Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 38
Estamos na praia


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo...



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POV Alice.

Quando o relógio marcou 5 da tarde, o filme terminou. Nós dois já tínhamos visto “Resident Evil”, por isso passamos a maior parte do tempo conversando. Nós tínhamos muito em comum, porém algo me dizia que talvez isso não fosse tão bom.

“Que tal darmos uma volta de carro?”Sugeriu ele abrindo a porta do conversível.

“Eu não sei...” Disse relutante por talvez estar indo fácil demais com tudo aquilo.

“Vamos! Eu não vou te morder.” Brincou ele, sorrindo.

“Ta bom. Vamos.” Concordei encolhendo os ombros.

Antes de me sentar, olhei de relance para a casa de Ares. O lugar estava tão silencioso que, se não fossem pelos móveis que conseguia ver pela janela da sala, pensaria que estava vazia.

Dylan dirigia á 90 km/h. Eu estava tão acostumada com o ritmo acelerado de Apolo, que estava achando que nós mal estávamos saindo do lugar.

Por fim, Dylan parou o carro em uma vaga que ficava frente á praia. No horizonte o sol começava a se por lentamente. Um celular tocou.

“Ah! Desculpe, Alice. É coisa de família. Eu tenho que atender.” Disse ele franzindo o cenho para o celular, mas depois sorriu e saiu do carro. “Vou aproveitar e pegar um refrigerante naquela barraca ali.”

“Certo. Vai lá.” Assenti.

Ao ver Dylan se distanciar, uma idéia terrível passou pela minha mente. Será que Apolo estava se sentindo do mesmo jeito que meu pai quando via a minha mãe com Will? Eu não sabia nem mesmo se ele estava nos vendo (muito menos se gostava de mim desse jeito mesmo...), mas parte de mim se sentia culpada por isso.

Umas poucas pessoas passaram correndo pela praia e eu quis fazer o mesmo. Correr e correr, correr e correr e correr e correr... Para longe dali até não agüentar mais, porém eu me detive.

Imaginei se era bom eu ficar parada ali sozinha esperando que Dylan voltasse, a mercê das minhas idéias loucas, quando...

“Você não está sozinha.” Disse uma voz forte.

Uma mão parou encima do meu ombro direito.

“Aaaah!” Berrei pulando de susto.

“Sh!” Fez a pessoa atrás de mim. A mão esquerda dela tapou a minha boca, enquanto a que estava em meu ombro me puxou para trás. “Não seja escandalosa!”

Eu estava sendo comprenssada contra o banco do carona por alguém bem forte. Se eu não tivesse passado por inúmeros momentos onde eu senti essa mesma força tentar me matar, eu continuaria com medo. Mas não foi o caso.

“Ares?” Perguntei, porém minha voz foi abalada pela mão dele.

“Não. A sua mãe. Dãã!” Zombou ele me soltando. “Chega para o lado.”

“O que?” Franzi o cenho, mas logo entendi o que ele iria fazer.

Ares passou sua perna para frente tentando ir para o banco da frente, só que ele era grande demais. Logo... Eu recebi algumas cotoveladas, empurrões, e acredite ou não, uma joelhada também. Quando ele finalmente conseguiu sentar no banco do motorista, eu suspirei aliviada por não ter mais nenhuma parte do meu corpo machucada.

“Maldita carro ferrado.” Resmungou ele se ajeitando e virando-se para mim.

“É... A culpa é o do carro por ser pequeno, e não sua por ser grande.” Comentei.

“Ficou irritadinha por eu atrapalhar o seu encontro, Kelly?” Rebateu ele para me irritar.

“Isso não é um...!” Tentei protestar, mas ele arqueou uma sobrancelha para mim e eu vi que não estava enganando ninguém. “O que você quer? Um encontro comigo também?”

“Vai sonhando, Filhinha de Hermes.” Ares fez uma careta para mim. “Não pense que me agrada estar aqui.”

“Então vai embora.” Retruquei.

“Não antes de te dar um recado.” Falou ele.

“Se é um recado, fala para Hermes fazer isso.” Disse.

“Não enche o saco! Estou te fazendo um favor, então cala essa boca e escuta, antes que eu faça isso para você!” Reclamou ele mostrando o punho. Eu cheguei involuntariamente para trás e Ares continuou. “Melhorou. Estamos encrencados.”

“Como assim?” Não entendi.

“Ferrado, perdidos, com problemas. Entendeu agora?” Falou ele revirando os olhos.

“Eu entendi essa parte. Mas por quê?!” Ares ficou mudo de repente e começou a coçar a nuca.

“Por causa de... Da maldição.” Falou Ares. “Zeus achou que isso causou muitos problemas, e...”

“Escuta!” Interrompi. “Você está dizendo que eu causei problemas para Zeus? Como? Eu não fiz nada!”

“Não se faça de vítima! Se tem alguém injustiçado aqui, sou eu!” Ele apontou para si mesmo com o dedão.

“A culpa é toda sua!” Exclamei, mas logo depois franzi o cenho ao olhar melhor para Ares. “Por que você só está usando shorts?”

“Estamos em uma praia, sua lesada! Queria que eu usasse couro aqui?!” Rebateu ele. “Se bem que não me importo em sentir calor.”

“Ah claro. Frio é para maricas, mas calor é para machos.” Retruquei revirando os olhos.

“Você não entende nada, Filhinha de Hermes.” Resmungou ele. “Mas também, o que uma garotinha ridícula entenderia sobre isso?”

“Entendo que você não está sentindo calor nesse momento.” Comentei com um sorriso triunfante no rosto, e ele levou uns segundos para entender o que eu tinha dito.

“O que está querendo insinuar?!” Perguntou irritado.

“O fato é...” Voltei ao assunto. “Você deve estar mais ferrado do que eu.”

“Claro que não!” Reclamou ele. “A culpa é toda sua!”

“Duvido que Zeus pense dessa forma!” Falei.

“Ótimo. Se não acredita que está ferrada também, então vai ao Olimpo e veja com seus próprios olhos!” Disse ele cruzando os braços.

“Como eu poderia ir ao Olimpo? Eu nem mesmo sei onde ele fica!” Falei encolhendo os ombros.

“New York, Empire States.” Respondeu ele prontamente. Ares parou com os braços cruzados olhando para mim. Houve um momento de silêncio.

“Há!” Não consegui deixar de rir. “Você está de sacanagem comigo, não é?”

“Pense o que quiser, mas se não quer ter problemas bem maiores é melhor me encontrar lá logo.” Continuou ele.

“Espera. Você não está brincando?!” Exclamei incrédula. “De qualquer jeito... Eu não quero ter mais nada a ver com isso!”

“Então não devia ter nascido nessa família.” Falou ele extremamente calmo. Ares riu e piscou para mim. Aquilo me deu tanta raiva que, sem nem mesmo pensar, eu dei um soco forte onde ele estava, mas o Deus da guerra já tinha sumido.

“Droga! Seu cretino!” Exclamei para o nada.

Ele não estava mais lá, porém eu sabia que se estivesse ouvindo ele iria ria da minha cara (como sempre fazia). Aquilo me deixou extremamente irritada. Saber que estava metida em uma encrenca por culpa de um idiota que eu tinha que engolir como “família”, era completamente insuportável para mim.

Respirei fundo e tentei me acalmar. Se ficasse irritada, iria dar a ele um motivo para rir, e isso eu não queria. Olhei um casal passar de mãos dadas á uma garotinha de, no máximo, seis anos.

Eram completamente mortais e normais, o que admito ter provocado em mim uma ligeira pontada de inveja. Imaginei como seria bom não ter que se preocupar com metade dos problemas que eu tinha, e soltei um suspiro.

“Voltei.” Disse Dylan guardando o celular no bolso. Ele estava em pé na frente do carro.

“Tudo bem?” Perguntei ainda olhando o casal.

“Só alguns problemas de família...” Suspirou ele.

“Ah... Eu entendo.” Respondi revirando os olhos. Pelo menos ele também tinha problemas, e eu não estava sozinha. “Isso não é uma droga?”

“Sim. O que foi? Você também estava com problemas?” Perguntou ele.

“Eu sempre estou com problemas.” Respondi quase rindo da minha trágica e maldita vida. “Principalmente quando se trata de família.”

“Jura? O que houve?” Quis saber.

“Uhm... Me responda uma coisa.” Falei me ajeitando no banco. “Se um cara muito chato da sua família aparecesse... Mas quando eu digo chato, é chato mesmo. Multiplique a pessoa mais chata que você conhece por 100 e talvez chegue aos pés dele.”

“Entendi.” Riu ele. “Continue.”

“Esse cara te meteu em uma encrenca enorme com mais gente da sua família. Só que o imbecil não quer admitir que era ele quem estava errado!” Exclamei sem querer. “E se... Ele pedisse para você ir com ele e enfrentar o problema? Tipo... Quase como um pedido de ajuda. Você iria?”

“Sim.” Respondeu ele simplesmente.

“Ah, obrigada! Eu também não...!” Me interrompi quando entendi o que ele disse. “Espera... Você ia ajudar esse cara?!”

“Sim.” Confirmou Dylan tomando um gole do refrigerante. “Por que não?”

“Ahm... Por que ele é chato, idiota, imbecil, cretino, desgraçado, mal, e cruel? Pode escolher qualquer alternativa.” Comentei.

“Mas... Ele é família, certo?” Ele perguntou, e eu assenti devagar. “Então ia mesmo. Sabe... Família é um saco. Eles são chatos mesmo, mas... No fundo, nem que seja uma misera parte deles... Eles te amam.”

Eu congelei. Era... Verdade? No fundo aquele idiota se importava comigo? É claro que não! Ou... Será que sim?

“Eu... Eu sei. Família e tal...” Concordei franzindo o cenho. “Mas... É só que... Eu queria ficar longe deles. Mesmo.”

“Você sabe que nunca vai conseguir, não é? Sinto dizer, mas... Está presa a eles. De um jeito ou de outro.” Comentou ele.

Eu fiquei sem o que dizer. Me lembrei do meu pai tentando tomar conta de mim logo depois de eu descobrir quem era, lembrei do Apolo me treinando, lembrei do Hefesto (mesmo que não tenha feito lá muita coisa), de Afrodite... E no fim... Um pouco de Ares. Infelizmente... Ele tinha ajudado logo depois de enfrentar a hidra. Mesmo que tenha sido obrigado pela Afrodite.

Se eu não fosse para lá, e enfrentasse o problema com ele... Seria covardia. De algum jeito estranho e bizarro. Mas seria. Além de injusto também.

“Dylan. Eu fiz uma besteira enorme e tenho que corrigir.” Comentei.

“Certo. O que vai fazer?” Perguntou com um sorriso no rosto.

Ele olhava para mim compreensivo, mas o que eu ia fazer não o deixaria de bom humor por muito tempo.

“Roubar o seu carro.” Contei.


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Notas finais do capítulo

No que acham que isso vai dar?

Haha! Quero reviews!