Depois do ocorrido com Beliel e a minha conversa com Anthony, muitas coisas mudaram... Mudaram drasticamente.

            Para o contrato ser prolongado, eu tinha que ter mais atitude, ou seja, Anthony parou de praticamente mastigar a vida para mim e deixou que eu o fizesse, como quando eu escolhia o que queria fazer ou para onde iria.

            Anthony começou a me desiludir, ou seja, começou a rejeitar o meu amor dizendo que só me via como uma pessoa próxima e nada mais, mas sempre que via que eu ficava magoada ele bebia o meu sangue arrancando-me gemidos e me fazendo esquecer de tudo por alguns segundos.

            Eu sabia que Anthony só fazia aquilo de negar o meu amor porque estava obedecendo a minha ordem de ser leal e verdadeiro... Sem mentiras, nem abandonos e nem fatos ocultos.

            Para mim estava bom.

Desde que Anthony se fartasse com o meu sangue e eu sentisse o prazer, o meu desejo por ele borbulhar dentro de mim e seus toques mornos pelo meu corpo todos os dias eu ficaria feliz.

            Anthony sugeriu que eu chamasse o pessoal da reserva para uma conversa, algo para me tirar a tensão que ele sempre deixava em meu corpo depois de espalhar prazer e luxúria por ele.

            Convidei-os até a minha casa e quase todos vieram, menos Embry, Paul, Sam e Emily.

Sam não veio porque tinha medo de Anthony, não confiava nos vampiros e quis que Paul e Embry ficassem fazendo a ronda com ele e que Emily ficasse longe da casa da “garota do demônio” e do demônio.

Então, Sue veio com Leah e Seth, o velho Quil com Quil e Billey com Jake.

Todos nós nos aconchegamos na sala e começamos a conversar, enquanto Anthony participava de tudo, só que para lá e para cá com badejas de biscoitos, xícaras e garrafas de café, chá e leite.

Meu pai ficou muito feliz por eu estar falando com outras pessoas e rindo como se Edward jamais tivesse me deixado ou até mesmo passado pela minha vida.

E Anthony ao mesmo tempo se alegrava com a minha felicidade, também se entristecia.

Fitei-o e sussurrei, quando ele parou de servir e ficou ao meu lado no sofá:

-          Não precisa ficar triste, nosso contrato não vai acabar até eu me sentir feliz ao lado de Edward e isso vai demorar muito para acontecer. Ficaremos juntos sempre.

Anthony sorriu, mas não tanto quanto eu queria.

Eu queria dizer mais alguma coisa, mas não tinha mais palavras, afinal de contas, ele tinha razão em ficar triste.

Não importava se fosse daqui a meses ou anos, nosso contrato ia acabar e seríamos separados, quer dizer, eu seria devorada e ele teria que passar a eternidade sozinho até encontrar uma outra senhora ou senhor.. Até encontrar uma outra pessoa para mimar e chamar de “my lady”... Substituir-me.

Tive que conter-me para não começar a chorar como fazia sempre e olhei em volta procurando alguma distração.

Vi Quil afastado do resto do grupo e fui até ele, deixando Anthony voltar a servir o pessoal.

-          E ai, Quil? Como vai? – perguntei, sorrindo – Por que está isolado?

Quil me olhou e sorriu de leve.

-          Só estou passando por uma crise, ou seja, estou sem amigos por agora – disse ele.

-          Como assim? E Jake e Embry? – perguntei.

-          Estão distantes... Só vim porque queria te ver – disse ele, corando.

-          Me ver? Então, porque não aparece por aqui mais vezes? – perguntei, sorrindo e colocando as mãos na cintura.

-          Medo de ser rejeitado por você e ficar traumatizado – disse ele, brincalhão.

-          Bobo – falei, abraçando-o

Nos abraçamos e ele me beijou no rosto.

Quil era um bom rapaz, um bom amigo. Diferentemente de Jake, ele não me via como mulher, mas sim como uma amiga, uma garota com quem gostava de conversar.

-          O clima está muito tenso entre vocês? – perguntei, sentando-me em uma poltrona perto dele.

-          Um pouco, quer dizer, nem nos falamos mais, eu só os vejo e aceno de vez em quando, agora, mas mesmo assim não quero vê-los magoados e nem sofrendo como parecem estar andando com Sam e seu grupo – disse ele, baixinho para Jake não escutar.

-          Eles sofrem? – perguntei.

-          É o que parece. Só para você ter uma ideia, Embry viria hoje se não fosse por causa da ceninha patética que Sam fez – disse ele.

-          E como foi essa cena? – perguntei, curiosa.

-          Ele começou a gritar que era o líder e que podia mandar nele e tudo – disse Quil, com raiva.

-          Sem comentários, esse Sam parece doente – comentei.

-          Pois é. Mas ainda tem gente como nossos dois amigos que o seguem – disse Quil, frustrando-se.

-          O pior é que é verdade – falei, encostando-me no sofá – Mas e as fofocas da reserva? O que anda acontecendo?

-          Sam também está com raiva do Embry por ele ter pegado a Leah na praia – disse Quil, rindo um pouco.

-          Embry e Leah? – perguntei, surpresa.

-          Sim, eles começaram a namorar por esses dias, o que fez Sam ficar fazendo ceninha de ciúmes o tempo todo – disse ele.

Eu ri.

-          Duvido que não foi por isso que ele não deixou Embry vir conosco... – comentou ele.

Olhei para Anthony e sorri ao vê-lo sorrir para mim do outro lado da sala.

-          E você? Como anda a sua vida? – perguntou Quil.

-          A minha vida está uma confusão com a volta dos Cullen – falei.

-          Por que? – perguntou ele.

-          Porque todos ficam me encarando como se estivessem me cobrando algo na escola e vivem tentando puxar assunto – contei parte da verdade, afinal de contas, não podia sair contando para todos os confrontos de vampiros com demônios poderosos.

-          Que chato... – comentou ele.

-          Sim. Acho que seria até melhor eles ficarem onde estavam antes – comentei.

E era verdade.

Se Alice não tivesse sido intrometida e Edward tivesse ficado lá com a sua família, meu contrato não estaria em risco, agora.

Porém, se eles não tivessem voltado, eu jamais teria descoberto como eles são desprezíveis.

-            Entendo. E o Charlie? – perguntou Quil – Está tudo bem com ele.

-          Sim, está mais feliz agora por eu ter voltado ao normal – falei, sorrindo.

-          E como isso aconteceu? Como você conseguiu voltar a antiga rotina e sorrir nessa situação? – perguntou ele, curioso.

-          Só consegui isso, por causa de Anthony, o meu mordomo – falei, radiante.

-            Anthony? É aquele cara de costas, não? – perguntou Quil.

-          Sim – falei, sorrindo.

-          Hum... Como vocês se conheceram? – perguntou Quil.

Droga! O que eu ia dizer?

-          O senhor Edward me pagou para ficar ao lado de lady Bella e eu apenas faço o meu trabalho – disse Anthony, curvando-se diante de mim e Quil.

Sorri, agradecida para Anthony e olhei para Quil.

Hein?

Quil olhava para Anthony de maneira estranha. Parecia... Encantado?

-          Quil? – chamei.

Não obtive resposta, mas entendi tudo assistindo o que aconteceu depois.