Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 6
Façam suas apostas


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!

Cheio de cenas da ação. Tam tam tam taaam!



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Eu poderia dizer que no dia seguinte eu acordei novamente com o rock pesado vindo da casa ao lado, mas na verdade aquele motoqueiro irritante não quis esperar até de manhã.

Não sei o que se passa na cabeça dele. Realmente não sei, e também não tinha vontade nenhuma de descobrir. Talvez ele achasse uma boa idéia ouvir o rock pesado ás 2 horas da madrugada!

Eu não agüentei. Pensei em ficar no meu quarto em silêncio, mas aquele som não me deixava dormir de jeito nenhum!

Eu levantei da minha cama, pus os meus chinelos e saí de casa. Cheguei na porta dele e bati.

Naquele dia eu tinha descoberto que o meu pai não era o meu pai, que a minha mãe tinha me escondido um segredo enorme de mim, que o meu pai de verdade me dera uma bolsa perfeita para roubar coisas de lojas. Eu tinha muito que me preocupar, e não queria incluir um idiota na minha lista.

Bati na porta, mas ele provavelmente não ouvira por causa do som. Eu podia ter desistido e voltado para casa, mas estava com raiva demais para isso.

Quando me dei por mim, eu estava socando a porta com toda a minha força. Isso o fez ouvir.

Ele abriu a porta. Em sua mão estava um daqueles pesos de malhar, que ele levantava e abaixava o tempo todo.

“O que foi?” Perguntou ele.

“Eu preciso realmente falar alguma coisa?” Estava rangendo os meus dentes.

“Uhm... Não.” Respondeu ele batendo a porta na minha cara.

Eu não acreditei que ele tinha feito isso. Só fez o meu sangue borbulhar de raiva, ódio, e todos os outros vários sentimentos negativos e ruins. Estava tão irritada que podia socar qualquer um que aparecesse na minha frente.

Mas eu resolvi socar a porta novamente.

Ele abriu.

“Ainda está aí?” Perguntou rindo de mim.

Um valentão. Como os muitos que implicavam comigo na escola. Queria esmurrar ele, mas me contive.

“Sabe que horas são?!” Exclamei.

“Se você não tem relógio, compre um e pare de me perturbar.” Respondeu ele.

Cretino!

Ele empurrou a porta com força, mas antes que ela fechasse, eu coloquei o pé para impedir. Só que aquilo doeu. E muito.

“Ai!” Exclamei baixinho para ele não ouvir.

Mas ele tinha ouvido. Começou a rir.

“O que? Pensou que não fosse doer?” Ele riu.

“Não é da sua conta.” Resmunguei ainda com dor. “Abaixe esse maldito som para eu poder dormir!”

“Por que eu faria isso, filhinha de Hermes?” Perguntou ele.

“Porque eu estou mandando!”

Aquilo foi estúpido. “Porque estou mandando!”? Foi a única coisa que eu pensei na hora. Ele começou a rir mais ainda, mas depois parou.

“Ah não!” Fez cara de amedrontado. “A filhinha de Hermes me mandou baixar o som! Acho melhor eu me esconder debaixo do sofá!”

“Pare de rir de mim.” Exigi.

“Senão o que?” Quis sabe ele. “Vai me roubar que nem roubou aquela loja?”

Ele riu mais ainda.

“Eu não roubei a loja!” Exclamei. “Foi um... Acidente!”

“Acidente? É assim que você chama?” Ele trocou o peso de braço e começou a malhar o outro. “Bem, se você não pagou... Eu chamo de roubo.”

“Não estou nem aí para como você chama!” Exclamei. “Eu também... Eu devolvi a camisa!”

“Antes ou depois do seu papai te dar uma bronca, pirralha?” Perguntou ele.

“Ele não...!” Me contive. “Espera... Como você sabe da camisa?!”

Ele encostou as costas contra a parede do outro lado da sala e olhou para mim com uma cara de: “Mas que idiota”.

“Você ainda não tem a mínima idéia de quem eu sou, não é?” Ele riu. “Eu sei mais do que você saberia com uma vida inteira.”

Eu estreitei os olhos. Meu pai me dissera algo parecido. Que ele sabia mais do que eu pensava, porque era um Deus... Ah não!

“Não me diga que você...!” Eu não terminei a frase.

Ele sorriu malignamente. Eram 2 da madrugada, mas ele ainda usava óculos escuros. Ah, por favor... Um cretino que nem ele não podia ser um Deus! Nem pensar!

“Quem você é?” Perguntei por fim.

“Atenas, não está na cara?” Zombou ele.

Eu ignorei aquilo.

Pensei bem. Eu me lembrei daquela super modelo ou algo parecido que veio aqui. Talvez ela não fosse divina nem nada, mas... Sei lá.

Eu resolvi ignorar aquilo. Preferi tentar descobrir pelas características dele. Era irritante, violento, grosso... Tudo de pior que tinha. Ele podia ser Hades, o Deus do Mundo Inferior. Mas achei aquilo estranho... Se ele fosse Hades, não deveria estar lá embaixo?

“Você é um Deus.” Tentei.

“Nããão! Jura?” Zombou ele.

“Um Deus bem irritante.” Falei.

“Eu tento.” Ele fingiu estar lisonjeado.

“Ah...” Eu tentei dizer algo mais o desgraçado aumentou o som ainda mais.

Idiota! Ele era insuportável! O jeito como me irritava... Parecia até que ele queria uma guerra ou uma briga! Espera... Foi aí que eu me toquei.

“Abaixe essa droga, Ares!” Falei por cima do som.

Ele abaixou um pouco.

“Oh! Você descobriu o meu nome! Muito esperta, hein sobrinha?” Falou ele com um sorriso maldoso no rosto, como sempre.

Mas... Sobrinha?! Eu era parente dele?! Argh! Não! Nem pensar!

“Ah, não! Você não pode ser meu... Meu...”

“Tio?” Completou ele. “Infelizmente sim.”

Eu queria ser atacada por um daqueles cães novamente.

“Não acredito...” Choraminguei.

“Acredite.” Falou ele. “Agora, porque você não vai choramingar no seu quarto, hein sobrinha?”

“Abaixe o som e eu vou.” Retruquei. “E você não é o meu tio.”

Ele revirou os olhos.

“Pense o que quiser.” Falou ele. “Mas não vou abaixar o som.”

Eu o olhei com mais raiva ainda.

“É assim que você se diverte, não é?” Perguntei. “Irritando os outros ao máximo.”

“É um estilo de vida.” Concordou ele. “Agora fora, pirralha. Antes que eu te jogue na grama novamente.”

“Não tenho medo de você.” Protestei.

“Ah, mas deveria.” Falou ele chegando mais perto de mim. “Escute aqui, meio-sangue...”

A cada passo que ele dava em minha direção, eu recuava um pouco mais, até que eu cheguei á uma parede e resolvi ficar encostada nela. Ele tirou os óculos devagar, revelando os seus olhos. Bem... Ou o que deveriam ser olhos.

No lugar onde deviam estar os olhos dele, estavam duas bolas de fogo que pareciam queimar cada vez mais.

Ele limpava os óculos de Sol enquanto continuava a falar.

“Achou aqueles cãezinhos ruins? Achou eles perigosos?” Perguntou ele bem devagar. “Então você não vai querer ver do que eu sou capaz. Não mesmo. Eu sou o Deus da guerra. Das batalhas, das brigas... Se arrumasse confusão comigo, eu ia fazer você voltar chorando para o seu papaizinho, entendeu o recado?”

Eu devia estar morrendo de medo. Mas ao invés disso estava determinada. Determinada á provar para ele que eu não tinha medo, e que eu não desistiria enquanto ele não desligasse o maldito som e me deixasse em paz.

Ele chegou para trás e sentou-se no sofá, que estava á poucos metros de distância.

“A porta é ali.” Apontou ele colocando os óculos de volta. “Saia ou se preferir... Eu te dou uma mãozinha.”

“E se eu provar que você está errado?” Perguntei e ele ergueu uma sobrancelha. “E se eu ganhar de você? Abaixaria o maldito som?”

Ele riu.

“Acha que pode ganhar de mim?” Perguntou ele. “Você não ganharia nem de uma criança de 5 anos.”

“Eu não perguntei se você acha que eu vou ganhar. Perguntei se você abaixaria o som se eu ganhasse.” Insisti.

“Bem, isso depende.” Ponderou ele. “Se eu ganhar... Posso te cortar ao meio?”

Ele levantou a mão e fez aparecer uma espada super afiada. Começou a brincar com ela na minha frente para me dar medo, mas eu me mantive firme.

Se você ganhar.” Falei.

Ele sorriu. Era o maior sorriso de satisfação que eu já vira. Aquele cara devia me odiar bastante. Aposto que estava morrendo de vontade de me cortar ao meio.

“É... Isso pode ser divertido.” Concordou ele.

Ele levantou do sofá e deu alguns passos para trás.

“Primeiro as damas.” Brincou ele.

Eu olhei para os lados. Tinha que achar alguma arma. Não poderia simplesmente bater nele com as minhas mãos, se ele tinha uma espada! Foi aí que eu vi no chão... A minha bolsa. Deve ter sentido que eu precisava de ajuda.

Eu a segurei pela alça como havia feito com o cão antes, e comecei a girá-la como aqueles gladiadores faziam. Atenção... Eu só fiz isso porque vi no filme do Perseu. Era uma idéia um pouco estranha, porém era a única que eu tinha.

Ares riu.

“Vai usar isso?” Ele perguntou. “Acha que a bolsa de Hermes vai te salvar?”

“Talvez.” Falei.

“É uma tonta.” Falou ele. “Porque você não usa a única habilidade que Hermes tem a te oferecer? Corra.”

“Guarde a sua sugestão para quem precise.”

“Oh! Estou ofendido.” Choramingou ele de brincadeira. “Levei um fora da minha própria sobrinha.”

“Eu não sou sua sobrinha!” Exclamei.

Eu corri na direção dele e acertei sua bochecha com a bolsa. Não teve nenhum efeito. Nem mesmo um arranhão.

“Ei? O que quer fazer?” Perguntou ele. “Me matar de cócegas.”

Ele ergueu a espada e eu dei um passo para trás.

Ares apontou a espada pare mim. Pude ver seus olhos ( ou bolas de fogo ) brilhando intensamente.

“Que pena. Te déia chance de me atacar primeiro, e você fez só isso?” Sorriu ele. “Sabe o que eu vou fazer? Te cortar ao meio com a minha espada favorita. E quer saber qual é a melhor parte? Seu pai não vai te ajudar em nada!”

Ele fez um movimento rápido com a espada em minha direção. Eu desviei a tempo, mas por muito pouco. Senti o ar ser cortado por aquela lâmina afiada. Se aquilo encostasse em mim, estaria acabada.

Ele investiu mais uma vez, só que dessa vez queria acertar a minha cabeça. Eu me abaixei, e quando pude levantei novamente. Antes que ele pudesse me atacar, eu chutei com toda a minha força o estômago dele. Só que... Quem se machucou fui eu.

Parecia que eu tinha chutado uma parede feita de chumbo.

Eu dei uns passos para trás cambaleando, mas por sorte ele não me seguiu. Ficou parado lá rindo.

“Esse é o melhor que pode fazer?” Riu ele. “Está morta filha de Hermes!”

Lá veio outro ataque. Só que dessa vez sem a espada. Ele deu um soco muito forte, que por pouco não pegou em mim. Ele afundou o punho na parede. Pude ver ela se rachando e afundando. Foi impressionante, mas ao mesmo tempo terrível.

Eu corri para o lado, e me virei tentando pegá-lo de surpresa. Ia acertar a bolsa nele, mas eu descobri que não tem como pegar o Deus da Guerra de surpresa. Ele já esperava por aquilo.

Simplesmente pegou a bolsa e a lançou pelo outro lado da sala. Eu estava completamente ferrada.

“E agora? O que vai fazer?” Perguntou ele.

Eu tentei dar um soco nele, mas novamente a minha mão é que ficou doendo.

“Droga...” Murmurei.

Eu tentei dar alguns passos para trás, mas acabei caindo. Tinha tropeçado em um prato que estava jogado no chão deuses-sabem-porque.

Lá estava eu. Sentada no chão, indefesa, e me perguntando como é que eu fui burra o suficiente de desafiar Ares para um batalha.

Enquanto ele por sua vez levantou a lâmina da espada, que brilhava á luz da lâmpada de teto, e disse:

“Diga ‘Adeus’, sobrinha.” 


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Notas finais do capítulo

Como ficou?

Será que ganho uns reviews?