Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 33
Os planos de Ares


Notas iniciais do capítulo

Tam tam tam taaam!

Esse capítulo é muuuito emocionante. Vou logo avisando.



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POV Apolo.

Nós paramos na grade que dividia a obra do resto da rua. Tinham vários cães infernais lá, e mesmo tendo treinado ela, não tinha certeza se Alice conseguiria acabar com todos eles.

Pense positivo, Apolo! Ela vai conseguir. Tem que conseguir.” Dizia uma parte de mim. “E depois vocês ainda vão poder ir ao cinema. Ih, é verdade... Eu esqueci de comprar os ingressos... Mas acho que deve dar para pegar na hora, né? O cinema não costuma ficar tão lotado, e... Ah é! A Alice. Se concentre na luta.”

Acabei me distraindo por um segundo. Eu estava ao lado direito de Ares, que por sua vez estava do lado direito de Hermes. Se alguma coisa acontecesse com ela, aposto que ele nos arrastaria para o Tártaro.

Eu estava me sentindo extremamente culpado. Será que eu não devia tê-la incentivado tanto? Se não tivesse treinado ela, talvez... Não. Não era tempo para aquilo.

Mesmo sabendo que se algo acontecesse com ela eu nunca iria me perdoar, eu tinha que tirar essa idéia da cabeça. Continuei a observar a luta.

“Direita... Esquerda... Soca!” Ares estava imitando os movimentos de Alice, o que me deu vontade de rir. “Isso... Agora para trás.”

“Pare com isso.” Falou Hermes revirando os olhos. “Não é um videogame!”

“Não disse que era.” Retrucou Ares.

“Não comecem á brigar.” Pedi. “Isso não vai ajudar em nada.”

Alice acertou mais um cão infernal, mas infelizmente outro apareceu e acertou seu braço, fazendo com que o arco e flechas dela caíssem longe. Ela acabou caindo também. Eu gelei pensando que era o fim.

“Não! Levanta!” Exclamei, mas obviamente ela estava longe demais para me ouvir. “Vamos, Alice! Levanta!”

Ela não levantou, mas fez alo tão legal quanto. Com um movimento rápido cortou o cão infernal que tinha acabado de pular na direção dela. Alice rolou no chão e se pôs de pé novamente.

Eu olhei para Hermes. Estava com os olhos fixos nela o tempo todo. Não conseguia olhar suas mãos, mas podia apostar que estava roendo as unhas. Ele não devia ficar ali olhando. Não mesmo.

Pensei em dizer alguma coisa, mas então...

“Escuta, Hermes.” Falou Ares ainda olhando a luta. “É melhor você voltar para casa e acalmar a mãe dela. Se voltarmos para lá com ou sem a Kelly, vamos levar uma bronca enorme, e isso me irrita muito.”

Eu olhei para ele incrédulo. Ares estava sugerindo aquilo, o que me surpreendeu. Hermes parou um pouco de roer as unhas e olhou para nós dois com um olhar extremamente sério.

“Se alguma coisa acontecer com ela, eu arranco a cabeça dos dois.” Ameaçou ele em um suspiro tenso. “Apolo... Estou contando com você.”

“E eu não existo por acaso?” Perguntou Ares incrédulo.

“Há.” Hermes soltou uma risada curta e rápida. Eu tive que me segurar muito para não rir da cara de Ares. “Você causou 60% dessa encrenca toda.”

Ele olhou para mim, e foi embora correndo. Ares soltou um suspiro pesado.

“Ela é que é a responsável por tudo isso.” Resmungou ele revirando os olhos. “Mas agora isso não importa.”

“Sabe uma coisa que eu não entendo?” Comentei. “Ela já salvou a mãe dela. Podia muito bem correr dali, mas mesmo assim... Ela nem mesmo tenta fugir.”

Ares franziu o cenho olhando a cena. Isso queria dizer que ele também não sabia o porquê disso. Quando olhei novamente para a luta, eu me surpreendi.

Alice tinha pulado para dentro de um buraco. Eu não entendi nada. Depois de alguns segundos ela saiu de lá. Sua espada se movia tão rápido cortando os cães infernais, que eu nem mesmo conseguia vê-la. Era impressionante.

“Uau! Ela aprendeu tudo isso sozinha?!” Exclamei sorrindo. “Essa é a minha garota! Vai lá Alice!”

“Você está falando isso depois do pai dela ter ido embora.” Riu Ares. Bem... Em parte era sim, mas eu não ia comentar, não é? He He.

Por fim, Alice derrubou o último cão infernal. Eu comemorei pulando de alegria. Queria correr até lá e abraçá-la por ainda estar viva, mas algo me impediu. Ela apontou a espada diretamente para nós. Alice estava longe, mas conseguia de algum modo nos ver.

POV Ares.

A Filhinha de Hermes sabe lutar, e isso eu tenho que admitir. Não em voz alta, é claro. Mas mentalmente. Ela derrubou o último cão infernal e apontou a espada na nossa direção. Sua respiração estava ofegante, mas ela tinha um olhar determinado.

Não entendi porque ela estava fazendo aquilo, ou pelo menos não de primeira. Mas logo depois eu me toquei... A espada que ela tinha usado para derrotar os monstros. Era a minha.

Mesmo de longe eu pude ver ela sorrir de leve. Não era um sorriso do tipo “Estou feliz de te ver. Como vai?”. Era mais como... “Há! Eu não te disse?”

Cretina. Estava jogando na minha cara que eu estava errado. Eu pensei em ir até lá, mas... Algo me impediu.

Seus olhos se arregalaram aos poucos, e ela simplesmente... Caiu. Nada á atacou, cortou, bateu, acertou ou atingiu. Ela caiu por si só e ficou parada no chão. Foi aí que eu me lembrei da maldição. Ela devia ter desmaiado ou coisa do tipo. Isso não me incomodaria se não fosse por algo que estava andando na direção dela.

Eram, na verdade, várias coisas. Feitas de metal, tinham a forma de cães infernais. Na testa deles tinha o símbolo que eu tanto odiava. “H” de Hefesto.

“Não!” Exclamamos eu e Apolo ao mesmo tempo.

O que?! EU tive todo o trabalho de montar um plano de diversão para as férias, e aí vinha aquele ferreiro lesado e estragava tudo?! Nem que ele passasse por cima de mim! De jeito nenhum eu ia deixar aquilo acontecer.

Mas... Eu também estava com as mãos atadas. A Filhinha de Hermes estava desmaiada, os autômatos estavam se aproximando, e eu não podia intervir diretamente. Só ela é que podia dar um jeito neles...! Opa. Idéia.

“Não! Alice! Acorda!” Exclamava Apolo tenso. “Ares, ela...!”

Apolo parou de gritar quando olhou para mim. Eu tinha me transformado nela.

“Ares, o que você está fazendo...?!” Eu tampei a boca de Apolo antes que ele estragasse o meu plano.

“Ei! Não é intervenção direta se os próprios semideuses cuidarem dos monstros, sacou? Então... Cala essa boca!” Falei empurrando os óculos de Sol para cima, e mostrando os olhos cor vermelho sangue para ele.

“Mas... Você não é...” Apolo franziu o cenho. Pelo amor de Zeus, como aquele cara era idiota!

“Sh! Por alguns minutos! Eu. Sou. Alice. Kelly. Entendeu?” Reforcei a idéia, e só então Apolo sacou. Lerdo...

Ele fez um “Aaaah, tá!” e eu revirei os olhos. Passei das grades do canteiro de obras, pulei uma viga de metal enorme, e rolei até ficar do lado dela no chão. Um cão de ferro estava pronto para pisar nela, quando eu chutei com força a cara dele. Há! Aposto que deve ter doído.

“Escuta aqui, Filhinha de Hermes...!” Me virei para ela, e pude ver que estava fazendo umas caretas. Seus olhos estavam quase se fechando, o que não era nada bom. Quando me viu como ela, deve ter ficado um pouco confusa, mas logo reconheceu quem era. “Você nem pensa em morrer, entendeu?! Eu tenho muita coisa para resolver com você por causa daquela...!”

“... Espada...” Murmurou ela em dor. “Eu... Achei.”

“Ahm?” Olhei para o lado esquerdo dela e vi o que estava falando. Seu dedo indicador se movia devagar tentando encostar na espada. Só assim eu me toquei... Aquela maluca tinha arriscado a vida dela não só para salvar a mãe/militar/mandona, mas também para pegar a minha espada. “Você... Perdeu o juízo?! Por quê?! Quase morreu só para provar que não tinha me roubado?!”

“Não...” Estava respondendo cada vez mais baixo. “Queria... Devolver...”

Tá, eu fiquei sem palavras. Já tinha visto ela pular do sétimo andar de um shopping, quase morrer em um corrida de moto, lutar contra mim mesmo sabendo que ia morrer, participar de uma luta de bar contra um ciclope. Ela sempre arriscou a vida dela, mas... Naquele momento ela tinha feito isso por mim.

É, eu odiava ela. Mas... Naquele momento o ódio diminuiu bastante.

“Não devia ter feito isso.” Falei por fim. “Mas agora que já fez essa besteira toda... Eu vou te mostrar do que essa arma é capaz.”

Olhei para os autômatos, cheio de ira. Estava morrendo de vontade de arrebentar a cabeça de alguém, e eles serviram perfeitamente.

“Deixa ela comigo.” Sorriu Apolo pulando e aparecendo do meu lado. Era a Alice. Ele tinha resolvido seguir o meu plano também. Esstava realmente idêntico á ela, se não fosse pela camisa pólo, pela calça jeans folgada, e pelos olhos azuis. ”Nada que o Deus da Medicina não resolva. Vai acabar com eles.”

“Tanto faz.” Revirei os olhos.

Eu fui á batalha. Amava uma boa briga, principalmente quando ela era difícil.

“Atenção!” Exclamei para os autômatos com um sorriso no rosto. “Vocês vão se arrepender muito disso. Vou mandar as suas peças quebradas para Hefesto!”

Não foi nem um pouco difícil. Na verdade, eu derrubei vários deles ao mesmo tempo. Eu cortava-os facilmente com a espada como se eles fossem feitos de papel.

Só restavam uns seis. Aquilo seria fácil, mesmo eu estando mais baixo, com músculos menores, e com cabelo batendo no meu rosto.

POV Apolo.

Alice não estava nada bem e isso me assustava. Eu tentei de tudo, mas ela não melhorava de jeito nenhum. Depois de um tempo notei que era por causa da maldição, o que me irritou e preocupou muito, pois não tinha anda que eu pudesse fazer.

“Alice... Você vai ficar bem.” Tentei sorrir e parecer confiante, mas não acho que deu certo. Ela fechou os olhos, e eu vi que não ia agüentar muito mais tempo.

Um dos cães tentou acertá-la e eu atirei umas flechas nele. Outro puxou a minha camisa para trás, fazendo-a se rasgar. Eu dei um soco no focinho dele, e o monstro desabou no chão. Teve outro que começou a morder a minha perna. Ninguém merece esses cães!

“Saí daqui!” Chutei a cara dele, e suas peças caíram pelo chão.

Olhei para Ares que estava com problemas naquele momento. Como só restavam 3 cães, e todos estavam ocupados com ele, eu resolvi ajudar.

POV Ares.

Só faltavam três cães.

Eu me virei e cortei a cabeça de um, só que ao mesmo tempo outro me atacou por trás. A agilidade dela não é tão boa quanto a minha, por isso eu acabei caindo no chão. Meu braço direito estava sangrando.

“Maldito!” Exclamei enfurecido.

Antes que ele pudesse me atacar, algo arrebentou a cabeça dele. O monstro caiu aos meus pés. Eu fiquei sentado, mas tive vontade de afundar a minha cara no chão depois de ter aquela visão infernal.

“Há! Eu sou demais, né Ares? Pode falar.” Sorria Apolo fazendo pose de “Eu sou demais e te salvei”.

“Apolo...” Senti vontade de vomitar. “Por que você está de cueca?”

Quando eu tinha olhado da primeira vez tinha pensado que ele estava de short e camisa, mas depois eu me toquei que aquela era a roupa de baixo dele.

“Ah...” Ele olhou para a roupa e seu rosto ficou vermelho. “É que... Os cães me puxaram, e... Nossa. Me sinto muito exposto.”

“Eu não sei o que é mais nojento... Estar vendo a sua cueca com desenhos de Sol, ou estar vendo a Filhinha de Hermes usando isso.” Eu realmente queria vomitar.

“Cara!” Apolo se abraçou. “Está frio aqui!”

“Lógico! Você está sem roupas!” Exclamei me levantando. “E também, sentir frio é coisa para garotinhas!”

“Fala isso porque está sempre usando essa jaqueta de couro!” Retrucou ele tremendo. “Tira isso e tenta repetir a frase.”

“O que está querendo insinuar?!” Exclamei com raiva.

Apolo olhou para o lado, e depois para mim novamente.

“Não temos tempo!” Disse ele. “Ares, ela está morrendo. E por culpa da sua maldição!”

Os olhos azuis de Apolo se encheram de lágrimas, e deu para notar que ele estava tentando ao máximo não chorar. A maldição. Eu tinha me esquecido.

Corri até Alice... Não! Quero dizer... Corri até a Filhinha de Hermes, e vi que era verdade. Sem pensar duas vezes eu estendi a minha mão da direção dela.

Um brilho vermelho surgiu e de repente desapareceu.

“Pronto.” Murmurei ainda olhando para ela. “A... A maldição foi retirada.”

Apolo correu até ela. Ele se ajoelhou e pude vê-la soltar um suspiro. Depois disso... Ela não se moveu mais.

“O que houve?” Perguntei para Apolo depois de alguns minutos. Ele tinha falado algo baixo perto dela, que eu acho que era um tipo de cura.

“Se ela não acordar... Daqui á quatro horas... Ela não vai acordar mais.” Contou ele devagar.

Eu voltei a minha forma normal. Cheguei perto dela e senti que devia estar morrendo de frio. Cara... Eu me sentia culpado. Maldita Kelly! Por que tinha que ser tão idiota a ponto de arriscar a vida pela minha espada?!

Sem pensar muito eu a segurei no colo.

“O que está fazendo?” Perguntou Apolo ainda na forma de Alice.

“Levando ela para casa.” Resmunguei. “O que você acha?”

“Mas...” Ele parou na minha frente. “Por que está ajudando ela?”

“Não é da sua conta. Agora saí da frente antes que eu mude de idéia.” Falei continuando a andar. Eu estava quase no portão do terreno de obras quando senti a cabeça dela encostar contra o meu peito. “Idiota...” Murmurei. “Você só sabe arrumar problemas, não é? Ao menos tente ficar viva.”

Continuei andando e ignorando tudo que Apolo falava. Eu, de jeito nenhum, ia virar para trás para respondê-lo. Até porque ele ainda estava de cueca.

“Mas... O que vai fazer?” Perguntou ele insistente.

“Eu vou levá-la para a minha casa.” Contei. “Acha que eu sou louco de aparecer na frente da mãe dela, com ela desse jeito?”

“Devíamos contar a verdade. Devíamos...!” Eu o interrompi.

“Você devia fechar essa boca! Se realmente quer que ela quebre a casa inteira encima de você porque deixou isso acontece com a filha dela, então vai em frente e tena explicar a história.” Falei continuando a andar. “Vou pegar o plano B. Sentar e esperar 4 horas até que ela melhore.”

“Ei! Você está com medo dela?” Riu Apolo. “O Deus da Guerra tem medo de uma mortal!”

“Apolo... Eu só não quebro a sua cara agora, porque as minhas mãos estão ocupadas.” Resmunguei. 


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Notas finais do capítulo

Aaaaw, não foi fofo?

Espero pelos reviews!