Meu Doce Lírio escrita por Capistrano


Capítulo 39
Capítulo 39 - Vômito




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— Lily! – uma menina de pele bronzeada a chamava próximo ao trem que as levaria a Hogwarts – aqui!

— Lene! – a ruiva correu para a amiga e lhe deu seu melhor abraço apertado – Senti tantas saudades... Tenho tanta coisa para te contar sobre o verão...

— Sim, vamos nos sentar... – a Lufana puxou sua mão em direção a Maria Fumaça – Eles não vêm conosco, não é? – ela perguntou encarando o quarteto de meninos que olhava apreensivo atrás da ruiva.

   Eram os marotos. Sirius encarava Marlene com aquele olhar calculista e conquistador, enquanto Pedro tentava atrapalhadamente manter seu malão equilibrado no carrinho e Remo o ajudava. James olhava em volta, provavelmente a procura de Malfoy e seus amigos Comensais da Morte.

   Com a lembrança dos meninos sonserinos e sombrios que se declaravam seguidores do Lorde das Trevas, o estômago de Lily embrulhou e ela quis ficar ainda mais perto de Potter.

— Na verdade, sim. Somos todos amigos agora, Lene – a ruiva sorriu nervosa.

— Sério? – A lufana lhe encarou incrédula – Isso é algum tipo de brincadeira?

— Não... As coisas mudaram durante o verão – Ela deu de ombros.

— Definitivamente você precisa me contar mesmo tudo que aconteceu durante as férias – Marlene pôs a gaiola de sua coruja no compartimento de carga e entrou no trem, seguida por Lily e os marotos.

   Todos se sentaram no já habitual compartimento dos meninos, aquele em que Pedro vomitara no primeiro ano. Lily se acomodou ao lado de Remo, apesar de todos os protestos de Xinsy, que se contorcia no colo da dona. Marlene e Sirius se espremeram perto da janela próxima a ruiva, enquanto James – ainda olhando tudo a sua volta – se sentou por fim ao lado de Pedro no banco oposto.

   Lily tinha que admitir que se sentia um pouco decepcionada de não se sentar ao lado de Pontas, a idéia do corpo dele próximo ao dela já fazia suas mãos suarem e seu coração acelerar.  Mas talvez do lado oposto da cabine ela pudesse estudar melhor suas expressões, que desde aquela manhã estavam estranhas.

  Durante todo o caminho à estação o menino de cabelos rebeldes parecia alheio a conversa de todos no carro. Pedro e Almofadinhas não paravam de rir das histórias de infância de James, que seu pai contava animadamente durante o trajeto. Remo pareceu notar também, mas não comentou nada. A ruiva tinha vontade de puxar Pontas em um canto e lhe perguntar se estava tudo bem, mas ainda não tivera a oportunidade.

— Black, eu estou avisando... Controle essa sua mão, se você preza por manter todos os dentes na boca! – O aviso de Marlene arrancou Lily de seus devaneios.

   Sirius fez sua melhor cara de cachorro sem dono, e provavelmente todas as meninas de Hogwarts ficariam encantas com aquele olhar. Mas Marlene não era como todas as meninas do colégio. E definitivamente aquela cara não lhe afetou.

  Lily, ignorando a argumentação de Sirius para poder tocar as pernas da menina bronzeada, olhou por cima do ombro de Remo o exemplar do Profeta Diário que o garoto lia.

Marca Negra assombra o céu do Beco Diagonal

Desde o ataque ao vilarejo há duas semanas, encontra-se no céu um símbolo de caveira com uma serpente saindo da boca.

Tom Riddle, ou Voldemort como gosta de ser chamado, já reclamou a autoria do atentando e já fez novos ataques ao Caldeirão Furado, em Londres. O Ministério da Magia investiga o paradeiro do bruxo das trevas e seus colaboradores no ataque.

  Lily pegou gentilmente o jornal da mão do amigo e examinou a foto do símbolo de Voldemort no céu. Seu estômago se embrulhou e por alguns instantes ela achou que fosse vomitar.

— Então esse é o símbolo dele? – ela perguntou com a voz baixa e enojada.

— Ao que parece, sim... – Remo respondeu, olhando preocupado para a amiga. – Você está bem? Está pálida...

   A ruiva se arrependeu de ter comido tanto no café da manhã, e com a lembrança da risada gélida que ouvira naquele dia no Beco Diagonal a comida pareceu querer voltar.

— Acho que preciso de um banheiro... – Ela se levantou as pressas e saiu do compartimento. Atrás dela ela escutou Marlene dizer “Eu vou com você, Lily. Espera!”.

   Sem esperar a amiga ou qualquer outra pessoa, a menina continuou andando cambaleando pelos corredores do trem. A Imagem da Marca Negra, a lembrança da voz de Lúcio Malfoy ordenando um ataque a ela, o rosto cheio de dentes tortos de Rodolfo Lestrange decidido enquanto corria atrás dela, àquelas horas angustiantes esperando na frente da lareira dos Potter. Tudo isso embrulhava o estômago de Lily, e a fazia suar frio.

  Encarando o chão ela foi barrada de continuar andando por um par de sapatos exageradamente engraxados.

— Vejam só quem apareceu por aqui... A sangue-ruim da Evans – Divertiu-se Lúcio Malfoy

  Olhando para cima ela viu o menino loiro ao lado de Bellatrix, prima de Sirius, e Régulo, irmão do Almofadinhas.  Os três com um olhar malicioso para a ruiva.

— Me deixem passar – ela disse com os dentes cerrados. Seu estômago urrava querendo por tudo para fora.

— Sinto muito, mas esse lado do trem é apenas para bruxos de verdade... – Lúcio respondeu, e Bellatrix soltou uma risada em coro.

— Deixem ela em paz! – Marlene se apressou até Lily com um olhar determinado e a respiração ofegante.

— Infelizmente, mestiços também não são muito bem vindos – Malfoy continuava parado, parecendo se divertir mais a cada segundo que passava.

— Mestiça imunda... – Cantarolou Bellatrix.

  Marlene lhe lançou alguma resposta, mas que a ruiva não prestou atenção, pois foi quando seu estômago enfim pareceu chegar ao limite, e Lily sentiu a bile em sua boca, ela empurrou com força Régulo e Lúcio na tentativa de chegar ao banheiro. Os dois sonserinos, obviamente mais fortes que ela, resistiram ao seu empurrão, e no segundo seguinte, a ruiva se contorceu, pondo para fora – ali mesmo – todo o seu café da manhã.

  Marlene soltou uma expressão de surpresa, e correu para segurar os cabelos da ruiva. Bellatrix ao ver o vômito pareceu quase tão enjoada quanto Lily estava há instantes atrás.

— Não acredito! Meus sapatos novos! – lamentou Régulo, encarando o vômito da menina inundar todo o chão, incluindo seus novos sapatos exageradamente engraxados, e os de Lúcio.

— Você vai pagar Evans! – Malfoy empurrou Marlene para trás e puxou o braço de Lily para encará-la.

   Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, a ruiva, que já estava se recompondo do mal estar chutou sua perna com força. Lúcio, gemendo de dor e surpresa pareceu vacilar um pouco, e afrouxar o aperto no braço da menina.  Foi o bastante para Lily conseguir se afastar e ficar ao lado de Marlene.

  Atrás das duas, ela viu James abrindo caminho entre os curiosos que saíram dos compartimentos para ver a confusão. Quando seu olhar encontrou o de Lúcio Malfoy, seu rosto endureceu e ele começou a caminhar mais rápido.

— Lily..? O que aconteceu? – ele perguntou, observando o vômito no chão.

— Sua namoradinha imunda acabou de arruinar meus sapatos novos! – respondeu Régulo, ainda abismado com o estrago em suas vestes.

  Com o braço em volta do ombro da ruiva, ele a afastou dos sonserinos, e a pôs atrás dele.

— Lave a sua boca para falar dela... – ele rosnou ameaçadoramente

— Ou o quê? – Régulo provocou – Vai me lançar alguma azaração? – Ele riu com desprezo – Acha que eu tenho medo de ficar com algumas espinhas no rosto, Potter? Quem deveria ter medo de alguma coisa aqui, é a Evans... E todos os sangues-ruins dessa escola! – Ele pronunciou alto para que todos que encaravam a cena o pudessem ouvir.

  Lúcio não tirava os olhos de James. Um olhar inflamado, cheio de ódio e desprezo.

— Vamos embora, Régulo. Nem perca seu tempo com essa gentinha— ele empurrou o sonserino para longe, enquanto Bellatrix já andava apressada e enjoada pelo vômito de Lily.

   Quando os três sonserinos foram embora, Marlene pegou a mão de Lily e começou a leva - lá pelo corredor.

— Não se preocupe Lily. Vamos ao banheiro...

   A ruiva assentiu e caminhou ao lado da amiga até o banheiro, logo atrás de onde estava Lúcio, Bellatrix e Régulo segundos antes.

  Já no banheiro ela limpou o rosto com água fria, e bochechou a boca para tirar o gosto de bile. A vergonha por ter vomitado na frente de todos, especialmente de James inflava em seu peito.

— Não acredito que Potter me viu naquele estado... – Ela lamentou enquanto tentava arrumar seu cabelo suado.

— Desde quando o que James acha de você é tão importante? – A amiga a encarou confusa

— Eu te disse que as coisas mudaram no verão – Lily explicou e saiu do banheiro ao lado da lufana.

   No corredor, a espera delas, estava Pontas. Com um olhar preocupado e ansioso ele perguntou à ruiva “Está melhor?”.

— Hm, sim... Acho que comi um pouco demais no café da manhã. – Ela respondeu envergonhada. No local onde ela vomitara instantes antes, já não havia mais nada, e ela agradeceu mentalmente por alguém ter limpado aquilo tão depressa.

   Os três voltaram ao compartimento, onde Sirius andava de um lado para o outro nervoso, enquanto Remo e Pedro tentavam manter o máximo de distância possível de Xinsy. Quando Almofadinhas viu os amigos chegarem ele se apressou até eles.

— Acabei de saber do que aconteceu... Por Merlin, que vergonha da minha família! – Ele pareceu genuinamente envergonhado e preocupado.  – Lily, está melhor? O que o meu irmão disse é um bando de besteira! Imaginem... Os nascidos trouxas agora terem de se preocupar com a própria segurança... – Black riu com desdém – Como se Dumbledore fosse permitir alguma coisa dessas!

  Quando ninguém disse mais nada, ele encarou James, procurando respostas.

— Dumbledore não vai permitir que nada aconteça, não é mesmo?

Eu não vou permitir uma coisa dessas – Pontas respondeu.

   Lily, ainda morrendo de vergonha pelo o que aconteceu, não disse nada e apenas se afastou dos meninos e pegou Xinsy no colo. Se sentou em um dos bancos e encostou a cabeça na janela, querendo fechar os olhos e esquecer a cena que acabara de acontecer, pelo menos até chegarem ao colégio.

— Você está bem mesmo, Evans? – Sirius perguntou preocupado, e todos na cabine olhavam apreensivos para a ruiva.

— Sim, só quero dormir, e não pensar mais nisso. Obrigada – ela respondeu, enquanto sentia uma mão quente acariciando seus cabelos.

   Lily sabia de quem era aquele toque, mesmo sem se virar para olhar. Era James, a confortando em silêncio. E com o carinho dele, ela deixou suas pálpebras pesarem e sua consciência, aos poucos, se esvair.


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