Meu Vizinho Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 11
Para que um livro, se você tem Afrodite?


Notas iniciais do capítulo

Foi rápido, não é?

Eu fiquei ansiosa para escrever o resto. Espero que vocês gostem desse capítulo!



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Quando estava continuando a minha caminhada notei duas coisas...

 Primeiro: as coisas iam mudar. Mais daqueles monstros viriam atrás de mim. Não sei se seriam só cães, ou se seriam outro tipo de animal, mas... Ia ser horrível.

Segundo: eu tinha que aprender a me defender. Era uma questão de vida ou morte. Literalmente.

Pensei em tudo que meu pai tinha dito, e principalmente na parte de eu não saber tudo ainda. Bem... Eu deveria saber. Mas aposto que ninguém iria me explicar naquele momento.

Eu estava correndo quando passei na frente uma livraria. Parei e olhei os livros na vitrine. Um deles me chamou atenção. “Mitologia Grega e suas influências”.

Eu tinha que saber mais sobre os Deuses, e sobre os monstros que viriam atrás de mim. Então... Eu entrei. Logo de cara eu comprei aquele livro. Esperava realmente entender pelo menos uma coisa de útil com ele, ou teria jogado 50 dólares pelo ralo.

Quando saí da livraria... Bem... Posso dizer que adorei o que eu vi. Correndo pela rua a mais de 120 km/h passava um BMW Z8. Aquele era o carro que eu sempre quis ter. Como se fosse de propósito aquele carro parou bem na minha frente.

Eu fiquei parada olhando para ele boquiaberta. Era... Impressionante.

E ainda mais impressionante... Era quem estava dirigindo ele.

A capota do carro abaixou revelando um cara com no máximo uns 23 anos. Ele de certo modo se parecia bastante com o carro, de modo que eu não conseguia me decidir entre qual deles olhar. O carro era amarelo e era tão brilhante quanto o Sol. Os cabelos dele eram dourados. Na verdade loiros, mas... O brilho deles fazia parecer que todos os fios eram feitos de ouro.

Os aros das rodas do carro brilhavam igual ao sorriso dele.

Ele olhou para mim, e eu quase morri. Não conseguia me mexer, nem falar uma palavra. Só fiquei lá parada olhando.

Achei que ele ia falar comigo. Me preparei para ouvir alguma coisa como: “E aí? Beleza?” ou até mesmo: “Tá olhando o que? É... Eu sei que meu carro arrasa”, mas ao invés disso ele disse:

Konichiwa!

Eu franzi o cenho. O que...?!

“Ahm...” Falei. “Isso é... Japonês?”

“Você fala a minha língua?” Perguntou ele bem devagar, como se eu fosse algum tipo de retardada ou se fosse estrangeira. Ou uma estrangeira retardada.

“Acho que sim...” Falei ainda achando estranho.

“Ah, que bom!” Sorriu ele. “É difícil encontrar alguém que fale a mesma língua que eu. Faz uns dias não encontro ninguém assim...”

“É... Em New Jersey isso é meio complicado mesmo.” Falei fingindo entender.

“Que bom que você me entende!” Animou-se ele. “Olá!”

“Olá.” Respondei. “Ahm... Belo carro.”

“Obrigado.” Agradeceu. “Belo livro.”

Eu também não esperava por essa. Esse cara era estranho, mas tinha algo nele que... Era legal. Estava sendo simpático, e ultimamente isso era algo raro para mim.

“É, obrigada.” Falei.

“Então...” Ele olhou em volta como se quisesse saber onde estava. “O que uma garota tão bonita está fazendo sozinha no meio de New Jersey?”

Senti meu rosto ficar vermelho.

“Ah, eu... Bonita?” Eu ri. “Não. Não mesmo. Eu... Eu moro aqui perto, e... Vim  correr um pouco.”

“Correr é?” Isso pareceu agradar ele. “Você parece o tipo de garota que gosta de velocidade.”

Eu assenti.

“Eu gosto mesmo.” Confessei.

“Quer dar uma volta?” Perguntou ele.

Uma... Volta?! No BMW dos meus sonhos com um cara lindo como ele?! Ah... Era um sonho! Talvez Ares tenha feito a maldição errada, e acabou me amaldiçoando com a sorte eterna. Isso seria legal.

“Ah, eu não sei. Bem... Acabamos de nos conhecer, e não quero dar trabalho.”

“O que?! Trabalho?!” Repetiu ele. “Nem pensar! Tá tranqüilo! É só subir que a gente dá uma volta. Sem problemas.”

“Sem problemas?” Perguntei.

“É isso aí.” Afirmou ele.

“Ótimo.” Sorri.

Ele abriu a porta do carro e eu entrei. O banco era o mais macio que eu já tinha visto. Nem mesmo o Mercedes do meu pai era tão macio. Digo... Do Will.

Eu olhei para frente.

“Ahm... É uma casa bem ali na frente. Não é muito longe, por isso...” Eu estava tentando falar, mas ele me impediu.

“Sei qual é.” Sorriu ele. “Quer ouvir música?”

“Claro.” Concordei.

Ele ligou o rádio e começou a tocar “Dirty Little Secret” do AAR. Eu adorava essa música! Ele ligou o carro de novo, e lá fomos nós.

O carro acelerou e em poucos minutos estávamos na frente da minha casa.

“Ah... Já chegamos?” Falou ele desapontado. “Tantos cavalos... E não dá nem para galopar?”

“Pois é... Pena que eu não posso mudar a minha casa de lugar para o passeio ficar mais comprido.” Falei igualmente desapontada.

“Tudo bem. Eu tenho a solução.” Ele olhou para mim. “Quer dar uma volta maior amanhã?”

Acho que os meus olhos brilharam.

“Jura?!” Falei.

“Sim! Hoje não foi justo. Você gosta de velocidade, e nós nem saímos dos 90 por hora.” Falou ele. “Posso te encontrar amanhã, e a gente estende um pouco mais o passeio.”

Eu fiquei tão feliz... Mas tão feliz... Que... Eu nem conseguia lembrar há quanto tempo eu tinha ficado tão feliz daquele jeito.

“Combinado!” Exclamei.

“Perfeito!” Animou-se. “Então eu te vejo amanhã! Que tal... Ás 3 da tarde?”

“Pra mim está bom.” Concordei.

“Então até amanhã.” Falou ele. “Ah! Espere.”

Ele saiu do carro e abriu a porta para mim. Meu rosto ficou vermelho de novo, mas estava gostando cada vez mais disso.

“Nossa... Que gentil. Obrigada.” Agradeci.

Eu sai do carro. E ele fechou a porta.

“De nada, gatinha!” Piscou ele para mim.

Eu fiquei sem palavras. “Gatinha”?! Ele... Tinha me achado mesmo bonita? Nossa...

Ele entrou no carro, eu acenei para ele, e ele retribuiu. Pisou o pé no acelerador e sumiu no horizonte. Já eram quase 9 horas. Eu entrei em casa, e fechei a porta. Minha cabeça estava literalmente nas nuvens.

Aquele cara era um sonho... Não sei de onde ele veio, mas... Nossa! Como ele era lindo!

Eu me sentei no sofá para ler o livro, mas assim que arrumei uma posição confortável para iniciar a leitura, a campainha tocou.

Me levantei e fui abrir a porta. Assim que eu a abri...

“Me conta... Tu-do!” Falou a namorada de Ares.

“De onde você...?” Eu olhei em volta e vi que não tinha carro na rua. Ela devia ter vindo da casa ao lado.

“Eu vi! Não acredito! Vocês estão namorando? Se conhecem há quanto tempo?” Perguntou ela curiosa.

Lembrava aquelas garotas da escola que adoravam saber das mais novas fofocas. Elas nunca conversavam muito comigo, mas dessa vê era diferente...

“Ahm... Não. Ele só... Me deu uma carona.” Eu falei sem graça.

Ela revirou os olhos sorrindo.

“Nem pense em mentir para mim.” Falou ela. “Eu farejo quando as pessoas estão apaixonadas. Sabia que você era adorável! Ele é um cara de sorte!”

“É... Ele... Nem sabe o meu nome.” Disse.

“Ah não?” Perguntou ela. “Então acabaram de se conhecer mesmo?”

Ela entrou na minha casa mesmo eu nem falando nada, mas... O que eu poderia fazer? Não ia impedi-la.

“Bem... Eu ouvi que vocês tem um encontro amanhã.” Ela piscou para mim. “Ótimo! Você tem sorte de eu estar aqui. Vou ajudá-la á escolher uma roupa bonita. Onde fica o seu quarto?”

Minha cabeça estava girando. Do jeito que ela falava eu realmente me sentia apaixonada por ele. O cheiro... O cheiro do perfume dela era... Tão hipnotizante.

“É no segundo andar. Primeira porta depois da escada.” Falei em transe.

“Certo!” Animou-se. “Vamos! Eu vou te ajudar.”

Ela subiu as escadas correndo. Me senti uma daquelas garotas de 15 anos que têm seus primeiros encontros e ligam para as amigas, que ás vezes não tiveram nenhum, e pedem conselhos. Eu a segui até meu quarto.

Quando cheguei ela estava jogando todas as minhas roupas encima da cama.

“Uhm... Não.” Falou analisando peça por peça. “Não... Não, não, não.”

“Ahm... Ares não está procurando por você?” Perguntei.

“Ah... Ares é crescidinho. Ele pode se virar sozinho de vez em quando.” Falou. “Se bem que... Ele não vive sem mim.”

Ela olhou para mim e riu um pouco. Eu ri também. Fazer o que, né?

“Aposto que não vive.” Eu comentei.

“É... Tão diferente do meu marido.” Ela comentou enquanto analisava as outras peças. “Vive trabalhando com aquelas engrenagens, e peças e... Argh! Nunca tem tempo para mim. Será que ir ao cinema é pedir demais? Homens!”

Ela revirou os olhos.

“É... Alguns são assim mesmo.”

Ah meus Deus... Ela estava tendo um caso com Ares? Um caso.Tantos caras pelo mundo, e ela escolheu ele? Eca...

“Uhm... Essa até podia servir.” Ela analisou um vestido branco que eu tinha. “Mas não diz ‘Gosto de correr 160 km/h em um conversível com gatos como você’.”

Eu franzi o cenho.

“É... Claro. Não fala mesmo.” Concordei.

“Quer saber? Esquece.” Ela pôs de volta tudo no lugar onde estava. “Amanhã eu e você vamos sair de manhã para comprar uma roupa nova.”

“Comprar... Ahm... Tem certeza de que nenhuma dessas serve?” Perguntei. “É que eu acho que gastei todo o meu dinheiro com um livro de mitologia.”

Ela olhou para mim.

“Mitologia? Para que comprar um livro de mitologia, se você pode perguntar para mim?” Ela apontou a unha do dedo indicador para si mesma. Era longa e bem pintada de vermelho.

“Ah... Claro. Mas é que você não...” Foi aí que eu me toquei. “Espera. Ah... Não!”

Eu a olhei melhor.

“Você não é uma...” Eu não precisei completar a frase.

“Eu acho que nós não nos apresentamos, não é? Ai, que mau educação a minha!” Ela estendeu delicadamente a mão para mim. “Eu sou Afrodite. Deusa da...”

“Beleza. Do amor. E... É a minha Deusa favorita.” Eu comentei sem pensar. Ela causava esse efeito em mim.

“Mesmo?” Ela pareceu lisongeada. “Que sorte a minha. Você é realmente adorável.”

“Ahm... Você disse que eu podia aprender mitologia com você.” Falei. “Pode me responder algumas coisas?”

“Claro.” Respondeu sorrindo. “Pergunte o que quiser.”

Sua voz era doce e aveludada. Era completamente encantadora... Como eu não notei isso antes?! Como eu sou tonta...

“Uhm... Bem... Me fale de Poseidon.” Pedi.

Era só um teste. Queria saber se podia mesmo aprender algo com ela.

“Ah, é uma ótima pessoa. Mas eu sinceramente não sei como ele agüenta. Sabe? A água do mar é salgada demais. Isso estraga os cabelos.”

Eu franzi o cenho. Acho que ela não seria uma boa professora.

“Próxima pergunta.” Pediu.

“E quanto a...” Pensei em um Deus que eu não conhecia direito. “Ahm... Zeus?”

“Ele? Ah, bem... Tende ser um pouco sério ás vezes, mas é uma boa pessoa também. Ele fica sempre no Empire States. Acho que isso deve ser um pouco entediante, mas enfim...” Ela olhou as unhas. “Próxima pergunta.”

“A-Acho que era só isso.” Como se alguma coisa que ela tivesse me dito realmente ajudasse em algo.

“Viu só? Não precisa desse livro!” Ela olhou para mim. “Mas se já gastou o dinheiro, não tem problema. Eu pago para você.”

“Não! Que vergonha... Não precisa.”

“Aceite como um presente da Deusa da beleza. A sua Deusa favorita.” Acho que ela tinha gostada de ouvir isso.

“Ok... Já que é assim. Tudo bem.” Eu acho.

Ela desfilou para fora do quarto, e desceu as escadas.

“Eu passo aqui amaná, certo? Como seu encontro é ás 3, nós vamos sair ás 8.”

“O que? Para que sair assim tão cedo?” Perguntei.

“Simples. Você acha que é fácil achar a peça perfeita? Isso exige trabalho e esforço, e um bom, um ótimo salto alto. Senão seus pés vão ficar doendo o dia inteiro, e você não quer isso, não é?”

“É... Acho que não.” Estava começando a achar que ela tinha alguns problemas...

“Ótimo. Até amanhã então!” Ela acenou para mim e saiu.


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Notas finais do capítulo

Acham que o encontro dela vai dar certo?

Quem é o cara do carro?

E o que a Afrodite vai escolher para ela vestir?

Tam tam tam taaaam!

Até o próximo capítulo!