All I Want Is You escrita por Nunah, imagine


Capítulo 16
capítulo 15 - when i'm gone


Notas iniciais do capítulo

Nem precisam dizer o quanto demoramos.



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Ponto de vista: Annabeth

Um barulho desagradável e estranhamente familiar de máquinas hospitalares me despertou em questão de segundos. Minha visão estava meio embaçada e uma dor insuportável me atingiu dos tímpanos até a os miolos do meu cérebro. Pisquei firmemente, tentando entender quem havia me encontrado e me levado para o hospital.

Olhei para os lados rapidamente, apesar da tontura.

Encontrei um Percy surpreso segurando minha mão, e imediatamente notei que o meu braço esquerdo estava repleto de curativos. Respirei fundo, esperando pelas perguntas que Percy faria. Não estava disposta a respondê-las, por mais que eu o amasse.

- Ei, está se sentindo bem? Precisa de alguma coisa? Quer que eu chame a enfermeira? – ele perguntou tão rápido que eu quase não entendi nada.

- Está tudo bem – resolvi responder. – Só fale baixo. Estou com dor de cabeça.

- Ah, desculpe. – ele disse, beijando, de leve, minha testa. Senti meu rosto pegar fogo enquanto tentava me acalmar. – Eu estava com medo, sabe.

Suspirei.

- Eu também. – eu disse. – Mas acho que vai ficar tudo bem agora, né?

Percy franziu o cenho, mas fez que sim.

- Você sabe que eu não estou grávida, certo? – perguntei, engolindo em seco.

- Sim. – ele respondeu sério.

- Desculpa. – foi a minha vez de dizer. – Eu só disse isso para proteger a minha mãe. Frederick ia ir atrás dela.

Percy permaneceu em silêncio por alguns minutos, quando as lágrimas começaram a cair de seus olhos, e, surpreendentemente, dos meus também. Não tinha forças para tentar secar suas lágrimas, mas, caramba, como me doía. Ver o homem que eu amava naquela situação, tão frágil, só porque eu era tão estúpida...

- Não chore, seu bobo – eu praticamente sussurrei. – Se você quiser ter um monte de filhos loiros de olhos verdes, a gente pode, tá bom?

Ele fez que sim, sorrindo um pouco.

Eu sabia que, daqui pra frente, seria uma longa jornada até uma recuperação completa. Pelo menos, até lá, ele estaria ao meu lado.

Ponto de vista: Poseidon

Aquilo era perigoso, eu sabia, estávamos num lugar público, poderíamos ser pegos a qualquer momento. Mas eu não me preocupava. Confiava cegamente em Apolo, um dos melhores médicos que eu conhecia e irmão mais novo de Athena; mesmo que tenha sido ele que me acordara no meio da madrugada por causa dessa missão maluca. Além de que, como ele sabia quem nós éramos de verdade, eu não precisaria responder à perguntas óbvias que quaisquer outras pessoas fariam.

Ali, andando impaciente de um lado para o outro na sala de espera do hospital, eu pude pensar com calma. Athena estava grávida e claro que era de mim, nós não nos previnimos antes e nem depois. Mike era um filho da puta interesseiro que tinha quase tirado a vida dela e tinha matado nosso filho.

Quando chegamos, troquei poucas palavras com Apolo e ele logo a socorreu. Depois de um tempo, ele voltou, confirmando a história da gravidez e dizendo que não tinha mais volta para o que aconteceu. E para me abalar ainda mais, fiquei sabendo por ele o que tinha acontecido com Annabeth.

Fui ver minha nora e descobri um Percy desconsolado quase à beira do desespero. Tentei acalmá-lo, mas eu mesmo não estava em condições de consolar ninguém. Saí do quarto deixando-o e olhando pela janelinha da porta de madeira a vi acordar e ele sorrir feito bobo.

Era gratificante ver como ele ficava sem palavras perto dela. Eles realmente se amavam, e eu esperava que Athena compreendesse isso antes que fosse tarde.

Voltando:

Eu estava andando impaciente de um lado para o outro da salinha e já não aguentava mais. Fui até a recepcionista e lhe pedi um copo d’água gelado, para tentar me acalmar, e claro, não surtiu efeito algum.

Me sentei no sofá cor de creme enquanto percebia olhares curiosos, compreensivos e espantados.

Arqueei as sobrancelhas quando senti uma mão feminina em minha perna.

- Você está bem? – ela perguntou, fingindo falsa inocência, mas seus lábios cobertos por um batom vermelho insinuante que se retorciam em um meio sorriso diziam outra coisa.

- Estou, sim. – falei, tirando sua mão de mim.

- Não é o que parece. – ela piscou. – O que um homem tão sedutor faz num lugar como esse?

Até no hospital?

Quando eu ia me preparar para uma resposta nada sedutora, ouvi a voz de uma enfermeira.

- Sr. Jackson?

Saltei do sofá e encarei a mulher baixinha de cabelos grisalhos e sorriso simpático que devia ter em torno de seus sessenta anos.

- Que coincidência, o senhor não é o único com esse sobrenome aqui hoje. – ela falou, encarando um outro papel cheio de anotações.

- Perseu Jackson, certo? – perguntei, passando a mão pelos cabelos.

- Como sabe?

Suspirei.

- Meu filho. E minha nora, Annabeth.

- Ah sim, a garota sofreu um trauma terrível. – é, ser assediada pelo próprio pai não é um acontecimento muito legal. – O estranho é que ela tem o mesmo sobrenome de uma outra mulher, como é mesmo o nome?...

- Athena. É, eu sei, é mãe de Annabeth, ela está bem? – falei rapidamente, percebendo que todos ali nos encaravam, principalmente a mulher que estava se jogando pra cima de mim.

A velhinha suspirou, com os olhos tristes.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu. Não vai ser uma recuperação fácil, sabe?

Só de saber que ela se recuperaria já me deixava aliviado.

- Eu posso vê-la?

- Eu não sei se é uma boa ideia, ela está muito fraca, e abalada pela perda do filho.

Frustrado, me sentei no braço de uma poltrona.

- O que o senhor é dela?

- Um... Amigo. – falei, pensando se seria melhor falar que eu era o marido.

- Amigo, sei. Imagino que tipo de amizade vocês devem ter. – ela falou, erguendo uma sobrancelha.

- Somos parceiros de trabalho. Na verdade, nos odiamos. – falei, olhando à minha volta.

Será que aquelas pessoas não tinham mais o que fazer pra ficarem me olhando?

- Se odeiam tanto que ela até ficou grávida. Isso é que é ódio.

É alguma brincadeira?

Estreitei os olhos.

- Qual é, eu sei que o filho era seu. – ela falou, revirando os olhos por trás dos óculos.

- Muito bem. Mas saiba que continuamos nos odiando, posso vê-la agora?

- Com uma preocupação dessa? Não, isso não é ódio, é afeição. Ódio é outra coisa. – ela suspirou. – Vamos.

Ela se virou, seguindo pelo corredor com passadas rápidas, eu a segui, óbvio.

A mulher abriu a porta de madeira, me deixando passar, pra depois fechar e continuar lá dentro.

Talvez ela quisesse ver o desfecho da história, vai saber, é cada uma que me aparece. Eu só conheço mulher maluca.

No meio de tanta coisa branca, como os lençóis e os aparelhos, avistei a imensidão cinzenta de um dia nublado.

Ela estava abatida, mas seus cachos louros ainda caíam pelos ombros com o mesmo brilho de raio de sol que eu me lembrava e a boca continuava carnuda, apesar de um pouco sem cor. Os olhos continuavam tempestuosos e brilhantes, apesar de tristes, e os lábios se repuxaram em um sorriso fraco quando me viu.

Nem parecia a mulher que tentara me matar há dias atrás.

- Como você está? – sussurrei, pegando sua mão gelada.

- Melhor do que você pensa. – ela falou baixinho. – Não sou tão frágil assim. Já enfrentei coisas piores, você sabe.

- Mas isso é diferente, sabe que é.

- Eu vou sair dessa, você vai ver.

- Seu pai... Me mataria. – falei, os olhos marejados, tocando sua face.

Ela travou o maxilar, tentando conter as lágrimas em vão.

- Ele não está aqui. E mesmo se tivesse, eu não permitiria.

A encarei confuso, a mente tentando compreender.

- Não me olhe assim. Somos a melhor dupla que ele conheceu, que a empresa conheceu. – ela sussurrou. – E a culpa não é minha se eu me apaixonei perdidamente pelo cara que sempre odiei e que tentava me levar pra cama.

- Athena... O-o que...?

É, eu decididamente, estava confuso.

- E cá estamos nós – ela sorriu por entre as lágrimas -, no hospital, depois de eu ter acabado de perder o filho que teria com ele.

- Então... Não é só diversão? – perguntei, me aproximando.

- Nunca foi só diversão. – disse ela, me beijando.

E era verdade, porque antes nós fazíamos aquilo por trabalho, ou porque não estávamos sóbrios, mas nunca por diversão realmente.

- O que houve com a filhinha do papai que tentou me matar?

- Foi esquecida pela mulher que passou a amar seu pior rival.

E por ‘rival’ ela se referia à nós dentro da empresa, porque quando estávamos fora, nossos rivais se tornavam nossos parceiros e os outros se tornavam nossos rivais.

- Onde estão aquelas três palavras que consumariam esse momento?

- Não te odeio.

Ela sorriu debochada.

- Isso não vale, Athena.

- Tá bem. – ela revirou os olhos. – Eu amo você e sabe disso.

- Mas pensei que seu orgulho nunca a deixaria admitir, metida.

- Idiota. – ela falou, mas sorria.

Olhei em seus olhos, ciente de que a enfermeira ainda nos observava, e pressionei nossos lábios, sorrindo também.

- Amo você, metida. – murmurei contra sua boca.

Dessa vez eu a beijei. Era a primeira vez que beijava uma mulher com amor. Era estranho, mas eu sentia que era certo.

- Mas sabe que nunca vamos parar de brigar. – ela conseguiu dizer entre os vários selinhos que eu dava.

- Amor e ódio são sentimentos irmãos, caminham juntos.

- Entre tapas e beijos?

- Entre tapas e beijos.

Então ouvimos um coro de ‘ownnnnn’ atrás de nós. A enfermeira, junto de várias outras pessoas nos observavam, mas foi aí que eu me toquei.

Tinham pessoas com bloquinhos, canetas e máquinas fotográficas.

- Ah não.

- E a nossa fama por aquele dia em cima do balcão nos trai.

- Será que nunca vão nos deixar em paz?

- Meu pai nos mataria por isso.

- Zeus nos mataria por muitas coisas, mas ele sabia que nós éramos os melhores.

- Ainda mais juntos. – ela sorriu.

- Ainda mais juntos. – repeti, enquanto nos beijávamos uma terceira vez.

No fim das contas, Mike tinha se dado mal, porque ao invés de seduzi-la, acabou fazendo-a perceber que me amava, mas isso não quer dizer que eu sou grato à ele, se eu tiver mais uma chance apenas, eu mato aquele desgraçado.

Mas eu sabia que aquilo estava longe de terminar.

Athena e Annabeth no hospital, todos nós na mira da imprensa, a missão, os caras querendo nos prender, mulheres atiradas, enfim, ainda tinha muita coisa pela frente.

Afinal, a vida que nós levamos é perigosa. E tudo que é perigoso, é imprevisível.


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Notas finais do capítulo

Ufa, enfim saiu, eu não estava muito inspirada pra essa fic.



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