Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 9
Flash backs


Notas iniciais do capítulo

Tam tam tam taaam!

Como serão os sonhos dela? Acho que ninguém espera que sejam normais, né?

Leiam!



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Meu sonho começou de um jeito estranho.

Eu podia ver uma cidade. Muito bonita. Com várias pessoas bem vestidas andando de um lado para o outro. Em uns bancos de frente para um rio largo tinha um casal namorando.

Um ônibus parou na calçada larga que dava para a frente do rio, e uma mulher desceu. Ela me lembrava alguém... Eu só não sabia quem era.

“Obrigada!” Agradeceu ela ao motorista.

A mulher tinha cabelos pretos e curtos. Eram repicados na ponta, e iam só até o queixo dela. Seus olhos eram azuis. Tinha poucas sardas nas bochechas.

Ela vestia uma camisa com três faixas verticais. Uma era azul, a do meio era branca, e a outra era vermelha. Veio na minha cabeça que aquela cidade era em algum lugarzinho na França.

A mulher que não aparentava ter mais de... 25 anos, começou a tirar algumas fotos da paisagem. Ela andava ao mesmo tempo em que batia fotos.

Claro que isso não ia acabar bem. Em um momento ela tropeçou. Ia cair de cara no chão e ainda quebrar a câmera, mas um homem a segurou.

“Você está bem?” Perguntou preocupado.

Ele a pôs de pé novamente. Ela piscou os olhos ao vê-lo, e quando se recuperou do susto respondeu:

“Ah... Sim! Obrigada!” Ela sorriu para ele.

Foi naquele momento que eu vi quem era. Sabia quem ela me lembrava. Era a minha mãe. Tinha o mesmo sorriso que o meu, pelo menos naquela época.

“Não devia andar enquanto tira fotos.” Disse o homem sorrindo também.

Eu pude notar quem ele era. Hermes. Só que dessa vez não estava vestido de carteiro. Ele tinha uma camisa branca, calça da corrida, e um tênis da Reebok. Parecia estar correndo por aí há um tempo, mas não estava suado.

“Eu sei. Eu sei.” Falou ela cheia de animação e energia. “Mas é que... A cidade é tão linda. Eu não pude resistir...”

Hermes sorriu. Acho que eu estava vendo a cena de como eles se encontraram pela primeira vez.

“Você é uma turista?” Perguntou ele.

“Não, eu sou fotógrafa.” Disse ela. “Eu estou fazendo uma coleção nova. Só com fotos de Paris. E achei esse lugar lindo. Ah! Quer ver algumas?”

Minha mãe estava mesmo animada em estar na França. Ela pegou uma pasta que estava debaixo de seu braço e a abriu para mostrar á Hermes as suas fotos, mas o vento bateu e levou algumas para o ar.

“Ah não!” Exclamou ela parecendo muito decepcionada.

Hermes pareceu ficar triste só de ver a minha mãe triste. Mas também... Ela tinha um jeito... Um dom de contagiar as pessoas com seus sentimentos.

“Eu pego!” Falou Hermes.

Ela piscou os olhos.

“Mas... Mas não tem como... O vento já...” Ela tentou falar, mas estava quase chorando.

Sua expressão foi de pena. Ele olhou para as fotos que estavam voando no céu e correu para perto. Ele estendeu as mãos e as fotos voltaram para ele. Ninguém viu nada, por sorte. Minha estava fitando o chão triste, quando ele voltou.

“Não chore... Acho que... São suas.” Ele disse devagar lhe entregando as fotos.

Os olhos da minha mãe brilharam.

“Ah! Obrigada! Muito obrigada mesmo!” Exclamou ela abraçando-o cheia de vida novamente. Hermes sorriu, e pude ver suas bochechas ficaram levemente vermelhas. O que para mim foi muito engraçado.

“Não foi nada. Eu só não podia deixar fotos tão bonitas serem levadas pelo vento.” Falou ele coçando a nuca.

“Você é extremamente gentil.” Sorriu ela. “Meu nome é Jenny.”

“Jenny?” Repetiu ele apertando sua mão.

“Bem... Na verdade é Jennifer. Mas... Prefiro Jenny.” Falou ela. “E você? Posso saber o seu nome?”

Eu pensei que ele não fosse falar. Ou que ao menos fosse hesitar e por fim dizer um nome falso. Mas ele estava tão envolvido na conversa que acabou falando.

“Sou Hermes.” Falou ele.

“Hermes? Que nome legal!” Sorriu ela. “É tão original. Gostei.”

“Bem... Obrigado.” Falou ele. “Eu infelizmente... Tenho que ir.”

“Jura?” Ela parecia desapontada, mas se controlou. “E-Eu... Posso te pedir uma coisa antes de ir?”

“Pode.” Falou dando de ombros.

“Será que...” Ela chegou perto dele. Hermes se aproximou dela também. Os dois se moviam lentamente fitando-se nos olhos. “Eu... Posso...” Hermes fechou os olhos, e ela cerrou os dela. Estavam quase se beijando quando para a surpresa de meu pai, ela colocou a câmera na frente de seus olhos. “... Tirar um foto sua?”

Hermes abriu os olhos sem entender, mas por fim acabou rindo.

“Uma foto?” Riu ele. “Em uma cidade tão bonita, tem certeza de que quer tirar uma foto minha?”

Minha mãe riu um pouco também.

“Bem... Pode me chamar de maluca, mas é que...” Seus olhos brilhavam enquanto o observava prestar atenção no que ela tinha a dizer. “Quando eu te vi, eu meio que... Senti que você era... Diferente. Sabe? Que tinha algo em especial.”

Hermes parou de rir, mas ainda a observava feliz. Nesse momento eu entendi porque eles dois se apaixonaram.

“Pode.” Concordou ele. “Mas com uma condição.”

Ela sorriu feliz.

“Qual condição?” Perguntou.

“Você tem que aparecer junto comigo na foto.” Ele sorriu.

“Combinado!” Animou-se ela.

Minha mãe foi para o lado dele, e ele a abraçou. Ela esticou o braço com a câmera, e disse:

“Diga X!”

Quando foi apertar o botão, ela o beijou na bochecha. E então o flash da câmera disparou e o meu sonho mudou de cenário.

Estava vendo um hospital. Na entrada tinha um balcão onde ficavam as enfermeiras. Uma com um crachá escrito: “Susan” estava arrumando uns papeis. Ela olhou para a entrada do hospital. Não tinha ninguém.

Susan se virou para por os papeis em uma caixa, e quando olhou de novo quase teve um ataque do coração. Em pé com um boque de rosas vermelhas, estava Hermes. Usava um terno risca de giz, e seu cabelo castanho estava perfeita mente ajeitado para trás.

“Oi! Eu... Acho que... O número do quarto é 12.” Falou ele um tanto nervoso.

“Ah! Sim... Ahm... ‘Jennifer Kelly’?” Perguntou ela.

“Sim! Isso mesmo.” Concordou Hermes ansioso. “Posso entrar? Está tudo bem?”

Susan riu.

“Está sim. Pode ir.” Falou.

Hermes correu até quarto, coisa que não devemos fazer em um hospital, mas acho que quando se é um Deus você tem lá seus motivos. Ele abriu a porta do quarto.

Não era muito grande, mas tinha espaço o suficiente para uma cama, um berço, e uma TV que estava passando o canal de notícias.

Deitada na cama estava a minha mãe. No colo dela... Eu. Só que parecia que tinha acabado de nascer.

“Você está bem? Sinto muito! Eu queria ter chegado mais cedo, mas é que...!” Hermes despejou todas aquelas palavras uma atrás da outra sem dar espaço para minha mãe responder.

“Calma!” Exclamou ela, mas logo depois abaixou a voz. “Calma... Está tudo bem. Eu estou bem. E você... É papai.”

Ele sorriu.

“Isso é para você.” Falou ele com um sorriso enorme.

“Obrigada.” Sorriu ela. “Você está muito bonito assim, sabia? Pena que só se veste assim em situações raras.”

“Ei! Isso não é verdade...” Ele mentiu. “Eu adoro andar desse jeito.”

“Ah, claro.” Ela revirou os olhos.

“E também... Eu tinha que estar bem vestido para falar com a minha filha, não é?” Ele sorriu para mim. Digo... O bebê no colo da minha mãe.

“Quer segurar a Alice?” Perguntou ela.

“Alice? É um nome lindo.” Sorriu ele.

Ele me pegou no colo e ficou parado sorrindo para mim. Eu acho que estava dormindo, pois nem mesmo me mexi.

“Oi. Eu sou Hermes. O seu pai.” Falou ele no meu ouvido. “Então... Como vai você?”

O quarto ficou em silêncio. Minha mãe riu.

“Espera que ela responda?” Perguntou.

“Não...” Riu ele. “Mas seria grosseiro de minha parte não dizer nada. E quanto a você? Está se sentindo bem?”

“Me sinto pronta para correr uma maratona.” Disse ela. “Quer apostar corrida comigo?”

“Engraçada.” Riu ele.

Mas então o clima mudou. Ele olhou para mim um pouco triste.

“Eu queria poder ficar...” Murmurou ele. “Queria... Poder ver ela crescer...”

“Já conversamos sobre isso.” Falou minha mãe. “Ela... Ela vai entender quando crescer. Você é muito ocupado, mas não é culpa sua.”

“Mesmo assim...” Murmurou ele. “Eu não quero ficar longe de vocês.”

“Você pode sempre voltar.” Lembrou a minha mãe. “Eu... Eu posso cuidar dela sozinha.”

“Mas e quanto aos monstros, Jenny?” Perguntou ele preocupado. “Você pode conseguir enxergar através da névoa, mas ainda assim você é uma mortal. Não pode lutar contra eles.”

“É, mas eu sou a mortal que namorou o Deus das corridas. Eu posso não poder lutar, mas podemos fugir.” Falou ela. “Eu e Alice podemos nos mudar de lugar para lugar. Pode ser difícil para ela, mas... Vai ser necessário.”

“Ela devia ir par ao acampamento.” Falou ele. “Sabe que lá ficaria segura. E quanto a você... Bem, ela poderia ter ver sempre que quisesse. E a mim também! Eu posso ser um Deus ocupado, mas eu posso continuar visitando vocês duas! E...!”

“Você sempre quer resolver todos os problemas, não é?” Perguntou minha mãe com um sorriso de compaixão. “Hermes... Querido, você não pode fazer isso.”

“E porque não?” Perguntou ele sem entender. “Eu posso!”

“Não... Não mais.” Ela olhou para mim. “Quero que ela seja diferente dos outro meio-sangues. Quero que ela possa escolher. Você sabe melhor do que ninguém que fazer nossas próprias escolhas é importante. Não quero que ela seja forçada á seguir esse caminho de heróis e tudo mais. Quero que ela escolha.”

Hermes queria protestar, mas sabia que não ia mudar a cabeça da minha mãe. Ninguém nunca muda.

“Então... Isso foi um ‘Oi’ e um ‘Adeus’?” Perguntou ele já sabendo a resposta.

“Pode continuar vendo ela, mas... Não conte. Espere um tempo.” Pediu minha mãe.

Ele beijou a minha testa, e me entregou novamente para minha mãe.

“Eu amo vocês duas.” Disse ele triste. “Por favor... Se mudar de idéia... Me chame.”

Ele sumiu, e o meu sonho mudou pela terceira e última vez.

Essa cena foi bem diferente. Era a sala da casa de Ares. Pude reconhecer o lugar no chão em que quase fui morta, o maldito som que dessa vez estava desligado, e todo o resto. Ele estava sentado no sofá vendo o canal de Luta Livre, quando a campainha tocou.

Ele foi até lá e abriu a porta. Eu quase não vi o que aconteceu direito, porque foi muito rápido, mas depois eu entendi. O meu pai tinha empurrado ele contra a parede oposta da porta, segurando a camisa dele pela gola e fazendo com que batesse contra a parede. A casa toda tremeu.

“Reverta isso!” Rugiu meu pai. “Agora mesmo Ares!”

Ares notou o que estava acontecendo e reverteu o jogo. Ele agarrou a gola da camisa do meu pai, e o bateu contra a parede do mesmo jeito que ele fizera. A casa tremeu de novo.

“Reverter? Ah não. Não, não, não.” Falou com uma voz sombria. “Eu ainda vou me divertir muito com isso.”

Pensei que ele ia acabar com o meu pai, mas Hermes foi mais esperto. Ele sabia como brigar também. Pôs seu pé contra o peito de Ares e o empurrou com toda a sua força divina. O Deus da Guerra foi lançado para trás, atingiu as costas do sofá, e acabou girando e caindo nele. No mesmo lugar que estava sentado.

“Escute aqui!” Meu pai parecia furioso. De um jeito que nunca esperava vê-lo. “Se algo acontecer com ela por causa disso, eu juro que...!”

“Relaxa!” Exclamou Ares. “Acha que fiz isso para ela morrer? Não mesmo. Eu não quero isso.”

Ele se levantou do sofá e olhou para meu pai.

“Quero ver o quanto especial ela é.” Falou ele, mas depois parou para pensar. “Se bem que... Vê-la morrer poderia ser um brinde, não é?”

Alguns raios caíram do céu. Meu pai pegou o celular que tinha as cobras, e o transformou em... Um caduceu. O símbolo de Hermes. Marta e George tomaram um tamanho maior, como os de cobras de verdade.

“Calma, Hermes! Não faça nenhuma besteira...” Advertiu Marta.

“Não antes deu comer alguma coisa... Estou morrendo de fome!” Reclamou George.

“Você está pedindo por isso, Ares!” Rugiu ele.

Ares fez a sua espada aparecer novamente. A mesma que quase me matou da última vez. Agora eu podia notar que nela havia uma caveira, com um rubi vermelho sangue na boca. Me dava medo só de olhar.

“Eu estou pedindo?” Riu ele. “Não. Quem pediu foi ela.

“É a minha filha!” Protestou Hermes.

“É uma meio-sangue!” Corrigiu Ares. “Como qualquer outra! Mas não agora.” Ele riu. “Agora ela tem um papel mais importante.”

“Que papel?! Do que você está falando?!” Eu queria pergunta, mas minha voz não saia.

Os dedos do meu pai apertaram o caduceu com muita força.

“Ei, Hermes! Nós estamos aqui!” Lembrou Marta quase sendo esmagada.

“Eles não estão nem ligando para a gente!” Disse George.

“Ela não foi nem mesmo treinada para batalhas! Nunca lutou antes!” Continuou Hermes.

 “A prática leva á perfeição.” Zombou Ares. “Se ela morrer, foi por uma boa causa.”

Hermes investiu contra Ares, mas ele já esperava por isso. Girou sua espada, de modo que meu pai teve que se defender com o caduceu. George e Marta por pouco não foram cortados ao meio.

“Guarde as minhas palavras, Ares!” Falou sombriamente. “Se algo acontecer com ela. Se a minha filha morrer... Você fez um inimigo para toda a eternidade.”

Depois como uma explosão ele sumiu, deixando Ares em pé sozinho.

E foi assim que eu acordei.


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Notas finais do capítulo

Que tipo de maldição foi aquela?

Gostaram desse capítulo?

Espero os reviews de vocês!