Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 17
Uma nem tão típica briga de bar


Notas iniciais do capítulo

Rápido, não é mesmo?

Aqui está mais um capítulo.



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Sabe quando você dorme e esquece o que você tinha feito antes de dormir?

Uma simples perda de memória gerada pelo sono? Comigo isso foi um pouco mais intenso. Porque eu posso afirmar com toda a minha certeza de que eu me lembraria de ter dormido em uma cama de uma loja de colchões.

Eu acordei sem entender absolutamente nada. E acho que você faria o mesmo, não é?

Eu me levantei com uma mistura de relutância e vergonha, e olhei em volta. Não tinha quase ninguém na loja, e as poucas 10 pessoas que tinham não pareciam ter notado que eu estava ali.

“Então?” Perguntou alguém do meu lado, e eu me assustei.

Era um dos vendedores da loja. Tinha um crachá estúpido escrito: Olá! Eu sou o Steve” preso á camisa social listrada de vermelho.

“Ahm... Então o que?” Perguntei sem entender.

“O que achou do colchão?” Ele perguntou com um sorriso amistoso no rosto.

Eu franzi o cenho.

“É... É muito bom.” Eu falei por fim.

Dei uns tapinhas no colchão e me levantei. Estava pensando que aquilo poderia ser um sonho, mas... Estava tudo tão... Real. Até o Steve parecia de verdade.

“Bem... Nós podemos calcular um preço.” Falou ele. “O que você acha de...?”

“Desculpe. Eu estava só olhando.” Cortei logo.

Não tinha dinheiro e, mesmo se tivesse, tenho certeza de que não compraria um colchão no qual eu fui parar misteriosamente no meio da noite.

Eu olhei para fora e vi que realmente estava de noite. Olhei para um relógio dentro da loja. Estava marcando 2 da manhã. Mas que droga... O que tinha acontecido?

Eu cocei a minha cabeça um pouco. Estava olhando a loja com calma tentando me lembrar de como eu havia parado ali. Era muito estranho...

“Ah, mas você tem certeza? Nós podemos fazer preço bem camarada.” Ele levantou as sobrancelhas bem rápido.

Camarada? Que estranho.

Vamos fazer o seguinte... Eu te dou 2 dólares se você me dizer de onde eu vim.” Eu pisquei para ele e tirei do bolso uma nota de um dólar.

Ele pareceu não entender. Mas segurou a nota e olhou para mim novamente.

“Bem... Pelo que eu me lembre...” Ele estava forçando a memória, mas não conseguia se lembrar. “Na verdade, eu não sei. Quando olhei você já estava aqui.”

Eu assenti. Ele devia ser um mortal. A tal Névoa que meu pai tinha falado devia estar confundindo a cabeça dele. Seja lá o que tivesse acontecido comigo... Não foi nada bom. Eu provavelmente estava em uma encrenca.

“Certo. Obrigada.” Eu sorri rápido, me virei e comecei a sair da loja.

“Ei! Mas... Você só me deu um dólar!” Ele me chamou.

“É, e você não se lembra de como eu cheguei aqui!” Respondi. “Sinto muito.”

Eu saí da loja. Era realmente muito grande, e só quando estava na rua é que pude notar que ocupava quase o quarteirão inteiro. A rua era completamente deserta o que me dava um pouco de medo.

Do outro lado da rua, tinha alguns prédios, mas eram bem pequenos. De no máximo uns 4 andares. No meio deles, tinha um bar bem grande. Daqueles que os motoqueiros se encontram para beber e fazerem queda de braço.

Devia ser tão divertido... Eu revirei os olhos. Era o único lugar aberto aquela hora, tirando a loja de colchão, por isso eu não tinha escolha senão entrar lá e pedir uma carona. Tá... Eu podia até entrar na loja de colchão de novo, mas pense bem... Porque uma loja de colchão fica aberta ás 2 da manhã?

Você tem que admitir que aquilo era extremamente estranho, e em geral, coisas estranhas costumavam querer arrancar a minha cabeça.

Por isso... O bar era a melhor opção.

Eu não precisei nem mesmo olhar antes de atravessar. Não tinha nenhum carro estacionado na calçada, nenhum carro passando... Simplesmente, sem nenhum carro á vista. Isso fez eu me perguntar onde eu estaria.

Abri a porta do bar. O ambiente era completamente escuro. Era iluminado somente por uns desenhos de neon na parede. Eles diziam coisas tipo “Tá olhando o que?”, “Perigo”, “Eu arraso, e você?” e outras frases típicas de motoqueiros.

As motos deles estavam paradas logo perto da porta, e eram os únicos veículos á vista. Todos eles estavam reunidos lá dentro jogando sinuca, queda de braços, ou jogando dardos na parede.

Tinha um balcão largo no fim, de mood que você tinha que atravessar todo o espaço e torcer para um motoqueiro furiosos não te matar por estar respirando o mesmo ar que ele.

Eu olhei para as minhas roupas. Uma bermudas jeans, e uma camisa branca básica. Olhei para a roupas deles... Jaquetas de couro preto, óculos escuros, luvas pretas de couro... Em geral tudo de couro. Eles iam me matar...

Eu atravessei o espaço fingindo não existir e torcendo para que eles não me notassem. Eu me sentei á um dos bancos que tinham na frente do balcão onde ficava o barman. Ele estava limpando alguns copos que para mim pareciam limpos. Imaginei se ele tinha passado o dia todo limpando o mesmo copo.

“E aí?” Perguntou ele sem nenhuma emoção.

“Ahm... Oi.” Falei. “Será que você poderia me dizer...?”

O motoqueiros ligaram o jukebox, e escolheram “I Love rock’n roll” para tocar. Eu até gosto dessa música, mas só quando os meus ouvidos não estão prestes a explodir por causa do volume.

“O que?” Perguntou o Barman.

“Onde nós...?!” O barulho era muito alto.

Aquilo me lembrava Ares. Só de pensar nele eu senti meu corpo se preencher de raiva, fúria e irritação. Queria esmurrar um daqueles idiotas. Será que o poder dele era tão grande assim? Só por pensamento eu já estava irritada...

“Enche pra mim.” Falou alguém do meu lado.

Ele deslizou um copo de vidro pelo balcão, e o barman o agarrou sem nenhum esforço. Já devia estar acostumado.

“Esse é o quinto. Tem certeza?” Perguntou ele.

“Eu por acaso pedi aulas de matemática? Enche isso e cala a boca!” Exclamou ele por cima do som.

No mesmo instante eu soube quem era. Olhei para o lado oposto fazendo com que o meu cabelo escondesse o meu rosto. Olhei para a porta. Era um pouco longe, mas talvez se eu fosse correndo...

“Acha que eu não estou vendo você, filhinha de Hermes?” Perguntou Ares rindo.

Eu me virei lentamente para ele.

“Eu não tenho essa sorte.” Murmurei.

“Aqui está.” O garçom lançou o copo pelo balcão e ele escorregou até a mão de Ares.

O Deus da guerra virou metade do copo com um gole só. Achava que aquilo devia ser alguma bebida comum, mas quando olhei bem notei que era Whisky. Cinco copos?! Ele não parecia nem um pouco bêbado. Na verdade... Parecia o mesmo idiota de sempre, mas eu não tinha tempo para aquilo.

“E quanto a você?” Perguntou o barman.

“Não quero nada.” Falei. “Obrigada mesmo assim.”

Ele revirou os olhos.

“Você está no lugar errado.” Falou ele.

“Eu sei!” Exclamei. “Agora o que eu queria saber é...!”

Obrigada?” Repetiu ele como se aquilo fosse uma palavra detestável. “Humpf.”

Eu franzi o cenho.

“Tem certeza que não quer um copo de leite?” Ele zombou com a mesma expressão de não-tô-nem-aí-pra-nada.

Ares riu enquanto bebia mais um gole.

“Você não tem copos para lavar por acaso?” Perguntei.

Ele encolheu os ombros ainda com uma expressão vazia no rosto. Eu me virei para Ares.

“Eu estou aqui, e a culpa é sua eu aposto.” Falei.

Ele encolheu os ombros.

“Talvez.”

“Ótimo... Aproveite o seu quinto drinque e não dirija. Ou dirija e bate contra um muro. Tanto faz.” Eu me levantei pronta para ir embora, mas ele segurou o meu braço e me puxou para baixo. “Ei!”

“Não vai a lugar nenhum.” Falou ele. “Não antes de mais um round.”

“Arrume outra pessoa.” Falei rangendo os dentes. “Prefiro morrer á ficar perto de você.”

Seus olhos brilharam e em seu rosto apareceu um sorriso maligno. Sobre aquelas luzes de neon eu tinha que admitir que ele ficava muito mais sinistro.

“Tem certeza que prefere isso?” Perguntou ele se divertindo.

Eu engoli em seco. Era melhor nem responder.

“Onde estamos?” Perguntei ao barman. “Onde fica isso?

“Eu tenho cara de guia turístico?” Perguntou ele sem emoção.

Aquele cara também estava me irritando. Virei-me para Ares.

“Você sabe.” Falei.

“Claro que eu sei.” Disse ele tomando mais um gole.

“Então me diga para poder ir embora!” Exclamei.

“Já não te disse?” Falou ele. “Mais um round.”

Eu olhei para a porta e tentei calcular quando tempo demoraria a eu chegar até lá correndo. Mas acho que Ares esperava por isso.

“Nem pense nisso.” Advertiu. “Não vai chegar nem a metade do caminho antes que eu te puxe até aqui de novo.”

Eu soltei um suspiro de cansaço. Estava pronta para reclamar com ele, mas algo me surpreendeu. Alguém estava mexendo no meu cabelo ao meu lado esquerdo. Eu me virei e vi que era um motoqueiro.

Usava camisa GG, e tinha um capacete de moto que fazia seu cabelo preto cobrir os olhos. Mas eu podia ver a sua boca sorrindo.

“Olá, gracinha.” Disse em uma voz grossa e profunda.

“Estou ocupada.” Falei tirando meu cabelo das mãos dele.

“Ninguém está ocupada ás 2 da manhã.” Brincou ele. “Eu estava no outro lado do bar e me perguntei porque uma garota como você estaria sentada sozinha no bar.”

Sozinha? Eu olhei para o meu lado direito e vi que Ares tinha sumido. Mas quando eu procurei melhor pude ver que tinha trocado de lugar. Ele estava sentado em um sofá preto no fundo ao meu lado direito. Tomava goles longos enquanto observava a cena com um sorriso de escárnio.

“Então?” Perguntou o motoqueiro. “O que há?”

“Ahm... Nada.” Respondi. “Mas no momento eu realmente estou ocupada. Agora, por favor, vá embora.”

O barman fez “Tsc” quando ouviu o meu “por favor”, mas eu não testava nem aí. O motoqueiro pegou o meu cabelo novamente, e pude jurar que ele estava franzindo o cenho por baixo daquele capacete.

“Você tem um cheiro tão... Doce.” Falou ele.

“É sério. Me deixa em paz.” Eu repeti em um tom ameaçador.

“É quase como se fosse...” Ele segurou o meu queixo e começou a se aproximar de mim. A última coisa que eu queria era um beijo de um Neandertal como ele.

“Eu falei para me deixar em paz!” Eu dei um soco onde devia ficar o nariz dele, mas... Por alguma razão acho que eu errei.

O lugar era o mesmo, mas... Ele reagiu de forma diferente.

“Ah!” Exclamou ele cambaleando para trás. Seu capacete caiu no chão. Ele colocou a mão sobre o ponto em que eu tinha dado um soco. Depois de alguns minutos ele tirou as mãos de lá e eu pude ver algo muito estranho.

Primeiro eu pensei que fossem as luzes de neon, mas... Eu jurava que estava vendo um olho só onde deveriam estar 2. A minha visão ficou meio confusa, mas depois eu pude ver com clareza. Eu tinha acertado um soco certeiro no meio do único olho dele.

Ele era um... Ciclope. Seu olho castanho estava irritado agora. Estava extremamente vermelho e eu apostei comigo mesma que aquilo devia ter doído mais do que eu esperava.

“O que...?!” Eu fiquei sem palavras.

Ele sorriu diabolicamente.

“Vai se arrepender por isso, garota!” Alertou ele dando um passo para frente.

“Não se aproxime!” Exclamei. “Nem pense em chegar perto de mim!”

Aquele cara me dava nervoso. Ciclopes eram os monstros mitológicos que mais me incomodavam. Eu tinha lido várias histórias quando eu era pequena de ciclopes que tinha devorado vários heróis, e eu não gostava nada daquilo.

“Não vai pedir ‘por favor’?” Zombou o barman.

Eu lancei-lhe meu melhor olhar de ódio, mas ele só suspirou e voltou a limpar o mesmo copo de antes.

“Esse cheiro...” Fungou o ciclope. “Eu sabia que era um cheiro diferente! Você é uma meio-sangue!”

Olhei nervosamente para os lados. Se alguém ouvisse isso eu estaria em encrencas. Mas pelo visto o som estava tão alto que era simplesmente impossível alguém nos ouvir. E mesmo que ouvissem... Eu duvido que eles fossem parar de jogar sinuca para descobrir o que é um meio-sangue.

“Longe de mim...” Alertei novamente. “Nem mais um passo.”

“Você vai ser o meu jantar, garota!” Ele pulou de felicidade e o chão inteiro tremeu.

Eu cambaleei para trás por causa disso, e foi na minha direção. Eu olhei para o lado esperando que e minha bolsa aparecesse. Ela estava no banco que Ares tinha sentado antes. Eu estiquei a mão para pegar, mas fui interrompida pelo ciclope.

Ele me segurou pela garganta e me levantou no ar. Meus pés balançavam, minha garganta estava cada vez mais espremida, e eu não podia fazer nada.

“Reze para o seu pai, meio-sangue.” Falou o ciclope me fitando com o olho ainda vermelho. “Pois você está prestes á morrer!”


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Notas finais do capítulo

Ela não tem sorte mesmo, né?

Será que Alice vai conseguir ganhar do ciclope?

Tam tam tam taam!

Mandem reviews, e até o próximo capítulo!