Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 12
Á 150 km/h eu vou até a Califórnia


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!



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Sete da noite. Você provavelmente deve estar pensando: “Ah, ta... Eula foi dormir para poder se preparar para o encontro amanhã”. Não mesmo.

Eu não tinha idéia de quanto tempo eu teria antes que os monstros me achassem. Não tinha idéia de como eles seriam, e nem mesmo quantos eles seriam. Eu tinha que aprender a me defender. E bem rápido.

Por isso... Tive a idéia mais ridícula da minha vida. Essa idéia ganhou de todas as outras idéias ridículas. De longe... A melhor.

Eu liguei para a locadora perto da minha casa e pedi para que trouxessem o filme de Perseu para mim. Sim. Eu estava com medo de sair de casa. Não muito, mas... Ah! Estava escuro, tá bom?! Eu não queria ser atacada por algum monstro vindo da escuridão.

Quando o DVD chegou á minha casa eu assisti as cenas de ação. Primeiro na velocidade normal, e depois o mais lento possível. Perseu girava a ua espada na mesma velocidade que uma tartaruga andava.

Perfeito. Eu peguei o grampo mágico e o parti ao meio, revelando a espada prateada com um fio fino e dourado no meio. Imitei seus movimentos, várias e várias vezes.

Imitei também os movimentos de seus inimigos. Tentei memorizar o máximo de golpes que eu pude, e quando o relógio marcou meia noite eu sabia que estava na hora de dormir.

Meu sonho até que não foi tão estranho. Bem... talvez fosse se todas aquelas imagens fizessem algum sentido para mim.

Eu estava observando um canteiro de obras. Ele estava completamente vazio. Uma luz vermelha era irradiada no fundo de um buraco bem fundo. Eu não tinha a mínima idéia do que aquilo era, mas também não queria descobrir.

De repente, notei que o canteiro não estava vazio.

O silêncio da noite foi quebrado pelo som de cães rosnando. Aqueles cães de dois metros. Podia sentir que eram eles.

Um deles apareceu no canteiro. Estava brincando com uma enorme viga de metal. Outro passou correndo tentando pegar seu próprio rabo.

Olhando em volta, acho que haviam uns 7 deles ao todo. Cada um deles estava ocupado fazendo alguma coisa, mas eu podia notar um padrão. Tudo o que eles faziam... Não importava o que... Era perto do buraco com a luz vermelha.

Do nada, um deles farejou alguma coisa. E essa coisa... Era eu. Ele correu até onde eu estava e pulou encima de mim mostrando todos aqueles dentes enormes e perigosos.

Não preciso NE dizer que eu acordei pulando da cama, não é?

O relógio marcava sete horas. Eu fui até o banheiro e tomei um banho. Escovei os meus dentes, tomei o café da manhã, e fui ler um pouco o meu livro.

Mas assim que eu segurei ele, Afrodite apareceu na minha sala.

“Bom dia, sortuda!” Sorriu ela radiante como sempre.

Eu quase caí do sofá com o susto.

“Ah!” Exclamei. “Ah... É você.”

“Não queria te assustar.” Riu ela. “Mas nós temos que ir agora. Temos um longo dia de compras pela frente. Vamos, vamos!”

Olhei para ela. Estava com um vestido branco justo, e com um cinto preto logo abaixo do busto. Usava óculos escuros de marca, mas não reconheci de qual era.

Saltos altos pretos enfeitavam seus pés. Seu cabelo loiro ( eu acho ) estava solto e muito bem penteado. Ela era completamente deslumbrante.

“Certo... EU acho que estou pronta.”

Olhei para o espelho.

Meu cabelo castanho escuro ia umas duas mãos abaixo do ombro no máximo. Ele não estava tão perfeitamente arrumado como o dela, mas pelo menos não estava no mesmo estado decadente no qual Afrodite me vira pela primeira vez.

Eu estava com uma camisa de alças branca e um short jeans. Nos meus pés estavam ( pois sempre estavam ) o meu par de tênis da Puma.

“Ahm... É. Não está tão ruim.” Falou ela olhando a minha roupa.

“É... Obrigada.” Falei um tanto sem graça.

Ela abriu a porta e lá fomos nós.

Depois de andar mais de 2 horas por várias lojas ao redor do bairro, ela decidiu parar na mais cara de toda a New Jersey. Eu apontei para a vitrine e disse que tinha gostado de um vestido.

“Olha aquele.” Falei. “O verde.”

“Uhm... Qual é a cor do carro dele?” Perguntou ela pensando.

“Amarelo, mas o que isso tem a...?” Ela me interrompeu.

“Não mesmo.” Falou. “Você vai parecer com a bandeira de algum país. Fora de questão!”

“Certo... E quanto aquele conjunto ali?” Perguntei apontando para uma saia jeans, e uma camisa branca com listras azuis.

“Melhorando.” Comentou ela. “Olha! Está em promoção!”

“Jura?” Perguntei com esperança. Não queria fazer com que ela gastasse dinheiro comigo daquele jeito.

Eu olhei para o preço, e quando consegui enxergar quase me engasguei.

“900 dólares?!” Exclamei.

“Não, bobinha!” Riu Afrodite. “Isso é só a camisa. A saia é 500 dólares.”

“1.400 dólares...?!” Eu não consegui nem mesmo falar.

E ela ainda tinha dito que estava na promoção?! Minha nossa!

“Vamos. Você tem que experimentar!” Ela estava super empolgada.

“Ahm... Acho melhor não.” Eu tinha que inventar alguma desculpa para ela não gastar esse dinheiro todo. “É que... Listras horizontais me deixam gorda.”

“É verdade... Mas eu acho que você ficaria bem. Aquelas são bem largas, então...”

“Não, é melhor não. Vamos procurar uma loja melhor e mais barata.” Eu sugeri.

“Mas eu acho essa ótima.” Falou ela me puxando para dentro da loja.

Não consegui impedi-la. Quando Afrodite está determinada a fazer uma coisa, nem um daqueles cães de dois metros, nem um Deus da Guerra furioso, nem nada faz ela mudar de idéia. Nós entramos na loja, e logo de cara vieram 5 vendedoras falar conosco.

Afrodite disse qual roupa nós queríamos, eu experimentei e...

“Perfeita!” Exclamou ela cheia de alegria. “Está magnífica!”

“Foi uma escolha divina.” Elogiou uma vendedora.

“Obrigada.” Disse Afrodite.

Na hora de comprar, eu pensei que ela fosse tirar da bolsa um American Express ou algo do tipo. Mas ao invés disso...

“25 dracmas de ouro.” Falou Afrodite entregando as moedas estranhas para a vendedora.

“Dracmas de... Ouro?” Perguntei.

Achei que a vendedora fosse franzir o cenho e falar: “Traga dinheiro de verdade da próxima vez!”, mas ela simplesmente sorriu.

“Obrigada, Afrodite.” Meu queixo caiu ao ouvir isso.

Será que ninguém nesse planeta era normal?! Todos tinham algum envolvimento com os Deuses?!

De qualquer jeito, nós saímos da loja e fomos direto para a minha casa. Eu tinha perdido mais um dia de aula, mas o que eu podia fazer? Era impossível dizer um não para ela.

“Está tudo pronto.” Falou ela. “É só ajeitar esse cabelo, e usar o salto alto certo, que nada vai dar errado.”

“Ah, claro.” Falei. “Obrigada.”

“De nada. E quando os dois pombinhos voltarem, eu quero saber de tu-do!” Ela riu e foi embora. Que loucura!

Era uma hora da tarde, quando eu acabei de almoçar. Teria uma hora de descanso antes de ele chegar de carro. Eu aproveitei para ler o livro.

“Os Deuses gregos eram idolatrados em várias cidades do mundo Ocidental.” Estava no livro. “Nesse livro você aprenderá um pouco sobre cada um deles, e entenderá como as pessoas usavam figuras mitológicas como explicações para eventos da natureza.”

O livro falava como se eles fossem pura inveção. Acho que se Ares lesse aquilo iria ficar irritado. Não ia gostar nada de ser visto como uma historinha para explicar eventos naturais.

Eu ri sozinha pensando nisso. Mas continuei a ler o livro. Era muito bom. O primeiro capítulo falava sobre como os Deuses surgiram, e também sobre a guerra entre Zeus, Hades, e Poseidon contra Cronos.

Foi aí que eu senti a sala ficar mais quente. Eu olhei pela janela e vi que um conversível amarelo tinha parado na calçada. Dentro dele o cara mais bonito do mundo ajeitava seus óculos escuros.

Como já estava de roupa, eu só tive que pegar a bolsa de Hermes, e o grampo de cabelo. Só para o caso de acontecer alguma surpresa inesperada.

Ele tocou a campainha, e eu abri a porta.

“Ei!” Ele sorriu. “Konichiwa!”

“Ahm... Isso é um ‘oi’, certo?” Perguntei sorrindo.

“É! Droga... Eu sempre esqueço que não estamos no Japão.” Ele deu um leve tapa na própria testa. “Mas então? Pronta para uma corridinha?”

“Eu nasci pronta.” Falei.

Fechei a porta e fomos direto para o carro dele. Eu sentei no banco de carona e ele no motorista, e lá fomos nós. O carro fazia 150 km/h mais rápido do que você conseguia dizer: “Olimpio”.

Depois de alguns quarteirões eu nem sabia mais onde nós estávamos. Vi uma praia linda com uma placa dizendo o nome do lugar. Acho que foi porque passamos rápido demais, mas eu pensei ter lido “Califórnia”.

“Wow! Isso é rápido mesmo, hein?”

“Você não viu nada.” Riu ele. “Ele chega aos 200.”

“Duvido.” Falei.

“Não devia ter dito isso.” Ele sorriu.

Afundou o pé no acelerador. Nós tivemos muita sorte da rua estar vazia, senão causaríamos um acidente feio. Se bem que eu nunca tinha visto um motorista tão bom quanto ele.

“Como consegue dirigir tão bem?” Perguntei incrédula.

“Muitos anos de prática, docinho.” Disse ele.

Chegou uma hora... Acho que já eram 6 da tarde. Nós paramos para comer alguma coisa em um fast food. Pedimos batatas fritas, e uns refrigerantes.

“Esse foi o melhor passeio que eu já dei.” Comentei admirada com a velocidade do carro, e com a beleza dele. “Incrível!”

“Que bom que gostou!” Ele parecia muito feliz. “Sabia que você gostava de velocidade! Podia sentir isso.”

“Ah! Eu nem mesmo me apresentei!” Eu ri. “Caramba... Bem... O meu nome é Alice...”

“Espera.” Falou ele me analisando. “É... Alice Kelly, certo?”

Eu franzi o cenho ainda sorrindo.

“Sim. Mas como você...?”

Ele tirou os óculos escuros. Os olhos azuis dele pareciam o céu. E o cabelo loiro parecia tão brilhante quanto o Sol. Aquilo era bem engraçado, e charmoso também.

“Eu sei disso. Já ouvi falar de você.” Falou ele.

“Sério?” Eu ri. “Estou ficando famosa.”

“Pois é! Mas enfim... Gostou mesmo do carro? Você pode dirigir se quiser.” Falou ele.

“Jura? Posso mesmo?” Eu sorri. “Nossa! Como você conseguiu comprar um carro desses? Eu sempre quis um. Ainda estou juntando dinheiro.”

“Ele é caro?” Perguntou com um sorriso ingênuo. “Nem sei. Mas eu ando sempre de olho nele. Sabe? É que eu tenho um irmão que também adora velocidade. Nossa! Se não vigiar esse carro, é possível que seja roubado.”

Eu ri.

“O meu pai e eu também adoramos velocidade. Mas não sei se ele seria capaz de roubar um carro.” Comentei. “Mas... Você sempre faz isso? Corre por aí com ele?”

“É... É o meu trabalho e a minha diversão.” Falou ele. “Eu tenho muita sorte.”

“Muita mesmo.” Comentei. “Então... Qual é o seu nome?”

Ele sorriu para mim.

“Apolo, gatinha.” Disse ele.

Eu fiquei parada sorrindo para ele. Não consegui me mexer. Por fim... Eu disse:

“Apolo... O Deus do Sol.” Comentei. Não... Não era possível.

“Puxa! Você também me conhece! Estou ficando famoso, hein?” Ele sorriu.

“Pois é...” Eu sorri, mas logo o meu sorriso desapareceu. “Eu tenho que sair daqui. Foi muito bom te conhecer. Adeus.”

Eu estava prestes a abrir a porta do carro, mas Apolo me impediu.

“Calma! Você nem dirigiu o carro ainda.” Ele parecia feliz ainda.

“Eu não quero mais.” Falei.

“Ah qual é! Você vai amar.” Ele insestiu.

“Não! Eu não quero conhecer mais nenhum...!” Antes que eu pudesse dizer ‘Deus’ ele estalou os dedos e nós trocamos de lugar. Eu estava no banco do motorista.

“Em frente!” Exclamou ele animado.

“Eu não vou...!”

“Vamos! Por favor!” Ele pediu com os olhos brilhando de emoção. “Não é sempre que eu encontro alguém que goste tanto de velocidade, quanto eu! Vai! Dirige!”

Eu olhei diretamente em seus olhos.

“Escuta... Apolo.” Falei. “Vamos fazer um acordo. Eu vou dirigir até em casa. Daí, depois disso... Acabou. Combinado?”

“Total!” Concordou ele.

Eu virei a chave na ignição, e pisei no acelerador. E essa foi com toda a certeza... A melhor experiência de toda a minha vida.


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Notas finais do capítulo

O que você acharam?

Tá... Levante a mão quem gostaria de estar no carro com Apolo!

Brincadeirinha...

Espero os reviews!

E até o próximo capítulo!