanças no irmão, como se ele estivesse se controlando para não expor algo pra fora, ele estava escondendo algo.

Em uma madrugada ela acordou sobressaltada com uma explosão que escutou do lado de fora. Quando saiu do quarto, a casa estava em chamas e seus pais, mortos. Desesperada, Milena arrastou os corpos de seus pais para fora da casa e então notou o contorno de uma pessoa mais adiante, ela correu em direção a ela e deparou com Nicolas, porém seus olhos estavam vazios, naquele momento ela pensou que tinha perdido seu irmão para as sombras. Nicolas deu as costas para sua irmã e continuou sua rota de destruição por toda a vila, devastando-a e tirando a vida de tudo que encontrava pela frente.

Quando o dia amanheceu, um pequeno grupo de sobreviventes se agrupava no porão da igreja. Havia apenas alguns poucos homens e as únicas mulheres presente eram Milena, uma viúva com seu bebê, a curandeira e a esposa de um dos homens presente, com duas crianças. Alguns feridos estavam sendo tratados pela curandeira mais ao fundo. Os homens estavam armados como podiam, naquele momento discutiam o que fazer.

– Quando ele terminar com Liverpoo, irá continuar até as cidades próximas, matará outras famílias e então o que poderá detê-lo? – disparou Nero.

Enquanto discutiam, Milena permanecia calada em um canto da sala. Como aquilo podia ter chegado aquele ponto? Como seu irmão podia ter mudado tanto? Ela não disse nada a ninguém, mas sua mente se torturava com vagas imagens de destruição, desejos de matar que não lhe pertenciam! Era o laço que a unia com seu irmão, até em um momento como esse, ela podia ver e sentir o que ele sentia. Aquilo tinha que acabar apesar de algo dentro dela resistir contra isso e tentar convencê-la de que seu irmão de alguma forma ainda estava lá! Sua mente estava confusa, mas uma decisão tinha que ser tomada rapidamente e então ela decidiu! Deu alguns passos adiante e falou:

– Eu irei! Mais ninguém deve ser envolvido nisso, partam para a cidade mais próxima e mantenham-se em segurança. Eu juro que não permitirei que Nicolas saia dos limites da vila a não ser que esteja morto!

– O que você está dizendo? – Óbus me encarou incrédulo - Não pode fazer isso sozinha! Tire essa ideia da cabeça!

– Não! – insistiu Milena – Nicolas é meu irmão, não importa no que ele tenha se tornado, é o meu dever terminar com seu destino, ao menos ele será morto por alguém que o ama! Por mais que ele tenha matado nossos pais, nossos sangues são os mesmos, não importa o que ele fez, eu sou a única pessoa que de fato se importa com ele, aqui! Se alguém tem o direito de tirar a vida dele, essa pessoa sou eu! Por que eu o darei uma morte sem dor, por que não importa o quanto isso me dilacere por dentro, eu acredito que ele ia preferir que fosse pelas minhas mãos e não pelas de alguém que o odeia e ninguém pode me roubar esse direito!

...

Com a espada em punho, fui em direção do meu destino. Essa era a decisão mais difícil da minha vida e eu mesma não sabia como a faria. Eu sabia que ao matar Nicolas eu estaria matando a mim mesma por dentro, mas se eu não o parasse, ele continuaria com esse rastro de sangue interminável e eu não podia, por mais que isso me ferisse por dentro, eu não podia o deixar continuar. Ter que lutar contra meu próprio irmão para salvar a vida de outras pessoas, nunca algo pareceu tão difícil. Nunca eu tive que lutar contra todos os meus instintos tão intensamente. Minha vontade era de correr para ele e protege-lo de todas aquelas pessoas que desejavam o matar, eu lutaria contra um exército se fosse preciso, mas... eles tinham razão e tudo o que eu podia fazer era executá-lo com minhas próprias mãos. Eu mesma não sabia se seria capaz.

Caminhei pela vila deserta, onde as casas chamuscadas e destroçadas com os corpos de seus antigos moradores queimados espalhados pelo caminho era a imagem do horror. Eu conhecia aquelas pessoas, eu cresci e vivi com elas, mas por que não sinto nada? Somente um vazio sem explicação... talvez eu apenas não tenha absorvido a verdade ou talvez eu esteja preocupada demais com o pensamento de perder meu irmão, meu único e amado irmão. Talvez eu seja egoísta demais para enxergar que muitas vidas valem mais do que uma... não, não é isso, eu posso enxergar, se não por que outra razão eu estaria indo em sua direção com a espada na mão para mata-lo? Estou fazendo isso para o bem maior...

Parei um instante quando avistei Nicolas ao longe, sua silhueta solitária no topo do monte, a espada abaixada com o sangue escorrendo, apertei o punho da minha espada. Engolindo em seco dei um passo adiante e fui ao seu encontro. Quando me aproximei dele, ele se virou para mim e me encarou sombriamente, o mesmo olhar vazio daquela madrugada, foi como uma facada em meu peito. De alguma forma eu tinha esperanças que ele tivesse voltado ao normal, que ele tivesse voltado a ser meu irmão tão querido. Eu o encarei por um instante até que ele avançou com a espada para cima de mim, eu desviei e bloqueei seu ataque seguinte com minha espada. Ele pressionou-me para o chão, eu resisti por um determinado tempo, mas ele estava muito mais forte do que o habitual, eu girei pra esquerda, saindo da sua preção, arfando pesadamente. Inclinei-me por um instante para respirar, mas ele virou rapidamente o olhar pra mim e girou o corpo andando na minha direção, de forma determinada.

– Nicolas, não! – implorei para o meu irmão ali dentro. – volta pra mim!

Seu olhar estava impenetrável, mas sua mão vacilou por um instante. Motivada andei em sua direção e segurei seu punho, olhando-o nos olhos.

– Meu irmão, eu sei que está ai, por favor, por favor deixe-me ajuda-lo!

– Eu não sou seu irmão! – ele bradou com as sobrancelhas franzidas e o olhar cruel, levantou as duas mãos para o alto com a espada em punho. – você vai desaparecer da minha frente agora! – o céu trovejou e um raio desceu diretamente para sua espada que ele desceu em minha direção.

Olhei para cima, e apenas esperei pelo que viria, mas no mesmo instante senti um calor intenso emergir de dentro de mim e eu me senti amortecida. Por alguns momentos senti minha mente distante e dormente, como se estivesse vagando na escuridão, eu me senti flutuando no vazio, até enxergar uma imagem muito distante. Eu não conseguia vê-la direito, estava longe demais, mas eu resolvi lutar contra aquela dormência e ir em frente, pesadamente uni forças para seguir em frente. Enquanto eu seguia em frente no meio do túnel negro apareceu uma luzinha flutuante na minha frente, eu estendi a mão para ela imediatamente e uma força avassaladora me inundou, uma existência poderosa me preencheu, o peso de um conhecimento antigo, um poder inigualável e a forma... a forma de uma fênix na minha frente. Tudo ao seu redor estava iluminado e ela me observava com seu olhar imponente extremamente expressivo...

– Eu sou você e você sou eu – a voz disse – futuramente nós voltaremos a nos ver, pois agora você me despertou, Milena!

Sutilmente ela começou a desaparecer na minha frente e quando voltei a mim, pude finalmente ver a imagem que me esperava no final daquele túnel. Prendi a respiração quando notei minhas mãos no punho da minha espada e a lâmina enfiada no peito de meu irmão. Tirei minhas mãos da espada imediatamente e o segurei quando ele desabou nos meus braços. Eu o sentei no chão e a escuridão em seus olhos desapareceu, foi então que eu percebi o quanto eu me enganei... eu podia entender claramente os fatos agora, meu irmão não se tornou um espectro afinal.

Em seus esforços finais ele me passou mentalmente o que tinha acontecido, a explicação de sua atitude diferente nos últimos tempos, o chamado mental de Mobilion aquela noite que o explicou sobre o que nós éramos e depois o enganou, fazendo-o se perder em uma escuridão sem fim quando seu animal interior despertou sem controle.

Eu o puxei para perto de mim e voltei a colocar a mão direita no cabo da minha espada.

– Aguente firme! Eu vou tirá-la!

– Não... Lena – ele tentou me interromper fracamente - não gaste sua energia... comigo.

– Eu não vou deixar você morrer! – olhei em seus olhos e ao segurar firme a espada, eu a puxei. Enquanto ele se contorcia, com os dentes serrados, eu imediatamente lancei uma magia de cura, reconstruindo seu órgão interno, músculos e pele. No momento seguinte ele estava mole em meu braço.

– Nic... Nic... – bati em seu rosto desesperada – Vamos lá, você é mais forte do que isso! Resista!

Ele entreabriu os olhos e soltou um leve sorriso.

– Lembra daquela música que nossa mãe cantava pra gente quando éramos criança, maninha?

– Você está falando de együtt az örök (juntos no eterno)?

– Sim... canta ela pra mim, você sempre cantou tão bem! – sua voz saiu falha.

– Seu bobo, agora não é hora pra cantar! – as lágrimas começaram a sair pelos meus olhos.

– Por favor! Cante... – ele levantou a mão para mim e a segurei no meio da trajetória. Engolindo o choro, eu comecei a cantar:

Oh, porque você parece tão triste?

Há lágrimas nos seus olhos

Venha aqui e venha comigo agora

Não tenha vergonha de chorar

Deixe-me ver você por inteiro

Porque eu já vi o lado escuro também

Quando a noite cai sobre você

Você não sabe o que fazer

Nada do que você confesse

Pode me fazer te amar menos

Eu estarei com você

Eu estarei com você

Não deixarei ninguém te machucar

Eu estarei com você

Então,

Se você está triste, fique triste

Não guarde isso dentro de você

Venha aqui e fale comigo agora

Mas, o que você tem para esconder?

Eu fico brava também

E eu tenho muito a ver com você

Quando você está numa encruzilhada

Não sabe qual caminho escolher

Deixe-me ir junto

Porque mesmo se você estiver errado

Eu estarei com você

Eu estarei com você

Não deixarei ninguém te machucar

Eu estarei com você

Me deixe entrar na sua escuridão momentânea

Eu nunca irei abandonar você

Eu estarei com você

E quando,

Quando a noite cair sobre você

Você se sente completamente só

Caminhando com você mesmo

Eu estarei com você

Eu estarei com você

Não deixarei ninguém te machucar

Eu estarei com você

Me deixe entrar na sua escuridão momentânea

Eu nunca irei abandonar você

Eu estarei com você

Eu estarei com você

Não deixarei ninguém te machucar

Eu estarei com você

Não deixarei ninguém te machucar

Eu estarei com você

Eu estarei com você

Não deixarei ninguém te machucar

Eu estarei com você

Quano terminei de cantar, meu irmão estava completamente imóvel em meus braços e eu não sentia mais seu coração bater, porém um leve sorriso pairava em seus lábios. Eu olhei para minha mão manchada com o sangue do meu irmão e a levei a cabeça deseperada, com um braço envolvendo seu corpo inerte, eu o segurei firmemente e as lágrimas não mais contidas rolaram livremente e então eu gritei, gritei alto expondo toda minha dor.

– NÃÃÃOOOOOO

Chorei até minhas forças se esvairem, até que enfim adormeci com o corpo de meu irmão falecido ao meu lado. Quando voltei a acordar eu estava na casa queimada de Óbus, muitas coisas haviam sido consumidas pelo fogo, porém as paredes ainda estavam em pé e eu estava deitada em uma esteira de palha com uma coberta por cima de mim. Eu fiquei ali por um instante torcendo para que aquilo tudo fosse um terrível pesadelo, mas a verdade estava bem a minha volta. Óbus apareceu na soleira da porta chamuscada e notou que eu tinha acordado, ele andou até mim e eu o abracei enquanto chorava desesperada.

Mais tarde eu voltei ao monte onde houve a luta, mas o corpo de Nicolas havia sumido, assim como Óbus tinha me dito, mas eu encontrei ali, largada no chão a espada de Nicolas e a minha, eu peguei a espada de meu irmão, eu a limpei e envolvi em um pano a apertando sobre meu peito. Apesar das desgrassas que aquela arma tinha compactuado, ela era a única lembrança que me restava do meu irmão e eu ficaria com ela. Já a minha própria espada eu enterrei ali mesmo por que eu não suportaria carregar um objeto que tirou a vida da pessoa que eu mais amava.

Também não vi mais Mobilion, felizmente para mim, pois eu não queria mais ver aquele velho nunca mais. Os resquícios, porém que ficaram daquela tragédia, eram grandes demais para eu suportar, eu não aguentava mais permanecer em Liverpoo onde eu havia perdido tudo que me era precioso e eu temia perder mais, temia que aquele poder que tinha me tomado durante a luta com Nicolas, voltasse a me dominar e acabasse com a vida de Óbus e os poucos sobreviventes restantes. Uma semana depois eu então juntei um pouco de comida, meus poucos pertences que encontrei nos escombros da minha casa queimada, peguei a espada de Nicolas, fui à ferraria abandonada e escolhi um machado de duas pontas e fiz minhas trouxas, peguei meu cavalo e parti de Liverpoo sem dizer adeus.


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Notas finais do capítulo

A cantiga együtt az örök (juntos no eterno) é na verdd (Eu Estarei Com Você / I'll Stand By You – The Pretenders). O porquê de eu ter colocado o título em uma língua estranha é que (eu não quis explicar no meio da história) o pai de Anna cantava para ela essa cantiga em uma língua do povo dele, que mais tarde eu irei explicar melhor! E a tal cantiga, Anna mais tarde cantou para Nicolas e Milena.

Bem, o capítulo foi mais ou menos eu sei, mas no próximo eu continuo normalmente.

Comentem por favor! *-*



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