“Não me diga que não vale a pena lutar,
Eu não consigo evitar, não há nada que eu deseje mais.
Você sabe que é verdade, tudo que eu faço, eu faço por você.”

Médico – Por favor, precisamos levá-lo agora para o hospital. – ela saiu da frente, então o médico o colocou na maca, junto com vários enfermeiros. Enquanto mais outros faziam a mesma coisa pela Casey.

Liv ficou parada alguns segundos fitando o vazio. Não conseguia entender. Como tudo acontecera? Por quê? Elliot... Casey... Tudo sua culpa.

Cap – Liv? – ele disse colocando a mão em seu ombro. Ela virou-se cheia de lágrimas nos olhos. – Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. Acabou.

Ele a envolveu em um abraço. Tudo o que ela precisava. É. Ele era um pai confortando sua filha.

Cap – Vamos para o hospital.

Chegando ao hospital, levaram os dois para dentro das salas para verem o que podiam fazer. Enquanto isso, Liv ficava andando de um lado para o outro.

Enfermeira – A senhorita está bem?

Liv – Sim. Estou só aguardando. Não fui machucada.

Enfermeira – Ok.

Aquela espera era terrível. De vez em quando, Liv olhava para cima rezando, enquanto segurava sem perceber, a correntinha entre os dedos.

Depois de alguns minutos, um médico entrou na sala de espera.

Liv – Como eles estão, doutor?

Médico – Eles passaram por uma cirurgia, mas estão bem.

Cap – Quando é que podemos vê-los?

Médico – Agora mesmo. Mas um de cada vez. – Olívia olhou na direção do cap.

Cap – Pode ir Liv.

Médico – Me acompanhe senhorita. – Liv andou atrás dele até um quarto. Entrou. – Deixarei vocês á sós.

Liv chegou bem perto da cama, olhando direto nos olhos dele.

Ell – O que você quer?

Liv – Você está bem? – disse com os olhos encharcados.

Ell – Na medida do possível.

Liv – Ell, eu não queria que tudo isso tivesse acontecido. Eu queria poder explicar...

Ell – Por favor, eu já entendi.

Era demais para os dois. Liv não poderia continuar ali. Tinha que partir, para longe dele, dos amigos, de tudo o que a lembrava daquele tempo.

Liv – Ok. Então, eu irei. Mas, eu só quero que você veja isto. – entregou-lhe um papel.

Ell – O que é...

Liv – Depois você lê. Então, acho que é um Adeus.

Ell – Não. Eu nunca direi adeus.

Liv – Está bem. Então um até logo. – uma lágrima teimosa rolou até seus lábios. E com esses mesmos lábios ela o beijou na testa, fazendo com que sua corrente roçasse no queixo dele. E sem dizer mais nada, saiu do quarto.

Elliot abriu o papel, e ao ler as palavras, uma lágrima escorreu de seus olhos.

“Honney...

“Por todas aquelas vezes que você me apoiou
Por toda a verdade que você me fez enxergar
Por toda a alegria que você trouxe para minha vida
Por tudo de errado que você transformou em certo
Por todo sonho que você tornou realidade
Por todo o amor que encontrei em você
Eu serei eternamente grata, meu bem
Você é quem me sustentou
Nunca me deixou cair
Você é quem me acompanhou
Através disso tudo”

Te Amo. Mas Adeus.”

Liv saiu da sala sem conseguir conter as lágrimas. Estaria fazendo o certo? Não sabia, mas não podia continuar. Ele talvez não entenderia, mas tudo o que ela fez, ela fez por ele. Somente por ele. Iria embora, não poderia continuar se lembrando de tudo. Ok, ela não ia esquecer duma hora para a outra, mas o tempo a faria esquecer.

Antes de sair, passou no quarto da Casey.

Liv – Casey?

Casey – Oi. Pode entrar. – a detetive entrou e ficou ao lado da amiga.

Liv – Me desculpa, por tudo.

Casey – Para! Não foi culpa sua.

Liv – Eu só vim me despedir.

Casey – E para onde você vai?

Liv – Não sei, mas aqui não posso continuar. É demais para mim.

Casey – E o Elliot?

Liv – ele não me deu chance de explicar. É melhor ele achar que eu não o amo mais.

Casey – E você?

Liv – Eu vou ficar bem. Você diz isso para o pessoal? Se eu for me despedir deles, eles não vão me deixar partir.

Casey – Tudo bem. Tchau então, até mais.

Liv – Até. Obrigada por tudo amiga. Espero que você melhore.

Casey – Vou ficar bem.

E após dizer isso, Liv saiu do quarto, e ninguém mais a viu.

>> Dois Anos Depois – Ell <<

Elliot andava pelas ruas de NY. Passou por um velho parque de diversões. Era um dia frio de outono, os chãos das praças cheios de folhas secas. Resolveu entrar. Aquele dia para ele era triste, e sozinho ficou andando no meio das tantas pessoas e crianças que iam nos brinquedos. Sentou em um dos bancos e viu o laguinho, agora sem ninguém porque provavelmente a água estaria congelando. Mas olhando bem, em seus lábios formou-se um sorriso e ele abanou a cabeça.

Ell – É... Já faz dois anos que eu e ela brincamos nesses mesmos barquinhos... Saudades desses tempos. Saudade da sua gargalhada... – lágrimas discretas desciam pelo rosto.

Mas, ele sabia. Era em vão tentar procurá-la. Ela havia sumido depois do dia do hospital. Lá na Squad ninguém sabia para onde fora. Mudara de casa, o numero do celular, sumira. E nada do que ele fizera, a fez voltar.

Com o tempo, teve que aprender a esquecê-la, ela era passado. Teve que aprender a pensar que aquele tempo fora pura ilusão. E até que havia conseguido bem. Mas... Uma visão o fez tremer novamente. No meio de tantas pessoas, seus olhos se cruzaram com aqueles mesmos doces olhos castanhos.

“Já havia desilusão, dor e resignação,
O tempo soube esperar e,
Assim a deixei de amar
Não havia mais o que dizer,
Havia chegado ao fim,
Fazia dois anos já que não a encontrava
Estava aprendendo como viver
E de você eu já esquecia quando te vi
Com o olhar...desesperado”

Elliot sentiu como se tivesse voltado no tempo. Viu liv parada um pouco mais adiante, surpresa por encontrá-lo também, justo ali. Seria o destino? Uma piada?

Por alguns segundos podia jurar que vira a dor em seus olhos, tristeza. E sentiu o peito apertar e o coração sangrar ao ver um homem chegar e abraçá-la, dando um beijo em sua boca. Ela correspondeu e sorriu de alguma coisa que ele disse. Mas ainda o olhava de rabo de olho. Sim, todas aquelas emoções voltaram em meio a um turbilhão de lembranças, o amor e a paixão voltaram a tona. Ela estava mais linda que nunca.

E então, ela o olhou pela ultima vez, lançou-lhe um sorriso tímido e virou-se de costas, desaparecendo na multidão.

“E foi tão forte voltar a te ver
Sofri tanto tempo por ti
Bastou te olhar, te recuperar e saber que ia embora sem mim,
E foi tão forte voltar te ver e a acreditar em nos dois
Bastou te olhar, voltar a te amar,
Para te perder de novo... amor”

Elliot jogou o corpo para frente, colocando a cabeça entre as mãos, sentindo-se pior que antes. Revivera tudo novamente, somente por alguns segundos. Como era idiota! Por alguns segundos, mesmo depois desse tempo todo, ainda achou que alguma coisa fosse acontecer, alguma palavra... Algum sentimento... Mas a perdeu novamente.

“Senti tanta confusão ao te ver tão fria, amor,
Assim foi que compreendi que você não era para mim
Estava aprendendo como viver e de você eu já esquecia quando te vi
Com o olhar... desesperado”

>> Dois Anos Depois – Liv <<

Olívia passeava pelas ruas de NY com seu namorado. Sim era mais um dia especial, na verdade era para ela estar feliz, mas ela estava completamente sem vontade de fazer nada. Seu aniversário a deixava com saudades de tempos antigos, que ela fingia para si mesma que havia esquecido e enterrado. Seu namorado a havia levado para o parque, e deixara parada no meio da multidão enquanto ia buscar algodão-doce.

Enquanto isso, ela olhava sem prestar atenção á nada, até que viu um laguinho. Lembrou-se de anos á trás, quando ela ali brincara junto com Elliot. Deu um sorrisinho de saudade, e quando seus olhos desviaram-se, cruzaram com seus velhos amigos azuis.

“E foi tão forte voltar a te ver,
Sofri tanto tempo por ti,
Bastou te olhar te recuperar
E saber que te irias sem mim
E foi tão forte voltar a te ver, voltar a acreditar em nos dois
Bastou te olhar, voltar a te amar
Para te perder de novo... amor”

Olívia paralizou por alguns segundos. Tudo o que sentira a tanto tempo, e que lutara em enterrar e esquecer, emergira mais forte que nunca. Seu coração quase saiu pela boca! Sim, era ele mesmo, e parecia que também estava surpreso em vê-la.

Seus olhos se aprofundaram nos dele, e por um segundo achou que viu amor, saudade e tristeza neles, mas não deu tempo de pensar mais nada...

Peter – Minha criança? Ta aqui seu algodão-doce.

Liv – Agora eu sou criança é? – ela disse dando uma risadinha. Mas sem conseguir desviar os olhos de Elliot.

Peter – Minha criança mais linda do mundo! – ele a beijou ternamente. – Vamos?

Liv – Vamos. – e antes de voltar a andar, olhou uma última vez para Elliot, como se despedisse novamente, voltou-se para o lado abraçando Peter e foi embora.

Uma lágrima discreta escorria pelo canto do olho, mas ela fez questão de enxugá-la voltando a trancar seus antigos sentimentos a sete chaves.

>> Flash Out <<