Black Butler escrita por Patriiicia, Hatsuharu


Capítulo 3
Capítulo 3 - Intimidando os lobos




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Ao acordar no dia seguinte, senti meu corpo mais leve e minha cabeça vazia... Como se alguém tivesse tirado o peso e a dor de dentro de mim e tomado... Não entendi.

Abri meus olhos e vi que meu quarto estava organizado e inteiro, tinha uma muda de roupas das que Alice me dera na beirada da minha cama, o vaso de flores que Charlie me dera armazenava um belo buquê de rosas brancas e um lindo homem estava sentado na minha cadeira de balanço com uma bandeja cheia de frutas, chás, pãezinhos e bolinhos, fitando-me com curiosidade e, depois de nossos olhares se cruzarem, começar a sorrir o meu tão adorado sorriso torto... Anthony, o meu mordomo demônio.

Sorri.

Mesmo tendo cabelos pretos e um ar malicioso e bem mais tentador do que o de Edward, ele era tão parecido com o meu amado que eu até tive vontade de pular da cama direto nos seus braços.

Consegui com muita força, controlar-me e disse:

- Você arrumou isso tudo à noite e ainda preparou isso para mim? - perguntei, ainda sorrindo.

- Sim - disse Anthony, provocando-me com um sorriso torto e vindo até mim com a linda bandeja - Afinal de contas, sou um mordomo e tanto.

Ele parecia muito com Edward nesse ponto, também...

Meu sorriso aumentou ainda mais.

Anthony ficou em pé ao lado de minha cama e eu o observei.

- Anthony, não precisa agir assim... - comentei.

- Assim como, my lady? - perguntou Anthony, sorrindo.

- Em pé ao invés de se sentar perto de mim - disse eu.

- É a classe de um mordomo à sua altura, my lady - disse Anthony, apoiando a bandeja em uma das mãos para poder colocar uma das mãos no peito e curvar-se.

- Ora, pare com isso... - pedi - Sente-se.

- Se é o que deseja, sim, my lady - disse ele, antes de sentar-se na minha cama.

Nos fitamos e eu vi algo diferente em sua aparência.

- Seus olhos... Estão dourados... - falei, surpresa.

- Sim, achei esta cor mais adequada para o mundo dos humanos e, como vi que gostava desta cor, a escolhi - disse ele, sorrindo.

- Hum...

Ainda mais parecido com Edward..., pensei.

Sem mais pensar, peguei um dos bolinhos, dei uma mordida e fui tomada por um sabor divino.

- Está muito bom! Foi você que fez? - perguntei.

- Sim, my lady - disse ele, graciosamente convencido.

Ele era tão... Perfeito!

- Então, o que uma garota com um pacto com um demônio faz? - perguntei, animada.

Eu desejava que ele falasse algo bom para mim, que ele dissesse algo divertido.

Ele era o único que não tinha me abandonado ainda e eu não permitiria que ele o fizesse... Eu não o deixaria partir... Ele era meu.

- Sim, sou seu, my lady - disse ele, sorrindo maliciosamente.

Corei e sorri.

- Então, o que faremos hoje? - perguntei, ansiosa.

- Bem, como você não tem aula hoje, poderíamos ir para qualquer lugar que queira ir... Talvez, visitar algum colega seu ou fazer uma caminhada na floresta, afinal de contas, hoje está um belo dia para fazê-lo... Mas, antes de tudo, precisa comer o seu café da manhã - disse Anthony.

- Eu estou sem fome... - falei, louca para sair de casa.

- Como pode estar sem fome se mal tocou na comida? Bom, pelo menos, coma mais alguns bolinhos, pois o café da manhã é a refeição mais importante do dia, my lady. Precisa estar forte para o que ainda está por vir... - disse Anthony, educado, sábio e, por fim, sombrio.

As palavras "Precisa estar forte para o que ainda está por vir..." ecoaram na minha mente, deixando-me excitada, mas ainda sim com um pouco de medo.

Comi mais alguns bolinhos, algumas frutas e um pouco de chá... No final das contas, eu estava mesmo faminta...

- Não estava com fome, não? - comentou Anthony, rindo cheio de classe.

- É... Talvez eu estivesse com um pouco, sim... - afirmei, rindo.

Anthony arrumou a bandeja e disse:

- A senhorita me daria licença para lavar a louça e guardá-las, my lady? - perguntou ele.

- Claro - falei.

- Volto em 4 segundos - disse ele, levantando-se.

- Dúvido - falei, provocando-o.

Anthony gargalhou e saiu em disparada para fora do quarto.

- 1... 2... 3... - comecei a contar, mas, antes que eu pudesse falar o 4, Anthony já estava encostado no batente da porta do meu quarto.

Arfei.

Como ele podia ser tão rápido?

- Como você...? - comecei a perguntar.

- Eu sou um demônio e um mordomo e tanto, my lady... Não me subestime - disse ele, malicioso e sedutor.

Corei e baixei o rosto.

Anthony veio até mim, segurou o meu rosto, aproximou o seu do meu e perguntou, fazendo com que seu hálito gélido e tentador soprar no meu rosto:

- Você quer que eu lhe ajude a se vestir, my lady?

Corei ainda mais.

- Não precisa... - consegui dizer, com a voz trêmula.

Anthony soltou o meu rosto, se afastou um pouco e gargalhou.

- A senhorita fica lindíssima quando cora - disse Anthony, recuperando-se.

Fiquei quieta e só o fitei um tanto envergonhada e irritada.

Anthony abriu um sorriso torto fazendo-me amolecer e eu sorri.

- Desculpe, my lady - disse Anthony, colocando a mão no peito, curvando-se e logo depois se endireitando com classe.

- Está perdoado - falei, sorrindo.

- Obrigado, my lady - disse Anthony, educado.

Tão formalmente belo...

Anthony não era como Mike que tentava ter a graça de Edward e nunca conseguia... Anthony já tinha a graça.

- Bom, já que não quer que eu a ajude a se vestir, eu a esperarei do lado de fora do quarto, certo, my lady? - disse Anthony.

- Certo - falei, levantando rapidamente.

Droga... Eu não devia ter feito um movimento tão rápido...!

Tudo a minha volta girou e eu perdi o equilibrio, indo direto para o chão, mas, graças a agilidade de Anthony, eu cai em braços fortes e confortáveis.

- Tenha mais cuidado, my lady - repreendeu-me Anthony, comigo nos braços.

Corei.

- Desculpe... - murmurei.

- Não peça desculpas, my lady. Eu só quero o seu bem... Só quero te manter inteira até realizarmos todos os seus desejos - disse Anthony, firme.

- Certo - falei.

- Bom, por que não me deixa ajudá-la só desta vez? Afinal de contas, a senhorita praticamente voltou do Mundo do Além, ontem à noite - sugeriu ele.

- Hum... Eu... - comecei, sem saber o que falar.

- Eu prometo usar uma venda - disse ele.

- E como vai me vestir usando uma venda? - perguntei, achando graça.

- Tenho os meus meios... - disse ele, sorrindo de modo misterioso.

- Certo - falei.

Esta eu quero ver!, pensei.

Anthony sorriu, colocou-me sentada na cama, pegou um lenço velho que Renée me dera que estava em cima da mesinha do meu computador e o amarrou na cabeça tapando os olhos.

- Vamos lá... - murmurou Anthony, sorrindo com malicia.

Anthony pegou as roupas que estavam na beirada da minha cama, jogou-as no ar e, com tamanha rapidez que nem mesmo Edward tinha, foi pegando-as de volta e me vestindo.

Em menos de 2 segundos, eu já estava vestida com uma calça jeans preta e justa, uma camisa azul e uma jaqueta preta, enquanto, Anthony já corria pelo quarto pegando um par de sapatilhas pretas.

- O que achou? - perguntou Anthony, ao terminar de calçar-me as sapatilhas pretas e tirar o lenço que cobria os seus olhos dourados.

- Uau... - foi só o que consegui colocar para fora.

Anthony riu.

Fui até o espelho que ficava grudado na parede ao lado da mesinha e me vi.

Eu estava bem melhor do que antes.

Minha pele estava mais corada, meus olhos com mais brilho e eu tinha um sorriso nos lábios.

Lembrei-ma do pentagrama que eu devia ter e pus a língua para fora.

Na minha língua tinha um belo pentagrama azul da meia-noite.

- Gostou? - perguntou Anthony.

- Sim... É lindo - falei.

Ficamos em silêncio.

- Então, my lady, a senhorita quer sair? - perguntou Anthony, estendendo-me uma de suas mãos de modo refinado e clássico e com a outra pegando as chaves da minha picape.

- Com certeza - disse eu, pegando a sua mão e levantando-me da cama com cuidado.

- Sim, my lady - disse Anthony, no colo, novamente, e correndo a toda velocidade até sairmos da casa, enquanto, eu o abraçava com força.

Gemi e enfiei o meu rosto no seu pescoço.

Ele cheirava muito bem...

- Desculpe-me, my lady... Eu não quis provocar-lhe enjoos, só quis mostrar a minha velocidade - disse ele, desculpando-se, mas com um certo divertimento notável na sua voz doce.

- Foi... Legal... - admiti, rindo.

Anthony riu e nos conduziu até a picape velha, mas recém-lavada...

-  Você lavou a minha picape, também? - perguntei, perplexa.

- Sim... Ela precisava de uma limpeza... - disse ele, indiferente.

Anthony me levou até o lado do passageiro, abriu a porta, deixou-me sentada no banco, deu a volta no carro e sentou-se no banco de quem dirigia.

Fazia um tempo que alguém dirigia para mim... Alguém como Edward.

- Sabe dirigir? - provoquei.

- Nunca tentei, mas tudo tem a sua primeira vez, certo? - disse ele, ligando o carro e começando a dirigir.

Ele só podia estar brincando... Não é?

Anthony dirigia com perfeição e, depois de alguns metros, logo ousou uma velocidade maior.

- Vá com calma... Não temos pressa... - disse eu, tentando soar calma.

- Não há com o que se preocupar, my lady. Eu já aprendi - disse ele, confiante.

- Certo... - murmurei.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

- Então, para onde vamos? Quer fazer uma caminhada? Visitar um de seus amigos? Ir para a cidade? - perguntou Anthony, indiferente.

Fiquei em silêncio.

Eu não queria fazê-lo, mas eu precisava, afinal de contas, eu tinha que ir falar com ele, tinha que tirar a preocupação de sua cabeça.

- Vamos ver Jacob, na reserva - falei, nervosa.

- Sim, my lady - disse Anthony, sério.

Permanecemos em silêncio até chegarmos na reserva.

Eu nunca mais tinha rido ou me sentido tão pura... Anthony fora mesmo o meu salvador.

Até mesmo quando eu pensava no nome de Edward, eu ainda conseguia manter um sorriso... Talvez fosse por ele ser tão parecido com Edward, bem, pelo menos, na aparência.

Depois de mais alguns minutos, Anthony já parara o carro na frente da casa de Jacob, onde alguns garotos da reserva estavam sentados e riam.

- Interessante... - murmurou Anthony, antes de sair do carro.

Anthony deu a volta no carro, abriu a porta para mim e estendeu a sua mão para ajudar-me.

Eu fitei Anthony com insegurança e medo.

- Não se preocupe, estou aqui para ajudá-la, my lady - disse Anthony, sorrindo de modo reconfortante.

Suspirei.

Peguei a sua mão e desci do carro.

- A louca chegou... - gritou Jared, enquanto, Anthony e eu nos aproximávamos.

Lágrimas já começavam a borrar a minha visão e eu abaixava o meu rosto, envergonhada.

Droga... Eu não queria que Anthony me visse assim, sendo ridicularizada pelos outros, mas o que eu poderia fazer?

- Permita-me, my lady - disse Anthony.

Eu o fitei e assenti.

- Olá, rapazes. Meu nome é Anthony Mackel e sou o mordomo da senhorita Bella, pois ela me contratou com o dinheiro que seu admirador, Mike Newton, lhe manda.

- E o que isso nos interessa? - perguntou Paul, rindo e fazendo os outros rirem.

- Digamos que eu não seja o tipo de mordomo que nada faz, enquanto, seu mestre é atingido... - disse Anthony, misterioso e com um sorriso perverso.

Olhando para a Anthony, até eu senti medo, já os garotos, só faltavam correr gritando "Eu quero a minha mãe!".

Sorri, satisfeita.

- Bom, eu irei falar com Jake... - falei para Anthony.

- Por que não aceita o destino, Bella? Jacob não quer ficar com você - disse Sam, sério.

- Que destino? Você é o senhor dele? Acho que não - falei, irritada.

- O seu futuro não é com Jake. Procure outro que te queira - disse Sam.

- Você não sabe de nada - falei, com raiva.

- Por que não vai falar com o seu amigo, my lady? - perguntou Anthony, suavemente.

- Já irei... Você fica aqui me epsrando? - perguntei, com medo da resposta ser "Não".

- Sim, my lady - disse Anthony.

Aliviei-me.

- Você fica bem sozinho? - perguntei.

- É claro, my lady. Se precisar de mim, é só me chamar. Estarei aqui com os garotos - disse Anthony, sorrindo maliciosamente para os rapazes.

- Comporte-se - falei, sorrindo.

- Sim, my lady - disse Anthony, colocando a mão no peito e curvando-se.

Revirei os olhos de diversão e entrei na casa de Jake, sem nem ao menos bater.

A casa de Jake era pequena, mas era confortável... Do tipo onde se vive uma família pequena, mas cheia de amor e afeto... Um bom lugar.

Olhei algumas fotos na estante da sala, enquanto, seguia para o quarto de Jake e, ao abrir a porta, deparei com um Jake dorminhoco e que babava feito um bebê.

Aproximei-me dele e passei a mão no seu cabelo molhado de suor.

Como não quis acorda-lo, sai de fininho do quarto, fechei a porta e fui encontrar o meu mordomo.

Eu ia abrindo a porta da frente, quando ouvi Anthony e os rapazes conversando e resolvi ficar escondida espiando.

- Então, lobisomens? Vocês me entenderam bem ou querem que eu seja mais... hã... claro? - perguntou Anthony, ameaçador.

Lobisomens? Ele conhecia a lenda?

- O que você quer com a Bella? - perguntou Sam.

- Eu só quero proteger a minha mestra e eu não hesitarei em domesticá-los - disse Anthony, sem piedade.

- Por que se importa com ela? O que ela significa para você? - perguntou Paul.

- Nós fizemos um pacto. Ela é a minha mestra, agora, e eu devo segurança a ela.

- O que você é? - perguntou Embry, medroso.

- Digamos que eu vim de um lugar quente e maligno... - disse Anthony, com um risinho cruel no final.

- Como assim? - perguntou Paul, receoso.

- Eu sou um demônio, ou melhor, um mordomo demônio - disse Anthony, mudando a cor de seus olhos dourados para vermelhos.

Engoli em seco.

Ele era tão terrivelmente belo...

- Um demônio? - Sam perguntou, apavorado.

- Sim e, caso façam algo contra a minha mestra ou a impeçam de ser feliz, magoando-a, eu não hesitarei em fazer o sangue correr das suas veias direto na minha boca, ou seja, dar-lhes o privilégio de terem um morte violenta e muito, mas muito lenta - disse Anthony, rindo e lambendo os lábios.

Com um enorme barulho, Embry caiu inconsciente no chão... Ele desmaiara.

Ri baixinho e ouvi a canção fluir da boca de Anthony cheia de maldade e frieza.

- "...Ó morte

Ó morte

Ó morte

Porque não me poupas só mais um ano?

Mas o que é isto que não consigo ver

Com mãos frias como gelo a envolver-me?

Quando Deus desaparece e o Diabo toma o poder

Quem terá piedade da tua alma?

Ó morte

Ó morte

Ó morte

Ó morte

Nem riqueza, nem ruína, nem prata, nem ouro

Nada me satisfaz a não ser a tua alma

Ó morte

Eu sou a morte, ninguém pode escapar

Abrirei a porta para o Céu ou o Inferno

Ó morte

Ó morte

O meu nome é morte e chegou o fim..."

Todos saíram correndo, menos Embry, que estava no colo de Sam.

Abri a porta e gargalhei tanto que quase cai no chão, antes de Anthony me pegar no colo às gargalhadas.

- Você foi ótimo! Perfeito! - falei, abraçando-o e o beijando no rosto.

- É uma mania minha... Fazer o que, não? - gabou-se Anthony.

- Bobo... - falei, rindo.

Rimos um pouco mais.

- Então, para onde a senhorita quer ir agora? - perguntou Anthony, sorrindo.

- Vamos na casa de Sue? Talvez, Charlie esteja lá... - falei.

- Sim, my lady - disse Anthony.

Anthony me sentou no banco do passageiro e foi dirigir o carro.

Ao chegarmos na casa de Sue, meu pai estava do lado de fora com da casa com os olhos vermelhos e perto de Sue, Emily, Leah e Seth.

Anthony, como antes, desceu do carro, abriu a porta para mim e me ajudou a descer.

- O que aconteceu, pai? - perguntei, correndo para perto de Charlie, seguida por Anthony.

- Harry... Ele morreu - disse meu pai, triste.

- Eu sinto muito - falei, abraçando-o.

- Está tudo bem... - disse Charlie - Ele morreu como um bom homem... É isso o que importa - disse Charlie.

Ele não devia saber do meu suposto "discurso de suícida", os garotos não contaram para ele... Perfeito!

- Sim... Ele era um bom homem... - disse Sue, tristonha.

- My lady, posso preparar um café e alguns aperitivos para vocês? - perguntou Anthony.

- Sim... - disse eu, assentindo.

- Volto em 1 minuto - disse ele, entrando na casa de Sue.

- Quem é ele? - perguntou-me Charlie.

- Este é Anthony, o meu mordomo, não se preocupe - falei.

- Seu mordomo? - perguntou Charlie, sem entender.

- Sim... É uma longa história, deixe para lá - disse eu.

Charlie resmungou algo, mas ficou quieto.

Em menos de 1 minuto, Anthony apereceu com uma bandeja cheia de comidas, chá e café.

Todos olharam para Anthony perplexos por tamanha rapidez, inclusive eu.

- Aqui está, my lady - disse Anthony, colocando a bandeja em uma mesinha na frente da casa.

Todos ficaram em silêncio.

- Por que não comem um pouco? Acredito que, quem quer que tenha morrido, não gostaria de ver vocês fracos por não se alimentarem... - disse Anthony, sábio e educado.

Todos continuaram em silêncio, mas logo nos sentamos no sofá e começamos a comer.

Mais uma vez, fui atingida pelo sabor íncrivel da comida de Anthony.

Anthony me fitou e eu sorri, enquanto, comia a comida.

- Está muito bom... - disse Sue.

- Você cozinha muito bem, rapaz - disse Charlie.

- Que nada... Apenas dou o meu melhor - disse Anthony sorrindo de leve.

Sorri.

- Leah, por que eu, você, Bella e Seth não vamos para a sala? - propôs Emily.

Leah assentiu de cara amarrada e começou a se levantar, seguida por Emily e eu.

- Hã... Eu ficarei aqui mesmo - disse Seth, abraçando a mãe.

- Ok - disse Emily.

Virei-me para Anthony.

- Anthony, você pode me esperar aqui? - perguntei.

- Sim, my lady - disse Anthony, curvando-se com a mão no peito e logo depois voltando a sua postura de mordomo.

Olhei-o pela última vez e segui junto com Leah e Emily para dentro da casa.

- Você está bem, Leah? - perguntou Emily, com um ar falso de preocupação.

- E interessa? O que conta é que meu pai está morto - disse Leah, com hostilidade.

Charlie tinha comentado uma vez que Leah odiava Emily por ela ter roubado o seu noivo, Sam, e ainda a chamara para ser madrinha... Emily era uma hipócrita.

- É, ele está morto, mesmo. Mas o que você pode fazer? Se fosse para fazer algo, que tivesse impedido-o de sair - disse Emily, com desprezo.

Leah a fuzilou com o olhar, mas não conseguiu responde-la a altura... Não tinha mais voz.

- E você, Emily? Por que, ao invés de ficar soltando o seu veneno por ai, não faz algo de útil? - perguntei a Emily.

- Porque eu não sou você, uma idiota que foi abandonada por um sanguessuga e que ainda continua metida a boazinha - disse Emily, olhando-me com raiva, mas com um sorrisinho cínico.

- Pelo menos, my lady não foi parar em um hospital com a face toda rasgada por causa de um noivo que nem mesmo lhe pertence de verdade - disse Anthony, chegando perto de mim, com um sorriso cruel.

- Como sabe disso? - perguntou Emily, assustada.

- Tenho as minhas fontes... - disse Anthony, misterioso.

Leah olhava para Anthony sorrindo, com certeza, satisfeita por ele ter colocado Emily em seu lugar.

- Como assim ele não me pertence? - disse Emily, tentando voltar a sua pose cínica.

- Ele não te pertence, porque ele só se apaixonou por você, por causa do imprint, algo que todo lobo tem, ao encontrar uma mulher boa para procriar - explicou Anthony.

- É mentira... - sibilou Emily.

- Então, por que não pergunta a Sam? Tenho certeza de que ele adorará esclarecer esta questão - disse Anthony, se divertindo com o sofrimento de Emily.

Emily fuzilou Anthony com o olhar.

- Pode até ser, mas é comigo que ele vai casar e eu tenho certeza de que, se eu falar que você está me enchendo, ele irá te dar uma surra - disse Emily, sorrindo como quem está com a faca e o queijo na mão.

Anthony sorriu, foi para perto dela e a segurou pela cintura.

Emily gemeu... Ela estava com medo, mas também estava gostando.

Anthony aproximou seus lábios de sua orelha e sussurrou algo na orelha dela que, com muito esforço, eu consegui decifrar.

- Eu sou demônio... Não tenho medo de um cãozinho como o seu noivinho.

Emily empalideceu e se afastou de Anthony com um empurrão e saiu correndo para fora da casa.

O silêncio pairou.

Anthony, Leah, um tanto desconfiada, e eu rimos baixinho.

- Você foi ótimo, de novo... - falei, ainda rindo.

- Fazer o que, não? - disse Anthony, sorrindo - Tenho o dom para fazer o mal.

Rimos um pouco mais e ficamos em silêncio.

- Obrigada - disse Leah, corando.

- Sem problemas - disse eu.

- Não fiz por você,portanto, a senhorita não me deve nada - disse Anthony, indiferente.

Antes que Leah pudesse dizer algo, Charlie, Seth e Sue vieram até a sala.

- O que aconteceu? - perguntou Charlie.

- Emily saiu pálida como uma vela derretida daqui... - comentou Seth.

- Você fez algo de ruim contra Emily, Leah? - perguntou Sue.

- Não, mãe. Emily que começou a falar besteiras e Bella e Anthony me defenderam.

Olhos se voltaram para nós e eu corei.

- Não fizemos nada demais - garantiu Anthony - Só cortamos o mal pela raiz, impedindo uma discussão.

Sue e Charlie ficaram des confiados, mas não falaram nada, já Seth sorriu.

- Que bom... Aquela mulher estava, mesmo, precisando de um puxão de orelha - disse Seth.

Todos sorrimos, menos Sue que dava uma leve cotovelada em Seth.

- O que? É verdade! - disse Seth, rindo.

Antes que Sue pudesse responder, Charlie perguntou:

- Vamos, Bells?

- Ainda é cedo... - começou Sue.

- Preciso passar na delegacia... Foi um dia cheio hoje - disse Charlie.

- É, foi sim... - disse Sue, tristonha.

O ambiente foi tomado pela tristeza.

Depois de alguns segundos, Charlie suspirou.

- Vamos? - perguntou Charlie, novamente.

- Sim, pai - respondi - Vamos, Anthony.

- Sim, my lady - disse Anthony, colocando a mão no peito e curvando-se.

- Tchau, gente... - falei, abraçando Sue.

- Tchau, querida - respondeu Sue.

- Tchau - disseram Leah e Seth.

Anthony e Charlie acenaram e nós seguimos para fora da casa.

- Bom, eu passarei na delegacia e você vai para casa, certo? - disse Charlie.

- Certo - falei.

Charlie foi para a sua viatura que estava estacionada atrás de uma árvore, acenou, entrou no carro e partiu.

- Vamos, my lady? - perguntou Anthony.

- Sim - falei.

Então, enfim, fomos para casa.

***

- Vou tomar um banho, me espera no quarto - falei, depois de ter chegado em casa.

- Não quer que eu te banhe? - perguntou Anthony, malicioso.

- Não, posso fazê-lo sozinha - falei, sorrindo.

Fomos para o meu quarto, eu peguei um conjunto de moleton, uma camisa, minha toalha e minha necessaire e fui para o banheiro,

deixando Anthony sentado na minha cadeira de balanço.

Tomei um longo banho quente para relaxar os músculos, me depilei, me vesti e voltei para o quarto.

Anthony levantou-se, me conduziu até a cama e me deitar para poder cobrir-me com um edredom quentinho.

- Está confortável? - perguntou Anthony.

- Sim - falei.

Anthony ficou de pé e me observou em silêncio.

- Você não dorme? - perguntei, curiosa.

- Não preciso dormir, my lady - disse Anthony, sorrindo.

- Então, quando eu dormir, você vai ficar arrumando a casa e me olhando? - perguntei.

- Sim - respondeu ele.

- Hum...

Deitei a cabeça no travesseiro e fitei-o.

- Por que não deita comigo? - perguntei.

- Seria algo impróprio para um mordomo, my lady - disse ele.

- Esqueça as regras só até eu dormir... - falei.

- Eu não... - começou ele.

- Por favor -pedi.

Anthony me olhou, sorrindo.

- É uma ordem - falei, fingindo seriedade.

- Sim, my lady - disse ele, tirando os sapatos e deitando-se na minha cama.

Encostei-me nele e suspirei.

- Assim está melhor - falei.

Anthony não respondeu.

- Não estou com sono... - falei.

- O que posso fazer para fazê-la dormir? - perguntou ele.

- Cafuné e conversar comigo - respondi, sorrindo.

- Certo - disse ele, começando a fazer cafuné em mim.

Era bom... Ele tinha os dedos macios e mornos... Quase humanos.

- Sobre o que quer conversar? - perguntou Anthony.

- Como sabe sobre os lobos? O que sabe sobre eles? O que é um imprint? O que...? - comecei a perguntar.

Anthony riu.

- Tão impaciente... Acalme-se, my lady... Uma pergunta de cada vez - disse Anthony.

Fiz biquinho.

- Bom, vamos lá... Eu sei praticamente tudo sobre os lobos, porque já vivi em um lugar onde tinham alguns e já os confrontei... - começou Anthony.

- Sério? - perguntei.

- Sim e um imprint acontece, quando um lobo encontra uma mulher que consiga dar-lhe bons filhos, ou seja, para poder criar gerações mais fortes - disse ele.

- É pura genética? - perguntei.

- Sim - disse Anthony.

- Então, Leah que devia estar com Sam, pois ele jamais teria se apaixonado por Emily sem o imprint - conclui.

- Correto - afirmou Anthony.

- Interessante... - murmurei.

Ficamos em silêncio.

- E sobre vampiros? O que você sabe? - perguntei.

- Praticamente tudo, pois também conheci vampiros - disse Anthony.

- Fale-me um pouco deles - pedi.

- Nenhum vampiro pode ter filhos, ou melhor, não as fêmeas - disse Anthony.

- E os machos? - perguntei, esperançosa.

- Eles podem, porém, parte dos vampiros não sabe disso, pois nunca conseguiram ter relações sexuais com uma humana sem matá-la ou transformá-la - disse Anthony.

- Então, quer dizer que, caso eu tivesse relações sexuais com Edward, eu poderia ter filhos? - perguntei.

- Sim - disse ele - Porém, o processo não seria nada fácil... É muito difícil para um vampiro se controlar, ainda mais se o cheiro do sangue da humana for tão apelativo quanto o seu - disse ele - E, logo quando a humana procriar, ela precisa ser transformada, pois, se não for, ela morre.

- Hum... Entendo... - murmurei.

Filhos com Edward... Nada poderia ser melhor...

- Bem, e você? Conte-me um pouco sobre o seu passado... - pedi.

- Não é um passado verdadeiramente "bom", vamos dizer assim... - comentou ele.

- Não importa, eu quero saber sobre você... Você já sabe tudo sobre mim mesmo... - disse eu.

- Isso é verdade - falou Anthony.

- Então, conte-me sobre você... Quem foi o seu último mestre? - perguntei.

- Já que quer mesmo saber... A minha última mestra fora Joana d'Arc.

Hã?

- Está me dizendo que foi o mordomo de Joana d'Arc? - perguntei, perplexa.

- Sim e ela foi uma das almas que eu mais gostei de devorar - disse ele, como se lembrando do gosto.

- Como aconteceu? - perguntei.

- Eu a ajudei na guerra contra a Inglaterra e, depois de termos ganhado, ela começou a falar coisas ruins sobre a igreja, foi queimada e eu a devorei - disse ele.

- Por que ela foi uma das almas mais saborosas para você? - perguntei, curiosa.

- Porque a alma dela era segura e intacta... Ela tinha certeza sobre as suas escolhas, ela não deixava "ponto sem dar nó" - explicou Anthony.

- Hum... E você já devorou almas ruins? - perguntei.

- Sim... De molestadores - disse ele, com nojo - São tão impuras como esgotos.

Ri um pouco.

- E a minha? Será que ela é saborosa? - perguntei, afastando-me um pouco para olhar em seus olhos - Eu abro o seu apetite?

- Com certeza, sim - disse Anthony, sorrindo.

- Então, por que não prova um pouco? - perguntei.

- Eu teria que cortar um pouco da sua pele e degustar o seu sangue... Isso a feriria e iria contra o nosso pacto - explicou Anthony, indiferente.

- E se eu o ordenasse? - provoquei.

- Eu a desobeceria, pois o seu bem-estar e sua segurança vem em primeiro lugar - disse ele, aproximando o seu rosto do meu e passando a sua língua na minha pele.

Arfei.

Anthony riu.

- Por que não me deixa fazê-la dormir, my lady? - perguntou ele, voltando a fazer cafuné em mim.

- Deixarei... Mas só se me abraçar - falei.

- Abraçar? Mostrando o seu lado emocional, my lady? - perguntou ele.

- É apenas uma ordem - falei - É o que quero, agora.

- Se é assim - disse Anthony, antes de me abraçar.

Então, sentindo os braços de Anthony abraçando-me e o seu maravilhoso cafuné, eu dormi.


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Notas finais do capítulo

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