Enquanto saíamos da casa dos Cullen, Edward veio até mim e perguntou:


- Bella, posso falar com você?

-  O que é? – perguntei, sendo o mais rude que consegui ser.

-  Bella, eu... – chamou-me Edward.

- Fale logo, pois eu quero ir para casa – falei.           
 O rosto de Edward se tornou infeliz e eu não soube qual sentimento prevalecia... A culpa por fazê-lo sofrer ou o gostinho da vingança.

- Certo, mas antes quero que me deixe leva-la em um lugar – disse ele.

-  Hã? – perguntei.

- Deixe-me falar com você em um outro lugar.

Olhei para Anthony e ele balançou a cabeça.

- Pode ir, my lady, eu a esperarei em casa – disse Anthony e virou-se para Edward – 

Você a leva segura, vampiro?

-  Sim – disse Edward.


Então, sem dizer nada, Edward me colocou nas suas costas e começou a correr comigo, fazendo com que eu me sentisse nas nuvens sob seu cheiro inebriante.         
   Parecia que nada entre nós havia acontecido... Que havíamos voltado para algum momento antes dele me abandonar e da minha festa de aniversário, onde esquecíamos da realidade de “O Vampiro e a Humana” e nos tornávamos um casal apaixonado e alado que se abraçava intensamente querendo aproveitar cada milésimo de segundo juntos.

     Não conseguindo me conter, soltei uma risada por estar correndo com ele novamente... O amor que eu tanto esperei que chegasse e que tanto me fez sofrer.

    Edward virou seu rosto e sorriu torto para mim com os olhos brilhando com dois tipos de brilho... Um era o da esperança, já o outro era... Amor.
            
Virei o rosto e, corando, fechei a cara.
            
Droga! Só por causa de uma corrida eu já ficava toda boba? Que idiota!
           

 Alguns segundos se passaram e nós finalmente chegamos.
 Arfei.

            A clareira... A nossa clareira que nunca envelhecia ou perdia o seu brilho... Era lá que estávamos.

-  O que significa...? – comecei, mas não tive tempo.

Edward me tomou em seus braços e, pela primeira vez, beijou-me intensamente.

Seu beijo era tão intenso que eu não consegui deixar de retribuir, por isso, logo passei meus braços a sua volta e comecei a passar a mão em seus cabelos macios e da cor do mais puro bronze.

Oh, como eu havia esperado aquele beijo... Aquele beijo gélido, mas que fazia ferver por dentro... Aqueles lábios que não eram vermelhos como a cor da paixão, mas eram pálidos como se banhados pela neve... Aquele doce vampiro que tanto fazia o meu coração pulsar.

Lágrimas quentes escorreram pelo meu rosto e eu tentei aprofundar o beijo, porém, Edward se afastou.

- Bella... – murmurou ele, tocando o meu rosto.

-  Edward... – murmurei.

-  Perdoe-me – disse ele, se distanciando mais um pouco para que pudéssemos olhar um para o outro – Eu fui tão tolo em te abandonar, eu só queria te proteger...

Tentei olhar para baixo, mas ele segurou o meu rosto.

-  Não parecia nada disso... – murmurei.

- Mas... – começou ele.

- Você gritou comigo – falei – Você chegou a levantar a mão contra mim.

Seu rosto contorceu-se em uma máscara de dor e eu lutei tentando, sem sucesso, parar as lágrimas que insistiam em cair.

- Eu não quis nada daquilo, eu me descontrolei ao saber que havia vendido a sua preciosa alma a um demônio... A alma que eu tanto pensei em preservar... – disse ele.

-  Mas não adiantou nada – falei, seca.

-  Não... – disse ele, agoniado.

-  É, mas porque me bater? Queria me matar só porque minha alma já fora tomada por outro? – perguntei, ressentida.

- Não, Bella – disse ele, apavorado com a idéia – Eu nunca pensei em tal coisa... Eu estava fora de si...

- E o que levou você a voltar a si? – perguntei.

- O fato de não querer perder você nunca – disse ele, sincero e triste.

Fitei-o e a breve trégua que meus sentimentos haviam feito acabara.

- Pois é, mas parece que você ainda sim não aprendeu a sua lição. Será que não entende que só está dificultando as coisas? Que só me deixa mais angustiada com você e sua família se metendo tanto na minha vida e tirando a minha liberdade de optar? – perguntei.

- Bella... – começou Edward.

-  Quando você se foi, você nem ao menos quis conversar. O que mais me deixa frustrada é o fato de você nunca pensar no que eu quero, mas sim no que você acha que é certo, ou seja, só nos seus princípios – falei, cheia de magoa.

Edward congelou.

Aguardando uma reação sua, fiquei impaciente e comecei a me afastar quando ele pegou a minha mão e se ajoelhou.

- Perdoe-me, Bella! Por favor, Bella! Eu não suportarei ficar sem você! Por favor! – implorava ele.

Arfei, novamente, mas me controlei.

- Levante-se, Edward – falei.

- Por favor – pediu ele, abraçando a minha cintura.

- Eu... – murmurei.

- Por favor... Eu te amo! – disse ele, desesperado.

- Levante-se... Pare com isso... – pedi.

- Não posso... – disse ele.

- Por favor... – pedi.

-Não... – disse ele.

- Não me torture mais do que já torturou... Por favor – pedi, chorando.

Minhas lágrimas caíram nas bochechas de Edward e seu rosto se tornou ainda mais infeliz.

- Perdoe-me, Bella – disse ele, levantando-se e me puxando para mais um beijo.

Por que tinha que ser assim? Por que logo quando eu já estava me acostumando a ficar sem ele e vivia feliz ao lado de um bom companheiro ele tinha que fazer isso?

Sem me importar com mais nada, o beijei com a mesma intensidade que antes e esqueci de tudo... Ou melhor, quase tudo...

Anthony! Se eu ficasse com Edward nosso contrato acabaria e... Não!

Empurrei Edward com dificuldade até ele ver que eu precisava me afastar.

- O que foi? – perguntou ele.

- Eu apenas não consigo... – falei.

- Como assim? – perguntou ele, temendo a minha resposta.

- Não dá... Eu não posso... – disse eu.

-  Não pode? – perguntou ele, triste.

-  Não, pelo menos, não agora – falei.

Edward me fitou e deu um sorriso triste.

- Muitas coisas mudaram, não é? Antes eu lhe dizia coisas similares e agora é você... – disse ele.

Sorri, pensando em como aquilo tudo era irônico.

Edwad encostou a cabeça na minha e perguntou:

- Quer voltar?

-  Sim. Por favor – pedi.

Então, ele me colocou em suas costas novamente e começou a correr, levando-me de volta para o demônio que eu quase traíra.