Eu estou em guerra contra o mundo e eles
Tentam me colocar na escuridão
Eu luto para encontrar minha fé
Enquanto escorrego dos seus braços

Awake and Alive - Skillet

A noite não passou rápida como eu queria, e para variar eu não senti um pingo de sono, e todas as vezes que eu fechava os olhos às almas vinham me assombrar, me mostrando e me dizendo o tamanho do monstro que eu sou, mas quando eu o olhava toda aquela tristeza se dissolvia e eu conseguia me controlar.

                                         ***

            -Você não conseguiu dormir certo?- Klaus perguntou abrindo os olhos lentamente enquanto eu ainda o observava.

            -É tão óbvio assim?- Perguntei virando o rosto.

            -Já conheço esse seu problema há algum tempo. O que elas dizem para te deixar assim?- Ele me perguntou me abraçando.

            -Nada mais que a verdade. Agora que você acordou acho melhor continuarmos.- Falei me levantando pegando a espada.

            Andamos algumas horas e chegamos até a vila qual eu fui solicitada. As construções aparentam estar abandonadas, portas e janelas com madeiras rudemente pregadas, o que a meu ver significa que não há apenas um demônio aqui.

            -Vá para a pousada, que eu resolverei isto e sigo para lá em seguida.- Falei colocando as mãos nos bolsos e começando a andar.

            -Mas se são tantos demônios como você diz, não seria melhor eu lhe ajudar?- Klaus perguntou a mim com um olhar triste, segurando delicadamente o meu braço.

            -Fique tranqüilo, eu consigo dar conta de alguns demônios. Você esta mais cansado do que me mostra, aproveite, vá descansar. Daqui algumas horas estarei de volta.- Me soltei de duas mão e segui em frente.

            Klaus ficou lá por alguns instantes me encarando triste, como se sentisse que algo não estava certo e talvez eu nunca mais voltasse.

            -Acalme-se, eu vou voltar. -Me virei sorrindo, acalmando com esse ato o seu coração.

            Seguindo a mensagem que haviam me entregue, a vila esta com uma infestação de demônios há alguns dias, mas é estranho que nenhum deles ainda tenha tentado me atacar.

            A única explicação lógica para isso é que...não, se for isso acabei de mandar o Klaus para um encontro sem volta com os demônios.

            -Droga, eu deveria ter percebido isso antes.- Falei desembainhando a espada e correndo em direção a pousada.

            -Eu deveria ter sentido o cheiro deles ali.- Pensei em meio à corrida.

            -Esqueceu? O Klaus é em parte demônio, o cheiro dele confunde os seus sentidos te deixando confusa em relação à localização dos demônios.- A Chave disse tentando me confortar inutilmente,

            Cheguei na pousada e o cheiro forte de demônios era quase insuportável. Não esteja aqui -pedi mentalmente dando um chute na porta a quebrando.

            -Onde esta o Klaus?- Perguntei colocando a espada no pescoço da recepcionista.

            -Jamais direi onde o colocamos.- Ele disse ficando na sua verdadeira forma de demônio.

            -Acharei por mim mesma.- Falei antes de cortá-lo ao meio.-Nunca mais o deixarei sozinho, não importa aonde ele vá. Merda, não acredito que não senti o cheiro deles.- Pensei enquanto corto os demônios que me atacam.

            -Não havia como nós sabermos que seria uma armadilha. Se acalme tudo dará certo.- A Chave fez soar em minha mente uma voz calma e aconchegante.

            -Não tenha tanta confiança em minha, sou um monstro da mesma intensidade que esses demônios.

            -Você esta lutando para salvar aquele que você ama e isso é sagrado. Charlotte eu tenho acompanhado o seu sofrimento e sua tristeza, sei por que e por quem você luta    , e acho isso bonito da sua parte. -A Chave continuou com a mesma voz calma mesmo enquanto eu estraçalhava os inimigos.

            Aproveitando a minha distração com a luta, no topo das escadas a me observar estava Verônika, com alguns demônios e Klaus desmaiado.

            -Eu deveria ter te matado no mesmo dia em que te conheci Caçadora. Eu teria sofrido menos perdas se o tivesse feito.- Verônika disse do alto das escadas me chamando a atenção.

            -Só machuco aqueles que tentam me ferir.- Falei desferindo um ultimo golpe em um demônio.

            -E quanto ao meu filho? Ele só soube te amar, e desde então se encheu de problemas que nunca nem tinha sonhado em ter.- A demônio disse descendo as escadas e vindo em minha direção.

            -Eu apenas o amo, e que o seu bem, já tentei me afastar o que podia ter ocasionado a sua morte.- Falei sentindo a dor daqueles dois anos.

            -Então se eu ameaçasse o jogar de lá de cima caso não venha conosco, você se entregaria? -Verônika disse se aproximando ainda mais de mim, e dois demônios aproximaram Klaus da beirada das escadas.

            -Você não pode fazer isso, você...-os demônios que estavam com Klaus o aproximaram ainda mais da beirada o deixando com a metade de seu corpo no ar.- Merda, você é mãe dele, não pode fazer isso.- Falei dando um passo para frente com vontade de correr até ele.

            -Eu nunca disse que eu gostava de ser, sabe ele não puxou para o Olav ou para mim, não sei talvez seja influencia do sangue celestial, que ele é deste jeito.-Ela disse o encarando com certa tristeza.

            -Como você pode dizer ou ameaçar fazer isso com o seu filho?- Perguntei me preparando para decapitá-la assim que tivesse a chance.

            -Eu se fosse você não tentava fazer isso, Klaus pode muito bem escorregar.- Ian apareceu sorrindo, ficando do meu lado.

            -O que vocês querem?- Perguntei guardando a espada.

            -Ele quer te conhecer, e para isso nos mandou escoltá-la com segurança.- Ian respondeu ainda com um sorrido demoníaco nos lábios.

            -Você sabe que não duraria cinco minutos lá sem a nossa proteção. Você é muito famosa entre os demônios Caçadora, só que de uma forma não tão boa.- Verônika falou de uma forma pesarosa.

            -Droga, eu vou.- Disse eu jogando minha espada e armas no chão, mas permanecendo com uma adaga no coturno.- Felizes? Agora podem soltar ele!- Gritei enquanto Ian me segurava fortemente os braços.

            -Ele é nossa garantia de que você se portara bem.- Ela me disse antes sermos sugados pela terra.

                                                    ***