Ponto de vista: Poseidon

Ouvi o som do celular tocando. Não era possível. Eu não conseguia dormir há 2 dias e ainda me ligavam em plena madrugada?

- O que é? – perguntei rudemente para Apolo que esperava do outro lado da linha.

- Precisamos de você aqui. – disse ele e desligou. Como esse cara pode desligar na minha cara?

Eu sou praticamente o chefe daquele moleque que mal saiu das fraldas! Tá, vamos parar de drama – coisa que eu não suporto – e ver o que eles querem.

Coloquei meu terno. É, terno. Porque se eles me chamam às 3 e meia da manhã é porque eu tenho trabalho pela frente.

Desci as escadas de casa rapidamente e passei pela cozinha, indo em direção à porta dos fundos que dava pra garagem. Escolhi um dos carros mais simples que tinha lá, mas um dos meus preferidos: minha Ferrari vermelha. Daquelas que as pessoas só vêem em filmes, sabe? Mas quando se é um atirador profissional de uma das empresas mais ricas e secretas do país, isso se torna parte do nosso dia-a-dia.

[...]

Joguei as chaves pro manobrista que ficava lá 24 horas por dia – e não ganhava um salário digno pra isso - e o cumprimentei com a cabeça.

- Bom dia, senhor Poseidon. – ele disse. É ótimo quando as pessoas demonstram respeito, não acha? Se bem que eu acho que esse cara tem medo de mim, mas enfim.

Entrei na recepção; mandando uma piscada pra mulher que ficava lá. E ela sorriu mordendo a caneta que estava segurando. Qualé? Ela é gostosa, poxa. E eu tenho certeza que devo ser internacionalmente conhecido pelas minhas conquistas.

Apertei o botão de número 600 no elevador e a porta se fechou na mesma hora. Não, o prédio não tem 600 andares. Não me pergunte porquê tem essa enumeração. Deve ter no máximo uns 35, sei lá. Mas é realmente grande.

- Poseidon, tenho um trabalho pra você. – disse Zeus, o chefe da empresa. Quem olha, diz que ele parece um mafioso, mas é gente boa.

- Ah, jura? – falei irônico. – Qual?

- Um homem. 45 anos. Altura mediana. Tráfico de drogas, assassinatos, contrabando de armas, essas coisas. – ele disse me entregando a pasta onde uma foto de um cara grisalho e sério estava, seguida de um monte de papéis. Por que sempre tem que ter tantos papéis? – Seu avião parte daqui 15 minutos, só está esperando você e seu parceiro.

- Mas eu sempre trabalho sozinho, Zeus. Pra quê isso agora?

- O cara é perigoso, Poseidon. Mais do que imagina. Então, você vai ter ajuda. Vocês dois são meus melhores agentes. Ela já vai chegar. – ele disse olhando a porta.

- Espera, uma mulher?

- Não a julgue. Ela é tão treinada quanto você.

- Já peguei ela? – perguntei curioso pra ver se eu teria pelo menos algum divertimento nessa viagem.

- Eu sinceramente espero que não. – ele disse me olhando sério.

Ouvi o barulho da porta e me virei. O que eu tinha feito pra me castigarem tanto assim? É, depois de ver quem tinha entrado na sala, eu fiquei surpreso. Muito surpreso. Por isso já não ouvia, falava ou me mexia. Eu estava paralisado. Por que? Bem, porque...

1 – ela era uma mulher (mas acho que já sabe disso).

2 – ela era a mulher mais gostosa que eu conhecia (sim, a garota da recepção também era, mas perto dela não passava de uma qualquer).

3 – ela ficava muito sexy naquela roupa preta colada.

4 – ela me odiava (nós nos encontramos uma vez apenas antes desse dia, e não foi um encontro muito agradável).

5 – ela era a filha do chefe.

5 motivos pra me fazerem tremer na base. Mas como? Como eu não pensara nela quando Zeus falara “melhores agentes”? Era óbvio que ela seria minha parceira. Mas que droga. Agora eu entendia porque Zeus ficara tão sério quando perguntei se já tinha dado uns pegas nela. Todo pai ficaria.

- Athena.