Bella PDV

Emily permanecia calada, trocando olhares entre mim e Alice.

– Percebi que já reconheceu o sobrenome. Essa é Alice, irmã de Edward Cullen, que creio que você conhece. E eu sou a namorada dele, portanto já se da pra ver que esse encontro não foi casual. Eu vim de Nova York só pra falar com você, então lhe peço que não feche a porta na minha cara, tente me escutar e ser compreensiva, será que pode ser ? – pedi tentando ao máximo permanecer séria e calma.

Emily continuou quieta, nem se mexer a mulher se mexeu. Eu já estava começando a ficar assustada, vai que a mulher enfarta e ai com certeza vai dar merda.

– Por favor, Emily. – Alice se manifestou pela primeira vez.

A mãe de Charlotte saiu do transe em que se encontrava e nos deu passagem para entrarmos, fechando a porta em seguida.

– Charlotte eu sei que você está escondida na cozinha. Já para seu quarto moleca ! – ela mandou, fazendo em seguida que uma garotinha risonha saísse correndo do cômodo e subisse as escadas.

– Pois bem, não sei como posso ajuda-las e não sei se quero isso, mas estou disposta a ouvi-las. Infelizmente não tenho muito tempo, tenho alguns compromissos então peço para que sejam rápidas.

– Nós seremos, Emily. Prometo, o que nós temos para falar é algo sério e que precisamos muito que você tente entender o nosso lado. – Alice falou.

– Ok, darei o meu melhor. Prossigam. – pediu.

– Emily, eu estou vivendo com o Edward a mais de anos, sou loucamente apaixonada por ele, e soube a pouco tempo que você já fez parte da vida dele.Eu vim para cá escondida, ele não sabe, ele acha que eu estou em um desfile nesse momento. Pode me chamar de louca, ou do que você quiser, mas estou aqui para lhe fazer um pedido e peço que analise com muita atenção e carinho e veja o que é melhor não para você, nem para mim, nem para o Edward, mas sim para sua filha. – Emily ficou mais nervosa com minhas palavras. – Não precisa nem pedir um teste de DNA para saber que Charlotte é filha do Edward, afinal ela é a cara dele.

Lágrimas passaram a rolar pelo rosto da ex-namorada do meu tutor, parecia que essa pequena frase remeteu a ela lembranças cuja quais ela tentava fugir.

– Minha história com o Edward não foi das melhores, ele me magoou muito, ele renegou a própria filha, só Deus sabe o quanto eu lutei para criar Charlotte sozinha. Era muito jovem quando engravidei, não tinha pais, não tinha estudos, muito menos emprego, e quando precisei da ajuda dele, ele apenas me deu dinheiro para eu matar MINHA filha. Eu jamais faria isso, eu já amava aquele pequeno ser, não aceitei o dinheiro e muito menos o pedido dele, sai daquele encontro decidida a reconstruir minha vida sozinha e Edward Cullen jamais faria parte dela, nem da vida da minha filha. E o fiz, estudei, me formei, ganhei um emprego e hoje Charlotte tem tudo do bom e do melhor, e é por minha causa. Se hoje Charlotte está viva, é por que a mãe dela não desistiu, ao contrario do pai. Então nada do que vocês me digam vai mudar alguma coisa, Edward Cullen jamais será alguém nas nossas vidas, ele jamais será o pai de Charlotte. – terminou chorando copiosamente.

Eu infelizmente não poderia tirar a razão dela, ela definitivamente era uma mulher corajosa, guerreira, eu não sei se teria conseguido tudo que ela conseguiu sozinha, ela tem mais do que o direito de falar que Charlotte é apenas filha dela, mas eu não atravessei o oceano para me contentar com isso, eu estava ali por Edward, apesar dele ter errado, ele se arrependeu e merecia ter o amor da filha e poder ama-la da mesma forma.

Olhei para Alice procurando auxilio, mas foi em vão, ela estava aos prantos tanto quanto Emily.

– Emily, não tiro sua razão de forma nenhuma, o Edward errou, eu mesma o julguei, até quando ele me explicou os motivos de ter feito o que fez. Eu tentei entender, mas não tive muito sucesso de primeira. Só depois, que esfriei minha cabeça e tentei ao máximo me colocar na situação e ao ver o sofrimento do Edward, foi que eu conseguir ver o lado dele na história. Eu descobri sobre Charlotte sem querer, há muito tempo Edward tinha contratado um detetive que descobriu tudo sobre vocês, ele veio até aqui, creio que você se lembra do episódio, pensou em pedir a guarda da garota, mas viu que não tinha razão, preferiu se esconder da própria filha e sofrer sozinho. Não quero que pense que aprovo o que ele fez, nunca, pelo contrário, ele errou e muito, mas ele pagou Emily, eu posso garantir. Ele sofre todo santo dia pelo ato cometido, ele se arrepende, ele chora. Hoje ele é médico, louco por crianças, um homem maravilhoso, carinhoso, com um coração enorme, encantador, protetor, o homem que qualquer mulher lutaria para ter ao lado, mas falta algo entende ? Nem que eu der todo amor do mundo a ele, nem que eu der uma porrada de filhos a ele, nada vai suprir o amor que ele queria dar e receber de Charlotte, nenhum filho vai substituir a falta que ela faz a ele. – parei, tomando fôlego.

Emily se levantou e começou a andar de um lado a outro com as mãos na cabeça, falando desesperada.

– Meu Deus, não sei o que você quer, nem ele, mas não dá, não ... – não deixei uma Emily nervosa terminar. Me levantei.

– Emily, me escute. Eu sei que você é casada, feliz, e tem um coração enorme. Sei que no fundo você quer perdoar Edward, sei que no fundo você quer dizer a sua filha quem é o pai dela toda vez que ela pergunta. Escute o meu pedido por favor. – puxei ela para que se sentasse e me ajoelhei em sua frente.

– Eu tenho apenas 17 anos de idade, já sofri muito, não tenho pais, não sou lá uma pessoa muito madura, mas tenho meus conceitos e amo o Edward mais do que qualquer coisa no mundo e faria tudo para vê-lo feliz. – ela permaneceu calada, esperando que eu continuasse. – Sábado é o aniversário dele, e eu gostaria de lhe pedir que viesse com agente amanhã de tarde para Nova York, e que no sábado de manhã deixasse Charlotte abraçar o pai dela, e lhe desejar os parabéns.

Emily não falava nada, continuava calada.

– Por favor Emily, ele ama muito Charlotte. – Alice acordou do seu torpor, e se ajoelhou na frente dela, pedindo também.

– Eu não sei, eu não posso. – se pronunciou chorando.

– Sim Emily, você pode ! Pense na sua filha. – pedi.

Ela pareceu ponderar e nos pediu licença subindo as escadas, nós deixando ajoelhadas com cara de taxo.

– Mas o que será que ela foi fazer ? – Alice perguntou, enquanto levantávamos e sentávamos no sofá.

– Não faço a mínima ideia, mas tomará que quando voltar, volte com uma resposta positiva. – falei.

– Você tá se saindo muito bem, Bellinha. – ela sorriu me abraçando.

– Obrigada, mas bem que você podia me ajudar né ? Vai que agente vence pelo cansaço. – rimos, enquanto Alice pedia desculpas.

Levou mais ou menos uma hora, já estava ficando a ponto de subir as escadas e atrás de Emily, quando a mesma desceu acompanhada de uma Charlotte chorosa.

A garotinha largou a mão da mãe e se sentou em meu colo.

– É verdade que você é namorada do meu papai ? – perguntou.

– Sim, minha querida. – ajeitei ela no meu colo e acariciei seus cabelos.

Por um momento me senti estranha, nunca que imaginei cuidando de uma criança, mas naquele momento eu me senti amadurecer e me vi capaz de cuidar de Charlotte.

– E é verdade que você quer me levar até ele ? – questionou novamente.

– Sim pequena, ele quer muito lhe conhecer. – sorri.

– Então porque ele não veio ? – perguntou, me fazendo pensar em uma resposta.

– Porque o papai teve medo de que você não gostasse dele. – respondi, sentindo lágrimas rolando pelo meu rosto.

– Mas como meu papai é bobo, é lógico que eu gostaria e muito de ver ele. – sorriu para mim alisando minha bochecha. – Você pode me levar até ele, tia Bella ?

Minhas lágrimas já se tornavam incontroláveis, não estava preparada para aquele momento.

– Claro que posso meu amor, é tudo que eu mais quero é que você vá conhece-lo. – respondi feliz.

Percebi que Emily começou a sorrir entre as lágrimas.

– Mamãe, eu quero ir ver o papai, deixa eu ir ? – pediu Charlotte.

Olhei para a mãe da minha garotinha, e vi redenção em seus olhos.

– Deixo – Emily assentiu.

Charlotte saiu do meu colo, indo abraçar a mãe enquanto pulava de felicidade.

Não sei explicar a alegria que me invadiu. Alice sorriu aliviada do meu lado, me puxando para um abraço. Logo a pequenina pulou entre agente sendo abraçada também.

– Charlotte, não lhe apresentei, mas essa é Alice, irmã do seu papai, e sua titia.- sorri.

A pequenina pulou no colo de Alice, dando um abração nela.

– Olá minha garotinha linda, tia Alice vai lhe paparicar tanto, você parece uma boneca, to tão emocionada. – começou a rir, enquanto agarrava a pequenina, naquele jeito da anãzinha.

– Filha, agora, deixa a mamãe acertar algumas coisas com a Bella e a tia Alice, enquanto isso vá para seu quarto e tome um banho para já já almoçar. – mandou a mãe, que foi prontamente atendida.

Assim que Charlotte subiu, Emily se sentou no sofá de frente para a gente.

– Bella você tem razão, não posso privar minha filha da felicidade de ver o pai. Quando Edward veio aqui, eu realmente estava morando com um rapaz, mas não deu certo e nós terminamos. Mas eu tenho um emprego, então tenho que prestar contas. Amanhã de manhã eu resolvo tudo isso, e de tarde nos embarcaremos.

Nós assentimos felizes e mais calmas.

Emily nos convidou para almoçar, depois de tudo resolvido e nós aceitamos. Acabou que só saímos de lá já era de noite. Mas saímos aliviadas, com o sentimento de dever cumprido e a passagem de Charlotte para Nova York comprada para o dia seguinte.