All I Want Is You escrita por Nunah, imagine


Capítulo 26
capítulo 24 - i'm not a girl, not yet a woman (2)




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Ponto de vista: Métis

Minha vontade, depois de todos aqueles anos, todas aquelas mentiras, tudo, era bater a cabeça daquele animal na parede até ela explodir.

Será que não bastava eu? Tinha que meter Athena nisso? Até Apolo? Annabeth?!

Mas que raiva!

Cronos era um idiota sedento por poder, isso sim.

Depois de tudo que eu passei aqui, acabei por acreditar naquela história. No dia em que Athena nasceu, ele teve a audácia de injetar fluídos em mim, para pensarem que eu tinha morrido!

E depois… Ainda me trouxe para cá.

Quantas vezes ele disse que me amava? Não sei, uma, duas, cinco, talvez vinte.

Aquilo era golpe baixo. E sujo.

Eu não o amava, claro. Eu o odiava. Roubar a esposa do irmão apenas para obter poder… E depois, armar para Athena.

Ele nunca esteve feliz! Sempre quis mais!

A empresa, a vida, a família do irmão. Esse… invejoso.

Mas o bom é que, todos temos nossas fraquezas, e a dele era justamente essa. Ele, querendo ou não, é um ser humano comum. Pode amar e odiar. Querendo ou não, ele… Sim, ele me amava. Eu sabia disso, via sem seus olhos. A esposa e a filha nada mais eram que apenas meios para ele conseguir o que quer…

Era ridículo. Horrível o jeito como as tratava. A filha, Rachel, quantas vezes não foi me visitar escondida? Apenas para conversar? Ela me contava coisas… incríveis.

É uma boa menina, eu pensava, não merece os pais que tem.

Me contou sobre Annabeth e Percy, sobre o plano de Anfitrite se aproximar de Poseidon, de Athena e Frederick e Mike…

Athena parece o pai, sempre se metendo com as pessoas erradas pra depois botar juízo na cabeça.

Mas aquilo, sem dúvida, era golpe baixo.

Pelo amor de Deus, custava deixá-los em paz? Não! Ele tinha que sair matando gente pra fazer com que Zeus enviasse Athena atrás dele.

Zeus… meu Zeus. Aquele cabeça-dura… Sempre querendo ajudar. Eu sabia que isso algum dia iria ser a sua decadência.

Se não saíssemos dali logo, a empresa cairia nas mãos deles. E se saíssemos, bem, não sei se Athena seria capaz de comandá-la, talvez… talvez ainda seja muito nova.

All I need is time, a moment that is mine

While I’m in between

I’m not a girl

Aquilo já era demais.

Corredor. Segunda porta à direita.

Provavelmente o corredor escuro por onde ia e vinha vários daqueles homens imundos.

Com passadas rápidas, eu já estava em frente àquela porta escura e desgastada, com ele atrás.

Assim que chutei a porta trancada, ouvi gritos, o que era esperado.

Ignorando John que praticamente não conseguia se manter em pé de tanta tremedeira, adentrei o quartinho escuro, iluminado apenas pelos raios solares que conseguiam atravessar a cortina escarlate, o que deixava tudo com um tom sombrio de sangue.

Assim que Anfitrite nos viu, deu um último tapa no rosto de Athena antes de gargalhar, mas eu vi que ela estava, sim, tensa.

- Ora, sua vadia! Como você ousa?! – gritei, avançando, mas John me segurou.

- Não, Métis, por favor, não vale a pena. Será que podemos agir como pessoas civilizadas? – ele sussurrou.

- O que foi que você disse?! Não vale a pena? Pessoas civilizadas? Poupe-me!

Assim que consegui me soltar, corri em direção a Athena, que estava caída no chão.

Não, ela não estava encolhida como uma perdedora que abraça o próprio destino, estava apoiada, tentando respirar normalmente.

- O que aquela bruxa fez à você, querida? – murmurei, enquanto a acolhia em meus braços.

There is no need to protect me

It’s time that I learn to face up to this on my own

I’ve seen so much more than you know now

So don’t tell me to shut my eyes

- O que… Quem…? – ela tentava dizer, com os olhos semicerrados.

Não, com certeza ela não estava em um dos seus melhores momentos.

- Shh… Não diga nada agora, não force sua capacidade. Você já passou dos seus limites, não queremos nenhuma tragédia aqui.

Olhei para John que ficara paralisado. Parecia não saber o que fazer. Parecia estar sendo desafiado pela própria mente. Ele parecia… dividido. Àquela altura, depois de tudo, ele estava se arrependendo… aquilo… era possível?

- Eu disse para você não exagerar! Precisamos dela! – ele gritou, para Anfitrite, que riu novamente.

- E desde quando você se importa?! Faça-me rir. Não precisamos deles! Somos livres! Poderosos! Podemos fazer tudo o que quisermos! – ela disse, abrindo os braços.

- Você não entende, não é? – ele sussurrou. – Isso é mais do que um plano. Isso é uma oportunidade… e você estragou tudo. Você quase matou a minha sobrinha, sua vadia! – ele gritou.

Num surto súbito de sanidade, John a pegou pelo pescoço e a jogou contra a parede, onde ficou uma marca de sangue.

- O que pensa que está fazendo? Você enlouqueceu? Depois de tudo que fiz por você? – ela sussurrou, descrente e um pouco mole.

- Nossas mãos estão manchadas de sangue. Merecemos o mesmo destino. – ele disse, e repetiu o mesmo movimento, deixando-a quase desacordada.

Em meus braços, Athena tremia violentamente, sangrando.

- Você foi corrompido por sua bondade. Sempre soube que isso aconteceria. – Anfitrite disse, antes de sorrir de um jeito diabólico.

Com um último golpe, John a deixou desmaiada no chão frio daquele cômodo escuro, segurando a porta para que eu pudesse passar com Athena, que não conseguia se sustentar.

Quando chegamos à sala novamente, Poseidon quase surtou quando a viu, mas por estar com as mãos amarradas, não pôde fazer muita coisa.

Com a ajuda de John, coloquei-a no sofá.

- Rápido, preciso de água, panos quentes e um cobertor. – ele disse, para um outro homem, o qual eu não sabia o nome.

Eu não entendi muito o porquê de ele estar ajudando, mas cada louco com sua mania, eu não iria impedi-lo de salvar minha única filha.

Pelo menos, a única que sobrevivera. Pois, segundo a farsa à qual eu tinha sido submetida, eu morri no parto, com o bebê, o que era mentira, já que eu estava viva, e o bebê, de fato, morto.

John, para a surpresa de todos, desamarrou os três, Poseidon, Apolo e Percy, e deixou que se aproximassem de Athena.

Assim que ele se virou, Apolo encostou um revólver em sua nuca, paralisando-o.

- Você nos condenou. – ele sussurrou.

- Apolo, pare – pedi. – Por favor, ele está nos ajudando. Sem ele, não iremos sair nunca daqui e Athena… ela pode morrer. Por favor.

Meio relutante, ele abaixou a arma novamente, mas não deixou de ficar vigiando John.

Poseidon, desesperado, deitou a cabeça de Athena em seu colo e um sorriso mínimo ameaçou aparecer em seus lábios cortados, o que era um sinal de que um simples gesto pudesse causar resultados aparentemente impossíveis.

Ele segurou sua mão com delicadeza e medo, como se o mais singelo toque pudesse quebrá-la.

E realmente, Athena já estava bem abalada para isso.

But if you look at me closely

You will see it in my eyes

This girl will always find her way

I’m not a girl, don’t tell me what to believe

John a cobriu com o cobertor até a cintura e colocou panos quentes em sua testa, nuca e pescoço.

Com a água e outros panos, ele começou a limpar os ferimentos. Cortes, manchas vermelhas e arroxeadas, inchaços… Ela fora torturada. Por prazer.

Assim que terminou, mesmo sem ter passado nada para desinfetar os machucados, ele a cobriu até o pescoço, na mesma hora em que ela fechava totalmente os olhos, permitindo-se descansar.

Quando viu que tudo estava em seu devido lugar, ele foi até uma janela e ficou olhando o horizonte, onde o sol já estava alto. Ele precisava, sim, ficar um pouco quieto, longe, pensativo.

Depois de alguns minutos, deixando Poseidon velando o sono de Athena, soltei sua mão e caminhei silenciosamente até ele, que ainda se distraía com a chuva que começava a cair.

- John – falei, colocando uma mão sobre seu ombro.

Instantaneamente ele fechou os olhos e engoliu em seco.

Eu tinha a leve impressão de que ele se controlava por algum motivo.

- Precisamos encontrar Rachel e Annabeth – disse ele.

- John, preciso agradecê-lo. Se não fosse por você, bem, talvez Athena não aguentasse por muito tempo.

- Apolo está aqui. Ele é médico, pode ajudar mais do que eu.

- Não. Você mudou. O que aconteceu? Foi contra sua própria esposa, sua própria sede pelo poder…

- Sabe, hoje eu percebi uma coisa, Métis. – ele olhou de relance para mim, com a testa franzida. – Percebi que eu nunca quis fazer tudo isso… - ele deu de ombros. – Que nunca foi minha vontade, de fato. Eu estava sendo induzido por ela e pelos outros… Acho… Acho que no fim, eu fiz a coisa certa.

- Sim, você fez. – sorri. – Você é um bom homem, John, lá no fundo, sabe que é verdade. Só estava magoado… e os outros se aproveitaram disso.

- Não vou deixar acontecer novamente.

- É certo que não.


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