Os marotos entraram no cômodo. Sirius varreu o local com seu olhar curioso, enquanto Remo lia alguns dos títulos de livros na estante da menina. Pedro se sentou sem cerimônias em um banco de madeira no canto do quarto, fazendo as contas de quantos objetos teriam de empacotar.

Lily teve um estranho receio de avaliar a reação de Potter, mas mesmo assim o fez. O garoto tinha um brilho singular nos olhos, e encarava todos os detalhes do ambiente recém-descoberto, tentando aparentemente guarda-los em sua memória. A ruiva sentiu suas bochechas esquentarem, se condenando por não ter arrumado as pilhas de papéis espalhados pela mesa ou por não ter tirado seus chinelos do caminho.

– Então, seus molengas, vão me ajudar a arrumar a mudança ou não? – Questionou ela, desesperada para desviar a atenção de sua intimidade exposta.

– Claro... Almofadinhas, você devia começar a esvaziar os itens da mesa, enquanto eu e Pedro trabalhamos na estante. Lily e Pontas podem ficar com o armário... – Remo deus as instruções, e quando notou que estava tomando as rédeas da situação precocemente, voltou-se envergonhado para a menina. – Se você não se importar, obviamente.

– Por mim tudo bem – Ela deu de ombros e se sentou no chão próximo a seu local de tarefa. James não demorou em acompanha-la, ainda muito avoado pela noção de estar no quarto da ruiva. – Hm... Você parece distraído... – comentou

– Seu quarto é... – Potter encarou as paredes, armários, teto e carpete com o par de olhos maravilhados. – É exatamente do jeito que eu imaginei que fosse...

Após suas palavras, ambos coraram. Lily condenava seus pais por terem sugerido aquela ajuda altamente dispensável, porém condenava principalmente a si mesma por estar tão atenta as reações de James. Ela devia não se incomodar com o que o menino iria pensar do seu quarto, mas cada a segundo que se passava a ruiva tinha que desviar seus olhos dele, concentrando todo a sua atenção nas caixas em seu colo.

Pela janela do quarto Lily e os marotos puderam acompanhar a passagem do tempo, graças ao por do sol e o anoitecer do dia. James admirava demoradamente cada singela peça que passava pelas suas mãos, e a menina teve a impressão de que ele estava memorizando seus pertences. Tal pensamento a incomodou e a fez desejar, pela primeira vez, ter itens de maior riqueza de detalhes e luxo.

– Assim nunca vamos terminar Potter... – comentou ela, após notar o adiantamento do resto dos meninos em outros locais do quarto. – Não precisa idolatrar minha caixa de bijuteria – Ela tirou bruscamente o objeto da mão do garoto e o empacotou.

– É que tudo nesse lugar tem seu cheiro Lily... E você cheira a Lírio – James a encarou do jeito que apenas ele a sabia olhar.

– Bem... Quando meu perfume acabar eu dou o frasco para você, assim não precisa cheirar todas as minhas coisas... – Ela desviou o rosto, sentindo o sangue subir rapidamente para a cabeça. – Só ande mais rápido, ok?

Ele pareceu frustrado em deixar passar tantos detalhes dos objetos da ruiva, mas concordou e começou a empacotar na mesma velocidade que ela.

Uma batida na porta os anunciou da entrada da Sra. Potter junto com Charlotte. Ambas animadas e carregando nos olhos altas expectativas enquanto encaravam Lily e James terminando de arrumar o armário.

– E então...? Terminaram a mudança? – A dona da casa perguntou sorrindo.

– Sim senhora, sua filha nos escravizou – Sirius relatou dando de ombros.

– Uma verdadeira ditadora – Potter comentou enquanto olhava a menina carinhosamente.

As pernas da ruiva tremeram ameaçadoramente com o sorriso que o garoto lhe ofereceu, era perfeito. Dentes exageradamente brancos e alinhados em uma moldura de lábios tentadora. Afastando os pensamentos indevidos e inéditos de sua cabeça ela se forçou a olhar com desdém para Sirius.

– Pagaria a quantia que for para ver o dia em que você se permitir ser escravizado por uma menina – Ela retrucou Almofadinhas – Apesar da sua dignidade misteriosamente desaparecer perto da Marlene.

Pedro assentiu com a cabeça enquanto segurava o riso, enquanto Remo sorria piedosamente para o Sirius que estava rabugento e derrotado.

– Venham meninos, temos que ir para casa – Sorriu a mãe de James enquanto indicava as escadas para o hall.

Os marotos a acompanharam, junto com Charlotte e Lily atrás. Próximo a porta de entrada, o pai da ruiva conversava animadamente com o Sr. Potter.

– Querido, estamos prontos – Anunciou a bruxa de meia idade – Garotos, despeçam-se de Lily, Charlotte e John.

Pedro foi o primeiro a abraçar a ruiva e apertar timidamente as mãos dos anfitriões. Remo seguiu o exemplo do amigo gorducho, seguido por Sirius. James encarava o próprio sapato e quando viu que apenas restava sua despedida para todos partirem, ele encarou Lily profundamente nos olhos.

O menino andou até ela, decidido, porém medindo suas reações, e quando seu rosto se aproximou perigosamente do da ruiva, ele a beijou amorosamente na testa. Sem a encarar mais nos olhos ele se despediu dos pais da garota.

Lily ficou parada sentindo cada célula do seu corpo gritar para que James Potter ficasse, que ele não atravessasse o batente da porta. O ponto da testa em que os lábios dele a haviam tocado ardia. O menino já tinha a beijado no rosto muitas vezes antes, de forma inoportuna e irritante, mas agora o toque de sua boca em alguma parte da pele dela, irradiava uma onda de eletricidade por todo o seu ser, a fazendo arder em desejo.

Não tinha como ignorar aqueles sentimentos, sua aproximação aos marotos nos últimos anos acarretou em Lily um estado que ela nunca antes a havia se imaginado. Ela estava, assim como a maior parte da população feminina de Hogwarts, completamente apaixonada por James.