Meu Doce Lírio escrita por Capistrano


Capítulo 36
Capítulo 36 - Sombra do Carvalho


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, bjs!



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No dia seguinte, Lily acordou cedo para acompanhar os pais até o carro que os esperava para levá-los de volta a Brighton.

– Mãe, tem certeza que não quer que eu volte com vocês? – A menina perguntou enquanto desciam as escadas com as malas.

– Meu anjo, é mais prático assim... Eu adoraria aproveitar os últimos dias do verão ao seu lado – Charlotte encarou a filha com afeto – Mas já abusamos da boa vontade de Petúnia, você sabe que ela não suporta estar aqui... E além do mais, Dumbledore irá mandar seu material escolar junto com os dos meninos.

– Mas depois do dia de ontem, eu não quero me separar de vocês até que seja inevitável... Eu preciso de você mãe – A ruiva apelou para a lembrança do dia doloroso que passaram, e da manha de terror no Beco Diagonal.

– Lily... Eu e o seu Pai estamos sofrendo em nos despedir de você – Os olhos da mulher estavam úmidos e a voz dele assumiu um tom emocionado – Mas não faz sentido você voltar para Brighton conosco, e daqui a 4 dias ter de voltar para cá para embarcar no Expresso de Hogwarts... – Charlotte acariciou o rosto da filha mais nova - Eu sinto muito, você sabe que sinto.

A jovem assentiu e abraçou a mãe. Ela de fato ansiava por estar com sua família nesse momento difícil, Voldemort mostrou sua influencia no dia anterior, e aterrorizou a população bruxa. Por isso seus pais estariam mais seguros no mundo trouxa. Entretanto todos os instintos de Lily berravam pelo colo amoroso de Charlotte e o abraço protetor do Pai, até mesmo da companhia conhecida de Petúnia. Se algo acontecesse com eles, seria o fim dela.

Porém havia outro grande motivo que a fazia apelar, desesperada, para ser levada para Brighton, ou melhor, para ser levada para longe da presença constrangedora de James. Ela e o Maroto tiveram um momento, no mínimo, humilhante noite passada, onde a ruiva tinha sido pega espionando a conversa dele com os amigos. Uma conversa sobre ela. Desde então Lily tem estado apavorada com a idéia de encontrar Potter e encará-lo após o diálogo anterior.

Se não fosse trágico, seria cômico. Ela por tantas semanas esteve sedenta para estar ao lado de James, até mesmo por alguma notícia dele, e agora tentava de tudo para adiar o inevitável reencontro.

– Querida, sentiremos muito sua falta. Mande cartas, toda semana – John se aproximou de Lily, enquanto Charlotte se despedia da Sra. Potter. – Estaremos esperando ansiosos cada notícia sua, e mal posso esperar para o Natal, quando poderemos estar todos juntos novamente... – O Pai da menina a tomou nos braços em um abraço demorado – Eu te amo demais, e nós sentimos muito orgulho do nosso pequeno Lírio.

– Obrigada Papai, vou mandar cartas sempre, prometo

– Petúnia, venha se despedir da sua irmã – Chamou John, encarando a menina magrela e alta reclusa perto do carro que os aguardava.

A menina se arrastou na direção de Lily, a observando com um olhar de desprezo.

– Tchau Aberração, vê se não morre em outro incêndio – Túnia acenou discretamente e voltou rapidamente para sua posição, ansiosa para entrar no veículo e ir para casa.

– Se cuida também – Murmurou a ruiva

Lily observou, com lágrimas nos olhos, sua família entrando no carro e partindo. A despedida do fim de verão sempre fora dolorosa, mas este ano, o momento tinha ficado especialmente insuportável.

– Você está bem? – O Sr. Potter se aproximou ao ver a menina sofrer.

– Estou, obrigada... por tudo – Ela se virou para o dono da casa, e se esforçou a dar-lhe seu melhor sorriso. Um sorriso de gratidão genuína.

– Vamos entrar, quer comer alguma coisa? Acho que os meninos ainda estão dormindo...

– É, estou faminta – Lily concordou sorrindo ao entrar na casa.

– Charlotte me contou que você adora chá de hibisco, vou preparar para você – A Sra. Potter se aproximou lhe lançando um olhar acolhedor.

O resto da manhã foi dedicado as tentativas de Lily de fugir de James. O menino acordou pouco depois de a ruiva ter tomado seu chá junto com os donos da casa. Ao ouvir o som de passos no corredor dos quartos, Lily agradeceu o chá e saiu para o jardim, com a desculpa de contemplar o lago.

A enorme casa verde ficava em um lindo arredor, repleto de árvores e pequenos caminhos rústicos na borda do lago. No lado de fora da residência dos Potter, ela não foi perturbada. Escutou as vozes dos marotos perto da cozinha, mas se recusou a encarar as janelas. Passou o fim da manha caminhando em volta do lago e seguindo os caminhos de pedra entre as árvores.

Perto da hora do almoço Lily resolveu se deitar na sombra de um carvalho, encarando a folhagem abundante. Um déjà-vu dançou na mente da menina, ao recordar que esteve deitada na sombra de carvalhos em Cambridge diversas vezes, na companhia de um amigo especial, com longos cabelos negros e feições finas. Durante poucos minutos ela se permitiu pensar em Severo, e no bilhete que ele lhe enviou antes de ela ir ao Beco Diagonal.

Seu coração se apertou ao notar que o Sonserino tinha lhe avisado do ataque, de forma subliminar. Todavia, ao invés de gratidão, a ruiva foi tomada pela decepção. Snape sabia dos planos de Voldemort, provavelmente estava ligado a eles até o último fio de cabelo, e não fez nada para impedir. Uma idéia aterrorizante pairou sob a mente da garota “Será que Severo estava no Beco Diagonal naquela manha?”, era um pensamento doloroso e perturbador. A ruiva e o menino não se falavam desde o incidente na porta do dormitório da Grifinória, e mesmo jurando para si mesma que não iria mais se importar com o Sonserino, Lily não conseguia evitar ficar preocupada com as companhias que Snape estava tendo.

Alguns passos tiraram a ruiva de seus devaneios, ela se apoiou nos cotovelos e avistou Remo caminhando em sua direção.

– Vai ficar se escondendo o dia todo? – Ele perguntou se sentando ao lado dela.

– Não, só até estarmos em Hogwarts.

– Lily, você sabe que isso é ridículo. Você e James terão que conversar em algum momento.

– Eu sei... Só quero que esse momento seja em um futuro muito distante – Ela respondeu dando de ombros.

– Ele está arrasado – Remo comentou encarando a casa dos Potter – Não para de pensar em você, Almofadinhas até tentou animá-lo, mas é meio que inútil.

– Ah, pobrezinho – sua voz saiu amarga ao responder, pingando ironia.

– James quer te ver, quer conversar com você... Acertar as coisas. Devia dar uma chance.

– Está defendendo ele? – Lily perguntou surpresa, ela sempre achou que Remo, dentre todos os Marotos, fosse o único que de fato entendesse seu lado na história.

– Ele é meu amigo, eu defendo meus amigos. Mesmo não concordando com o que eles fazem.

– Sinto muito pelo seu amigo Aluado, mas não posso conversar com ele, não agora.

– Então quando?

– Não sei, mas não agora – ela insistiu irritada

– Já entendi que você quer evitá-lo, boa sorte com isso então...

– Como assim? – Lily o encarou

– James realmente quer conversar com você... e bem, você está na casa dele.

– Só até o fim do verão

– É, depois disso vocês estarão na mesma escola, no mesmo salão comunal e nas mesmas aulas... Lily, você não tem como fugir.

– Eu vou dar meu jeito. Você não entende Remo, não consigo perdoá-lo agora.

– Por que não?

– Porque aquele beijo pra mim foi real – Ela admitiu exasperada – Ele usou de um momento tão perfeito para mim, para me tacar pó de flu!

– Para ele também foi real Lily, você não vê?

– Não vejo o que?

– Que ele é apaixonado por você, sempre foi!

– Bem... – a ruiva encarou os próprios pés – acho que isso não é verdade Aluado, se ele gostasse de mim, não faria do nosso primeiro beijo uma distração... Eu ouvi você ontem à noite, você mesmo disse que eu estou me sentindo usada, e estava certo.

– Lily, você precisa entender, James não gosta de você... ele é louco por...

– Para Remo – a menina o interrompe – Não posso ter essa conversa com você, nem com ninguém na verdade.

– Eu só quero ajudar, vocês são meus melhores amigos, não suporto vê-los assim – O menino suspira dando de ombros.

– Vamos apenas trocar de assunto, ok?

– Ok – Aluado a encara novamente – Sobre o que estava pensando, deitada aqui?

– Ahh – ela respirou fundo – estava pensando no Severo – admitiu cabisbaixa

– Snape? Por quê?

– Ele me mandou uma carta, me alertando sobre o ataque do Beco Diagonal...

O que?! Como assim? – Remo sentou-se alerta

– Eu sei, parece estranho. Mas ele me disse para não ir ao Beco Diagonal ontem de manha, disse que não podia me contar o motivo, mas que era importante que eu não fosse... – Lily deu de ombros – Bem, agora sabemos o motivo

– Ele sabe seu novo endereço?

– Aparentemente sim... Estou tão cansada disso Aluado, desse constante sentimento de traição quando se trata de Severo

– Deve ser bem difícil, sinto muito – Ele a olhou afetuosamente

– Eu o amava – Lily disse num sussurro

– Eu sei, ele também sabia Lily, não se culpe pelo caminho que ele escolheu por conta própria.

– Eu não me culpo, eu só lamento – A menina encara Remo com os olhos úmidos – Lamento tanto, perder ele foi um golpe duro.

– Você ainda tem a mim – O garoto pegou a mão da amiga – Ainda tem os Potter, tem o Pedro, e mesmo que Sirius não demonstre sempre, você sabe que tem ele também.

– Eu sei. Vocês e a minha família são as únicas coisas que ainda me mantém em pé.

– Não quero parecer chato, mas o almoço logo estará pronto. Vamos entrar?

– Não tenho escolha, não é?

– Acho que não – ele sorriu a encorajando – Vou estar do seu lado, não se preocupe.

– Obrigada.

– Por nada, você sempre esteve do meu, lembra? Mesmo quando estou em forma de animal selvagem e descontrolado.

– Verdade, você fica uma graça a luz da lua – Ela riu

– Imagino, deve ser por isso que sou tão popular – Ele sorriu

– Vamos entrar, antes que eu perca a coragem – A ruiva levantou, dando a mão a Remo.

– Sabe Lily, James salvou você tacando-a na lareira, mesmo que você não quisesse... Ele me disse que os Comensais da Morte estavam exterminando Nascidos Trouxas – Aluado a observou com cuidado – Você poderia estar morta se não fosse por ele.

– É, eu sei... – Ela caminhou até a casa – E sei aonde você quer chegar... Você acha que devo agradecê-lo – a ruiva afirmou.

– Acho.

– Está certo, vou fazer isso – Ela aceitou derrotada. Potter de fato tinha salvado a vida dela, e mais importante, tinha praticamente dado a vida dele pela dela. Pôs a segurança de Lily, acima da dele. Ele merecia um agradecimento, e a menina não ia negar isso ao Maroto.


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