Black Butler escrita por Patriiicia, Hatsuharu


Capítulo 2
Capítulo 2 - Pacto




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Leveza... Era isso o que eu sentia...

Eu tinha morrido mesmo? Eu estava no céu?

Bom, se eu estava no céu, isso queria dizer que eu já havia sido julgada e que eu não iria para o inferno, não é?

Apertei meus olhos fechados e suspirei... Parecia que eu estava flutuando em um lugar fresco e com uma brisa suave...

Abri os olhos e logo me assustei ao olhar em volta.

Eu estava flutuando coberta apenas por um lençol flutuante em uma clareira familiar iluminada pelas estrelas e pela lua com um enorme corvo de olhos vermelhos me olhando.

A minha primeira reação foi sentar-me, gritar e logo depois se calar.

- Esta reação não foi nada elegante, my lady - disse o corvo.

Gemi assustada.

Desde quando corvos falavam?

- Quem é você? - me ouvi perguntando com a voz carregada de pavor.

O corvo pareceu rir.

- Esta não é a pergunta apropriada, my lady... Não seria mais adequado perguntar-me o que eu sou? - sugeriu ele, dando ênfase ao "o que".

- O que você é? - perguntei.

- Um demônio - respondeu ele, indiferente.

O que? Aquilo era um demônio? E, se fosse isso mesmo, o que eu estava fazendo com ele?

- Se é um demônio, por que está aqui? - perguntei, com a voz falhando - Por que eu estou aqui nesta clareira e completamente nua?

O corvo demônio riu.

Eu estava muito desesperada... Eu tinha que me controlar.

- Você me invocou e logo depois pulou de um penhasco, então, eu a peguei e a salvei da morte - explicou o corvo, frio.

- Eu morri? - perguntei.

- Não, mas quase. Pode se dizer que eu praticamente te trouxe de volta a vida... Você estava em um estado péssimo e eu a melhorei - disse ele.

Olhei para o meu corpo e reparei que eu não tinha mais os cortes... Eles haviam sumido.

- Por que me salvou? - perguntei.

- Já lhe disse, my lady, você me invocou e eu vim realizar o seu maior desejo - disse ele, sombrio e parecendo sorrir ironicamente.

Meu coração quase parou.

Um corvo demônio fora invocado por mim e iria realizar o meu maior desejo?

- Você não pode realizar o meu maior desejo, pois o que mais quero é ser feliz ao lado do homem que amo ele me abandonou... Ele não me quer mais - falei, sentindo lágrimas borrarem a minha visão e escorrerem pelo meu rosto.

O corvo voou até mim, limpou as minhas lágrimas com o seu bico e me fitou com malícia.

- E quem disse que eu não posso fazer com que ele te queira? - perguntou ele, com a voz sombria e misteriosa.

- Você pode? - perguntei, esperançosa.

- Sim... Mas só se fizermos um acordo - disse ele, com a voz tentadora.

Um acordo com um demônio...

- Que tipo de acordo? - perguntei, receosa.

- Um pacto, na verdade - disse ele, indiferente.

- E como ele seria? - perguntei.

- Eu a ajudaria a ser feliz com uma família, amigos e amor. Faria todos que viraram as costas para você te desejar mais do que qualquer outra coisa, dando-lhe o seu tão amado homem, trazendo-lhe felicidade e satisfação. E, em troca, eu devoraria a sua alma que transborda pureza no fim.

- Eu quero! - respondi sem hesitação ou refletir.

O corvo demônio riu.

Não entendi... Por que ele ria de mim?

- O que foi? - perguntei, magoada e irritada.

- Pense bem, my lady... - disse ele, alertando-me - Uma vez que feito o contrato, você não poderá se libertar mais.

- Não me importa! Eu só quero saber de ter Edward e minha felicidade de volta!

- Por que não ouve as regras primeiro? - sugeriu ele.

Eu ia protestar dizendo que não queria saber e que não me importava com mais nada se tivesse Edward, mas seu olhar penetrante me calou.

- Bom, vamos às regras... Primeira, como eu acabei de lhe dizer, uma vez que nosso pacto seja feito, ele jamais será quebrado. Segunda, suas ordens serão absolutas para mim, ou seja, se me mandar fazer algo, eu o farei sem hesitar e você não poderá voltar atrás. Terceira e última, sua segurança estará acima de qualquer coisa para mim - disse ele, pausadamente, para que eu entendesse.

Mesmo ele falando as tais regras, eu já tinha me decidido... Eu sabia o que queria e eu faria qualquer coisa para consegui-lo.

- Eu aceito. Eu quero fazer um pacto com você - falei.

Ele me olhou com divertimento e malícia.

- Então, grite para mim que o quer.

Meu eu se encheu de coragem e firmeza e eu gritei:

- Eu o quero! Eu aceito fazer o pacto!

Logo depois de eu gritar as palavras que me trariam a felicidade e Edward, minha língua formigou.

- Se é isso que deseja, que assim seja feito, my lady - disse ele, firme e gélido.

O corvo demônio saiu de perto de mim, mas sem sair da minha vista para que eu pudesse ver a sua transformação.

As penas do corvo demônio começaram a cair, mostrando um homem belo, sedutor e com um sorriso malicioso e cruel de parar o trânsito.

O homem na minha frente tinha o cabelo curto, liso e preto como o céu da meia-noite, pele branca, olhos vermelhos brilhantes, um rosto lindamente diabólico e um corpo magro vestido em um uniforme fino de mordomo.

Arfei.

- Já que estamos nos vendo com clareza somente agora, eu sinto prazer em conhecê-la, my lady - disse o belo homem, aproximando-se de mim, pegando a minha mão trêmula, levando-a até os lábios e a beijando com educação e graça, fazendo-me corar.

Eu estava em choque.

Aquele belíssimo homem seria o seu demônio salvador?

Ora, se fosse assim, o lado do mal não era tão terrível assim como uma das amigas religiosas de Renée falava quando ia a nossa casa em Phoenix...

- Eu também... - consegui dizer.

O belo homem riu ao soltar a minha mão.

- De que nome você mais gosta? - perguntou o homem.

- Hum? - não entendi.

- Você tem o direito de escolher o meu nome, my lady - explicou ele.

- Eu gosto de Edward - respondi.

O belo homem gargalhou.

- Acho que este nome não combina muito comigo, my lady - disse ele, com um sorriso torto.

O sorriso que eu tanto ansiava ver estava bem ali na minha frente... Como tal coisa era possível?

- Não se surpreenda, my lady, pois, a minha aparência foi projetada de acordo com os seus desejos, ou seja, o sorriso que tanto queria ver poderá ser visto através de mim, enquanto, não realiza o seu sonho - disse ele, sorrindo mais ainda.

Sorri.

- Então, que nome você escolhe para mim, my lady? - perguntou ele, com educação.

- Você vai se chamar Anthony Mackel.

Anthony... O segundo nome de Edward quando ainda era um humano.

- Sim, my lady - disse Anthony, curvando-se com leveza.

Ele era tão educado e lindo.

O engraçado era que, da mesma maneira como eu me sentia quando olhava para a perfeita imagem de Edward, eu duvidava de sua existência... Não tinha certeza se ele era ou não real.

- Não precisa se curvar - falei.

- É lógico que precisa, my lady... Agora, você é a minha mestra e eu preciso demonstrar respeito e devoção a você - disse Anthony, sorrindo com educação, mas com um pouco de malícia.

- Certo... - sussurrei.

Anthony pegou meu rosto com um de suas habilidosas e cobertas por luvas mãos e com a outra abriu a minha boca e me olhou como se estivesse checando algo.

- Você agora tem a marca de nosso trato na língua. Um pentagrama, igual ao que tenho na mão direita - disse ele, soltando o me rosto, tirando uma das luvas com a boca e mostrando-me um pentagrama preto na sua mão bem-feita e branca como a neve e com as unhas pretas.

Toquei a sua mão e senti a sua pele macia, porém resistente sob os meus dedos frágeis.

Fiquei emburrada.

Por que só eu tinha que ser tão frágil.

- Não se chateie, pois, de agora em diante, serei a sua força, a sua espada. Não há o que temer ou se preocupar - disse ele, firme.

Fitei-o.

Ele mais parecia um deus grego do que um demônio... Como podia ele se submeter a ajudar a mim, uma humana fraca e abandonada?

- Não sei como pode me ajudar... Eu nada mais sou do que uma humana medíocre e mal-amada... - falei, com novas lágrimas se formando.

- Mal-amada não, pois eu lhe desejo mais do que qualquer outra coisa - disse ele, com certeza.

Olhei-o surpresa e vi que era impossível duvidar dele... Ele me queria.

- Você... Me quer? - perguntei.

- Sim, my lady - garantiu ele, sorrindo torto.

Suspirei.

- Obrigada - murmurei.

- Não precisa agradecer... Isso é apenas uma verdade, my lady - disse ele, indiferente, porém, cheio de classe.

Fiquei quieta.

O silêncio pairou entre nós , enquanto, nos fitávamos, até que ele finalmente quebrou o silêncio.

- É o meu dever levá-la para o mundo real - disse ele.

- Mundo real? - perguntei.

- Sim, o seu mundo... Vamos - disse ele.

Logo após, ele terminar de falar "Vamos", minha visão escureceu.

***

Areia... Areia nos meus cabelos e sujando as minhas roupas.

Abri os olhos e vi que estava escuro, muito escuro e que eu estava em uma praia.

Tinha sido apenas um sonho? Não, não podia ser.

Apavorei-me.

Sentei-me e olhei em volta a procura de Anthony e não o vi, até ser erguida da areia e ouvir:

- Vamos, my lady. Vamos para casa.

Um enorme cansaço me tomou e eu não me senti capaz de consentir.

- Descanse, my lady. Eu a levo... Confie em mim - disse a voz de Anthony.

E eu confiava, por isso, fechei os olhos e deixei-me cair em um sono profundo e sem sonhos.


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Notas finais do capítulo

- Queremos, pelo menos, 10 reviews para continuar!
— Obrigada por lerem a fic!