Meu Doce Lírio escrita por Capistrano


Capítulo 24
Capítulo 24 - O primeiro grande ódio




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Lily acordou com os raios de sol irritando seus olhos. Era fim da manhã de sábado, os alunos iriam usar o último fim de semana no castelo para se preparar para os testes práticos das N.O.M.s na segunda feira. A ruiva planejava se isolar em algum canto calmo dos jardins para praticar Feitiços.

– Alice, vai estudar com o Frank? – perguntou a menina após se levantar da cama e encontrar a amiga se vestindo para sair.

– Sim, vamos dar uma volta e depois ele vai me ajudar com Defesa Contra Artes das Trevas... Quer vir?

– Ser vela não faz parte dos meus planos hoje... Obrigada pelo convite.

– Lily, sobre ontem... Tente não ficar com tanta raiva do Severo.

– Como não ficar? – A dona dos cabelos acaju suspirou pesadamente – Eu só quero esquecê-lo, acho que você devia fazer o mesmo.

As duas se arrumaram e desceram juntas com o material de estudos embaixo do braço. Iriam tomar café e a garota ruiva esperava poder encontrar Marlene em algum corredor para poder lhe fazer companhia durante a tarde. Julian estava ocupada demais se desesperando com transfiguração para servir de ajuda para alguém.

– Tente não tremer a mão... Vai acabar matando alguém – Alertou Alice quando ambas a encontraram no Salão Principal ao lado de Remo.

– É fácil dizer, não consigo parar de imaginar a reprovação da Minerva quando me vir dessa forma na hora da prova...

– Não pense nela! Foque apenas no copo por enquanto – Aconselhou Remo, enquanto a menina tentava inutilmente transformar um cálice em seu sapo novamente.

Inevitavelmente, após se sentar os olhos de Lily percorreram o perímetro do local atrás do Ranhoso, fracassando quando encontrou pouquíssimos sonserinos na mesa da casa. Se obrigando a encarar o prato de comida ela se alimentou, reprimindo qualquer pensamento que não fosse mastigar.

A menina enfim se afastou dos amigos, apressando o passo pelos corredores do colégio. Ela tinha conhecimento dos olhares de outros alunos para ela, e soube que sua discussão com Severo na noite anterior não tinha sido um momento privado. Todos já sabiam que ele a chamara de sangue-ruim.

Quando ficou sozinha em um local descampado e com o sol batendo forte em seu rosto, ela empunhou a varinha, já visualizando os feitiços que precisava praticar. Era um alívio poder deixar a mente fluir enquanto a mão se movimentava e do instrumento mágico saiam labaredas coloridas que iluminavam os arbustos com diferentes colorações.

Após alguns minutos realizando feitiços ela ouviu um bater de palmas lento e preciso atrás de sua cabeça. Alarmada demais para falar alguma coisa, ela apenas encarou Lúcio Malfoy a olhando divertido.

– Impressionante Evans... Realmente um resultado muito bom para uma pessoa como você, deve estar usando todo o seu empenho para fazer esse truque bobo, certo? – O menino loiro riu sem humor – Uma bruxa bem medíocre...

– Não seja humilde, impressionante é você Malfoy... Deve ter usado toda a sua ousadia e coragem para sair do dormitório sem seus amiguinhos para te defender – Retrucou a ruiva.

– Meus amiguinhos? Você quer dizer Severo? – O sorriso dele aumentou ao notar a reação da garota a ouvir tal nome saindo de sua boca – Soube do que ele te disse ontem... Aquilo sim foi um ato de coragem!

– Como assim?

– Snape sempre disse aquelas coisas de você, desde o terceiro ano... Estávamos ansiosos para que ele pudesse olhar para esse seu rosto ridículo e pronunciar a verdade... Você é uma sangue-ruim, uma criatura imunda, uma trouxa fantasiada de bruxa... Faça um favor a você mesma, volte para aquela sua casa e família patética... Em Cambridge, não?

Lily o encarou assustada. Como ele sabia onde sua família morava? Como Severo pôde falar aquelas coisas dela desde o terceiro ano? Seria um blefe? Não... Ele sabia o endereço da casa de seus pais. Lúcio Malfoy estava falando a verdade.

– Ah, deve estar se perguntando como nós sabemos disso – Ele soltou mais uma risada gélida – Aquele Seboso nos contou. Falou tudo sobre seus pais, sua irmã, Petúnia é? Um quadro familiar interessante, não?

O desespero seguido de raiva se apoderou do corpo da menina. Ele sabia muito sobre a sua vida, graças à uma traição de seu ex-melhor amigo.

– Escuta aqui seu animal covarde e nojento... Fique muito longe da minha família, ouviu bem? – A voz da ruiva tremia de ódio.

– Está me ameaçando?

– Não é uma ameaça, é um aviso. Eu juro que acabo com você e esse seu rosto feioso se pensar em tocar um dedo neles – Ela o prensou em uma parede com sua varinha presa na garganta de Lúcio. – Tenho pena de você... Por essa sua imagem cômica, essa sua atitude repugnante e esses seus ideais invertidos... Mas principalmente, tenho pena de você, por ter ousado sair do Salão Comunal sem seus amiguinhos hoje para te defender... Inclusive aquele verme do Snape. – Encarando os olhos dele, ela se viu espelhada. O rosto retorcido de fúria, a voz queimando de raiva e seu corpo firme e ameaçador. Ela estava irreconhecível.

– É m-melhor me solt-tar – Ele gaguejou - Meu p-pai vai ficar sabendo d-disso e também o...

Voldemort? – Lily apertou ainda mais a varinha em sua vítima – Eu não tenho medo de um lunático, muito menos do seu pai fracassado... O meu aviso continua de pé Malfoy. Melhor manter afastado da minha família, você, seu pai, seu mestre e a sua insignificância. Fique longe de mim também... E mande um recado para o Ranhoso... Diga a ele que eu espero que ele morra demoradamente e da forma mais dolorosa possível.

Lily soltou Lúcio, e ele correu cambaleante pelos jardins. O corpo ainda banhado na fúria mais intensa que sentiu, ela se sentou na grama, encarando a cabeleira loira se afastar dela, cada vez mais rápido.

Severo a traiu. No dia anterior a ruiva pensou que nenhum sentimento no mundo pudesse ser pior que a humilhação que sentiu ao ser xingada pelo menino que ela tanto amou. Estava fortemente enganada. A traição era muito pior.

Era um golpe mortal, muito mais forte que o soco na boca do estômago que sentiu anteriormente. As mãos ainda tremiam e a vontade de espancar Lúcio e Severo ainda não tinha passado, provavelmente nunca passaria. Se ela pensou que nunca seria capaz de machucar alguém propositalmente, ela estava mais uma vez enganada.

Lily ansiava por apoio, precisava de alguém que pudesse sentir a mesma raiva que ela, pelos mesmos motivos. Alguém em quem pudesse confiar, e que não tentaria dar um fim em seu ódio, apenas aumenta-lo e acompanha-lo. Surpreendentemente ela se pegou pensando em James, e não reprimiu seu corpo a encontra-lo.


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