PDV Bella

Ainda na sala, sentada no sofá, olhava sem piscar para o telefone agora desligado. Ouvi o barulho da porta sendo aberta e Edward passando por ela, parecendo surpreso. Ele provavelmente não esperava se deparar comigo sentada sozinha na sala.

— Sua irmã ligou. Disse que queria falar com você e pediu para que você ligasse para ela – falei ainda sem olhar para ele.

— Bella...

Levantei antes que eu falasse demais e acabasse estragando ainda mais as coisas. Eu não estava com humor para aguentar mais enigmas.

— Não, Bella, espere – ele segurou meu braço – Eu... Quero te pedir desculpas, mas essa provavelmente vai ser a coisa mais egoísta que irei fazer na minha vida...

Eu não o deixei continuar.

— Não, Edward. Eu sei que eu forcei a barra, você me pediu para esperar, mas eu achei que você conseguiria se abrir comigo. Falha minha.

— Não... – eu o interrompi outra vez.

— Eu só quero dizer que eu te dou o tempo que você precisa, não vou insistir, só... Não me afaste. – minha voz falhou no final – E também...

Ele não me deixou terminar, me abraçou tão forte que me levantou. Eu o abracei com minhas pernas em sua cintura temendo que ele me afastasse.

Mas ele não me afastou, invés disso me puxou para um beijo que me fez tremer de saudade desse toque. Sua língua pediu passagem e depois se enroscou na minha. Eu me apertei ainda mais nele, se é que era possível.

Quando ele parou o beijo eu não era a única com dificuldade em respirar.

— Eu sou mesmo um egoísta – ele murmurou com o rosto no meu pescoço.

— Não importa Edward, eu realmente não ligo – ri.

— Esta na hora de descer, não? Você é bem pesadinha.

Bati em seu braço e desci do seu colo sem deixar de rir, meu Edward estava de volta.

~~*~~

— Edward será que você pode parar de se desculpar?

— É que você está fazendo eu me sentir horrível. Você deveria estar com raiva de mim por eu ter te tratado daquela maneira, mas entenda... Eu não me sentia no direito de colocá-la em risco.

— Que risco, Edward? – perguntei confusa.

Ele suspirou.

— Lembra de James? – eu confirmei com a cabeça – ele e sua irmã chegaram aqui em Hanover na mesma época que eu e meus irmãos. O nome dela é Victoria, não vou negar que quando a vi pela primeira vez, eu a achei perfeita – ele riu sem humor – Mas você sabe como eu era, nos envolvemos, mas eu não queria nada sério com ninguém, então eu a dispensei como sempre fiz com qualquer outra, mas ela não reagiu muito bem.

“Começou a me perseguir dizendo que se eu não fosse dela não seria de nenhuma outra, ela não deixava nenhuma mulher se aproximar. Até que um dia eu explodi, não aguentava mais aquilo, gritei com ela e quase... Por muito pouco... Não a agredi, nunca tinha sido tão bruto com uma mulher. E foi ai que ela desistiu de mim.”

Eu olhei incrédula e ele riu da minha expressão, apesar de parecer abalado ao reviver a lembrança.

— Sim, ela desistiu. Mas naquela noite ela me prometeu que ia se vingar da pior maneira possível – ele me apertou ainda mais em seu colo. – E ela tentou matar minha irmã.

Olhei para ele assustada. Victoria tentou matar Renesmee!?

— Me deixe terminar – ele se interrompeu ao ver minha expressão – Renesmee tinha vindo para Hanover fazer uma visita e conhecer o lugar. Quando minha mãe e meu pai se separaram, Renesmee preferiu fica com minha mãe na Califórnia, elas moram na cidade de São Francisco.

“Naquela época eu e meus irmãos já estávamos em Dartmouth há um ano e ela ia entrar para uma faculdade, ela estava animada em ficar aqui, ela conheceu Jacob e até hoje eles estão juntos. E ela também conheceu Victoria. Ela já ia completar um semestre aqui quando tudo aconteceu.”

Ele fechou os olhos.

— Renesmee nunca me contou exatamente como foi. Por que ela entrou com Victoria naquele carro? Eu não consegui entender. Nós sempre fomos tão unidos e ela sabia como Victoria era, mas mesmo assim ela foi...

Acariciei seu cabelo, preocupada, enquanto via o seu rosto torturado.

— O que aconteceu com ela, Edward?

— Victoria causou um acidente horrível, foi um milagre terem sobrevivido, um milagre maior ainda Victoria ter saído ilesa, mas Renesmee... Ela acordou uma semana depois no hospital e não sentia o movimento das pernas.

Coloquei as mãos na boca, horrorizada. Era um absurdo uma mulher machucar alguém daquela maneira só por causa de uma vingança imatura! Edward parecia estar com os pensamentos em outro lugar, provavelmente revivendo em sua mente aqueles dias.

— Para ela foi muito difícil passar pelos primeiros meses de tratamento, mas ela quer se curar. A situação dela é reversível, com muito tratamento e força de vontade, é claro. E ela o tem, Bella! Eu vi isso nos olhos dela, ela não parece ter raiva da sua situação, acho que ela encara o que ela esta vivendo como uma barreira que apareceu na vida dela e que ela precisava derrubá-la.

— E como ela esta agora? – ele olhou para mim.

— Ainda fazendo tratamento, e os médicos dizem que ela está reagindo muito bem. Meu pai conseguiu fazer com que trancassem a faculdade dela antecipadamente por motivo de saúde. – ele deu um sorriso triste.

— Então o que é que te machuca tanto? – perguntei enquanto afagava o seu rosto. Ele fechou os olhos, como se apreciasse o carinho, antes de responder.

— Mesmo que ela não me culpe, eu... Eu sou culpado por tudo o que aconteceu! Seu eu não tivesse me envolvendo com aquela mulher...

— Edward! Você não pode se culpar por uma maluca ter tentado matar a sua irmã.

Ele tentou reclamar, mas eu não deixei. Depois eu é que sou a absurda!

— Mas Edward, ela tentou matar a sua irmã! Ela não foi presa por tentativa de homicídio ou algo assim?

Ele bufou.

— O caso foi parar na polícia, mas além dos Volturi, a família de Victoria é a que tem mais influências no estado, então... O pai dela pagou uma fiança gorda aos policiais e eles abafaram o caso dizendo que Victoria não tinha noção do que estava fazendo e para não mandar a filha para uma clinica ou coisa assim, o pai dela prometeu que afastaria ela e o irmão de Hanover por um ano.

— Espera! A justiça, aceitou uma fiança gorda, concluiu que Victoria era uma maluca e, ao invés de mandarem para uma clinica de recuperação, aceitaram que ela ficasse afastada de Hanover por um ano!? Isso é ridículo!

— Hei, calma – ele olhou para mim se divertindo com o meu ataque.

— Por que você esta rindo?

— É que você, sem duvida nenhuma, vai se tornar uma advogada bem... – ele me avaliou.

— Bem...?

— Bem... Sensualmente histérica – ele gargalhou.

— Sensualmente histérica? Essa expressão existe? – não consegui deixar de rir do seu esforço em me elogiar.

— É uma nova classificação sua que acabei de criar – ele ainda estava rindo.

— Edward para de rir, estamos falando sobre um assunto sério!

— Já te disse como senti falta dessa sua boca deliciosa?

Morri.

Ele mordeu o meu lábio inferior sensualmente e depois seguiu uma trilha de beijos até meu pescoço.

— Edward... – murmurei olhando para a porta da cozinha.

— Hum...

— Acho melhor você parar.

— Por quê? – ele se apertou ainda mais em mim.

Quase não conseguir responder sua pergunta.

— Sabonete está parado na porta da cozinha.

— Quê?- ele parou na hora e olhou para trás vendo Sabonete parado nos encarando. Quando percebeu o olhar de Edward nele, veio trotando em nossa direção, depois puxou a bainha da minha calça.

— Acho que ele quer milk shake de castanha – murmurei para mim mesma.

— Ele quer o quê?

— Olha! O casalzinho ternura está de volta – disse Emmett enquanto entrava na sala com Rosalie de mãos dadas. Rosalie sorriu para mim. Eu sabia que ela estava sorrindo por eu ter voltado com Edward...

Espera! De mãos dadas com o Emmett?

Ergui as sobrancelhas.

Mas não tive tempo de dizer nada porque Alice e Jasper entraram na sala. Alice toda sorridente enquanto Jasper com cara de dor carregava mais de 20 sacolas, posso até imaginar o que o coitado do Jasper teve que agüentar hoje.

Alice olhou para nós quatro, assustada.

— Porque vocês estão assim ainda? Esqueceram do jantar? Minha mãe vai matar vocês se nós atrasarmos.

Tinha me esquecido do jantar. De novo. Olhei para Edward com a esperança de ele me contar sobre aquilo também, mas ele não estava olhando para mim, estava encarando Sabonete que também o encarava sem piscar.

Olhei de um para o outro sem entender nada.