O desejo de Jasper.

Eu estava em uma clareira no meio da floresta treinando e tentando fazer o tempo passar mais rápido quando ouvi Jasper se aproximar.

-Oi. Posso te fazer compania?

Ele estava sem jeito de ficar ali comigo, não havia entendido o porquê!

-Claro. Eu só estava praticando um pouco. Minha tia tem me mostrado como controlar os elementos com maior leveza e usá-los como proteção e também de maneira ofensiva.

-Ela esta certa que algo ruim se aproxima?-Ele estava serio agora, como se planejasse algo-

-Sim. Eu também estou certa sobre isso. Não falei nada para os outros ainda e não pretendo falar, não vou permitir que nenhum de vocês me ajudem nesta luta, mesmo porque vocês não teriam a menor chance contra o que vira.

-Do que você esta falando? – seus olhos estavam alerta e sua sobrancelha arqueada -

-Icaro. É só o que vou te dizer neste momento. – me levantei da pedra na qual estava sentada e me coloquei a seu lado - Você não veio sozinho ate esta clareira para servir de terapeuta, não é verdade. O que você veio me pedir?

-Você me pegou. – ele sorriu e se virou para a floresta – Eu falei com Alice, na verdade foi mais ela que falou, ela me contou sobre o que você pode fazer...- ele não falou mais nada, mas virou seu corpo para mim com um olhar questionador-

-Sim, eu posso te ajudar a encontrar o equilíbrio de seus poderes e não, não posso fazer isso por todos. Eu só posso te ajudar por que seu dom esta fora de você, ele envolve sentimentos e energia, não posso ajudar os outros porque seus dons estão dentro de sua mente e eu não tenho acesso a sua essência.

-Todos nos, seres que já foram humanos um dia, entendemos o que é sentir amor, dor, tristeza, alegria,... todos os sentimentos nos envolvem desde nossa concepção. Eu posso te mostrar a verdade de cada um deles e você poderá treinar seu foco para usar seu dom sem se ferir. – dei dois passos a frente -  Olhe para isso.

Eu tirei a blusa e ele ficou espantado quando me viu apenas de roupas intimas. – seu rosto virou-se rapidamente para o outro lado –

-Não se envergonhe, eu quero que você veja uma coisa – ele se virou lentamente –

Em toda a extensão das minhas costas havia cicatrizes que eu escondi com a tatuagem, as cicatrizes seguiam pela parte da frente do meu corpo seguindo por uma linha abaixo do busto, era como seu eu tivesse sido chicoteada varias vezes no mesmo local.

-Eu vi sua tatuagem diversas vezes e nunca havia percebido, o que aconteceu com você?

Eu vesti novamente minha blusa enquanto explicava.

-Eu mesmo fiz. –dei um sorriso tímido - Estava treinando usando o vento, eu ainda era jovem e me animei com a idéia de conseguir criar pequenas ondas de vento que tinham a forca de um cordão de couro, eu não me concentrei o suficiente e me bati – comecei a rir da confusão que foi aquele dia -.

-Não se espante, eu já fiz muita besteira. Já me queimei, quase morri afogada e me enterrei em uma vala por três dias. Você primeiro erra para depois acertar, né! Algumas marcas eu consegui tirar do corpo com ervas e plantas medicinais, mas estas ficaram para me lembrar que preciso me concentrar e levar a serio os dons que recebi.

  -Depois de alguns séculos você pega o jeito –eu pisquei e sorri para ele-. Olha!

Eu separei pequenos montinhos de areia  com as mãos – aqueles grãos tinham calcário suficiente para o que eu desejava fazer - e os fiz girar em espiral no ar, aumentei a velocidade e adicionei fogo a terra. A velocidade foi aumentando a ponto de não se conseguir ver o que estava acontecendo e então, através da umidade do ar derramei água sobre as espirais incandescentes. Pronto. Dois pingentes de vidro caíram no chão próximo a seus pés, ambos eram idênticos e tinham cortes que lembravam a forma de diamantes.

Ele apenas suspirou pegando os pingentes e analisando cada um deles contra o sol.

-É assim que eu ganho dinheiro – sorri encabulada – eu crio jóias com os elementos  ou modelo ouro e prata, as vendo à comerciantes em diferentes continentes. – dei de ombros - Eu só preciso me concentrar nas formas que quero criar.

-São lindas.

-Jogue-as para cima – ele fez o que pedi sem questionar –

Ao vê-las brilhando com a luz eu as quebrei em milhares de fragmentos transformando tudo em pó cintilante.

 -Agora que já viu como eu tenho controle o que acha de reunirmos todos e começarmos o ritual?

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Estávamos todos no pequeno rio que cortava a propriedade da família, os homens estavam separados das mulheres e formavam dois grandes semi círculos, na margem do rio, em torno de nós – apenas a família de Carlisle estava ali, não permiti que os lobos se juntassem para igualar as energias daquele momento - . Jasper e eu estávamos dentro da água e me dirigi aos demais pedindo que limpassem suas mentes e não questionassem nada do que vissem durante o processo – energias negativas não seriam boas naquele momento -.

Em um cálice eu já tinha o pó das três pedras preciosas que havia pedido a Alice e misturei um pouco de água. Recitei algumas frases em uma língua quase esquecida – aramaico – que basicamente pediam que as energias contidas nas pedras auxiliassem aquele corpo a encontrar seu equilíbrio e que os sentimentos não causassem dor quando emanados. Retirei do bolso da calca uma adaga de prata e cortei a palma da mão. Um fluxo continuo de sangue seguia para dentro do cálice – os olhos de Jasper estavam pretos de desejo pelo meu sangue, mas ele se controlou muito bem -. Tudo foi misturado e abençoado pelas forcas  que regem os elementos.

Quando terminei de recitar o mantra entreguei o cálice a Jasper e solicitei que bebesse dele.

No momento que a ultima gota de sangue foi ingerida o corte de minha mão cicatrizou e uma forte onda de vento nos atingiu, as águas se tornaram turbulentas a nossa volta mas não atingiam nossos corpos, tudo aquilo durou por alguns minutos e então,  acalmou.

-Edward. Alice. Me ajudem a tira-lo da água.

Eles correram sem entender nada e pegaram o corpo inerte de Jasper nos braços. Alice estava assustada seus olhos cheios de medo e dor, buscavam por uma explicação.

-Não se preocupe, ele esta dormindo.

-Vampiros não dormem – todos falaram em coro, era como se eu tivesse mentido ao dizer que ele dormia –

-Só peco a vocês mais um minuto. – este minuto pareceu uma hora, o silencio que se fez era angustiante –

Então todos ouviram um buscar desesperado por ar enquanto um corpo se levantava atordoado.

-Você esta bem meu amor? –Alice estaria chorando se pudesse, o desespero de sua voz era o reflexo de todos os que estavam em volta –

-Eu estou bem – ele a acalmava massageando suas costas enquanto olhava a todos a sua volta com um sorriso enorme no rosto -. Estou melhor do que bem para falar a verdade.

-Alice, eu estou sentindo tudo, toda a angustia de vocês e não estou com dor, é como se este sentimento, todos os sentimentos que envolvem a mente de cada um de vocês flutuasse pelo meu corpo sem me tocar....ahhhhh, como isso é bom.

Todos sorriram com o enorme prazer que tiveram ao finalmente ver um Jasper diferente, feliz. Alice pulou sobre meu corpo me levando ao chão em um segundo.

-Obrigada!

Foi só o que ela me disse e logo já estava nos braços de Jasper novamente agora enchendo seu rosto de beijos. Todos fomos saindo em direção a casa para permitir que os dois curtissem aquele momento. Claro que ele precisaria de alguns dias de treinamento para entender tudo o que estava a sua volta, mas saber que deu certo e que ele estava feliz iluminou todo o meu ser.

-Foi maravilhoso o que fez pelo meu filho Anala. Serei grato a você por trazer tanta felicidade ao meu lar.

-Eu é que sou grata Carlisle, por você ter permitido que eu entrasse em sua casa e fizesse parte de sua família. – nos abraçamos de lado e seguimos em direção a casa, todos estávamos felizes-