Black Butler escrita por Patriiicia, Hatsuharu


Capítulo 1
Capítulo 1 - Invocando




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Depois que Edward me deixou, eu praticamente morri... Pelo menos, era o que eu mais desejava... Talvez as chamas do inferno, já que eu tinha cobiçado tanto algo que não estava a minha altura, me fizessem sofrer mais do que o buraco em meu peito me fazia sentir.

Mesmo depois de começar a andar com Jake, eu me sentia infeliz... Tão infeliz que comecei a gostar de ver Jacob ficando infeliz pelo meu humor e meu estado físico, que eram tenebrosos.

Às vezes, o meu lado não-humano até se sentia feliz vendo-o sentir-se desconfortável e tristonho por eu não sentir o mesmo que ele sentia por mim... Ele chegava a ser patético com a sua paixão adolescente por mim e, o pior, ele ainda insistia em alimenta-la, pois, toda vez que eu ia a sua casa, ele fazia questão de deixar o clima mais "romântico".

Certa vez, ele desligou alguns fios da luz da sua garagem e ainda teve de chegar perto de mim, dizer que acabara a luz e acender velas para podermos beber latas de coca-cola... Algo que Edward com o seu jeito romântico e gracioso jamais faria...

Bem, mas a parte do meu lado racional que não estava danificada pela depressão sabia que eu não podia magoar Jake só para ter um consolo... Não, eu não podia rir da inocência de Jake e nem deixa-lo infeliz... Afinal de contas, ele conseguia arrancar-me alguns sorrisos e sua presença era boa para mim... Ele fazia com que eu me sentisse amada.

Não, eu não seria ingrata... Ingrata como Edward foi.

Outra coisa que eu estava acostumada a fazer era tentar colocar defeitos em Edward, mesmo sem conseguir fazê-lo...

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu comecei a chorar, chorar feito louca...

Eu não podia pensar em Edward, aquele lindo nome só me trazia dor e desgraça... Mas, o pior era que eu gostava... Gostava de sentir aquilo tudo, porque era a prova de que Edward existira e eu o conhecera...

Correndo até o banheiro para lavar o rosto, bati o meu dedão do pé na cama e, quando olhei para baixo, vi algumas gotas de sangue escorrendo e, ao invés de gritar, ri.

Ri, pois lembrei-me do quanto Edward gostava do cheiro do meu sangue... Do quanto ele desejava-o...

Gargalhei e, pegando uma caneta na minha mesinha do computador, cortei ainda mais a minha pele e vi o sangue escorrer.

Meu sangue era tão comum... Parecia o das outras pessoas, mas o gosto devia ser diferente...

Jogando a caneta no outro lado do quarto, passei a mão no meu dedão, peguei algumas gotas de sangue e, mesmo sentindo naúseas, coloquei-as na boca.

O gosto não era nem bom e nem ruim, mas era nojento o suficiente para me fazer cuspir no chão... Eu não sabia o que vampiros achavam de bom no sangue, era tão... Estranho.

-         Coisa de monstros... - murmurei, sentindo novas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Não, o meu Edward não era um monstro... Não o meu amado vampiro... E nem o resto dos Cullen...

Levantei-me do chão, andei até o banheiro, abri a torneira do lavatório branco um tanto sujo e lavei o rosto.

-         Como eu sou patética... Uma humana patética... - falei, olhando-me no espelho.

Sem mais e nem menos, gritei e soquei o espelho com toda a minha força.

Cacos de vidro caíam e novas gotas de sangue escorriam de mim, só que desta vez da minha mão, e tingiam o branco do lavatório de vermelho.

Novamente, gargalhei.

O vermelho misturado ao branco era sexy demais... Uma cor tão linda... Tão viva... Viva como eu queria estar...

Gargalhei e chorei mais e mais...

A água que escorria da torneira lavava tudo, deixando sem vida novamente.

-         Água estúpida... - falei, cheia de ódio.

Joguei água no rosto e deixei a água limpar a minha mão até o sangramento quase parar e voltei ao meu quarto.

-         O sol... Preciso dele, agora... - murmurei, pegando as chaves do meu quarto e meu casaco.

Desci a escada, abri a porta da entrada da minha casa e segui para a minha picape.

-         Lata-velha... - murmurei, abrindo a porta da picape.

O amor que Charlie sentia por mim só valia aquela droga de picape velha?

Droga...

Liguei a picape e dirigi até chegar a casa de Jake, na reserva.

Bati na porta de Jake e ele me atendeu quase na mesma hora.

-         Hei, Bells! - cumprimentou-me Jake, tristonho.

-         O que foi? - perguntei a Jake.

Jake olhou para o chão e ficou em silêncio.

Olhando para ele, vi que ele tinha cortado o cabelo e feito uma tatuagem.

-         Hei, quando cortou o cabelo e fez uma tatuagem? - perguntei, curiosa.

-         Ontem - respondeu ele.

-         Eu gostava do seu cabelo grande... - falei, emburrada.

-         Bom, isso não importa... - disse ele, um tanto irritado.

-         O que foi, Jake? - perguntei, aproximando-me dele.

Jake recuou.

-         Não te interessa, não é problema seu - disse ele, fechando as mãos em punhos.

-         Jake... - murmurei, surpresa.

Jake nunca fora hostil, pelo menos, era o que eu pensava até aquele momento.

-         É melhor você ir para a sua casa e não voltar mais - disse ele, olhando nos meus olhos por um breve segundo.

-         Por que? - perguntei, alarmada.

Jacob ficou em silêncio, novamente, e, quando voltou a falar, eu nem mesmo o reconheci.

-         Porque eu não quero consolar uma garota egoísta que só liga para o próprio sofrimento, sem se importar com os demais e que parece estar morta só porque um sanguessuga idiota a deixou.

Fiquei chocada e nada mais fiz do que correr de volta para a minha picape e dirigir de volta para casa aos prantos.

Até Jake? Até mesmo o meu sol? O meu único e querido amigo?

Eu me odiava!

Abandonada por todos só por causa da minha inutilidade e do meu egoísmo... Maldição!

Ao chegar em casa, corri até o meu quarto, tranquei-me nele e comecei a quebra-lo, enquanto gritava e desabava em lágrimas.

Fiquei correndo pelo meu quarto e derrubando tudo o que tinha pela frente, sem me machucar.

Não, era isso o que eu queria... Eu queria sentir dor.

Tirei as minhas roupas, joguei um vaso de flores ridículo que Charlie me dera na tentativa de me alegrar no chão e me joguei de costas, fazendo com que minha pele fosse fina e mácia fosse cortada e meu sangue fosse derramado.

Gargalhei e me virei, fazendo com que novos cortes aparecessem, só que na minha barriga.

A dor era boa... Boa, pois ao mesmo tempo que machucava acabava com outros sentimentos ruins ou os diminuía.

Depois de gargalhar por mais algum tempo em meio a dor e se lambusar mais e mais no meu próprio sangue, uma história me veio a mente.

- Existe uma lenda Makah que diz que quem for à floresta das fadas, uma que fica de trás da escola, e dizer: "...Tudo na vida tem seu preço. Se você ganha alguma coisa, deve pagar por ela. E deve ser um preço exato, sem faltas, nem exageros..." terá o seu maior

desejo realizado por um corvo gigante... –  dizia Erick, misterioso, um dia desses na escola, enquanto todos riam dele.

Vesti-me às pressas, peguei as minhas chaves, corri para a minha picape velha e segui dirigindo em direção a floresta de trás da escola.

Vamos ver se esta lenda Makah é verdadeira..., pensei.

Ao chegar na tal floresta, corri até uma árvore e olhei em volta... Corvos enormes se amontoavam nas árvores, o que me intimidou, mas não tanto para me fazer desistir.

Então, comecei a dizer:

-         "...Tudo na vida tem seu preço. Se você ganha alguma coisa, deve pagar por ela. E deve ser um preço exato, sem faltas, nem exageros...".

Esperei um tempo e, como vi que nada acontecia, dei meia volta, fui até a minha picape e voltei para casa.

Quando cheguei em casa e fui para o meu quarto, tirei as minhas roupas outra vez deitei-me na minha cama, cobri-me com o lençol e, afundando o rosto no travesseiro, chorei sem gritar, pois sabia que Charlie já devia ter chegado e não queria trazer dor a ele.

Uma saída... Eu tinha que encontrar uma...

Eu não queria mais sofrimento...

Eu não podia mais viver daquela maneira, então, só me restava uma saída...

Sorri com a ideia terrível que tivera e dormi.

Sim, eu sairia do inferno que era a minha vida... Eu acabaria com tudo.

***

No outro dia, eu sabia o que tinha que fazer, então, nem pensei muito ante de ir até a casa de Jake... Não queria ter a chance de mudar de ideia.

Mesmo sabendo que não era querida, eu tinha que me despedir do meu melhor amigo e garantir que ele cuidasse de Charlie, portanto, não hesitei ao bater na porta de Jake.

Jake atendeu a porta e ficou rigidamente sério ao me ver.

-         Oi, Jake... Bom, serei rápida com você - falei, nervosa.

-         Pois, então, diga, Bella - pediu ele, impaciente.

-         Certo... Bem, este mundo não está mais legal para mim e eu decidi que não quero mais viver nele e, por isso, quando eu transformar o meu desejo em um fato, não quero que chore, que saiba que te amo, pois foi um ótimo amigo e que cuide de Charlie por mim! - falei, seriamente ansiosa.

Eu estava tremendo e olhando para o chão... Que idiotice a minha!

Olhei para Jake e vi que sua boca estava aberta e ele estava imóvel... Ele estava em choque... Perfeito, aquela era a minha deixa para ir concretizar o meu maior desejo... O fim do meu sofrimento.

-         Adeus, Jake - falei, dando-lhe um beijo no rosto quente.

Abracei-o pela última vez, absorvendo o seu cheiro e seu calor, e sai correndo em direção a sua garagem.

Chegando na sua garagem, olhei em volta já com saudade, pois jamais veria aquele lugar novamente... Não depois de atirar tudo ao vento...

Peguei a minha moto, subi nela e parti em direção ao penhasco.

O meu sofrimento ia acabar... Que alegria!

Ri até chegar no penhasco e jogar a minha moto de lado.

Fui até a ponta do penhasco e respirei o ar úmido e limpo... Eu já podia quase sentir a sensação de liberdade... A sensação que arrancaria a dor e o sofrimento de mim e transformaria tudo em nada... Apenas em nada.

Suspirei pela última vez e, ao pular, uma voz sussurrou na minha mente:

"...Tudo na vida tem seu preço. Se você ganha alguma coisa, deve pagar por ela. E deve ser um preço exato, sem faltas, nem exageros...".

E, com a impressão de ter visto um corvo gigante, tudo se apagou.


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Notas finais do capítulo

- Queremos no mínimo 10 reviews para continuar...