Ponto de vista: Athena

Faziam quase duas horas que meu pai havia se sentado na nossa frente e até agora ele não tinha proferido nada. Nadinha.

Pude ver Poseidon engolindo em seco. Qualé, até eu estava com medo. Muito medo.

Eu já tinha visto, mesmo quando eu era apenas uma criança, meu pai brigando e punindo pessoas. Eu sabia do que ele era capaz e acho que mesmo com fato de eu ser sua filha mais velha e querida, isso não me pouparia de um castigo.

Estremeci quando ele levantou os olhos e me encarou friamente.

- Athena.

- Sim, pai? – falei baixinho.

- Estou decepcionado com você. – aquilo foi como uma lâmina fria entrando lentamente em meu peito e sendo puxada com tudo; pior do que qualquer outra punição para uma filha ouvir isso do pai que tanto seguia cegamente.

De súbito, senti as lágrimas chegando, a última coisa que eu queria era chorar na frente dele, algo que só pioraria sua nova visão sobre mim.

Abaixei a cabeça quando dois braços quentes me puxaram.

- Zeus. – Poseidon o repreendeu.

- Você não tem moral pra falar algo sensato, Poseidon. É melhor de boca fechada. – Zeus olhou o relógio. – Espero vocês aqui em cinco minutos.

[...]

- Pra onde nós vamos? – perguntou Poseidon.

- Alguém tem que trabalhar aqui, não é mesmo? – falou Zeus. – E se não são vocês...

- Como assim? Nós não estamos...

- Fora. É, eu me enganei ao pensar que vocês poderiam ser discretos.

- Não. Pai, me escuta. Foi um deslize, sim, mas isso acontece às vezes, ok? Por favor, só mais uma chance.

- Não, Athena, me escuta você. Isso não é pra acontecer nunca. Você é minha filha e eu não permito esse tipo de coisa. Você é pra ser a melhor, Athena, não uma simples... uma simples...

- Eu entendo, pai, eu entendo. Me desculpe, poxa! Mas eu não quero e não vou embora daqui sem aquele cara. – falei cruzando os braços.

- Ela tá certa. – disse Poseidon.

- Tá bem então. Mais uma chance. – Zeus bufou.

Ponto de vista: Percy

Corremos no meio daquela multidão. Tinham montes de vans da imprensa, as pessoas levantavam cartazes, celulares, câmeras e até jogavam peças de roupa no hall do hotel. Os seguranças, junto da SWAT, tentavam conter os que queriam invadir o Thirteen.

- Como vamos achá-los aqui? – perguntou Annabeth.

- Eu não tenho a mínima ideia e... ACHEI. – gritei, vendo cinco pessoas de preto saindo por uma porta lateral, longe do tumulto. Só tinha uma mulher no grupo, a mãe de Annabeth. E porra, elas eram muito parecidas.

Então, fiz a única coisa possível, puxei Annie e disparei em direção àquelas pessoas.

Ponto de vista: Poseidon

- Sabe, acho melhor não sairmos... – dizia Athena.

- Relaxa, ninguém vai nos ver. – falei.

- Poseidon, a SWAT está aqui.

- E...?

- Em outras palavras, eles são os caras que QUEREM NOS PRENDER! – ela gritou. – Ou você acha que mesmo nós sendo os melhores, nunca fomos vistos?

- COMO É QUE É? – gritou uma voz nítida que eu conhecia muito bem do meio daquela multidão.

- PERSEU JACKSON, O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

- AH, EU TE PERGUNTO A MESMA COISA!

- ANNABETH CHASE! VOCÊ ESTÁ AQUI TAMBÉM? – gritou Athena, olhando pra uma garota que era uma cópia dela.

- AH MÃE, NÃO ME VENHA COM ESSA! EU VIM ATRÁS DE VOCÊ!

- Ops. – disse Zeus segurando o riso. Ah, na hora de dar bronca, ele acaba com todo mundo, mas quando é pra amenizar as coisas....

- Pelo amor de Deus, por que estão aqui?! Eu estou trabalhando, Perseu! – gritei.

- Tá bem. – disse Athena passando a mão no cabelo. – Vamos sair daqui antes que chamem a CIA.

- CIA? Por que a CIA? – perguntou Annabeth.

- Acho que está na hora de dizer a eles. – disse Zeus sério, entrando no carro.

-  Entra, Percy. – falei mais calmo.

Ponto de vista: Zeus

É, cambada, a coisa tá feia.

Primeiro porque eu ainda não esqueci o noticiário da manhã, onde a minha filhinha estava com aquele cara. Sabe, ele é bom no trabalho, mas ele é casado e dorme com qualquer uma que entra na sua frente e agora a minha princesa tinha caído nessa, eu não acredito.

Segundo que agora Annabeth e o filho de Poseidon estavam aqui e eu quero só ver se eles vão acreditar na verdade... é, não sei se vão.

-  É melhor irem se explicando. – disse Athena de braços cruzados.

- Nós? E vocês que tem um caso?! – disse Percy. – Você é casado, pai!

- Não, eu não sou. E nós não temos um caso.  – esbravejou Poseidon.

- O que?! Nós vimos na TV.

- Percy, eu não sou casado com Anfitrite... e aquele negócio que estava na TV foi só algo passageiro...

- Passageiro... sei. Olha, nós viemos atrás de vocês porque tínhamos certeza que tinham um caso. – disse Annie.

- Nós estamos trabalhando! – gritou Athena.

- E no que? Hein mãe? Você sempre viaja a trabalho mas nunca diz qual é o seu trabalho! Poxa, eu já tenho dezoito anos e até hoje não sei o que você faz!

- Eu disse que vocês teriam de contar. – falei.

- Argh, tá. Tá legal. A gente conta, mas já vou avisando que vocês não vão acreditar. – disse Poseidon. Percy pediu pra ele continuar. – Nós somos da Buddies.

- Buddies?! Aquela super-mega-empresa com um monte de pessoas que matam gente do mal e que está sendo procurada em mais de 45 países?! – perguntou Annie. Athena assentiu.

Percy e Annabeth se entreolharam e caíram na gargalhada.

- Estão dizendo que vocês são atiradores profissionais que matam pessoas a mando do dono da Buddies? E que estão fugindo da CIA, do FBI, da SWAT, do CSI e tudo o mais? – perguntou Percy, rindo.

- Exatamente. – Poseidon disse.

- Eu só acreditaria se o próprio dono da empresa aparecesse na minha frente em carne e osso e dissesse isso. – disse Annie.

Athena e Poseidon me encararam e eu sorri, assentindo.

- Bom, Annie, sua mãe entrou na empresa com a sua idade... o que acha de seguir o mesmo caminho? – perguntei.

- Espera um pouco... – ela começou, alternando o olhar entre eu e Athena. – Você? Você é o dono da empresa, vô?

- Em carne e osso.

- Pai, não acho que seja uma boa ideia, sabe...

- Athena, você tinha a idade dela na época... acha que eu não tive medo? Acha que eu não temi por você? Mas eu aprendi a confiar. A confiar que você se sairia bem. É um dom. – falei. – Annie?

- Eu quero.

Depois de um silêncio dramático, Percy se pronunciou.

- E eu? Não vou ficar sentado esperando vocês voltarem da aventura emocionante. E aliás, meu pai também é um dos buddies.

- Muito bem então. Agora são quatro.

- Zeus, você não vai ficar?

- Não Poseidon, vim só pra ver se estava tudo nos conformes... e já que vocês tinham coisa melhor pra fazer, eu fiz o trabalho de vocês. – falei, ligando uma mini-TV. – Essa é uma câmera do Fight. A esposa e a filha estão lá. Ele deve estar também.

- Cronos tem uma esposa?

- E uma filha?!

- É isso aí. Boa sorte. – sorri. – As munições foram colocadas embaixo da cama.