Olhando para Quil, vi seus olhos brilhantes ganhar um novo tom... Um tom apaixonado.

-         Quem é você? – perguntou Quil, como se não tivesse ouvido nem a mim e nem Anthony.

-         Sou Anthony, o mordomo de lady Bella – disse Anthony, como se estivesse se divertindo.

-         Mordomo? Você é tão refinado... Sua pele branquinha... – começou Quil.

O que? Quil ia ficar dando em cima do meu Anthony?

-         Sim. Isso não é nada mais que um mordomo e tanto deve ser – disse Anthony.

-         É, é sim. Ainda mais sendo meu – falei, dando ênfase no “meu”.

Quil me ignorou e continuou.

-         Thony... Thony combina com você... Posso te chamar assim? – perguntou Quil.

-         Não, lord. Afinal de contas, eu sou um mordomo e nem mesmo my lady me chama desse modo quanto mais o senhor – disse Anthony, com um fiozinho de crueldade na voz.

Quil engoliu em seco, contrariado... Um tanto magoado até.

Com pena de Quil, por ele ter virado meu amigo nos últimos minutos, e com raiva dele chamei meu mordomo.

-         Anthony, vamos subir? Eu acho que não estou me sentindo bem – falei.

-         Sim, my lady – disse Anthony, logo me ajudando a levantar do sofá.

-         J-Já vai? – perguntou Quil, amuado.

-         Senhor, não é nada elegante gaguejar – disse Anthony, dando um sorriso malvadinho.

Sorri achando graça.

-         Desculpe, mas tenho que acompanhar my lady. Sou dela e preciso cuidar dela, não? – provocou Anthony.

Quil fez bico e se calou.

-         Tchau, Quil – despedi-me dele, sorrindo.

-         Tchau, Bells – disse Quil, olhando-me e depois olhando para Anthony – Tchau, Anthony.

-         Até outro dia, senhor – disse Anthony, um tanto seco, como se para desiludi-lo.

Nos afastamos e eu já ia indo para a escada, quando Anthony disse:

-         My lady, não fica adequado uma anfitriã deixar seus convidados sem nem mesmo despedir-se.

Olhei-o e vi que estava falando sério.

-         Manter a classe em primeiro lugar, é claro – disse ele, empinando o nariz.

Sorri e fui me despedir de todos na sala.

Depois das despedidas, fomos para o meu quarto e eu perguntei:

-         O que foi aquilo?

-         O que? – perguntou Anthony, fazendo-se de inocente.

-         Quil e você – falei, cruzando os braços.

-         Se me permite corrigi-la, foi só ele – disse ele, sorrindo.

-         O que foi, então? – perguntei.

-         O tal Quil tem um segredo que ninguém sabe – disse ele.

-         Que segredo? – perguntei, curiosa.

-         Perdoe-me, my lady, mas eu não posso lhe contar – disse ele.

-         Por favor – pedi.

-         Não posso – disse ele.

Lembrei-me da minha carta na manga.

-         É uma ordem – falei.

Anthony sorriu como quem sorri para uma criança esperta e começou a falar.

-         Quil está banhado pela luxúria – disse ele.

Não entendi e Anthony percebeu.

-         De tanto aquele futuro lobo relacionar-se com as pessoas em troca de prazer sexual, ele não está mais se importando com o sexo, por isso, como é um garoto-lobo com os hormônios a flor da pele, ele deve ter sentido uma atração muito forte por mim, afinal de contas, eu sou um demônio encantador – explicou ele, gabando-se um pouquinho no final.

Sorri, mesmo estando chocada.

Chocada? A pessoa que teve um namorado vampiro, um suposto amante lobo e vendeu a sua alma para um anjo caído estava chocada? Quem era eu para julgar alguém?

      Ri um pouco, mas logo parei.

-         Bem que para compensar o momento de luxúria lá em baixo, você podia me morder, não? - sugerir.

Anthony me fitou e sorriu malicioso.

-         Uma outra hora, my lady. Já bebi muito do seu sangue nessa semana, preciso zelar por você, afinal de contas, você é a minha lady, não é? – disse ele.

Senti-me um tanto contrariada, mas logo recordei-me de como ele se referira a mim.

-         Sua lady? – perguntei, dando ênfase no “sua”.

-         Exatamente – disse ele.

Sorri e o abracei.

-         Eu te amo – falei – Muito.

Anthony envolveu-me com os seus braços e suspirou no meu cabelo.

-         É... Eu também posso dizer que sim – disse ele.

      Olhei para cima e sorri largamente.

-         A senhorita é linda sorrindo, my lady – disse Anthony, sorrindo.

Corei um pouco e o beijei na bochecha.

-         Você também é... Infinitamente – falei.

O sorriso de Anthony se desmanchou e seu olhar foi atraído para a janela.

-         O que foi? – perguntei, assustada.

-          Um ônibus escolar desapareceu em Seattle, a cidade onde andam ocorrendo muitos assassinatos.

-          E? – perguntei.

-          Ceiferos... Muitos deles... Eu posso senti-los... – disse ele – Algo está errado.

-          Por que? – perguntei.

-          Porque não é um bom negócio, pois as almas das crianças só se tornam portas para o pecado a partir dos 12 ou quando ganham o seu livre-arbítrio e, caso sejam obrigadas a pecar, são salvas. E tem alguém as forçando a faze-lo – disse Anthony.

-          Quem? – perguntei.

-          Ainda não posso afirmar nada, mas seja lá quem for, pagará um preço muito alto, pois está mexendo com o equilíbrio entre o céu e o inferno – tornando-se tão ameaçador quanto o verdadeiro demônio que era, o que, mesmo sendo assustador, me excitou.

Fitei-o.

-          Bom, mas não há nada com que a senhorita tenha que se preocupar... Nem eu tenho, pois logo o encontrarão e a matarão – disse ele, sorrindo.

-          Certo – falei, sorrindo ao vê-lo relaxar.

Anthony me fitou.

-          Acho que uma mordida tiraria todo o nosso estresse... – sugeriu ele, sorrindo com malícia.

Sorri como uma boba e balancei a cabeça.

Então Anthony nos conduziu até a minha cama, ficou sobre mim e me mordeu, fazendo-me fechar os olhos e gemer de prazer.