Ponto de vista: Poseidon

Encarei uma coisa vermelha... aquilo é... o que é aquilo?

Ah, é o teto.

Mas não me lembro de nenhum teto vermelho.

Por que diabos parece que minha cabeça vai explodir?

Cara, eu devo ter bebido muito ontem à noite.

Me sentei. G-ZUIS, como eu vim parar nessa cama?

Minha visão ficou turva de repente. Talvez eu não devesse arriscar outros movimentos e... eu acabei de ver uma perna. Que não é a minha. Mas está em cima da minha.

E PUTA QUE PARIU.

Agora são duas pernas. Claras. Macias. E muito gostosas, acredite. E elas acabaram de se mexer.

E uma mulher acabou de se sentar ao meu lado e está me encarando confusa; muito confusa.

- Poseidon? – ela perguntou com o cenho franzido e os olhos semicerrados, ainda se adaptando à claridade que entrava pela janela.

- Athena?

- Por que que você tá pelado? – ela perguntou olhando pra baixo.

- Por que você tá pelada?

- Ahn? – ela disse, ainda confusa, mas depois arregalou os olhos, abrindo a boca. – SEU TARADO.

- Tarado o caramba. Eu nem sei como vim parar aqui.

- Ah e eu sei, é claro. – ela ironizou.

- Peraí, o que que aconteceu ontem?

- A gente transou, foi o que aconteceu. Deus, você é tão lerdo assim? – ela perguntou se enrolando no lençol e saindo do quarto.

- Hey, aonde é que você vai? – perguntei abrindo a porta de novo.

- Descobrir o que aconteceu.

- Assim?! – falei apontando o lençol.

- Olha só quem fala, sr. ‘eu sou gostoso e ando pelado por aí’. – ela riu, balançando a cabeça. Uma mulher com o uniforme do hotel saiu do elevador que Athena esperava e  arregalou os olhos, pra logo depois sair correndo e gritando.

- Vou com você. – falei entrando no elevador uma fração de segundo antes de fechar.

- Você tá pelado, idiota. Sabia que pode ser preso?

- Você não deveria surtar, gritar e tentar me matar?

- Vou esperar pra saber o que aconteceu.

[...]

- Você tem belos seios. – falei dando de ombros enquanto o elevador parava.

- Pensei que não se lembrava de ontem. – ela disse fria, mas juro que vi um sorriso brincando em seus lábios.

- Tem coisas que são impossíveis de esquecer.

- Senhor, vocês são uns depravados! – disse Mary. EPA. MARY?

- Mary, não é o que você tá pensando. – disse Athena rapidamente.

- Ah, é sim! – disse Mary. – Vocês são uns... uns...

- Uns ótimos vizinhos de quarto. – disse John me estendendo uma toalha. – Nem conseguimos dormir ontem à noite.

- Ah... vocês sabem o que houve...? Viram alguma coisa...? – perguntei parecendo um policial que entrevista aqueles carinhas, tipo no CSI.

- Nós não. Mas ouvimos umas risadas...

- Droga. – disse Athena indo pro Café do hotel. Eu já tinha estado ali... mas parecia ter sido há tanto tempo...

Nos sentamos e todos começaram a nos olhar. Dava até medo.

- Ora, muito bom dia pro casal mais falado do mundo. – disse o garçon sorrindo.

- Que história é essa? – sussurrou Athena olhando em volta.

- Ah, vocês não sabiam? São os famosos do momento. – ele disse jogando um jornal na mesa e saindo.

- ‘Casal apaixonado vira sensação’. – Athena leu a manchete acima de uma enorme foto onde nós dois estávamos dançando em cima de um balcão.

- Ih...

- ‘Um homem e uma mulher, até então meros hóspedes do Thirteen, ficam famosos por escândalo romântico.’ – ela continuou. – ‘Jack, barman do hotel, revela que a mulher, Athena, após beber todas, ganhou a companhia de um homem, Poseidon, o qual o nosso barman percebeu ser seu esposo. Os dois, juntos e bêbados, acabaram em uma dança sensual em cima do balcão, o que chamou a atenção de várias outras pessoas que estavam no hotel e que até filmaram o acontecido.’

- ‘Uma dança sensual’?! – perguntei de boca aberta.

- ‘Filmaram o acontecido’?

- Ah, é, filmaram sim. Olhem só. – disse o garçon que tinha acabado de voltar com dois cafés. Ele pegou um netbook e nos entregou. A página da internet estava aberta num site de notícias internacionais, onde tinham várias fotos onde um casal se beijava como se fosse a última coisa que fariam na vida e abaixo um vídeo de nós dois dançando e, CARA, EU DANÇO BEM.

- Ah não, só me faltava essa. – murmurou Athena ao meu lado.

- Relaxa, é só um videozinho. – falei, ainda maravilhado com aquilo.

- Eu não estou falando disso.

Olhei pra ela que tinha uma expressão de assombro e medo no rosto, algo que eu nunca tinha visto nela. Segui seu olhar até outro ponto e percebi o porquê de seu temor.

Três caras de preto caminhavam em nossa direção. O da frente tinha passos fortes e nos olhava com ódio (pareciam até MIB – homens de preto, mas voltando...).

Zeus.

É, só me faltava essa.

Ponto de vista: Annabeth

- Annie, corre aqui.

- Me deixa, Percy. – falei sentada no chão do banheiro, encostada na porta.

- É sério, Annie, vem logo.

Bufei e abri a porta. Percy estava sentado na beirada da cama, olhando a TV.

- São eles. – ele apontou para a tela, onde uma foto dos nossos pais estava no canto, sobrepondo uma multidão que estava ao vivo na frente de um prédio.

- Como assim? – me sentei ao seu lado pra poder ver mais de perto.

- ‘E nós continuamos aqui em frente ao Thirteen, onde o casal Jackson está hospedado, rezando para que eles ao menos apareçam na sacada da suíte...’ – dizia a mulher com um microfone, quase não dava pra escutar pela gritaria que os outros estavam fazendo.

- Bingo! – gritou Percy. – Vamos, eles estão no Thirteen.

- Ah, mas peraí, que história é essa de ‘casal Jackson’? – perguntei.

- Annie, a gente pergunta tudo pra eles, agora anda!