Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 3
Aquele Deus com H...!


Notas iniciais do capítulo

Mais um!



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Não sei como eu consegui dormir depois de todos aqueles eventos estranhos. Não conseguia para de me perguntar por que essas coisas esquisitas sempre aconteciam comigo. Eu não tinha pedido nada daquilo... Queria só poder ter uma vida normal.

Que seja... O ponto é que, depois de algumas horas pensando em tudo aquilo, eu acabei dormindo.

Acordei no dia seguinte do mesmo jeito. Rock pesado.

Levantei da cama com calma. Parecia idiotice, mas agora estava com medo de achar algum monstro como aquele cachorro no caminho da cozinha. Eu andei bem devagar para lá, e por fim notei que não havia nada para me preocupar. Pelo menos por hora...

Comi uma tigela de cereais como no dia anterior, e fui ver TV. Não queria sair de casa, pois sabia que se saísse teria que passar na frente da casa daquele idiota. Ou teria uma grande chance de encontrar com ele. Isso nem pensar.

Lembrei do jeito como ele tinha falado comigo.

Não vai querer se meter comigo.” Lembrei.

Não mesmo. Aquele cara era tão louco e violento como o cachorro gigante que tentou me matar.

Nem notei o que estava passando na TV. Quando me dei conta de ela estava ligada, apertei uns botões no controle remoto para ver qual filme estava passando. Era um daqueles filmes de mitologia grega. Era a história de Perseu, eu acho. Um semideus.

Eu ri.

Semideuses. Isso era tão engraçado. Como as pessoas podiam acreditar nisso antigamente? Tudo bem, eu não vou mentir. Eu até gostaria de acreditar, porque a mitologia tinha uma história muito legal. Como se fosse uma novela divina.

Mas... Qual é? Acreditar naquilo era algo um tanto... Infantil. Era como acreditar nos super-heróis que apareciam nos desenhos.

Eu não estava nem ligando para o filme. Mas algo nele me chamou atenção. Era uma cena que estava passando no Mundo Inferior. Hades estava lá. E do lado dele... Um cão. Grande como o que tinha me atacado ontem.

Era idêntico! Eu gelei.

Estava rindo de todo aquele negócio, mas quando vi o monstro... Não pude deixar de sentir medo.

Queria muito pensar que eu estava ficando louca. Provavelmente estava. Aquilo não era possível. Foi aí que eu lembrei... Lembrei do jeito como o vizinho falou: “mortais”. Quem fala isso?!

E... Falando daquele jeito parecia até que... Ele não era um.

Eu soltei um riso nervoso. Aquilo era só baboseira. Não era verdade. Eu estava perdendo a minha cabeça.

Perseu estava pronto para enfrentar algum monstro no mundo normal, quando a campainha tocou, e eu dei um pulo do sofá. Calcei meus chinelos e fui até a porta. Eu a abri e na minha frente estava o carteiro que tinha me entregado a encomenda de antes.

Ele segurava o telefone de um jeito estranho no ouvido. Não prestei muita atenção no aparelho, mas... Acho que notei duas cobras...

“A gente fala depois.” Disse ele para a pessoa do telefone. “Certo. Certo. Certo. Tchau.”

Ele fechou o aparelho e colocou no bolso.

“Olá.” Sorriu ele para mim.

“Oi.” Eu disse. “Você é o carteiro de ontem.”

Eu não tinha pensado em nada melhor para dizer.

“Sim.” Sorriu ele, mas então ele viu a parte de fora da porta. “Nossa... O que aconteceu aqui?”

Eu olhei para a porta, e depois para ele. As marcas do cachorro ainda estavam lá. A prova clara de que tudo aquilo tinha acontecido e que eu não estava ficando louca.

Eu olhei para o carteiro. Não sabia o que falar para ele. Lembrei que a minha vizinha disse que a porta estava descascando, o que era claramente um engano. Mas o que eu poderia falar? “Ah, fui atacada por um cachorro de 2 metros. Mas está tudo bem. Ele sumiu do nada antes que pudesse me matar.”

Ele ligaria para um hospício na hora.

“A porta está descascando.” Falei isso bem devagar.

Senti minhas bochechas ficarem levemente vermelhas de vergonha, enquanto ele olhava para a porta e depois para mim com uma sobrancelha arqueada. Por fim ele suspirou. Era mais um daqueles suspiros de preocupação. Tensos.

“Tudo bem.” Assentiu ele devagar.

“A-Ah, bem... Hoje você não veio trazer nenhuma encomenda, não é?” Perguntei.

Ele olhou para suas mãos vazias, e sorriu para mim. O sorriso dele era tão reconfortante... Tão doce.

“Não, hoje não.” Falou. “Lembra? Aquela foi uma encomenda especial.”

“Pois é! Ia ser sorte demais.” Eu ri. “Ahm... Você deve estar cansado, não quer entrar?”

Ele assentiu e entrou na minha casa. Eu fechei a porta.

“Perseu?” Perguntou ele.

“Não. É Alice.” Corrigi.

“Não.” Ele riu. “Na TV.”

Eu olhei para a TV. Tinha me esquecido que estava passando isso.

“Ah sim! Eu estava assistindo.” Falei. “Acho isso tão engraçado.”

Ele olhou para mim sem entender.

“Engraçado?” Perguntou.

“Sim. Digo... Essa história de mitologia. É tão bem inventada.” Eu sorri. “Quando eu era menor eu gostava bastante, mas com o tempo eu fui achando essa história toda um tanto infantil.”

Seus olhos brilharam quando eu disse que gostava quando era menor, porém quando ouviu que agora eu achava infantil todo o brilho sumiu. Mas olhando para ele, parecia que estava se consolando com alguma coisa.

“Mas... Você gostava então?” Perguntou esperançoso.

“É... Gostava sim.” Respondi e ele sorriu tristemente.

Me senti mal. Não sei porque. Parecia que havia magoado ele de algum modo. Vai ver ele era um fã de mitologia, ou um professor de história.

“Mas sabe?” Eu tentei corrigir o que havia feito. “Eu costumava saber o nome de todos os Deuses e Deusas do Olímpio. Os meus favoritos eram...”

Ele ficou esperando cheio de expectativa. Seja lá o que eu tenho dito, estava animando ele.

“Acho que o nome dele era... Bem, das Deusas eu gostava muito de Afrodite.” Disse depois de não conseguir lembrar o nome dele. “Mas o meu Deus favorito era aquele das corridas, sabe? O que nos desenhos tinha um tênis com asas.”

Posso jurar para você agora. Eu nunca vi um sorriso tão grande quanto o que o carteiro abriu quando ouviu o que eu disse.

“Bem... Ele se sentiria feliz de ouvir isso.” Disse ele. “Você nãos se lembra do nome dele?”

Eu parei para pensar um pouco. Não queria desapontar ele, mas é que fazia muito tempo desde que eu não via nem lia nada sobre mitologia.

“É... É com H, não é?” Eu perguntei hesitante.

Ele assentiu.

“Ahm... He...?” Eu tentava me lembrar com todas as forças. “He...?”

O celular dele tocou.

“Só um minuto.” Pediu ele.

O carteiro pegou seu celular e foi para o outro lado da sala atender. Enquanto isso que fiquei pensando. Qual seria o nome dele?! Olhei para a TV.

“Vamos Perseu! Me dê uma dica, cara!” Pedi mentalmente.

Foi aí que eu olhei para a bolsa. Ela estava encima da mesa novamente. Não tinha reparado isso antes, mas na frente dela, tinha bordado um pequeno e discreto “H”.

“Hermes!” Exclamei me lembrando.

O carteiro olhou para mim na hora. Deve ter se assustado, no mínimo.

“Ok. Isso mesmo.” Ele desligou o celular e foi até mim.

“É Hermes, não é?” Perguntei, agora, igualmente feliz. “Não é ele?! Ele é o Deus... Das corridas, eu acho. Algo assim, certo?”

“É.” Concordou ele.

Ele estendeu a mão para eu apertá-la.

“Ahm... Prazer em conheça-lo...?” Esperava que ele me dissesse o nome dele, mas ele não esperava que eu não soubesse.

“Meu nome é Hermes.” Falou ele.

Eu ri.

“Nossa! Igual ao do Deus? Que engraçado, hein?” Eu ri.

Acho que não devia ter feito isso, pois ele me lançou um olhar de preocupação. Não durou muito tempo, mas pude sentir que algo estava errado só de ver aquele olhar.

“Ah! Me desculpe. Sinto muito mesmo.” Eu me desculpei. “Eu não queria ofender você. Eu não ri do seu nome, é só que... Sabe, eu nunca conheci ninguém com esse nome. Não que ele seja feio, mas é que não é muito comum.”

Ele levantou a mão, como um pedido para que eu parasse.

“Está tudo bem. Eu entendo.” Sorriu ele. “Eu também quase não acho ninguém com o meu nome.”

“Certo... Ahm, você quer sentar para ver o filme? Parece gostar de mitologia.” Eu ofereci.

“Eu ia adorar, mas...” Ele olhou para o bolso.

“Alguém precisa de você?” Perguntei.

“É... Digamos que sou um cara ocupado.” Disse ele. “Esse maldito telefone não para de tocar.”

“Entendo.” Assenti. “Mas... O que você veio falar comigo?”

Ele me olhou novamente.

“Queria saber se gostou da encomenda.” Respondeu ele.

“Ah, a encomenda. Sim, ela é... Legal.” Não podia falar para ele que a bolsa mudava de lugar sozinha sem eu perceber.

Eu fui até a mesa de centro e peguei a bolsa.

“Está vendo?” Mostrei para ele. “É uma bolsa. Bem... Bonita.”

“Aprendeu a usá-la?” Perguntou ele.

Que tipo de pergunta era aquela? Alguém precisa aprender a usar uma bolsa?

“Acho... Que sim.” Assenti devagar.

Seus olhos se encheram de preocupação novamente. Eu não sabia porque, mas achava que aquele era um sinal de que eu tinha dado a resposta errada.

“Olha, eu preciso falar com você.” Disse ele.

Seu celular tocou de novo, mas dessa vez ele o ignorou. Quando parou de tocar ele continuou.

“Você precisa começar a...” Foi interrompido novamente.

Depois o celular parou de tocar.

“O que eu quero dizer é que...” De novo.

Ele revirou os olhos.

Di immortales!” Exclamou ele. “Diga que estou ocupado! São só 5 minutos!”

“Ssssssim.” Sibilou o celular.

Meus olhos se arregalaram.

“I-Isso... É algum comando de voz?” Perguntei.

“Mais ou menos.” Respondeu ele. “Olha, as coisas não são como você acha. O que aconteceu ontem vai continuar se repetindo. E piorando.”

Pisquei os olhos.

“Você está falando do...?” Eu não sabia a qual das loucuras ele se referia, mas qualquer que fosse eu não ia gostar nada que se repetisse.

“Isso mesmo.” Assentiu ele. “Eu queria poder te explicar tudo, mas não tenho tempo. Você vai ter que descobrir sozinha. Eu... Sinto muito.”

Ele andou até a porta e a abriu, mas antes de sair ele olhou para mim.

“Tome cuidado, por favor.” Pediu ele.

“Ok.” Respondi ainda atônita.

Ele fechou a porta e eu fiquei sozinha ali na sala.


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Notas finais do capítulo

Então... Como ficou?

Espero reviews!

Até o próximo capítulo!