A ilha Stromboli

Caminhei me apoiando na parede em direção ao quarto. Sentia meu corpo dolorido e minha pele queimando, ou melhor, rasgando em meu ventre e subindo por minha barriga até a altura da clavícula. Era como se estivesse sendo marcada com ferro em brasa. Eu sentia a figura se formando, um Guepardo estava deslizando por meu corpo, rasgando minha pele enquanto era criado. A posição de seu corpo era contraria ao leopardo em minhas costas e sua postura não era relaxada e sim de ataque; Todos os músculos tensos e em posição para um salto, seu olhar estava voltada a mim, suas gengivas expostas salientando o poder de seus caninos afiados.

Cai ao chão com as costas apoiadas na parede e respirava com dificuldade. Minha visão foi ficando turva e não ouvia mais nada a minha volta, minha mente vagava por memórias passadas e me senti perdendo a consciência quando senti mãos frias em meu corpo e abri os olhos.

-Esta se sentindo bem? – Carlisle me analisava e sua testa estava franzida em preocupação.-

-Preciso de ajuda para chegar ao quarto. Preciso tomar um banho e tirar o sangue de meu corpo.

Carlisle passou os olhos por meu corpo e só então percebi que vestia apenas a saída de banho e a parte superior do biquíni.

-Como isso surgiu em sua pele?

-Eu precisei invocar um animal diferente para chegar a tempo. –Senti minhas forcas se esvaindo e a pele voltava a queimar.

-Ela se meche? Esta em chamas e parece rasgar sua pele! – Carlisle estava estático enquanto olhava a imagem do animal serpenteando por meu corpo e com feições mais assassinas a cada movimento.-

-Por favor – falei já sem voz – me leve ao banheiro – busquei forcas dentro de mim para suspirar as ultimas palavras – preciso .....água....

Senti as mãos de Carlisle levantarem meu corpo e me levarem ao quarto. Ele entrou comigo no banheiro retirando minha saída de banho e colocando-me sentada dentro do Box enquanto ligada a água morna.

-Gelada...

Ele não contestou meu pedido e os jatos de água fria aplacaram a ardência de meu corpo. Retirei a parte de cima do biquíni enquanto levantava meu corpo e o apoiava no azulejo do banheiro, aquele tecido estava incomodando minha pele já queimada. Carlisle ainda estava comigo e senti que desviava o olhar de meu corpo em respeito a minha semi-nudez.

-Não tenho vergonha de você Carlisle e fico grata por ter me ajudado. Meu corpo se refaz na água corrente e acho que você vai achar muito interessante ver uma coisa.

Carlisle se virou lentamente e olhou meu corpo, seus olhos cresceram e sua boca abriu de imediato como quem quisesse falar algo, mas havia perdido as forcas. O que ele via era o Guepardo se encolhendo em direção as minhas costelas, já em posição defensiva enquanto a pantera se colocava em posição de ataque e mordia sua jugular com destreza. Uma chama correu pelo corpo do Guepardo e este se colocou em posição de submissão, encolhendo de tamanho e deitando de forma languida em meu ventre sobre o olhar dominador do Leopardo.

- Quando todos se forem explicarei melhor tudo isso e mais uma vez precisarei da ajuda de vocês. Por enquanto você só precisa acreditar no que acabou de ver.

Carlisle apenas fez um sinal de entendimento com a cabeça e saiu ainda com o olhar perdido. Continuei encostada nas paredes do banheiro permitindo que a água fizesse seu trabalho enquanto minha mente vagava para os momentos antecessores a tudo isso.

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O uivo que ouvimos na praia não foi de Jacob e todos perceberam isso. O som era de um novo lobo e só se fez ouvir na mente dos que já haviam passado pela transformação, fato que assustou a todos e acredito ter assustado mais ao levantar e chamar por Kali ao mesmo tempo que meu corpo se curvava e recebia sua nova forma. Seth me seguiu e pude ligar minha mente a dele mostrando a dor do pequeno bebe e a mensagem foi passada a todos os outros.

Kali estava confuso, a bolsa de Nessie havia estourado e ele estava sufocando. Sentindo o corpo de sua mãe lutando contra ele, lutou com todas as forcas de sua mente para não se transformar, sabendo que a mataria ao fazê-lo. Suas forcas estavam se esvaindo e meu tempo junto com ela. Eu sabia exatamente o que fazer, precisava levar os dois a inconsciência para que ambos tivessem chances de sobreviver aquilo, só precisava de um pouco mais de tempo.

 Minha mente estava focada na corrida e na velocidade, meus músculos se contraiam tamanha a forca utilizada para aumentar minha velocidade, ultrapassei todos os limites de meu corpo ao saltar em meio a corrida em direção as paredes da casa e impulsionar meu corpo pela janela.

Meu corpo ainda gritou mais uma vez ao voltar ao normal e rompi algumas veias e músculos no processo. Minha mente não se preocupava mais com a dor do corpo, a adrenalina o fez forte e minha mente trabalhava sem interrupção. Recitei um mantra antigo e uma luz nos cobriu trazendo o estupor necessário. Senti o corpo de Nessie relaxar, assim como a mente de Kali. Não havia mais riscos e o trabalho poderia ser feito sem nenhum perigo. Foram os vinte minutos mais longos de minha vida, sentia as mãos de Carlisle trabalharem com agilidade, mas a pele de Nessie era muito resistente.

O trabalho deveria ser feito de forma delicada, ao contrario do que ocorreu com minha irmã, a pele de Nessie não poderia ser rasgada por dentes de vampiro já que não havia possibilidade de salvar sua vida através da transformação. Sabendo disso, Carlisle já havia preparado os instrumentos necessários adaptando os mesmos. Os bisturis, tesouras e as agulhas foram feitos com garras de lobo, Jacob havia auxiliado nesse trabalho há alguns dias atrás já que suas garras cresceriam novamente em minutos, e esperávamos que desse certo. Com as garras longe do corpo que lhes dava forca sua potencia foi reduzida e em muitos momentos o bisturi quebrava na ponta, com certo esforço e muita destreza o trabalho foi sendo feito.

Sentia a tensão naquele pequeno cômodo me oprimindo, havia muito sangue no chão do quarto e nos lençóis, os minutos pareciam horas até que o choro se fez ouvir. Sorri mesmo sem ter forcas para expressar este sentimento em meu rosto. Nosso lobinho estava bem e saudável assim como a mãe e eu poderia relaxar e deixar que aquele momento fosse dividido com a pessoa que mais o desejava, Nessie.

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Voltei de meu devaneio ao ouvir o coração de Seth batendo forte bem próximo a mim.

-Você esta bem meu amor?

Seth havia entrado no Box e segurava meus braços. Imagino que ele tenha me chamado por varias vezes antes de voltar a minha consciência e meu silencio e inércia devem te-lo preocupado.

-Estou bem amor. Recuperando-me apenas, mas preciso de um favor seu. Você poderia trazer para o banheiro aquelas pedrinhas de cor verde que ficam ao lado da cama.

-Claro, volto em um minuto.

Seth me trouxe o pote de vidro com as pedrinhas verdes e eu as soltei na água. As mesmas flutuavam entre os jatos de água gelada sobre minha cabeça transformando a transparência das gotas de água em uma corrente de água verde e densa.

Aos poucos meu corpo foi relaxando e sentia os músculos se refazendo, o sangue sacando em meu nariz, enquanto as veias tinham suas paredes reforçadas e o fluxo de sangue voltava ao normal. A turmalina verde tem poder curativo em todos os sentidos. Ela é capaz de purificar e fortalecer o sistema nervoso, capacitando-o a conduzir quantidades maiores de força espiritual. Como meu espírito estava ligado de todas as formas possíveis aos meu antepassados, as pedras se tornaram mais que um amuleto era um ponto de equilíbrio essencial em minha vida.

-Esta melhor?

-Sim meu amor. Meu corpo esta quase curado.

-Ele agüenta mais algumas emoções?

-Claro. –Pisquei para ele de forma sensual –

-Não bobinha, não estou falando sobre isso. Tem muitos ouvidos sensíveis nesta casa agora. –fiz um biquinho e ele riu –

-O que seria então? –Fiquei curiosa em saber qual noticia ele me daria que causaria alguma reação ao meu corpo depois desta tarde –

-Samy ouviu o uivo!

-Mas como? Ele ainda é uma criança? Ele não se transformou, é muito novo!

-Ele se transformou assim que você começou a correr. Foi por isso que demorei a voltar para casa depois que te deixei aqui. Voltei para a praia e o baixinho já estava pulando de alegria. Nunca vi um garoto tão feliz por ser um lobo aos 6 anos de idade. Vamos nos reunir hoje a noite com os anciões, Sam esta com medo pelo filho.

-Eu posso ir?

-Claro amor. Billy já havia solicitado sua presença. Acho que tem algo para você também.

Seth sabia que eu havia pedido ao Billy para desfazer o encanto após o nascimento do bebe e acho que a hora havia chego. Sai do banheiro me enrolando a uma toalha e vesti uma roupa simples (shorts jeans escuros e uma camiseta mais larga branca), a roupa escondia toda a parte superior de meu corpo e havia um motivo para isso. Minha tatuagem estava em uma posição diferente no corpo e eu não queria que outros, alem de minha família, vissem a mudança.

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Encontramos todos na sala em volta do sofá. Jacob estava com o filho nos braços, Nessie não estava com eles e imaginei que estivesse dormindo, recuperando-se do esforço que seu corpo fez a pouco tempo atrás.

O bebe nos braços de Jacob não era mais um recém-nascido. Seu porte já era de uma criança com mais de uma semana de vida. Seus olhos estavam aberto, eram de um verde profundo equilibrando seu tom perfeitamente com sua pele morena. Os cabelos arrepiados brilhavam em contato com a luz. Ao sorrir as covinhas em sua bochecha lhe davam um ar debochado em contraste ao sorriso sem dentes. Dava vontade de morder aqueles bracinhos gordos que se debatiam no ar.

Me aproximei de todos e olhei apaixonada para aquela criança. Quando seus olhos verdes encontraram o tom de azul dos meus ele sorriu e levantou os bracinhos, as mãos se abriam e fechavam como me chamando para mais perto. Jacob me passou o bebe que já sustentava o peso de seu corpo e este encostou as mãozinhas na minha face.

-Nala, obrigado.

Uma lagrima rolou por meu rosto ao ouvir sua voz infantil conversando mentalmente comigo como se já fosse uma criança mais velha e muito bem articulada. Em pensamento mesmo respondi a suas palavras.

-Eu amo vocês dois meu querido.

Nos olhamos de forma terna e quase em devoção. Após algum tempo o entreguei a seu pai babão e me reuni aos outros que estavam encantados com o desenvolvimento da criança e seu poder já latente.

Carlisle estava concentrado em um ponto afastado da sala e me juntei a ele.

-Algo lhe preocupa?

-Sim Anala. Você é uma de minhas preocupações, mas falaremos disso mais tarde. Kali é um mistério para mim, ele esta crescendo mais rápido que Nessie e ao contrario dela, sua pele e frágil como a de um humano. Analisei seu sangue e não há vestígio nenhum de vampiro em sua composição. Não sei o que esperar deste crescimento acelerado.

Carlisle falava muito baixo e próximo a meu ouvido. Como estávamos ainda dentro da casa e a audição de todos era muito sensível, ele estava com medo que Jacob ouvisse suas indagações.

-Vamos esperar pelo melhor apenas. –toquei em seu ombro e sai em direção ao quarto de Nessie –

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-Já acordada querida. Achei que iria dormir o sono dos deuses e só voltar para nos amanha!

-Eu ainda sinto meu corpo cansado, mas não quero passar muito tempo longe de meu bebe. Como ele esta?

-Crescendo muito rápido igual você e já todo dengoso com as mulheres da casa. Rose esta morrendo de ciúmes. – rimos juntas e algo chamou a atenção de Nessie para suas roupas.-

-Sinto minha blusa molhada.

Quando olhamos para a região que ela apontava dois círculos grandes eram visíveis por cima de sua camisola na altura dos seios.

-Ahh...Nessie, não acredito, você tem leite. Você poderá amamentar!

Nessie tocou em seus seios e os círculos aumentaram de tamanho em sua camisola, o leite sujava sua roupa ao mesmo tempo que fazia seu peito doer já que o conteúdo não estava sendo retirado na quantidade certa. Nessie chorava de alegria.

A ajudei a ir ao banheiro e tomar um banho. Encontramos um vestido soltinho e caminhamos para a sala, Nessie queria muito ter o filho em seus braços e alimentá-lo como todas as mães faziam. 

Carlisle verificou nossa descoberta e ficou muito feliz, assim como todos que estavam conosco naquela sala. Jacob não conseguia olhar para sua adorável esposa sem derramar lagrimas de felicidade, estava tão extasiado com sua nova família que não conseguiu dizer uma palavra ate agora. Ele não era o único, o vovô babão do Edward se pudesse chorar estaria se desfazendo em lagrimas, quando soube que Nessie poderia amamentar então...

Bella não continha sua emoção e se abraçava ao marido em adoração. Nossa pequena fadinha não se continha sobre os pés, em alguns momentos estava com Kali no colo, depois tirando fotos e então no colo novamente, Jasper teve que acalmá-la na marra. Os visitantes estavam mais comedidos, mas não escondiam seu espanto e felicidade ao verem Nessie amamentar.

-Vó, e se eu estiver fazendo errado?

-Não há como errar querida, é instintivo. Vamos, segure ele em uma posição confortável e ele fará o resto.

Todos deixamos de respirar no momento em que Kali começou a sugar o seio de Nessie. Suas mãozinhas passeavam por seu colo e apertavam os seios da mãe como que forçando a saída do leite. Esme parecia realizar um sonho seu ao observar Nessie e é claro, ninguém escapou das brincadeirinhas de Emmett.

-Nessie, que gosto tem isso que sai de você?

-Não sei te explicar Emmett, você quer provar? – Nessie estendeu um pequeno frasco de leite materno para ele.-

-Pode provar Emmett, o leite tem um gosto maravilhoso! –Jacob estava com um sorriso safado no rosto e vi atrás dele Alice se aproximar com uma filmadora na mão.

Emmett cheirou o liquido e fez cara de nojo.

-Vai dar uma de frouxo agora? - não agüentando a provocação levou o conteúdo a boca e engoliu de uma vez –

-Eca. Que nojo. Ei baixinho, como você pode gostar disso? Alem do cheiro terrível tem um gosto....eca. – ele saiu em direção ao banheiro enquanto limpava a língua com a palma da mão e forçava a garganta de forma a provocar seu vomito -

Kali não se importou com o comentário e continuou a se alimentar tranquilamente.

Aos poucos todos foram dispersando. Zafrina se despediu de nós informando que já estava com saudade das irmãs e precisava voltar. Benjamim e Tia seguiram em seguida prometendo futuras visitas. Benjamim estava encantado com minhas habilidades e queria ter outras oportunidades para treinar comigo. Eleazar e Carmem saíram antes que Garrett e Kate. Eleazar não confiava em mim e não fez questão nenhuma de esconder isso, Carmem apenas seguia as vontades de seu companheiro e não demonstrou nenhuma forma de afeto para comigo, mas ficou triste por partir tão cedo, queria ter mais tempo com Kali.

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Quando todos partiram já estava tarde e tínhamos que ir a tribo para a noite da fogueira. Jacob nos acompanhou, seu papel de líder é muito importante para o ritual e hoje também, seu pai contara a historia da tribo ao seu mais novo integrante.

Chegamos por volta das nova horas no local reservado aos rituais, todos os lobos estavam reunidos em um circulo em volta da fogueira e os anciões estavam em um local mais ao centro cantando musicas que falavam sobre espíritos e suas historias em sua língua de origem.

Quando todos estávamos reunidos Billy deu inicio as celebrações recebendo o novo membro e lhe contando a historia dos lobos.

Samy estava no colo de seu pai com os olhos vidrados. A preocupação era visível em Sam, seu filho teria a infância roupada e receberia as responsabilidades devidas aos membros do bando. O medo também era sentido pelos outros, era um medo diferente, com gosto de sangue. Nenhum outro havia se transformado tão cedo, nem quando os Volturis vieram para estas terras, tinham receio que algo maior e mais perigoso estivesse chegando.  

Quando a historia teve fim a feição dos anciões foi de paz e a mensagem foi revelada.

-Os espíritos vieram para aplacar nossa dor. Dois novos lideres nasceram hoje, os filhos daqueles que por direito seguem com nossas tradições agora habitam nossas terras e protegeram nosso povo. Nada de ruim recairá sobre nós.

Sam soltou o ar de seus pulmões com felicidade e alivio. Seu filho seria seu sucessor, assim como Kali seria o sucessor de Jacob, os bandos continuariam divididos, mas as famílias estariam mais unidas do que nunca.

Todos estavam mais tranqüilos quando as chamas da fogueira se ergueram e línguas de fogo eram lançadas sobre a cabeça de todos. Instintivamente todos se levantaram e se afastaram. As chamas vermelhas agora eram de um azul quase translúcido e formavam círculos no céu. Os estalos da madeira ficaram mais altos e meus olhos ficaram presos as chamas.

-Agora é sua vez minha filha. Liberte seu corpo das amarras antigas.

Eu estava a 200 metros do fogo e Seth segurava firme minha mão. Quando virei meu rosto para pedir que me liberta-se seus olhos refletiram o branco dos meus e ele se afastou por reflexo. Meus olhos já estavam totalmente brancos mais uma vez e corri em direção as chamas, foi uma corrida curta e ao tocar na madeira em chamas saltei em direção aos círculos de fogo azul no céu.

Meu corpo sumiu em meio a luz e me vi envolta por uma fumaça branca e densa. Ouvia as vozes de minha família e das bruxas que antecederam meu nascimento. Não entendia as palavras ditas, mas compreendi o significado. Meu corpo se libertou das sombras e senti todo meu poder sendo devolvido.

-Chegou a sua hora minha filha. – a voz de minha mãe era só um eco e mesmo assim aqueceu meu coração como a muito não sentia.-

Senti meu corpo sendo puxado de volta ao solo e desci sobre a fogueira ainda alta. As chamas aumentaram por que meu corpo também despertou sua fúria. Caminhei em direção a Billy ainda em chamas e cai sobre seus pés.

As chamas apagaram e Seth já estava ao meu lado me auxiliando. Meu corpo estava mais leve e sentia tudo que acontecia a minha volta, eu podia ouvir as raízes se movimentando sobre a terra e o vento tocando em cada folha. Sorria perdida em felicidade por estar de volta, mais forte e livre.

-O que aconteceu com você?

Seth me olhava assustado, meu corpo era o mesmo, mas minhas feições estavam diferentes. Agora eu estava mais madura e isso estava refletido em meu olhar e em minha face. A carinha de anjo que antes me acompanhava agora deu lugar a uma mulher madura, com olhos penetrantes e cabelos em um tom de castanho claro. Os olhos voltaram a seu azul profundo e mais duas marcas surgiram em meu braço direito. O símbolo da adaga da família de Icaro agora tomava toda a extensão de meu braço e era envolvido por uma serpente negra.

-Esta sou eu. A verdadeira Anala. –olhei para o chão para conseguir terminar minhas explicações -  Não ficarei triste se você se afastar de mim agora. Eu vou entender. O feitiço dos Quileutes camuflavam minha verdadeira imagem para que meu perseguidor não me encontrasse. Eu agora carrego comigo o poder dos meus antepassados, os felinos em meu corpo simbolizam forca e poder, são meus protetores e permitem que eu tenha contato com os mortos; a serpente, uma inland taipan, simboliza a sabedoria antiga e destreza.

-Não estou mais tão frágil como antes. Apenas o meu exterior mudou, meu coração continua o mesmo e lhe ama mais do que a mim mesma. –não conseguia olhar nos olhos de Seth enquanto falava. Eu havia mentido e ele estava certo em desconfiar de mim e até não me olhar mais nos olhos se assim o deseja-se. –

-Olhe para mim Anala. – levantei meus olhos com pesar. –

-Nada mudou meu anjo. Meu coração será sempre seu. – seus braços me puxaram para seu corpo e nos beijamos com necessidade, não havia carinho em seus lábios e sim desejo, luxuria e calor, só percebemos que havíamos passado dos limites quando ouvimos pigarros de todos a nossa volta.

-Vamos acalmando crianças. Há menores de idade conosco hoje! – Sam falou de forma brincalhona e todos começamos a rir.-

-Vocês vão voltar conosco para casa?

-Não Jacob, queria passar a noite com Seth um pouco longe de casa. _pisquei para ele enquanto me agarrava a meu lobinho.-

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-Seth, me coloca no chão, já estamos perto de casa! Eu sei andar sabia?

-Eu sei, mas assim fica mais fácil de te beijar.

Foi maravilhoso como tudo se resolveu de forma tranqüila entre nós. Passamos uma noite muito agradável, Seth me levou a uma cachoeira localizada próxima a fronteira com o Canadá e passamos um bom tempo nos amando na água. A noite estava fria e nem sentimos, o calor do corpo de Seth me esquentava e nossos corpos juntos eram como chamas. Conversamos por pouco tempo, mas consegui explicar a ele algumas coisas de minha vida e principalmente o que viria a fazer em alguns dias.

Já estávamos no jardim da casa e ouvimos a movimentação de todos na cozinha e fomos em direção do som.

-Bom dia família linda!

-Bom dia meus queridos! –Esme nos recebeu com um lindo sorriso – Vejo que tiveram uma ótima noite. Jacob nos contou sobre suas mudanças, você continua linda meu anjo, o tom de seu cabelo deixou seu rosto mais vivo, quente. –Esme me deu um abraço e um beijo e foi em direção a sala com uma bandeja de comida. A seguimos para encontrar os outros.-

Eu agora tinha a aparência de uma mulher de 21 anos, mas meu corpo era o mesmo, apenas um pouco mais alto, estava ansiosa por ver a reação dos outros em relação as mudanças e quem acabou tendo uma surpresa fui eu.

-O que é isso? – tanto eu como Seth nos espantamos ao ver no chão as sala Jacob em forma de lobo ao lado de um filhotinho com pelos do mesmo tom que os seus -  

-Vai dizer que não achou lindo bruxinha! Eu sempre quis ter um cachorro e agora tenho dois! – Emmett ria de forma contida para não acordar os dois que dormiam em um sono gostoso. -

-Ei Nala, ta gata morena! – corei na hora e Seth repreendeu Emmett com o olhar.

-Oi maninha. –Bella me abraçou e deu um beijo de bom dia –

-Grande surpresa né? Quando Jacob voltou ele nos contou tudo que aconteceu durante a noite enquanto tentava colocar Kali para dormir. Quando este pequenininho entrou no mundo dos sonhos, puft, ele se transformou em lobinho.

-Claro que todos entramos em pânico e ficamos ser ter onde buscar respostas, mas então Jacob se transformou e percebeu que seu bebe era diferente. A transformação para ele vinha de forma natural, não o machucou ou lhe deixou doente como aconteceu com todos que passaram por ela e pelo que conseguimos entender de tudo isso –apontou para o filhotinho – seu crescimento será acelerado, aparentemente metade do tempo que Nessie levou para amadurecer e seu corpo na forma de lobo vai seguir o mesmo ritmo ate a maturidade.

-Agora eu acho que vou ter que seguir um caminho diferente ao de meu sogrinho e fazer veterinária para cuidar bem do meu neto. Ai meu deus, eu só avó!

-Não se atreva a entrar em desespero Bella, por que se você é avó eu já sou bisavó e não tenho nenhuma ruga para cumprir este papel. –Esme tocava em seu rosto com preocupação nos olhos enquanto brincava com as inseguranças de Bella –

Desta vez Emmett não agüentou e riu alto acordando a Jacob e Kali.

-Emmett. Nessie estava descansando. –o olhar de Rose era quase assassino –

-Desculpe ursinha, eu não consegui segurar.

Nessie desceu correndo pelas escadas e quase trombou com Edward no meio do caminho.

-Pronto, pronto. Vamos lá para cima querido.

Eu e Seth ficamos perdidos na cena. Nessie estava com os olhos aflitos enquanto pegava seu lobinho no colo, mas ele estava tão calminho, seus olhos apenas percorriam entre nossos rostos enquanto Jacob voltava a consciência.

-Bom, a cara que vocês estão fazendo agora, todos fizeram a mais ou menos três horas quando a doida da minha filha saiu correndo do quarto e tirou o Kali do colo de Bella de forma desesperada e ai vem a parte divertida para a família, quando ele esta com fome ele chora muito, mas só na mente dela....risos....

-Que maldade Edward.

-Como se você pensasse de outra forma Jasper.

Todos rimos mais um pouco e resolvemos voltar as coisas serias da vida.

-Bom, Jacob já contou o que aconteceu ontem a noite, mas agora vamos aos motivos reais da mudança. Quando pedi a Billy para me liberar do feitiço de proteção já tinha me decidido por encontrar Icaro e por um fim na nossa situação de gato e rato. Eu só tomei esta decisão por que ele vem ficando mais forte.

-Achei que não seria necessário, que com o tempo suas forcas iriam diminuir e ele teria o mesmo fim de todos os humanos, mas isso não vem acontecendo e não quero pagar para ver. Agora ele pode me ver e é por isso que sua marca esta maior – mostrei a marca em meu braço – a cobra ao redor da marca é uma forma de proteção minha para que ele não me controle a distancia e este Guepardo aqui – levantei a blusa mostrando a nova tatuagem – e a nova entidade que controla meu corpo quando me transformo, mas ele só me da mais velocidade e é temporário – dei uma leve sorriso – foi um presentinho de um antepassado meu, é de Catrina.

-Preciso pegar meu livro e me preparar melhor para nosso encontro. Não sei se ele realmente ira me procurar e quando o fará, mas preciso do livro comigo. Vou viajar amanha pela manha, já reservei o vôo para a Itália e chagando lá farei o restante da viagem de barco. Seth não poderá ir comigo porque irei a Ilha de Stromboli.

Edward ficou tenso no momento em que ouviu o nome.

-Sim Edward, Eleazar tinha certa razão em seus pensamentos. Poucos conhecem a ilha e o motivo e simples, ela é residência permanente de vampiros muito antigos e os humanos são tratados como gado por eles, e sim, a lenda é verdadeira. A entidade mágica que protege a ilha é uma bruxa, uma mulher com mãos de chama....sou eu.

-Como você pode proteger tamanha crueldade? – minha irmã estava com os olhos embargados e todos me olhavam com desprezo –

-Preciso que entendam o meu lado também. Eu não aceito o que eles fazem com os humanos e os conheci da mesma forma que todos os humanos que fazem turismo na região. Eu fui levada a parte mais distante e solta em uma caçada. Eles em principio não perceberam meu cheiro singular e ao me afastar dos humanos eu tive mais chances de sair viva daquele local. Quando encontrei um local seguro, eles também me encontraram, matei mais de dez vampiros em uma luta sem regras e meu corpo já estava exaurido quando o líder deles interviu e quis saber quem eu era.

-Tive a chance de contar minha historia e fui acolhida por eles com uma condição. Precisaria proteger a ilha de outros vampiros, manter a salvo sua forma de alimentação e vida. Eles vivem entre os humanos de uma forma diferente, todos os residentes da ilha sabem sobre sua presença, sabem sobre os vampiros e são auxiliados por eles de forma a manter o local como ponto turístico. As erupções constantes do vulcão localizado na região dificultaram a plantação e a pesca, os humanos desapareciam com freqüência e a alimentação para ambas as espécies estava escassa.

-O líder dos vampiros fez um acordo com o líder dos humanos e eles vivem em harmonia até hoje em função desta parceria, mas a ‘’lei’’ de vocês nunca poderiam descobrir sobre este trato e eles precisavam de minha ajuda, em troca juraram proteger meu livro e o fazem a mais de um século. A população da ilha varia de 100 a 200 habitantes e todos são protegidos pelos vampiros que ali habitam, assim como os humanos garantem sua alimentação com o turismo promovido. É um tanto incomum e pode ser um ato repudiado por vocês, mas é uma forma de coexistir. – dei de ombros e esperei pelas ofensas e até por meu afastamento desta família assim que levantasse a cabeça.-

-Por que Seth não pode te acompanhar na viagem? – A pergunta de Carlisle me espantou. -

-Ele não pode ir, pois nenhum não humano consegue entrar no lugar. Esta é a minha forma de protegê-los.

-Um outro vampiro poderia entrar? – Esta pergunta veio de Jasper.-

-Na minha presença outros vampiros podem entrar, mas não podem permanecer no local a não ser que se tornem parceiros dos que ali existem, fato que não é possível, pois todos já possuem seus parceiros e formam um clã.

-Muito bem, eu vou com você.