Ponto de vista: Zeus

Saí do prédio branco e preto, olhando para os lados, tomando cuidado com as pessoas. Tinha muita gente por ali e eu tinha que manter as aparências. Aquele prédio era, na verdade, uma filial da Buddies. E sim, eu ainda estou em Vegas.

Não que eu não confie naqueles dois, ou melhor, naqueles quatro. É que, depois daquele escândalo, meus sócios começaram a fazer pressão e por precaução, eu estou aqui. Aliás, Athena se tornou uma boa agente, assim como a mãe. Uma coisa estranha de se falar, mas sim, Métis era uma agente.

Métis era uma agente do meu pai, afinal a Buddies é uma empresa de família, que eu herdei depois que ele morreu, mas voltando. Um dia, ele me mandou em uma missão perigosa, e por isso ela foi comigo. É como se a história estivesse se repetindo com Poseidon e Athena. Então, enquanto estávamos na missão, nós nos apaixonamos, e ao mesmo tempo, meu pai foi morto. Nunca conseguimos achar o culpado.

Assim que nós retornamos, com a missão cumprida, eu fui nomeado o novo dono da empresa, mesmo sendo novo. Métis e eu nos casamos e ela resolveu deixar essa vida. Dizem que agentes não se aposentam, porque nunca conseguirão deixar aquilo para trás, mas eu a protegia de quem quer que fosse, até que ela deu a luz à Athena.

Depois de um tempo, ela ficou grávida de novo, com Athena ainda muito nova, e morreu no parto, com o bebê. Desde aquele dia eu resolvi tornar Athena uma de nós, já que eu tinha esse poder, eu sabia que Métis ficaria orgulhosa, mesmo imaginando o que ela diria: ‘Zeus, por favor, ela é muito nova, e é perigoso’, basicamente o que Athena disse quando eu quis colocar Annabeth no negócio.

Bom, eu estava andando calmamente, como uma pessoa nomal, até que sinto a ponta de um revólver pressionando meu estômago. Era um homem todo de preto, com um sorriso diabólico.

- Cronos mandou lembranças do pai dele para o seu – ele sorriu mais.

- Você?

E só deu tempo de ouvir o gatilho sendo puxado, seguido de um tiro abafado.

Quando percebi, eu estava caído no meio da rua, sangrando, sozinho. Até que avisto uma cabeleira loira. Mas já era tarde demais.

Eu a ouvia me chamar, eu via lágrimas correndo por sua face. Não, eu não queria ver minha princesa chorando. Mas eu sabia que não tinha volta.

Enquanto sua voz desaparecia, minha visão ficava mais e mais turva.

E, graças a Deus, eu consegui forças para proferir apenas uma palavra, olhando dentro daquelas petecas cinzentas tão iguais às da mãe:

- Frederick – eu disse fracamente, mas eu sabia que ela entenderia na hora. Ela sempre fora uma menina esperta, sim. O orgulho da família. A minha família. Afinal, ela ainda não sabia, mas se daria bem herdando meu império.

E finalmente pude descansar em paz, sabendo que minha vida estava em boas mãos.

Ponto de vista: Poseidon

Athena tinha passado mal e disse que iria sair pra comprar alguma coisa numa farmácia sei lá onde. E eu claro que fui atrás dela, mesmo ela dizendo que estava bem.

Mas imagina só se ela desmaia no meio da rua?

- Athena! – gritei quando a percebi deitada no meio da rua.

Me aproximei e vi que ela debruçada em um corpo.

- Mas que diab...? Ah não – eu disse, me ajoelhando e a abraçando.

Na verdade eu não sabia o que fazia, ela estava chorando. Athena estava chorando. Na minha frente. E não estava nem se importando com isso, na verdade ela estava chorando apoiada no meu peito.

- O que aconteceu aqui? – eu sussurrei. Mas eu tinha medo de pressioná-la, ela com certeza estava abalada, e eu não sabia o que fazer.

Afinal, Zeus tinha morrido.

Ou melhor, ele tinha sido assassinado.

Ela balançava a cabeça, mas eu não sabia se ela estava tentando negar algo pra mim ou pra ela própria.

[...]

- O que houve? Nós viemos assim que recebemos a mensagem – perguntou Percy, entrando com Annabeth no quarto.

- Zeus foi assassinado – falei, tentando não chamar a atenção de Athena que estava adormecida em cima de mim, na nossa cama, com uma camisa larga. Não pensem merda, é só que depois que nós chegamos, eu a fiz tomar um banho e ela colocou a primeira coisa que viu, depois acabou adormecendo de tanto chorar.

- É o que?! – sussurrou Annabeth, visivelmente abalada também. Ele era o avô dela.

E de repente, ela começou a chorar também, apoiando o rosto nas mãos.

- É meu amigo, esse é um daqueles momentos em que nós temos que cuidar das mulheres – falei, enquanto Percy abraçava Annie. Pra falar a verdade, eles formavam mesmo um bom casal. Não sei porque Athena reclamava tanto.

[...]

- E o que vamos fazer agora? – Percy perguntou pra Athena que jogava tudo na mala.

- Pelo amor de Deus Athena, seu pai morreu, não precisa se fazer de durona. Não sempre – falei.

- O que é? Vai jogar na cara agora é? – ela falou, alterada.

Mulheres.

- Não foi isso que eu quis dizer – falei, revirando os olhos.

Ponto de vista: Percy

Quando vi que eles iam começar a brigar de novo, fui com Annie para a varanda.

- Eu sinto muito – falei, enquanto tirava algumas mechas do cabelo de seu rosto.

- Tudo bem – ela disse fungando enquanto me abraçava – É que... ainda não caiu a ficha entende?

- Sei... Annie... eu quero que você saiba que... pra qualquer coisa... eu estou aqui. Mesmo.

- Efeito do casamento? – ela perguntou rindo, enquanto enxugava algumas lágrimas que teimavam em cair.

- É, com certeza – ri também, mas parei de repente – Annie, é sério, pode parecer cedo demais para dizer isso mas... você se tornou minha vida, sabe? É minha mulher agora. Claro que eu já pensei em me separar porque fizemos isso numa noite maluca que tivemos, mas eu acabei mesmo... te vendo como minha esposa.

Ela sorriu, feliz com isso. Era bom vê-la sorrir depois de tanto tempo.

- Ah Percy...

- Annabeth Jackson, eu só quero te dizer que eu te amo. De verdade. E é bom você se acostumar.

E claro, como o bom casal que somos, nós nos beijamos.

- Eu acredito pois também te amo – ela falou depois, pra minha completa felicidade – Mas quero ver minha mãe se convencer disso.