Ponto de vista: Rachel

Aquilo já era demais. Já estava passando dos limites.

Meus pais se achavam... os donos do mundo. Chegava a ser ridículo.

Meu pai sempre me obrigou a fazer o que ele queria, com aqueles planos horríveis. E minha mãe, coitada, sempre teve de obedecer também. A diferença é que, ela se tornou como ele. Fria, calculista, má. Enquanto eu tinha de fingir tudo.

Não era legal machucar os amigos, ser fria com eles. Isso... me doía.

Percy e Annabeth já foram meus amigos... há muito tempo...

Bem, se não gostavam de mim antes, isso só vai piorar tudo.

Eu quis avisar Percy quando deixei Annabeth sozinha com Frederick, e graças a Deus ela está bem... Mas agora, eu realmente duvido muito que eles acreditem em mim.

I walk a lonely road

The only one that I have ever known

Don’t know where it goes

But it’s only me and I walk alone

Aperfeiçoei meu melhor sorriso diabólico e adentrei aquela sala medonha, se eu pudesse fazer algo, eu faria.

- Rach, querida – disse meu pai. – Que bom que veio.

- Papai – eu tinha de ser o mais amável possível. – Posso levar Annabeth? Uma pequena vingancinha pelo passado, entende? Prometo que vou dar o tratamento que ela merece.

- Ela não tão importante quando a mãe... Pensando bem, pode fazer o que quiser com sua amiga.

- Ah, obrigada! – pulei em seu pescoço, com uma felicidade sincera.

- Estou orgulhoso de você, Rachel – ele sussurrou.

Quando olhei Annabeth, suas pupilas estavam dilatadas e ela tremia. Provavelmente estava suando frio, com medo do que viesse a seguir.

Caminhei lentamente até ela, sorrindo. Aquela seria minha única chance.

[...]

Antes de tirar o pano branco que a impedia de falar, avisei:

- Não grite ou eu te torturo de verdade.

- O que você vai fazer? – Annabeth perguntou, desesperada.

- Vou tentar te ajudar, mas, para isso, precisa colaborar.

I walk this empty street

On the boulevard of broken dreams

Where the city sleeps

And I’m the only one and I walk alone

- Do que está falando?

- Annabeth, sei que não vai me ouvir, mas você não tem escolha. Me deixe ajudá-la. Por favor.

- Ah, é? E depois? Vamos assistir a um filme e comer pipoca?

- Não, depois vamos colocar nosso plano em prática.

- Nosso?

- Vai me ouvir ou não? – perguntei. Ela revirou os olhos, percebendo que não havia perigo e assentiu. – Pois bem. O plano inicial desse sequestro era matar vocês e pegar a empresa. Simples e prático. Mas o que era para ser fácil, se tornou algo ainda maior. Mike não achou o diário, onde continha os mais profundos segredos de Zeus e, agora, não pode matar Athena, porque precisa dela para chegar aonde quer.

- Mas... o quê? Como assim? Minha mãe não pode fazer nada. Nós não temos família, não tem como ele pedir um resgate. E pior, ela é procurada em diversos países, se os pegarem, Cronos também vai acabar mal.

- Acha que ele é ignorante, Annabeth? É claro que o meu pai sabe disso. Ele pretende usar você ou Poseidon para fazê-la falar e-

- Isso é bom – ela disse, pensativa.

- Você falou... bom? – perguntei, horrorizada. Quem acha bom a mãe ser torturada?

- Mas é claro. Minha mãe não vai falar nada, sob circunstância nenhuma, ela foi treinada para isso. Já passou por diversas coisas, sabe como se esquivar, como mentir, como suportar. Ela está fazendo ele perder tempo. Mas é claro. Como eu não percebi isso antes? – ela bateu a mão na testa. – Minha mãe sempre disse que amigos de verdade nunca nos abandonam. Ela estava falando de você. É por isso que ficou tão calma quando você quis me levar. Ela sabia que não ia acontecer nada. Rachel, você não vê? Ela está nos dando tempo!

My shadow’s the only one that walks beside me

My shallow heart is the only thing that’s beating

Sometimes I wish someone out there will find me

Till then I walk alone

- Aah… Então… Isso é ótimo, não é? – perguntei, indecisa. Afinal, Athena era realmente como meu pai a descrevera.

- Claro que é. Mas, nós podemos fazer algo? Parece o fim, mesmo.

- Se tivermos cuidado... Nós podemos virar o feitiço contra o feiticeiro.

Ela me olhou, toda confusa, de novo.

Revirei os olhos.

- Depois de pegar o diário e torturar todo mundo, meu pai ia deixar vocês quatro para morrer. Há explosivos guardados especialmente para isso.

- Awn, entendi, entendi. E como vamos tirá-los da sala?

- Se sua mãe é tão esperta a ponto de saber que eu iria ajudá-los, provavelmente sabe o que fazer para sair daqui, certo?

Annabeth pareceu pensar um pouco antes de responder. Era uma pergunta fácil, mas eu poderia estar terrivelmente errada.

- Er... certo.

- Então, o que estamos fazendo aqui, hm?

- Mas o que...?

Era brincadeira né?

- Anda Annabeth, nós não temos tanto tempo assim, ele sempre tem uma carta na manga!

- Ah. Certo. Desculpe.

Puxei-a pela manga da camiseta e quando saímos num corredor escuro, sussurrei, para não ter o perigo de ninguém nos ouvir:

- Tem certeza de que puxou a inteligência da sua mãe?

- Não me provoque, Rach, ainda estou me conformando com sua mudança súbita.

- Tá bem. Vamos logo!

Read between the lines

Of what's fucked up and everythings alright

Check my vital signs to know I'm still alive

And I walk alone