All I Want Is You escrita por Nunah, imagine


Capítulo 34
epílogo - unforgivable




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Even though it’s been so long.

Now I know this is where I don’t want to be.

And I know something’s not right.

Now I’m telling you get off of me.

Já fazia quase dez minutos que aquela festa tinha começado e a Annabeth? Ainda não tinha aparecido.

É. O Percy ia surtar.

Apesar de lá no fundo ele estar se achando um louco, sua mente doentia e paranóica insistia em se perguntar se ela tinha desistido de se casar.

E se ela começou a pensar que eu sou um idiota que nunca a fará feliz como Athena repetia todo santo dia?!

Mas, algo em seu coração dizia que era uma coisa normal, que ela não estava atrasada porque tinha o deixado. Ela não tinha feito isso. Depois de tudo o que aconteceu, bem, se ela quisesse desistir teria o feito há tempos...

Certo?

Ah, droga, aonde ela se meteu?! Será que ela fugiu? Com algum cara? Sei lá, isso acontece nos filmes.

- Calma, Percy, ela vai vir.

Hefesto ria do nervosismo do garoto. É sempre assim no começo.

- Mas e se ela decidiu que é nova demais pra casar?! E se isso acontecer, Hefesto?! Poxa, isso não é tão impossível, sabia?

- Velho, você tem que parar de pensar essas coisas negativas, credo...

Ele continuou rindo. Não era sua culpa Percy estar andando de um lado para o outro com cara de que o mundo estava acabando e que ele poderia morrer a qualquer instante.

- Olha só, pensa comigo. Vocês passaram por muitas coisas juntos. Aposto como demoraram séculos para fazer Athena aceitar essa união de vocês apesar da rixa dela com Poseidon. E depois de dois meses de noivado, quando a nova toda-poderosa da Buddies resolve dar uma festa em comemoração você acredita mesmo que Annabeth seria capaz de abandoná-lo sem mais nem menos?!

Hefesto podia estar debochando dele antes, mas naquele momento ele tinha posto o tom irônico de lado e estava falando sério. Ele realmente gostava de Percy, que era quase como um filho, e não queria deixá-lo pensando que havia sido abandonado pela noiva.

- É. Você está certo – Percy suspirou. – Mas por que ela está demorando tanto?

Ele revirou os olhos.

- Calma, cara, as mulheres são assim mesmo. Você vai ver, no dia do casamento terá que esperar muito mais.

- Não sei se vou sobreviver.

Hefesto sorriu ao avistar algo por cima de seu ombro. Quando Percy se virou, ele soube o motivo daquilo. Afrodite estava parada na porta do salão, com um vestido vermelho – como era de se esperar.

E para a frustração total de Perseu, Silena não estava junto com ela. Ou seja: Ele não iria saber se Annabeth te deixou à ver navios.

Eu mereço.

- Tenho que ir – murmurou Hefesto. – Aah. E meus pêsames, você acaba de assinar sua sentença, mais conhecida como casamento.

- Ah, obrigado cara. Obrigado mesmo, você é muito legal... realmente.

Percy revirou os olhos quando se deu conta de que estava falando sozinho, encarando Hefesto aos beijos com a mãe de sua amiga.

Isso é um complô contra mim?

***

- Annabeth, para de besteira, ele te ama!

- Mas... Mas e se ele não gostar? – a outra insistia em dizer.

- Garota, você está linda. E vocês são perfeitos juntos.

Annabeth encarou seu reflexo no espelho. Ela não se reconhecia. Bom, ela sabia que era ela; mas ao mesmo tempo não era.

A garota no espelho era linda, confiante e estava feliz. Seu corpo era moldado suavemente por um vestido azul claro e seu rosto estava com uma maquiagem leve.

Essa não sou eu. Sim, eu estou feliz mas...

- Mas Silena, nós temos dezoito anos! E se mais tarde ele achar que fez a escolha errada? E se eu não for suficiente?

Ela desabou no sofá. Annabeth não queria uma vida de rejeição. Não queria ser colocada de lado como uma boneca velha e ultrapassada que só serve para acumular poeira. E se ele descobrir que poderia ter sido mais feliz com outra? E se ele não me quiser mais?

 - Ah, não, Annie, eu não vou deixar você chorar. Poxa amiga, você e Percy se amam. O amor não tem idade, Annabeth. Você vai ver, quando tiverem oitenta anos e rodeados de netos, você vai entender o que eu estou falando.

Silena se sentou ao lado da amiga e a abraçou. Ela não poderia deixar Annabeth desistir de tudo àquela altura do campeonato. E Percy? Ele era uma boa pessoa e a faria muito feliz... Apesar de a culpa não ser dela Annie ter herdado a cabeça-dura da mãe.

- Você é dramática, sabia? – Annie lhe perguntou.

- Eu não sou a única – ela sorriu ironicamente.

- Pára, eu estou falando sério. Ele pode muito bem estar iludido.

- E também pode estar confiante e certo da decisão que tomou. Você não viu minha mãe com aquele cara? Ele parece ser legal. E ela merece viver a vida, merece o amor, Annie. É disso que eu estou falando. Idade não tem nada a ver, entende? E sua avó e o John? Eles têm tudo pra dar certo e só pensam em complicar ainda mais! – ela parou para tomar fôlego. – Por favor, Annie. Não desista agora, por favor. Confie em mim.

A garota de lindos cabelos loiros engoliu em seco antes de encarar a amiga. Silena estava certa, ela sempre conhecia mais essas coisas do que qualquer outra pessoa.

Eu estou sendo uma idiota tentando contrariá-la.

- Tudo bem, eu confio em você. Silena, você sempre me ajudou e me deu conselhos, me desculpe, eu estou sendo boba – ela suspirou pesadamente.

- Está mesmo – Silena sorriu. – Mas eu entendo que esteja nervosa. Todas ficamos.

Annabeth assentiu, tentando sorrir. Ela sempre sabia como animar as pessoas e nunca se ofendia.

Ela é perfeita. Por que sempre está tão sozinha? Tá, é claro que eu sei que Silena tem lá seus rolos mas... Ela é sempre tão simpática e atenciosa. Como nunca encontrou alguém?

- Obrigada por tudo.

Silena se levantou de um pulo, seu vestido rosa ondulando, pronta pra tudo, como sempre.

- Não tem de quê, agora vamos, Perseu deve estar subindo pelas paredes!

Annabeth não pode deixar de rir, completamente livre daquela tensão anterior.

- Coitado, ele não merece isso.

Em poucos minutos Silena já tinha a arrastado até a entrada do salão, se recusando a acompanhá-la.

- Você tem que fazer isso sozinha, Annie. É a sua festa.

- E ainda se diz minha amiga, né?! – Annabeth revirou os olhos. A amiga saiu andando para outro lado.

Ela entrou no salão.

Não foi como nos filmes aonde todos se viram para olhar a mulher do momento nem nada parecido, e Annabeth agradeceu silenciosamente por isso. Tinham tantas pessoas quanto na noite em que Athena assumiu a empresa, só que ali era algo mais descontraído e Poseidon tinha feito questão de não comentar nada com os executivos/sócios/vagabundos/corruptos/safados da empresa. Ainda bem.

Também, se eles estivessem aqui, dona Athena os colocaria pra fora em dois tempos.

Ela pôde avistar sua avó, John, sua mãe, Poseidon, Hefesto, Afrodite, Apolo, todos conversando animadamente – não necessariamente um com o outro.

E Percy. Ele estava parado lindamente do outro lado do salão parecendo uma mula empacada com cara de tacho.

Mas mesmo assim continuava com sua perfeição de sempre.

Ah meu Deus, será que ele não gostou? Eu estou tão mal assim?

Ela vacilou. Mas seu pensamento foi direto para Athena. Se Percy falasse algo de ruim, ela lhe daria um belo tapa e sairia dali com o nariz empinado mostrando ser uma legítima filha da mãe.

- Percy, está tudo bem? Você está pálido.

Ele sorriu. Ou pelo menos tentou.

- A-Annie. Pensei que não viesse. Já estava ficando preocupado.

Ela desviou o olhar, provavelmente corada. Aquilo a fez lembrar nos acontecimentos anteriores, da conversa que tinha tido com Silena, e que se não fosse pela mesma ela não estaria ali naquele momento.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, Percy, está tudo certo. E você? Não está subindo pelas paredes, não é? Silena teve medo que isso acontecesse.

Para sua surpresa, ele riu, negando com a cabeça. Por pouco. Mas a tensão continuava ali. Era estranho que depois de todo aquele tempo eles caíssem num silêncio constrangedor e pesado onde qualquer coisa poderia ser como uma bomba.

- Annabeth?

Ela o encarou. Seus olhos verdes tão lindos estavam cheios de preocupação, alívio e medo. Annabeth se perguntou o porquê daquilo. Será que ela tinha feito algo?

Ah. É agora que ele diz tudo e eu comprovo que estava cheia de razão.

Perseu engoliu em seco. Seria certo continuar? Ela estava tensa e ele via isso, queria ajudá-la. Mas e se ela se sentir ofendida e me deixar plantado aqui sozinho?

- Percy, você está bem mesmo?

- Sim, Annie, eu só estava com medo de que você me deixasse. Sabe, eu sei que somos novos e tudo o mais, mas eu te amo. E quero seguir todo o resto da minha vida ao seu lado. Quero me casar, quero ter filhos, quero acordar no meio da noite por causa de crianças choronas, quero te ver com um barrigão, eu envelhecer com você.

Ele segurou seu rosto com as duas mãos.

- Por favor, não me diga que está cedo demais. Eu já disse, eu amo você. Não é isso o que importa?

- Oh, Percy! – naquele momento lágrimas que ela estava tentando segurar a minutos inundaram suas bochechas, escorrendo sem parar. Annabeth o abraçou fortemente, sentindo-o ficar surpreso, mas rapidamente retribuindo o abraço.

- Annie, o que foi? Eu te magoei? Me desculpa, eu-

- Pára, Percy! É claro que não, seu bobo. Eu tive medo que você não me quisesse mais. Eu também te amo. Muito. Promete que nunca vai se esquecer disso?

Ele afagou seus cabelos, beijando sua testa.

- Nunca – Percy sussurrou. – Acho que devíamos dançar, não?

Annie riu. Eles estavam bem.

- Vamos logo, Cabeça-de-Alga.

Okay, let’s keep this simple.

I do intend to live my life on the safe side.

It’s who I am and it’s who you aren’t.

I can, I can see you clearer.

***

Hefesto olhava sonhadoramente para Afrodite enquanto a mesma discursava algo sobre viagens à Paris, Londres e Roma e como eram lindas as roupas que ela tinha visto no último desfile que presenciara em Veneza.

- Hefesto, você está me ouvindo? – ela perguntou, estalando os dedos na frente de seu rosto.

- Aah, me desculpe querida, eu estava distraído – ele tentou sorrir.

Afrodite suspirou, tomando um pouco de seu drink.

Hefesto viu como seus lábios eram perfeitamente desenhados e tinham um tom diferente de vermelho, às vezes pareciam rosados, outras ficavam mais escuros. Ela é tão linda. Os cabelos cor de mel com mechas castanhas lhe caíam em cachos largos pelos ombros até a cintura, seus olhos violetas – uma variação do azul extremamente rara – que vagavam pelo salão despreocupadamente... O que está acontecendo comigo?

Ela era diferente. Ela o havia atraído como nenhuma outra tinha conseguido. Athena estava certa ao pensar nele como um conquistador barato que se diferenciada apenas por ser carinhoso com as mulheres antes de colocá-las de lado, mas não era aquilo que estava acontecendo.

Hefesto havia tomado tanto cuidado para não ofendê-la ou machucá-la que acabara gostando. Eu não a mereço. Eu não posso feri-la. Não vou conseguir ficar com ela só por diversão para depois deixá-la.

Afrodite o olhou, sorrindo.

- O que foi? Por que está me olhando? – ah, e ele não podia negar que seu sotaque era realmente irresistível.

- Você é perfeita, sabia? – Hefesto sussurrou, passando o polegar em sua bochecha.

Se não fosse pela maquiagem, ele a veria corada. Afrodite desviou o olhar, completamente sem jeito.

O que estava acontecendo com ela? Na maioria das vezes era ela quem deixava os outros assim, sem saber o que fazer, o que dizer... Mas quando ele olhava em seus olhos... Parecia que conhecia todos os seus segredos. Havia uma conexão ali.

Ela nunca tinha sentido algo assim. Ninguém nunca a fizera sentir algo assim.

- Hefesto, isso não é verdade – a mulher murmurou, forçando-se a encará-lo.

- É claro que é verdade – ele sorriu. – Você é muito boa pra mim, Afrodite.

- O-o que quer dizer? – ela perguntou, começando a se desesperar.

Será que ele está tentando se livrar de mim? Mas eu não fiz nada, fiz?

Hefesto suspirou, passando a mão pelo cabelo. Como ele diria aquilo? Não poderia continuar com ela, ele a machucaria. Ela não merecia.

- Afrodite, eu não sou esse cara que você conhece. Eu sou um aproveitador, um idiota. Se eu ficar com você... Bem, eu não quero que isso aconteça... E-eu poderia te ofender, te machucar...

Ela sorriu fracamente, pegando sua mão.

- O homem que eu conheço é educado, é uma boa pessoa... É atencioso – ele a olhou suplicante. – Eu posso ver nos seus olhos... Você não quer ir.

- Mas eu tenho. Eu queria ser diferente, mas não consigo, simples assim. Uma hora ou outra eu vou acabar fazendo besteira.

- Por que não confia em mim? – ela perguntou, olhando em seus olhos. – Eu posso te ajudar. Você vai ver, vai conseguir mudar. Por favor?

Hefesto colocou uma mecha atrás de sua orelha, tentando sorrir. Ela era tão... Diferente das outras. Afrodite acreditava que as pessoas poderiam mudar. Que poderia ajudá-lo a mudar. E estava disposta a fazê-lo.

- E se não der certo?

- Não existe isso de dar certo. Só existe querer ou não. Se você quiser, mesmo, você vai mudar. Se não...

- E você? E se eu fizer algo?

- Eu sou mais forte do que pensa.

Cronos mudou... Bem, na verdade ele não mudou porque ele nunca realmente tinha querido fazer tudo aquilo... Mas se ele tivesse mudado...

Hefesto suspirou, rendendo-se.

- Está bem, eu confio em você.

Ela sorriu.

Afrodite beijou seus lábios levemente, puxando-o para o meio do salão. Hefesto também sorriu, colocando as mãos em sua cintura e a conduzindo na dança.

The way you choose, you always want the best for you.

Now I’m standing here with crying eyes.

I still see through your disguise.

***

- Aquele… é o meu padrinho… com a sua mãe... no meio do salão... dançando?! – o garoto de cabelos castanhos exclamou, estreitando os olhos para conseguir enxergar direito.

- Hefesto é seu padrinho? – perguntou Silena, quando se virou e viu Afrodite dançando com o ‘cara legal’.

- É... E aquela é sua mãe, certo?

A garota o encarou, inquisitiva.

- Você tem algo contra minha mãe? – ela perguntou, cruzando os braços como costumava fazer quando pareciam falar da sua família.

- Não, é claro que não... Mas não vai ser estranho?

- Charlie, por favor, que coisa clichê. Estamos em pleno século vinte e um e você está ligando pra isso?! – Silena revirou os olhos, abraçando seu namorado. – Eles vão entender.

- Tem certeza? – o garoto murmurou, retribuindo o abraço um pouco indeciso.

- Claro. Não acha que é uma boa hora para assumir essa relação? Estamos namorando há três anos!

Ele sorriu, acariciando as costas da namorada.

- Bom... Depois de três longos anos... É, acho que já está na hora.

Silena sorriu e se pendurou no pescoço de Charles.

- Obrigada, obrigada, obrigada Charlie! Você é o melhor namorado do mundo! – ela disse, distribuindo beijinhos por toda a sua face.

- É... É, eu sei.

- Charlie! – a garota exclamou, batendo em seu braço de leve.

***

A garota de cabelos ruivos lisos até o meio das costas, de olhos verdes-oliva e poucas sardas no nariz caminhava despreocupadamente pelo grande salão, olhando as pessoas, tão felizes, comemorando.

Ela sorriu ao ver sua amiga abraçada com seu noivo, os dois com olhos brilhantes, encarando o anel encaixado em seu dedo. Eles, mais do que ninguém, merecem um final feliz.

 Suspirando, Rachel parou à frente de uma mesa com milhões de docinhos coloridos, rindo sozinha da lembrança de Annabeth e Silena discutindo porque tinha muita coisa rosa.

- Ei, Rachel, não é?

Ela se virou. Apolo havia parado ao seu lado, sorrindo, com as mãos nos bolsos. Seu cabelo loiro refletia com a luz do Sol que penetrava nas janelas.

- Oi.

Ele riu.

- Apesar de tudo o que aconteceu, nós não tivemos nem tempo de conversar.

A ruiva suspirou enquanto comia uma bolinha azul, que parecia açúcar puro, só que era bem menos enjoativo.

- Você deve ter uma visão péssima de mim... não é pra menos. Eu fiz coisas horríveis por causa deles.

Rachel olhou em direção a John, sentado em uma mesa ao canto, e Apolo soube que ‘deles’ se subentendia Cronos e Anfitrite.

Era como se John e Cronos fossem pessoas totalmente diferente, e eram, só estavam confinadas no corpo do mesmo homem.

E por incrível que pareça a explicação para isso não é bipolaridade.

- O que você quer fazer, Rachel? – Apolo perguntou, escorando-se na ponta da mesa. – Sabe, você, Annie, Percy... A formatura de vocês é daqui a alguns dias...

- Aah. Certo. Entendi – ela disse, sentando-se em cima da mesa; de preferência perto dos docinhos. – Bom, não sei. Eu pensei bastante em Astrologia, sabe? Tem todas aquelas ciências, teorias, superstições, histórias, mitos... Eu sempre gostei bastante do negócio dos signos, cartas, leitura da mão, futuro, enfim... Essas coisas.

- Legal – ele murmurou.

Rachel se virou para ele com as sobrancelhas arqueadas. Ele estava sorrindo, balançando a cabeça, provavelmente pensando o quão louca ela era.

- Isso é realmente muito legal, sério.

- Acha mesmo isso? – perguntou ela, franzindo o cenho.

- Sim, claro que eu acho isso. É algo diferente, interessante... Eu sempre quis ser músico, ou poeta e tal... Mas meu pai queria que eu fizesse algo, como ele mesmo dizia, mais sério. Então eu escolhi medicina, que eu sempre gostei também.

Rachel sorriu.

- Você toca?

- Toco baixo, por que? – ele respondeu, abrindo um sorriso malicioso.

A mesma ideia rodava em suas mentes. Algo lhes dizia que seriam grandes amigos.

- Porque eu toco bateria.

Eles captaram a mensagem. Levantaram-se de um pulo e foram atrás de algum instrumento que pudessem usar para animar aquela “festa”.

- Te vejo aqui em meia hora? – ela disse, sorrindo largamente.

- Meia hora – ele assentiu.

***

Ele, distraído, com uma taça de vinho na mão, passava os olhos pela decoração das paredes do salão desinteressado, com nenhuma vontade de se levantar para dançar, ou ir embora.

A mulher loira que ele avistou vagamente estava vindo até ele... mais perto... mais perto...

- Ei! O que pensa que está fazendo sentado aí enchendo a cara? – ela perguntou, sentando-se ao seu lado. – Vamos, John, isso é uma festa!

- Métis, eu estou bem aqui, obrigado.

Ele relanceou um olhar em sua direção. Ela o encarava, com uma sobrancelha levantada. Seus lábios rosados se formaram em um sorriso maquiavélico.

- Ah não... Não, não, não.

Métis se levantou e o puxou com toda força pela mão, fazendo a taça quase sair voando.

- Vamos John, é a festa de noivado de Annie e Percy e você fica aí? Vem, vamos dançar.

Já de pé e mais desperto, ele suspirou.

- Eu já disse que estou bem aqui. E eu não sei dançar.

Ela revirou os olhos – gesto mais do que comum para ela, Annabeth e Athena – e bebeu todo o líquido que a taça de John continha, deixando-o indignado.

- Eu não acredito.

- Eu não vou te deixar ficar bêbado, não aqui. Por Deus! Você parece uma múmia.

John se recusava a dar mais alguns passos, para aonde havia inúmeras pessoas dançando.

- Vamos logo, antes de Apolo colocar músicas que, cá entre nós, não são da nossa época.

Ele teve de rir.

- Não são da nossa época? Tá me chamando de velho?

- Hmmm. Um pouquinho. Mas eu disse ‘nossa’ e não ‘sua’. Eu também me incluí.

John abriu a boca, ultrajado.

- Então você assume?

- É claro – ela deu de ombros.

Pegando-a pela mão, ele andou a passos largos até estarem no meio do salão.

- Ora, eu vou te mostrar quem é velho aqui – John falou ainda indignado, puxando-a para si com a mão em sua cintura.

Métis jogou a cabeça para trás, rindo, deliciando-se com a raiva dele. Afinal, o plano de provocá-lo tinha dado certo e agora eles estavam dançando.

- Ah meu Deus, John! Você não muda, não é?! Continua com o mesmo gênio explosivo.

Ele sorriu quando ela relaxou em seu ombro, suspirando.

And I know things have been going on.

You know you can’t erase your sin.

And now you can’t see your reflection.

I know that your heart breaking.

***

Ela estava conversando animadamente com outra mulher. Ele a observava atentamente de longe. Seu sorriso não era mais tão feliz, seus olhos perdiam o brilho pouco a pouco e sua pele ficara mais pálida.

Mas ela continua linda.

Então, ele resolveu que aquela era a hora.

Caminhou lentamente até as duas mulheres, sem deixar que percebessem. Quando estava perto o suficiente, colocou sua mão de leve em seu ombro, fazendo-a se virar.

- Podemos conversar?

Eu não queria que terminasse assim. Nós ainda não estamos prontos... Ou, talvez, ela estivesse certa. Nós não fomos feitos um para o outro, o que aconteceu foi só um erro do destino.

Ela se despediu da mulher e o encarou.

- O que você quer, Poseidon?

Antes de responder, ele a segurou pela cintura e a conduziu calmamente até um canto mais afastado.

Ele a olhou, suspirando, com o intuito de gravar seus traços delicados na mente.

Aos poucos, ela foi relaxando em seus braços, enlaçando seu pescoço e o acompanhando na dança.

Suas testas se encontraram. Athena fechou os olhos. Poseidon sorriu.

- Athena – ele sussurrou, encostando a boca em sua orelha. Ela se arrepiou. – Eu quero que saiba que eu sempre vou amar você.

- Por que isso agora? – Athena lhe perguntou, sentindo os olhos começaram a lacrimejar.

Poseidon não respondeu. Quando seus olhos se encontraram novamente, uma vontade imensa de beijá-lo a atingiu, mais forte do que das outras vezes. Por que aquilo estava acontecendo de novo?

Ela se aproximou, roçando seus lábios nos dele.

- Eu também amo você – ela disse, beijando-o.

Ao contrário do que planejara, ele não conseguiu resistir. Pressionou-a contra a parede, agradecendo mentalmente por não ter ninguém por ali.

Athena agarrou seus cabelos, querendo-o mais perto, o que era quase impossível. Seus lábios continuavam macios, com gosto de menta. E o que temia estava acontecendo. Ela estava se arrependendo.

- Poseidon – ela sussurrou, dando beijos rápidos. – Fique comigo.

Ele sorriu.

- Eu vou ficar – ele sussurrou de volta, continuando a beijá-la.

E eles ficaram ali, por tempo indeterminado, até perceberem que o sol estava se pondo.

Poseidon a levou até a varanda, que tinha uma escada de pedra até a praia. O prédio onde estavam ficava num lugar quase que particular, que Athena fizera questão de restaurar como patrimônio histórico, à beira da praia.

- Athena, eu não tenho muito tempo. Eu tenho que ir até a Grécia, resolver alguns problemas pessoais. Tenho uma dívida lá, de uma missão. Não sei quando vou voltar. Na verdade, eu nem sei se eu vou voltar...

Sua voz se perdeu no vácuo.

O sorriso dela foi se desfazendo. Ele estava a deixando?

- Isso... tem algo a ver comigo? – perguntou, segurando as lágrimas.

- Não – ele respondeu-lhe firme, olhando em seus olhos. – Só uns amigos precisando de ajuda, nada de mais.

- Você diz que não sabe se volta e que não é nada de mais? Poseidon, você não muda!

Ele riu, balançando a cabeça.

- Nunca.

- Se eu pudesse iria com você.

- Eu sei.

Ele a beijou mais uma vez, esquecendo-se completamente da hora... até seu celular tocar.

- Droga.

Athena pulou em seu pescoço, abraçando-o, sentindo seu aroma talvez pela última vez.

- Você vai voltar, eu sei que vai.

- Eu te amo.

- Eu também – ela sorriu, enquanto ele descia as escadas desfazendo o nó da gravata.

Ela se sentou ali, olhando-o ir embora. Quando o viu segurando as meias, os sapatos, a gravata e o smoking, com as calças dobradas até o joelho e a camisa aberta, ela soube.

Talvez ele não volte mesmo.

Tinha sido bom o tempo que passaram juntos, tirando as brigas constantes e as turbulências que insistiam em separá-los.

Ele não vai voltar... Não tão cedo.

Ele a amava, ela retribuía o sentimento. Mas eles não podiam ficar juntos.

Eles tentaram mais de uma vez ir contra os acontecimentos. E mais uma vez eles os impediram.

Mas nada importava muito naquele momento. Pois eles estavam bem.

I never meant for you to choose.

You should’ve known better.

There’s nothing left for you to loose.

When you looked at me and said you had it all.

But what you did… It’s not unforgivable.


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Notas finais do capítulo

É gente, acabou :/ Espero que tenham gostado. Obrigada por tudo, ok? Pelo carinho, pelos reviews, pelas recomendações, enfim... Até a próxima ;)



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