Despertar

-Jacob!- Esme estava me chamando à cozinha - Você poderia me fazer o favor de levar este prato de comida a Seth, ele se recusa a sair do lado de Anala. – Esme já considerava Seth mais um de seus filhos e estava realmente preocupada com ele –

-Claro, eu estava mesmo subindo para falar com ele.

Bati delicadamente na porta do quarto. –Seth, posso entrar?

-Claro Jacob, entre.

Seth estava deitado na cama com Anala em seu colo, era como ver um pai embalando seu primeiro filho. Ela estava coberta e parecia menor em seus braços. O som de seu coração era fraco e sua pela mais branca que o normal. De seu braço saia um fino tubo com um liquido transparente, soro. Há dois dias que não acordava. Carlisle, após examiná-la, disse que não havia nada de errado, ela apenas estava exausta.

-Te trouxe comida. – coloquei o prato sobre uma pequena mesa de canto.- Ela acordou?

-Parcialmente. – sua mãos contornavam o rosto delicado de Anala.-Falou coisas sem nexo e disse estar com frio, depois de colocá-la em meu colo ela dormiu novamente. Alice disse que logo ela vai acordar. – as palavras saíram sussurradas e seus olhos não deixaram o rosto dela um segundo, tudo o que ele fazia era para deixá-la confortável –

Acenei com a cabeça e o deixei sozinho novamente. Antes de fechar a porta o ouvi agradecendo pela comida. Já nas escadas e ainda preso aos fatos de dias atrás, fui pego de surpresa por Jasper.

-Como ela esta? – Ele havia mudado muito depois que seu dom se equilibrou e nutria um grande carinho pela jovem que agora dormia no quarto de cima.-

-Na mesma. – caminhei em direção a sala - Descobriu algo em suas pesquisas?

-Sim, venha vou contar a todos.

Todos já estavam na sala aguardando algum tipo de explicação sobre o que aconteceu a alguns dias. Jasper havia pesquisado sobre a historia de bruxas pelo mundo e principalmente na região em que Anala morava há quase mil anos atrás. Jasper estava com um livro antigo em suas mãos e o observava com cautela.

-São muitas as informacoes existentes sobre bruxaria, grande parte não passa de bobagem e são textos de pessoas com grande imaginação. Encontrei pouca coisa datada da época em que ela viveu, a inquisição destruiu tudo o que considerava contra a igreja e a caca as bruxas em todo o mundo gerou sociedades secretas de adoradores desta arte.

Estas sociedades não registravam seus conhecimentos com frequencia, o que dificultou muito meu trabalho. O que trouxe algo palpável veio de um museu localizado na Inglaterra, o museum of Witchcraft – museu da bruxaria -, um dos seus sócios, Icaro Sammonicus, adquiriu uma quantidade absurda de artefatos de feitiçaria e sua biblioteca reúne quase quatro mil livros sobre ocultismo, sua bibliografia o aponta como um grande estudioso desta arte e muitos dos fatos citados condizem com a historia de Anala.

Ela não mentiu para nos, mas alguns fatos foram omitidos. Teoricamente um feiticeiro que usa a magia branca – algo que não faz mal a outras pessoas e não se utiliza de oferendas animais ou de sangue – se tornam fracos ao contato da magia negra. De acordo com isso – Jasper balançou o livro em suas mãos – o corpo pode entrar em colapso e o feiticeiro pode morrer se usar tal forca de forma leviana.

-Sim, isso é verdade. Eu poderia ter morrido se ainda fosse só humana.

Todos estavam concentrados e Jasper e não perceberam a presença de Anala e Seth na sala. Anala ainda estava com boa parte do corpo sendo sustentada por Seth, mas a cor havia voltado a seu rosto e sua voz era forte.

-Ah, que bom que acordou. Esta se sentindo bem, quer alguma coisa? – Bella me abraçava com muito carinho –

-Estou bem obrigada. Obrigada a todos alias, por cuidarem tão bem de mim. Eu pesso desculpas por omitido este fato de todos vocês, achei que já estava forte o suficiente para agir sozinha, mas me enganei. – sentamos em uma poltrona próximo a todos, eu estava no colo de Seth, ainda sentia muito frio e seu corpo era quente.

-Entao maninha, todo aquele rebolado acabou com você não é mesmo!

-Emmett! Todos o contestaram em uníssono.

-O que eu fiz? – ele fazia carinha de criança após derramar leite no carpete e ser flagrado –

Todos o ignoraram e Rose lhe deu um tapa bem sonoro na cabeça.

-Ele tem razão, eu abusei de meu corpo. Quando meu sangue e posto em um feitiço, a energia de meu corpo também acompanha as mudanças na vítima. Com Jasper foi mais rápido por que seu estado emocional era tranqüilo e meu esforço foi mínimo. Já com Aro, sua energia é muito carregada e eu lancei um feitiço muito forte, parte de mim sempre estará com ele e o efeito disso foi o que vocês presenciaram.

-Ainda não estou completamente bem, precisarei de mais alguns dias para voltar ao normal. Prometo que darei menos trabalho a vós agora e menos preocupação para você, meu amor. – me virei para Seth e lhe dei um delicado beijo nos lábios –

-Não foi trabalho nenhum cuidar de você meu amor. – Seth me sorria de volta, eu estava no céu.-

-Considere também nossas estas nossas palavras Anala, devemos a você pela grande ajuda. Edward nos contou o porquê de toda a ação e somos muitos gratos. Eles agora não terão motivos para nós perseguir e meu bisneto poderá nascer sem que nós fiquemos com medos ou preocupados em nos esconder novamente. – Carlisle estava feliz com minha melhora e muito aliviado com o caminho que as coisas tomaram.-

-Quer comer algo, mesmo que tenha recebido soro ainda precisa comer. – Esme já estava em pé seguindo em direção a cozinha, olhei para Seth e ele se levantou me ajudando a acompanhá-la, após agradecer a todos com um enorme sorriso.

-Esme, você teria melão? –eu estava sentindo muita falta de comer algo doce –

Ela sorriu para mim e começou a preparar a fruta enquanto a colocava em uma tigela com varias outras frutas da época.

Eu comi e me sentei novamente com os outros até que cada um foi fazer algo em cômodos diferentes da casa e Seth foi dormir um pouco – ele passou muito tempo velando meu sono e negligenciando a si mesmo –

-Nala, - Jasper me deu este apelidinho carinhoso depois que voltou de sua pequena lua-de-mel - o autor do livro que achei e o mesmo de seus pesadelos?

-Sim Jasper. Ele mesmo. Não foi sempre assim, a família dele, os Sammonicus vêem de gerações de feiticeiros, alguns deles me ajudaram durante alguns de meus anos mais difíceis, mas Icaro tem um desejo enorme por poder. Ele deseja possuir o livro que carrego comigo, ele acredita que nele exista o poder da imortalidade, da transmutação e também algumas outras coisas que ele acredita que eu possa fazer e que lhe traria muita riqueza. – falei ainda com a cabeça baixa.-

-Alguns feiticeiros conseguem expandir seu tempo de vida em alguns anos, algo em torno de 100 anos a mais do que sua vida realmente teria, nenhum tem o que tenho e muitos acham que isso é uma dádiva e não uma maldição. Ele é um destes que me perseguem, eu não teria o que temer dos outros, mas Icaro usa as forcas ligadas a magia negra e seu poder é superior ao meu. Minha única vantagem são os espíritos guerreiros, eles camuflam minha presença nesse mundo, esta é minha ligação com a tribo. Eles me protegem por um pedido de minha Tia e agora o laço esta mais forte porque me liguei a um deles.

-O que você pretende fazer agora? Por que não podemos te ajudar? – ele estava aflito -

-Eu preciso enfrentá-lo logo, antes que ele fique mais forte. Eu não posso usar minha família nesta luta, ele veria meu ponto fraco e minha concentração ficaria falha. O poder dele é muito forte e desmembrar um vampiro não seria difícil. Eu ainda não sei como vou fazer as coisas, mas estou me preparando.

-Se precisar de algo é só piscar. – ele se levantou e foi em direção a Alice em seu quarto. Meu afeto por ele só crescia, o via como um irmão mais velho e ele entendia minhas limitações e até onde eu contaria a ele meus problemas, ele não queria me pressionar.-

Estava sozinha na sala e o crepúsculo já se fazia no céu. Segui para o jardim embrulhada a um cobertor leve e me sentei no gramado próximo ao rio. A brisa estava leve e me senti fortalecer sempre que ela me tocava. Minha Irma vinha em minha direção com algo nas mãos, apenas a aguardei olhando para o céu.