All I Want Is You escrita por Nunah, imagine


Capítulo 15
capítulo 14 - face down




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Ponto de vista: Athena

Já era tarde da noite e nada de Annabeth. É claro que ela podia fazer o que quisesse e com quem quisesse mas eu pedi uma coisa pra ela e ela deveria vir me entregar assim que voltasse. Conclusão: Ela ainda não voltou, fato.

Minha cabeça rodava. Rodava mesmo, eu via tudo girando. E eu sabia os motivos disso. Eu estava com uma dor de cabeça do inferno. Toda minha vida passava diante dos meus olhos, principalmente os acontecimentos mais recentes. Foram tantas emoções. Meu pai morrendo diante dos meus olhos; suas palavras que diziam que seu assassino era Frederick; o reaparecimento de Mike e a ousadia dele; o surto de Poseidon; e agora, a demora de Annabeth.

Eu olhava a cidade adormecida lá embaixo, sentindo o vento forte batendo em minha face violentamente, deixando meus olhos ardendo. Meus dedos já estavam formigando e quase adormecidos quando vi a taça de vinho escorregando até o chão em câmera lenta, espatifando-se. Meus olhos estavam embaçados, pelas lágrimas e pelo líquido que antes estivera na garrafa escura ao meu lado, meus sentidos entorpecidos.

Tudo o que eu mais queria era ficar sozinha, pensando, dormindo, o que fosse. E acabei acordando de meu transe justamente com batidas fortes e impacientes do outro lado da porta. Eu já estava pronta para receber Annabeth, Poseidon principalmente ou até Percy com um sermão, mas quem eu vi ali me deixou atônita e sem palavras.

- Por que demorou tanto? – Mike perguntou rude, adentrando a suíte.

- E-eu não demorei. Demorei?

- Eu estou aqui há séculos! – ele gritou, de repente ficando escarlate de raiva.

- Me desculpe então, sr. Estressadinho – falei, fechando a porta. Eu tinha acordado um pouco – O que você quer?

- Negócios – vi um sorriso brincando em seus lábios – Ou algo mais, talvez.

- Que tipo de negócios?

- Sobre a empresa – ele falou, caindo na cama – Os assuntos chatos de sempre... Mas nós podemos fazer alguma coisa mais divertida, certo?

- Não, não está certo – eu disse o mais friamente possível. Eu não estava pra brincadeira, muito menos em condições de ouvir piadinhas.

- Ah vamos Athena, você tem que relaxar... – Mike disse, vindo em minha direção e começando a massagear meus ombros.

- Diga o que quer – falei, me afastando.

- Simples, você é a herdeira direta dos bens de Zeus, logo será a nova dona e presidente da Buddies. Ele deixou isso bem claro em uma reunião com os sócios.

Eu não sabia daquilo. Meu pai nunca comentara algo assim comigo. Apesar de ser a mais velha dos filhos e talvez a única que conhecia aquela empresa verdadeiramente, nunca me ocorreu que eu fosse herdá-la.

- Muito bem então. O que eu tenho que fazer? – falei decidida, perdendo aquela fragilidade de antes.

- Depois que você completar essa missão, você será nomeada oficialmente, mas também pode eleger um representante – vi um brilho estranho em seus olhos enquanto ele abria novamente aquele sorriso de deboche – Talvez uma mulher não dê conta. Se quiser... – ele começou, se aproximando novamente. Eu estava entre ele e a cama – Posso assumir seu lugar.

Por trás daquela expressão simpática e calma, pude ver aquela ganância e o interesse que sempre o acompanhavam. Mike era a pessoa mais descontrolado que eu conhecia.

- Nunca – eu disse, o que pareceu mais um rosnado.

Seu sorriso se desfez e o brilho estranho de seus olhos aumentaram, enquanto suas pupilas se dilatavam e ele começava a agir por impulso. Seus dedos se prenderam em meu braço como antes e mais fortes, quando vi eu estava com o rosto no chão. Ele tinha me jogado no chão. O que não era difícil já que Mike por ser homem tinha uma força maior que a minha por natureza e eu tinha acabado com uma garrafa de vinho sozinha.

A mesma garrafa que se partira em mil pedaços e os mesmos pedaços que eu agora via sendo atirados na minha direção. Eles passavam de raspão, mas alguns abriram rasgos nas minhas roupas e outros até se cravaram no meu abdomen. Não. O abdomen não.

Os acontecimentos seguintes foram meio que flashes que eu via, por minha visão estar quase desaparecendo, mas a dor continuava, cada vez mais forte.

Poseidon adentrou o quarto, avançando em Mike e deixando-o sair dali apenas quando ele mal conseguia andar. Me vi rastejando até o banheiro e entrando debaixo do chuveiro, abrindo-o com um pouco de dificuldade; tirei minhas roupas e fiquei ali, sentada, encolhida, embaixo da água gelada, esperando que isso amortecesse minha dor.

Mas não. Não foi isso que aconteceu.

Eu via sangue e mais sangue. Eu sabia que estava com um ferimento muito grave no abdomen, mas eu também sabia que aquele sangue todo não era só dali. Foi quando me ocorreu. Abdomen.

Lágrimas saltaram mais rapidamente dos meus olhos, uma atrás da outra, com mais intensidade que antes. Aquilo não podia estar acontecendo.

Ponto de vista: Poseidon

Eu estava parado na porta do banheiro do quarto de Athena. Chocado, paralisado. Athena sangrava mais do que qualquer outra pessoa que eu já tinha visto. Ela parecia sangrar por todos os lados ali, encolhida no chão frio. Ela gemia, chorava e gritava de dor. Eu não sabia o que fazer. Ao mesmo tempo em que eu queria confortá-la, dizendo que tudo ia ficar bem, eu queria levá-la para o hospital, eu tentava entender o que estava acontecendo com ela.

No fim, eu acabei me sentando no chão, entrando com roupa e tudo embaixo da água, puxando-a para os meus braços. Perto dela, eu finalmente podia ouvir seus murmúrios, Athena dizia ‘Não’ repetidamente, com a mão direita sobre o ventre e a outra num aperto frouxo em meus dedos.

Ela virou a cabeça fracamente e olhou no fundo dos meus olhos, tentando transmitir uma mensagem silenciosa. Athena pegou minha mão e a guiou até onde as suas agora estavam, em seu ventre. Simultaneamente ela recomeçou a chorar.

Foi como um choque. Um choque que parecia que não queria se ‘des-chocar’. Parecia que meus pensamentos se concentravam em um só, uma coisa óbvia.

Arregalei os olhos tentando em vão falar alguma coisa, mas eu sentia minha boca abrir sem som algum.

- Poseidon – ela suplicou, enquanto tentava se aconchegar mais em meu peito.

- P-por q-que você não me falou? – eu perguntei, já sentindo meus olhos se encherem de lágrimas também, pressionando-a mais contra mim. Eu a queria ali, comigo, nos meus braços, enquanto passávamos por esse momento juntos.

- Me desculpe – ela disse, baixinho – Eu queria ter certeza primeiro. Por favor, você ainda está bravo?

- E por que eu estaria bravo? – sussurrei confuso.

- Por aquilo no enterro... Por isso...

Ela chorou mais.

- Eu nunca poderia ficar bravo com você. Eu que preciso pedir desculpas mas eu não... Não as mereço. Meu comportamento foi ridículo, eu sei.

- Mas...

- Athena. Não faça esforço, eu ainda vou te levar pro hospital.

- Mas eu não quero ir – ela falou, manhosa, como uma criança com medo de injeções.

- Olha pra mim e me escuta – eu falei, levantando seu queixo, olhando profundamente naquelas orbes cinzentas que agora estavam tão tristinhas – Você está no chão gelado de um banheiro num quarto da sua empresa, chorando nos meus braços ao mesmo tempo em que está perdendo o nosso bebê – eu disse, ficando com a voz embargada e fazendo-a arregalar os olhos, como se esperasse que eu ainda não tivesse me tocado – E nós não podemos fazer nada. Mais nada agora. Então por favor, Athena, confie em mim. É a única coisa que eu te peço, confie em mim uma vez na vida.

Ela ficou meio sem palavras no momento, abrindo e fechando a boca como eu estava fazendo há alguns minutos, e quando finalmente ia me responder, eu a interrompi, com um beijo calmo e confiante, diferente dos que nós demos nas nossas noites insanas.


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