02 de setembro de 2012

Oi Georg

Aqui estou eu, seu amigo depressivo. Não me lembro se já disse isso na carta anterior, mas estou morrendo de saudades de você. Assim que voltar para a Alemanha semana que vem vou direto te visitar. É uma promessa.

Ontem foi meu aniversário e, por causa disso, achei que eu merecia um descanso depois de todas as tretas que aconteceram entre Tom, Gabrielle e eu. Fiz exatamente o que você disse, eu viajei. Fui para o Rio de Janeiro aproveitar a praia e dar um tempo para mim. Nem tive problemas para encontrar um hotel para ficar. De tanto ficar aqui, estou começando a me acostumar com o português e até mesmo aprender a falar alguma coisa.

O sol aqui é tão forte que gastei dois tubos de filtro solar só ontem. Não queria que a minha pele branca como a neve se tornasse vermelha como um tomate. Mesmo assim, todo aquele sol me deu uma energia a muito tempo perdida dentro de mim. O vento batia em meu rosto e me deixava tranquilo. A areia macia me dava um certo conforto. E mesmo sozinho, eu estava aproveitando muito bem o meu aniversário.

Tudo estava dando certo, até eu ver Tom, Gabrielle e a prima dela, a Emily, passando ao meu lado...

É isso mesmo que você leu, Georg. Você não leu errado.

Aparentemente, Tom decidiu viajar com a sua mais nova namorada para a praia no dia do seu aniversário. Justo na mesma cidade, na mesma droga de praia, no mesmo metro quadrado em que eu estava.

Georg, às vezes acho que fui destinado a sofrer. Não basta simplesmente ter perdido a mulher da minha vida, mesmo quanto tento me afastar, ela aparece para cutucar a ferida, para me machucar mais.

Eles passaram por mim e até fingiram que não me viram. Pode ser que eles não tenham me visto la sentado na areia, mas pode ser que eles me ignoraram mesmo, o que eu acho mais provável.

O meu aniversário desse ano foi uma bosta! É quase insuportável ver o Tom e a Gani junto, sempre abraçadinhos, fofinhos, dando beijinhos um no outro, brincando de pular ondinhas, etc. Simplesmente patético. Parece que toda aquela coisa que eles me disseram há poucos dias era verdade, sobre sempre se gostarem e só tentaram evitar esse amor entre eles por pena de mim.

Acho que a única coisa que salvou o meu dia foi a prima da Gabi. Quando Emily percebeu que eu estava lá, sentado na areia a poucos metros de distância deles, ela se levantou, veio até mim e me fez companhia por algumas horas. Ela estava de vela lá com aqueles "pombinhos" idiotas. Não me lembrava que ela era tão gente boa assim.

Aliás, preciso mandar uma carta a ela para agradecer por ter feito meu aniversario um pouco menos pior do que seria se ela não estivesse la comigo, enquanto os outros dois se pegavam praticamente na minha frente durante o dia todo.

Além disso, obrigado por tentar me ajudar mesmo tão longe Georg. Obrigado por ser mais fiel que meu próprio irmão.

Te vejo em breve na Alemanha, Georg.

Abraços, Bill.