-Alô?

-Oi Bill.

-Oi princesa.

-Bill, pare de me chamar assim. É bonitinho, confesso. Mas prefiro que me chame de Gabi.

-Como quiser princesa. Ops! – rimos mesmo sabendo que fiz isso de propósito.

-Só você mesmo.

-Então, onde você está?

-Estou aqui no meu apartamento.

-Não era para você estar estudando não?

-Hoje não tem aula Bill. Esqueceu?

-Esqueci.

-Quer vir aqui então? Não tenho nada pra fazer.

-Daqui a pouco estarei ai. Antes eu vou ver o Tom. Ele não anda muito bem. Vou ver se está bem e conversar um pouco com ele.

-Está bem. Até daqui a pouco.

-Até. Te amo.

-Eu também.

Desde que chegamos aqui Tom anda muito estranho. Sempre que íamos conversar sobre isso, ele dava uma desculpa qualquer. Hoje ele não vai escapar. Preciso saber o que está havendo com meu irmão mais velho. Ele é muito importante pra mim. Faço qualquer coisa para vê-lo mais animado do que está e feliz.

Fui até seu quarto e coloquei minha mão na maçaneta. Não precisava bater antes de entrar. Somos irmãos, não temos nada a esconder.

“Dandara, caso não tenha percebido, isso não está dando certo”.

Escutei a voz de Tom conversando com uma das amigas de Gabi, que eu não vejo a muito tempo. Ele deveria estar falando no telefone, pois só ouvia-se a voz masculina. Ao invés de entrar como planejado, fiquei do lado de fora escutando tudo. Sei que isso é falta de educação, porém não consegui me segurar.

“Eu sei, mas eu não consegui. Não é tão fácil assim esquecer a pessoa que ama. Tenho tanta vontade de beijá-la novamente como na primeira vez. Ainda bem que Bill não estava por perto naquele dia, se não ele já ia arranjar confusão. Alias, não sei como ele ainda não desconfiou de nada”.

Como assim ainda bem que eu não estava por perto? O que eu tenho a ver com isso?

“Já chega! Eu não aguento mais isso. Hoje direi pessoalmente que ainda gosto dela. Não importa se está namorando ou não. Quer saber, vou dizer agora mesmo! Tchau Dandara. Não adianta dizer que não vai dar certo. Vou me abrir e pronto”.

De repente, a porta se abriu violentamente e Tom saiu correndo em direção ao elevador.

-Tom, onde você está indo? – gritei, não recebendo nenhuma resposta em troca me ignorando completamente.

Então era isso? Tom está apaixonado é só por isso estava naquela depressão toda? Se fosse eu, já teria contado a ela sobre meus sentimentos.

Ele acabou deixando a porta aberta, com toda aquela bagunça visível. Meu quarto também era bagunçado, mas não tanto assim. Havia uma calça dele bem perto de mim jogada no chão. Eu me lembrava completamente dela. Ele estava a usando no nosso primeiro dia aqui no Brasil.

[[[Flashback]]]

Entrei no quanto de Tom para chamá-lo. Ele estava olhando um papel, parecia uma foto de alguém. Quando me viu entrando, a escondeu imediatamente no bolso da calça.

-Tom, o que era isso que você estava olhando?

-Nada.

-Como nada? Deixe-me ver?

-Não.

-Tom, não seja ridículo. Quem estava na foto ai que você estava vendo? É alguma nova garota que eu não estou sabendo, hein?

-Não. Era... era... você! Isso! Era você na foto.

-Você ta me escondendo alguma coisa. Tom, desde quando temos segredos?

-Não estou mentindo, Bill. É uma foto sua fazendo uma careta bizarra. Só quando você me irritar é que eu vou lhe mostrar. Quero só ver a sua reação. Vai ser pura comédia.

-Há! Há! Muito engraçado Tom. – disse sarcástico – Vamos logo. Quero ver a Gabriele.

Será que era eu mesmo naquela foto? Peguei a peça de roupa e procurei em todos os bolsos se achava alguma coisa. Em um deles, senti algo e o retirei.

Sim, era a foto, mas nem eu nem Dandara estávamos na fotografia. Tinha duas pessoas ali. Tinha uma mulher no fundo dançando com uma vassoura. Havia também uma menina delicada, com grandes óculos, olhos delineados, cabelo loiro com suas pontas bem avermelhadas. Era Gabriele, ou também conhecida como minha namorada.

Fechei os olhos e pensei comigo mesmo:

“Descobri tudo, Tom”.

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