Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 40
Surpresa!


Notas iniciais do capítulo

Haha!

Aposto que vocês vão ficar com cara de "O QUE?!" quando acabarem de ler esse capítulo!

Divirtam-se!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/126061/chapter/40

O homem de terno ainda me olhava severo, enquanto e me perguntava se devia ou não andar até onde meu pai e Ares estavam.

“Alice...” Hermes deixou o meu nome escapar acompanhado de um leve sorriso (como se ele estivesse se lembrando de alguma memória doce do passado, e não somente me cumprimentando).

O homem de terno fez seu sorriso desaparecer assim que começou a falar.

“Quanta impertinência entrar em minha sala dessa maneira.” Repreendeu ele cruzando os braços.

“Sinto muito.” Disse realmente envergonhada. Não sabia porque, mas aquele cara me deixava um pouco nervosa, quase que com medo de não medir as palavras do jeito certo e acabar falando bobagem. Mas como eu era eu... Acabei falando mesmo assim. ”Uhm... Quem é você?”

Ares arregalou os olhos para mim como se estivesse tentando gritar silenciosamente “Você não devia ter dito isso! Corra, Alice, corra!”, mas não chegou a abrir a boca.

“Como?!” Exclamou o homem com uma voz impactante. “Você me desconhece? Acho que devo tomar isso como uma ofensa, filha de Hermes.”

Hermes e eu nos juntamos a Ares arregalando os olhos também.

“Pai, ela não falou por mal. Não está o desrespeitando... Ela só...” Hermes queria inventar uma desculpa, mas eu fui mais rápida (finalmente notando quem ele era).

“O senhor é Zeus, deus dos deuses.” Disse ainda parada a porta. “Não queria te ofender, e nem mesmo atrapalhar. Realmente sinto muito.”

Zeus parou um minuto para me avaliar, muito provavelmente tentando notar algum traço de desrespeito em minha voz, ou no meu jeito de agir. Qualquer coisa que servisse para ele me fuzilar com um raio, mas acho que ele desistiu da idéia. Por fim, ele suspirou pesadamente.

“Tudo bem. Acho que posso perdoar o fato.” Concluiu. “Mas creio que você não tenha vindo aqui em vão.”

“Não, não veio não.” Concordou Ares.

“Sim! Ela com certeza tem algo a dizer.” Concordou Hermes.

Os dois queriam que eu dissesse algo que me salvasse, e tenho que admitir que essa pressão estava me deixando um pouco mais assustada que antes.

“Ahm... Eu...” Estava tentando pensar em algo para começar a falar, mas Zeus me interrompeu.

“Aproxime-se para que possamos ouvi-la.” Disse ele.

Não obrigada. Quero manter uma boa distância de você.

“Certo.” Acabei assentindo. “Com licença.”

Hermes me olhava com atenção. Ares revirou os olhos ao me ouvir dizer “com licença”, mão não disse nada. Ele parecia extremamente tenso também.

Meus passos ecoaram na sala até eu parar entre Ares e Hermes. Nós três viramos juntos de frente para Zeus.

“Continue.” Disse ele cordial, porém severo.

Eu e Ares nos entreolhamos rapidamente. Eu estava com o destino dele e meu nas mãos. Era algo bem delicado, pois com um passo em falso estaríamos bem mais ferrados (se é que aquilo era possível).

“Eu...” Respirei fundo. “Eu vim aqui, porque acho que devo desculpas ao senhor.”

Zeus franziu o cenho como se não entendesse o que estaav falando. Hermes fez o mesmo.

“Eu acho que causei alguns...” Não consegui terminar a frase, pois Ares pôs a mão sobre meu ombro e começou a me puxar para trás.

“Pai, pode nos dar um segundo?” Pediu ele com um sorriso.

Zeus, confuso, assentiu. Ares me levou para um canto bem longe na sala, enquanto Hermes começou a falar com Zeus sobre algo que eu não consegui ouvir.

“Tá bom. Agora pode falar a verdade. Por que está aqui?” Perguntou ele quando já estávamos bem longe dos dois.

“Você está mesmo me perguntando isso?” Falei estranhando a pergunta. “Foi você quem deu a idéia!”

“Sh! Fala baixo!” Repreendeu ele checando para ver se Zeus e meu pai ainda conversavam. Quando viu que sim, continuou. “Eu não disse para você vir aqui pra valer!”

“Disse sim!” Insisti franzindo o cenho. “Você disse: ‘Se não acredita, vai para o Olimpo ver com seus próprios olhos’. Eu vim.”

“Você veio por causa disso?!” Exclamou ele baixinho.

“Claro!” Exclamei de volta, mas depois eu lembrei do outro motivo por eu ter ido parar lá. Eu não podia me esquecer dele, senão poderia virar as costas e deixar que Ares se ferrasse sozinho a qualquer momento. “Também... Eu parei para pensar sobre isso tudo e... Seria injusto deixar você levar essa bronca toda sozinho, enquanto eu ficava fora disso. Posso até... Ter uma pequena parcela de culpa. O fato é... Querendo ou não nós estamos presos juntos por sermos um tipo de família, então eu simplesmente não posso deixar você sozinho.”

Aquele foi um lindo momento. Mas lindo mesmo. Um daqueles momentos merecedores até de violinos tocando ao fundo. Talvez até mesmo efeitos de iluminação. Ares deveria chorar de emoção, ou falar algo tocante, ou só ficar comovido. Isso já bastava.

Ao invés disso, ele ficou parado com cara de paisagem olhando para mim, como se o que eu tivesse acabado de falar não passasse de um monte de frases sem importância.

“Ok. Você podia falar qualquer coisa! ‘Ah, Alice! Você se importa comigo mesmo eu sendo um animal!’, ou ‘Você veio aqui só para me ajudar mesmo? Que corajosa!’, até mesmo só um ‘Obrigado!’.” Reclamei irritada. “Qualquer coisa seria melhor que ficar parado aí me encarando desse jeito!”

“O que você quer que eu diga, sua inútil?!” Exclamou ele parecendo furioso comigo. “Como alguém pode ser tão imbecil como você?! Parece que nunca teve um cérebro na sua vida, sua idiota! Só serve para me atrapalhar! O tempo todo! Isso é impressionante, Filhinha de Hermes!”

Eu pisquei os olhos sem acreditar no que estava ouvindo.

“Espera... Está irritado comigo por ter vindo te ajudar?!” Perguntei incrédula, quase rindo da minha situação. “Eu não acredito nisso!”

Ares levantou o punho como se fosse me dar um soco, mas ao invés disso parou a mão sobre a testa e fitou o chão. Levou alguns segundos para ele olhar para mim novamente, e quando o fez, não estava mais irritado. Parecia... Decepcionado.

“Está... Mentindo? Digo...” Ares olhava para mim. “Você realmente veio aqui para me ajudar?”

“Incrível, né? Mas... Sim.” Confirmei. “Aproveite esse momento raro, pois eu acho que só deve acontecer uma vez a cada 50 anos.”

Ele engoliu em seco. Algo estava incomodando ele, mas eu já não tinha mais certeza se era eu.

“Olha... Tenho que te dizer uma coisa...” Falou ele inquieto. “Eu... Não contei a verdade... Inteira.

“Como assim?” Perguntei curiosa. “Você mentiu sobre o que?!”

“Eu não menti, sua tapada! Eu só... Omiti uns detalhes.” Comentou ele. “Quando eu disse que Zeus estava zangado... E quando eu disse que era com nós dois... Bem...”

“O que?! Fala logo!” Pressionei-o.

“Ele está irritado comigo, e não com você.” Respondeu rapidamente. “Pronto.”

Levei alguns segundos para pensar direito. Aquele idiota tinha me enganado, e me feito passar por toda aquela loucura, para depois dizer que tinha mentido?!

“Você... É o pior.” Comentei cerrando os punhos. “Mas... Você disse que ele tinha se zangado comigo, por causa da confusão que nós arrumamos com toda a história da maldição.”

“Não que você não seja culpada.” Seus olhos me fuzilaram. “Mas ele acha que eu sou o responsável por tudo isso. Ainda mais com a...”

“A... O que?” Quis saber.

Ares não queria falar, mas por fim acabou dizendo.

“Intervenção direta.” Respondeu debagar.

“Que intervenção direta? Você ter tentado me matar com as próprias mãos?”

“Não, pateta! Por eu ter salvo a sua vida!” Corrigiu ele.

Eu achei que fosse ironia, sabe? Como ele já tinha feito várias e várias vezes antes comigo. “Ares, é você?”, “Não! É a sua mãe, dãã!”, ou coisa do tipo. Mas... Não era. Ele disse aquilo do mesmo modo que disse a meia localização do Olimpo (já que o retardado esqueceu de me dizer em que andar ficava).

“Espera... Você me salvou?!” Ri sem querer. “O que? Eu pisquei os olhos e não vi? Que droga! Logo no único momento que você faz algo bom por alguém que não seja você mesmo, eu não olho!”

“Não brinque, Filhinha de Hermes!” Reclamou ele. “Mas... Você estava inconsciente. Foi durante a batalha contra os cães infernais. Quando você usou a minha espada.”

“Mas... Eu pensava que foi o Apolo que tinha me salvado.” Falei franzindo o cenho.

“Então pensou errado. Eu te salvei.” Insistiu ele. “E agora estou ferrado por isso.”

Senti um pouco de culpa, não pude negar. Olhei para ele com um pouco de dó. Já era raro ele ajudar alguém (principalmente se trantando de mim. A semideusa que ele mais odeia), e quando ele faz isso é julgado? E por minha culpa?

“Ares!” Exclamou Zeus. “Alice! Acho que já tiveram um segundo, certo?”

Ares engoliu em seco ainda olhando para mim. Ele se virou e caminhou até seu pai novamente. Eu levei alguns segundos para me tocar do que estava devia fazer, mas logo que acordei o segui até lá.

“Então... Continue. O que tem a dizer?” Perguntou Zeus.

Olhei para Ares, que estava completamente calado. Eu queria muito ver ele se dando mal. É sério. Mas... Depois do que ele disse... Eu simplesmente não conseguia. Tinha que fazer alguma coisa.

“Acho que devo desculpas para o senhor e para Hefesto.” Comentei.

“Ainda não compreendo.” Disse Zeus, mas dessa vez Ares também não compreendeu.

“Hefesto?!” Repetiu ele. “Ficou louca?!”

“Deixe-a.” Ordenou Zeus, e ele se encolheu.

“Sim. Eu... Creio que acabei destruindo os cães robôs dele em um canteiro de obras.” Disse devagar. “Não queria, é claro, mas... Estava sendo atacada então...”

“Então foi você quem fez aquilo?” Perguntou Zeus, que depois olhou para Ares.

“Sim. Fui eu.” Assenti. “Eu devo desculpas á Hermes também. Sinto muito por ter agido daquela forma tão grossa com você. A culpa não foi sua por minha mãe estar em perigo, e também... Eu entendo que você simplesmente não podia ajudar. Intervenção direta, e tudo mais...”

“Alice...” Meu pai quis falar, mas eu continuei.

“Também devo desculpas a Apolo. Eu... Também não agi certo com ele. Mesmo não estando aqui no momento, espero que dêem o recado á ele.” Disse.

“Pode deixar.” Assentiu Hermes.

“Mas... Embora doa muito ter que dizer isso...” Fiz uma careta rápida ao pensar no que estava prestes a dizer. “Acima de todos os deuses, acima até mesmo de você, Senhor Zeus... Eu devo desculpas... Á Ares.”

Ares olhou para mim surpreso. O queixo dele e de meu pai literalmente caíram. Estavam de boca aberta me fitando, e acho que até Zeus ficou surpreso.

“Desculpas... Á Ares?” Repetiu ele.

“Sim, senhor.” Assenti, no fundo muito incomodado por ter que dizer aquilo. “Eu... Sinto muito mesmo, Ares. Toda essa história de maldição, e de lutas, e de brigas... Foram minha culpa. Eu não devia tê-lo desafiado para começo de conversa.”

“Espera. Mas... E a intervenção direta? Você não está errada, Alice Kelly.” Disse Zeus fuzilando Ares com o olhar.

“Não houve nenhuma.” Respondi prontamente. “Eu roubei a espada de Ares e fui para o terreno para poder salvar a minha mãe. Derrotei os cães de Hefesto, e irritei o Deus da guerra. Se não tivesse dado á ele motivo para se enfurecer, nada disso teria acontecido.”

Os três olharam para mim completamente incrédulos. Zeus limpo a garganta.

“Uhm... Acho que você causou muitos problemas, filha de Hermes.” Disse em um tom severo acreditando em toda a minha história. “Como castigo por isso você...!”

Estava pronta para receber um castigo daqueles, quando Zeus foi interrompido por Ares.

“Ah! Você vai mesmo acreditar nisso?!” Exclamou ele olhando para mim. “Eu não preciso que você me proteja, Filhinha de Hermes! Fui eu quem interviu diretamente na sua batalha. Eu te salvei dos cães de Hefesto. Eu lancei a maldição. Eu sou o culpado de tudo isso.”

“O que você está fazendo?!” Exclamei arregalando os olhos para ele. “Fui... Fui eu quem fez isso tudo! Eu que causei os problemas!”

“O maior problema que você pode causar é ser expulsa de uma escola! Não tem nem capacidade para causar tanta confusão, Kelly!” Resmungou ele. “Pai, eu sou o culpado.”

“Por que está fazendo isso?” Perguntei em um sussurro, enquanto Zeus avaliava qual de nós dois estávamos falando a verdade.

“Por que eu sou o Deus da guerra! Não posso ser salvo por uma garotinha! O que vão pensar de mim?!” Respondeu ele.

“Ares.” Disse Zeus. “Espero novamente que tenha uma boa explicação para isso tudo! Senão...”

“Claro que eu tenho!” Sorriu ele nervoso. Ares olhou para mim pedindo idéias em silêncio, mas eu mantive a minha boca fechada. Eu tinha salvo ele, mas ele não queria ser salvo por uma garotinha! Argh!

“Então...?!” Prescionou Zeus.

Ares estava completamente tenso. Estava usando os poucos neurônios que tinha para pensar em algo útil para dizer. Ele olhou para mim com raiva mais uma vez, e foi aí que teve uma idéia... Ele sorriu malignamente para mim, e depois virou-se novamente para Zeus.

“É claro que eu tenho.” Disse ele devagar. “Eu fiz isso tudo, porque estou apaixonado por ela.”

Sabe a cara de surpresa que eles fizeram quando eu disse que devia pedir desculpas para Ares? Multiplique por 1000000 e saberá como eles dois, e eu ficamos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?!

Será que aquilo foi um plano de Ares, ou ele estava realmente falando a verdade?

Descubram no próximo capítulo!

Espero por reviews!