Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 24
Uma nova proposta


Notas iniciais do capítulo

Mais um!



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Eu pisquei os olhos algumas vezes. O que era aquilo?!

“Hefesto...” Eu repeti lendo as letras nos pés do holograma.

“Atenção.” Falou o holograma. “Se você está vendo isso é porque tem muita sorte. Eu, Hefesto, Deus das forjas e do fogo, convido você a me ajudar.”

Ele apontou para mim como aqueles cartazes antigosdo Tio Sam. “Junte-se á marinha!” ou coisa parecido. Eu franzi o cenho. Sorte? Há há! Só podia ser piada. Se eu conhecesse alguém mais azarado que eu, acho que só poderia ser o meu reflexo no espelho.

“Eu tenho um plano para... Ahm... Me divertir um pouco. Como você deve saber, a minha esposa tem uma... Quedinha por um certo Deus do Olimpo.” Continuou o holograma.

Ares. Ah meus Deuses!

“Seria enormemente recompensado (a) se me ajudasse em mais uma das minhas pegadinhas.” A imagem de Hefesto sorriu como se tivesse acabado de ouvir uma piada. “Se você concorda eis as instruções...”

Eu tive que parar para pensar um pouco. Na verdade, não tive não.

Um Deus do Olimpo tinha aparecido na minha frente como um holograma pedindo a minha ajuda para pregar uma peça em Ares, o cara que eu mais odiava no mundo inteiro. E ainda disse que eu seria recompensada por aquilo. Como eu poderia recusar?

“Você precisa deixar esse autômato no lugar que Ares e Afrodite se encontrarem. E depois disso... O show vai começar...” Ele parou para rir.

Eu ri também. Não podia evitar! Imaginei o que aquela aranha de metal poderia fazer... Lançar um jato de fogo nele, ou assustá-lo (quem sabe ele não tem medo de aranhas?) ou até coisa pior!

“Agora, diga o seu nome e a resposta para a minha proposta.” Falou o holograma fazendo uma cara de paisagem para o nada. “Diga depois do Piii.”

O Piii foi feito e a aranha começou a reproduzir uma música de elevador. Eu franzi o cenho sem entender muito bem, mas... Eu já tinha a minha resposta.

“Hefesto... Eu sou Alice Kelly, filha de Hermes.” Eu disse e a música de elevador parou. “E posso afirmar que nada me daria mais prazer do que ajudar você nessa pegadinha.”

O holograma ficou um pouco borrado, mas depois voltou a se mexer.

“Alice Kelly... A garota da maldição?” Ele perguntou. Agora eu podia notar que era o Deus de verdade falando comigo, e não só uma mensagem gravada.

“Sim... Infelizmente, sou eu mesma.” Eu respondi piscando os olhos.

“Meu autômato não podia ter achado alguém melhor para o ofício.” Ele sorriu. Parte de seu cabelo estava pegando fogo, mas acho que ele não se tocou disso... “Alice, esse é Charles, o meu novo autômato. Você só precisa pegá-lo e seguir as minhas instruções.”

“Certo, Senhor.” Concordei.

“Eu pensarei em um bom jeito de recompensá-la.” Ele afirmou mexendo em algumas engrenagens que estavam na sua mão. “Mas... Não tem medo dessa tarefa?”

“Medo?” Eu repeti. “Esse cara está tornando cada dia da minha vida um inferno. Medo não é exatamente o que eu sinto por ele. Pode deixar comigo, eu vou dar um jeito nisso. Vai ser extremamente divertido para mim.”

Hefesto sorriu.

“Você tem coragem, Alice Kelly. Se você fosse um autômato eu...” Ele me analisou com o olhar estreitado. “Talvez com algumas modelagens... Eu podeira mudar um pouco os ombros e...”

“Ahm... Hefesto?” Eu chamei.

“Ah! O que? Ahm?” Ele piscou os olhos. “Ah, desculpe. Estava pensando em um novo projeto. De qualquer jeito, você é bem corajosa filha de Hermes. Espero que consiga completar a missão, e que não morra.”

“Alguém já morreu assim?” Eu perguntei.

“Ah! Só umas... 23 pessoas? Acho que foi isso.” Ele pensou e respondeu.

“Ah! Só! Claro...” Eu respondi.

“Então, até mais.” A imagem desapareceu deixando só o autômato no chão do meu quarto. O rock pesado já estava tocando na casa ao lado. Eu olhei pela janela do meu quarto e sorri malignamente.

“Está na hora do troco, Ares...” Eu ri.

“Tem certeza disso?” Perguntou a voz de Hermes atrás de mim.

Eu me virei surpresa.

“Pai!” Eu exclamei. “Que susto...”

“Alice, tem certeza que vai se meter nisso agora?” Ele perguntou.

Eu encolhi os ombros e olhei para Charles parado no chão.

“Por que não? Eu já estou ferrada mesmo.” Eu respondi. “Infernizar ele não vai piorar nada.”

“Pense melhor.” Advertiu ele. “Alice... Esses três estão nessa por milhares de anos! Eles sempre arrumam encrenca, mas contribuir para isso é besteira.”

“Não vejo qual é o problema.” Eu falei. “Se eles estão nessa por milhares de anos, então uma outra pegadinha não vai mudar nada.”

“Heróis podem fazer o que bem entendem. Podem roubar objetos dos Deuses, podem desafiá-los... Por isso alguns os usam.” Ele falou. “Hefesto vai te usar para conseguir pegar Afrodite e Ares juntos novamente, mas é a você que eles vão odiar.”

“Ares já me odeia.” Eu lembrei.

“Essa não é a questão!” Exclamou ele. “Estou tentando proteger você, e a única coisa que você faz é procurar mais confusão!”

“Eu não procuro confusão! É ela que me encontra!” Eu rebati. “Eu não queria estar no meio de nada disso, mas agora que já estou... O que eu posso fazer?!”

“Pensar melhor quanto á isso.” Ele apontou para o Charles. Seus olhos eram bem severos. “Prometa agora mesmo que você irá pensar melhor.”

Eu desviei o olhar, mas ele repetiu.

“Prometa, Alice.” Insistiu ele.

“Tá certo!” Eu exclamei. “Eu prometo, ok?”

“Ótimo... Tente ficar longe de problemas.” Pediu ele.

“Eu sempre tento.” Comentei. “Só não consigo.”

Ele revirou os olhos.

“Você é igualzinha á sua mãe. Sempre achando que conseguia se virar sozinha... Lembre-se disso. A prepotência é o pior defeito dos heróis.” Disse ele num suspiro.

“Prepotência...” Eu repeti. “Não sou prepotente. Eu... Nem sei quanto tempo mais eu posso agüentar.”

Hermes franziu o cenho. Ele parecia tenso, como se ele também não soubesse quanto tempo eu poderia durar. Mas ele soltou um suspiro.

“Sabe... Quanto eu namorava a sua mãe... Eu me preocupava muito com os monstros que poderíamos atrair quando você nascesse. Estava preocupado com a segurança das duas, mas ela só ria e dizia...” Ele olhou para mim esperando que eu soubesse. E eu sabia.

Ela sempre falava isso para quando eu era expulsa das escolas, ou quando me metia em algum problema.

“Tudo vai dar certo. No final, sempre dá.” Eu disse, e acabei abrindo um sorriso leve. “Eu sei... Eu sei... É só que...”

“É difícil.” Completou ele. “Nós somos uma família. As famílias sempre têm problemas, só que os nossos são bem maiores. Mas no final, sempre acaba tudo bem.” Disse ele. “Mas lembre-se de que apesar de tudo isso... Nós ainda somos uma família, entendeu?”

Na verdade... Não. Eu não sabia a quem ele estava se referindo. Se era á minha mãe e ele, ou se era á Ares, Afrodite e Hefesto... Ou se era só á mim mesmo. De qualquer jeito, eu assenti.

“É... Eu acho que sim.” Eu confirmei.

“Quando chegar a hora você vai entender.” Ele acenou para mim e sumiu em uma nuvem de fumaça.

“Que legal...” Eu murmurei olhando pela janela.

Eu troquei de roupa, peguei um casaco, e desci as escadas. Estava começando a esfriar bastante. Acho que brevemente iria nevar.

Eu senti no sofá e continuei a ler o meu livro. Não estava com fome para café da manhã, e de qualquer jeito já eram 10 da manhã. Eu pensei no que Hefesto tinha dito. Algo sobre “Como você sabe, minha esposa tem uma queda por um certo Deus...” ou algo parecido. Meu pai tinha dito que eles estavam nessa por anos, então eu achei que tivesse algo escrito no livro.

Quando eu achei, comecei a rir descontroladamente. No livro dizia que quando Afrodite começou a ter um caso com Ares, eles se encontravam escondidos para... Dar uns amassos, digamos assim. Um belo dia (belo, glorioso, e fantástico dia) Hefesto descobriu.

Ele resolveu pega-los no flagra. Assim que Ares e Afrodite estavam se agarrando Hefesto jogou uma rede especial que prendeu os dois lá. E ainda por cima chamou todos os Deuses e Deusas do Olimpo para verem a cena.

Eu imaginei a cara de Ares quando todos o viram daquele jeito. No livro disso que ele ficou completamente envergonhado e foi embora assim que Hefesto os soltou.

“Alguns Deuses menores falaram que adorariam trocar de lugar com Ares.” Riu Apolo sentado ao meu lado no sofá.

Era para eu ficar surpresa com aquilo, mas isso só me fez rir cada vez mais.

“Eu não acredito... Ah!” Eu ri. “Eu vou morrer de tanto rir.”

“Isso aconteceu de novo, sabia? E de novo, e de novo, e de novo...” Falou Apolo se lembrando. “Hefesto nunca se cansa disso!”

Eu enxuguei algumas lágrimas.

“Lógico! Essa deve ser a cena mais engraçada de todas!” Eu ri. “Nossa... Ele deve morrer de medo de Hefesto.”

Apolo tampou a minha boca rapidamente com a mão. Sua expressão ficou um pouco tenso.

“É melhor você não comentar isso tão perto da casa dele...” Disse Apolo. “Se Ares ouvir isso... Ah, vai ficar muito irritado.”

Eu controlei o meu riso, e Apolo descobriu a minha boca.

“Mas... Cá entre nós...” Ele olhou pela janela para certificar-se de que Ares não estava por perto. “É verdade. Ele treme de medo de Hefesto e seus autômatos.”

“Charles!” Eu chamei, e aranha de metal desceu as escadas rapidamente. Ela pulou no sofá. Era do exato tamanho da minha mão. “Esse é Charles, um dos autômatos do Hefesto.”

Apolo arregalou os olhos para o robô e depois para mim. Ele sorriu de leve.

“Quer dizer que você vai...” Ele estava sorrindo.

“Eu... Não sei ainda. Estou pensando no assunto.” Eu admiti. “Mas... Eu adoraria.”

“O que te impede?” Perguntou ele. “Você não tem idéia de como uma cena dessas é divertida! A cara daqueles dois é mais engraçada que todos os programas de comédia da TV juntos!”

Eu sorri, mas logo lembrei-me do que meu pai tinha dito.

“Eu prometi para o meu pai que iria pensar no assunto. Ele... Acha que isso é algum tipo de encrenca.” Eu contei.

“Ah... Fala sério!” Apolo revirou os olhos. “Mas já que você prometeu... Tudo bem. Não vou te forçar a isso.”

Ele levantou-se do sofá.

“Pronta para um treino?” Perguntou sorrindo. “Como não teve nenhum ataque ontem, provavelmente será hoje. Ares não vai ficar muito tempo sem assistir o show favorito dele.”

“Quem dera...” Resmunguei. “Mas... Sabe... Eu tinha alguma coisa para fazer hoje...”

“O que? Ah... Alice!” Ele falou desapontado. “Não! Você tem que vir treinar!”

Eu parei para pensar.

“Uhm... Daqui á uns dias... Tem alguma coisa importante.” Eu falei franzindo o cenho. “Ah sim! É o aniversário da minha mãe!”

Apolo piscou os olhos.

“Mas... Se é só daqui á uns dias, então você pode ir treinar, não é?” Ele perguntou esperançoso.

“Eu tenho que comprar o presente. Não sei se vou estar viva até daqui á uns dias.” Eu comentei brincando. “É melhor ir logo hoje.”

“Certo... Vamos fazer o seguinte.” E pôs a mão sobre o meu ombro e começou a andar a até a porta. “Nós treinamos agora, e no fim do dia eu te dou uma carona até o shopping. Combina?”

“Já que você já me arrastou até seu carro...” Nós estávamos parados na porta do conversível dele.

“Nossa! Nós já estamos aqui? Poxa... Nem me toquei.” Ele fingiu ser a pessoa mais ingênua do mundo.

Ela apontou para a porta da minha casa e ela se fechou e travou as trancas. Ele entrou no carro e pôs os seus óculos escuros. Eu realmente não sabia quem era mais deslumbrante, o carro ou ele.

Eu entrei e ele acelerou. 200 km/h era pouco para medir a nossa velocidade.

“Para onde nós vamos?” Perguntei.

“Você vai ver.” Ele sorriu para mim e o carro saiu do chão.

Em poucos segundos nós tínhamos estacionado o carro na frente de uma loja de CDs já fechada. Apolo abriu a porta para mim e nós entramos na loja. Era enorme por dentro, com milhares de prateleiras cheias de CDs já empoeirados.

“Hora do treino!” Anunciou ele pegando a capa de um CD do AC/DC. “Eu vou lançar esses CDs no ar, e o seu objetivo é acertar bem no meio deles sem quebrá-los, entendeu?”

“O que?! Você não espera mesmo que eu os acerte, não é?” Eu ri. “Eu não tenho uma mira tão boa quanto você.”

“Obrigado.” Ele sorriu.

“Não era para ser um elogio...” Eu revirei os olho tentando não rir.

“Vamos lá, Alice!” Incentivou ele. “Você vai conseguir.”

“Bem... Se você acha. Eu posso tentar.” Eu disse.

Apolo comemorou em silêncio e lançou o primeiro CD no ar.


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Notas finais do capítulo

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