Suffocate escrita por GreenDay


Capítulo 4
One last stop for one track mind


Notas iniciais do capítulo

O capítulo ficou ridiculamente menor que os outros, mas como eu já não atualizava a fanfic a tempos, decidi postar assim mesmo.



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Os dedos pequenos e babados de alguém que cutucava meu olho, me fez levantar agitado.  Analisei uma pequena criatura de feições angelicais, tentando dar algum sentido para ela. Olhei ao redor, percebendo a familiar sala verde-chá com cheiro de alvejante e waffles e me levantei do tapete onde havia passado a noite anterior.
Wendy, claro. Me encostei no braço do sofá, assistindo o bebê de mais ou menos um ano chamar, da forma mais aguda e irritante possível, a mãe.
Wendy apareceu poucos segundos depois segurando uma mamadeira.

- Você consegue tomar sozinho, não é? – Perguntou, enquanto provava um pouco na palma da mão.

Ela virou a cabeça para me olhar e fez uma ligeira expressão de reprovação.

- Acordou? – Se aproximou cautelosamente, passando a mão pelos meus cabelos.

- Ahm, acho que sim.

- Vou te trazer alguma coisa para comer. Fiz waffles. E tem café também. Bolo... – Falava nervosamente.

- Café. – Escolhi.

- Nah, você tem que comer alguma coisa.

- Se eu comer alguma coisa, meu estômago vai sujar o seu chão.

Ela balançou a cabeça, entrando na cozinha e dando meia volta logo em seguida.

- E Billie, nós precisamos conversar.

- Huh? É, aliás, Wendy, desculpa por ter vindo aqui. – Procurava as palavras.

- Não se preocupe. – Falou, espalhando maternidade em cada palavra. – Venha aqui na cozinha.

A acompanhei até uma mesa coberta por um plástico decorado. O café escaldante era revitalizante, assim como a opacidade, incapaz de julgar, no rosto de Wendy.

- Então... O que está acontecendo, afinal?

- Argh, tudo. Meu casamento, eu não sei. Nem estou mais morando na minha casa. – Falei hesitante. – Está tudo uma merda.

- Espere, o que? Você e Adrienne se separaram? – Perguntou como se o mundo estivesse desabando.

- Não, não! – Praticamente gritei – Quer dizer, ela só precisa colocar as coisas em ordem, sabe? A verdade é que eu sou um marido de merda. Quando não estou fora de casa, estou aproveitando o tempo de forma egoísta.

Wendy suspirou levantando as sobrancelhas, como se não estivesse surpresa com minha última afirmação.

- E você vai ficar aonde esse tempo? toda a profundidade que jp com m os  tudo parar. L as palavras saiam automaticamente

- Eu não vou ficar aqui. – Falei rindo.

- Ah, não, Billie. Perguntei aleatóriamente, você pode ficar aqui o tempo que quiser – Franziu a testa.– Não o tempo que quiser, mas pode ficar, você sabe, por enquanto.

- Não precisa, eu vou ficar na outra casa por enquanto – Falei esfregando a testa.

- Você vai ficar sozinho com essa cara de crise? Bem, eu estou aqui se precisar.

Olhei para ela, concordando com a cabeça e voltei a tomar meu café. Wendy tinha um sorriso aguado no rosto, que escondia a preocupação dividida entre minha atual situação e os berros de Ernie.

- Eu já vou, Wendy. Obrigado. – Disse me levantando e beijando sua testa.

- Calma – Disse me segurando. – Você vai ficar bem?

Balancei a cabeça e caminhei em direção a porta.

- Tchau. – Acenei, lembrando depois que ela só estava a meio metro de distância.

Bati a porta, um tanto rudemente e desci as escadas estreitas do prédio. A rua estava vazia, exceto por algumas pessoas andando do outro lado da avenida. Estava mais frio que o dia anterior. Olhei ao redor, procurando pelo meu carro e não o encontrei. Olhei cada um dos componentes da rua, até chegar em um homem de meia idade com uniforme de garçom, me encarando do pequeno café da esquina. Ele andou em minha direção, como se tentasse me enchergar melhor tampando os fracos raios de sol com a mão. Droga, ele devia ter me reconhecido. Quando já estava consideravelmente perto, percebi que ainda estava parado o assistindo caminhar até mim. Me virei e apressei o passo.

- Heeey! – gritou.

- Merda. – Amaldiçoei abaixando a voz.

- Olha só, amigo – comecei. – Eu não estou em um dos meus melhores dias, então...

- Você deixou seu carro ontem comigo. Quer dizer, você só me deu a chave achando que eu era o manobrista, e nem se quer entrou no restaurante. – Falava franzindo a testa. – Eu ia chamar o reboque, mas como o movimento estava fraco e eu vi você entrando no apartamento da frente, eu o estacionei.

- Ah, muito obrigado. – Olhei agradecido, colocando uma mão no seu ombro. O que, posteriormente, causaria um certo constrangimento entre ambos.

- Está logo ali na esquina, venha. - Falou tirando uma chave do bolso e jogando para mim com naturalidade.

Andamos em um silêncio confortável por alguns segundos, até que chegamos na esquina, completamente residencial, destacando um Hybird preto. Agradeci mais uma vez, e entrei no carro, dirigindo, o que pensei ser, de forma natural pelo caminho da minha casa.
Não estava tão longe, assim como o tráfego estava calmo. O curto caminho foi percorrido em menos de dez minutos. O portão, se abriu com um rugido familiar quando apertei o botão do controle.
Entrar na casa não estava sendo tão difícil quanto parecia ser na noite anterior. Entrei casualmente, tentando reforçar o fato de que tudo ficaria bem, e sentei no sofá olhando todas aquelas coisas, que a tão pouco tempo atrás faziam parte do dia a dia da minha família, e agora ficavam ali, guardando memórias que pareciam de uma eternidade atrás.
Subi para o meu antigo quarto e me deitei na cama, no fundo, esperando que Addie aparecesse e me mandasse tirar os sapatos.

Abri os olhos, e me deparei com uma escuridão ao redor, exceto pela luz da rua que dava aos movéis um formato mínimo. Meu estômago doía, não só de fome, mas de ansiedade.
Céus, a quanto tempo eu não tomava banho? Pensei, me divertindo quando não consegui lembrar.
Liguei o chuveiro, e tentei me concentrar no merecido banho ao invés da movimentação que se extendia ao longo da rua. Ao terminar, coloquei qualquer samba-canção que encontrei na mala e desci as escadas, abrindo a geladeira e lembrando que ninguém morava mais lá. Suspirei e puxei o telefone para pedir comida, no único lugar que entregaria comida essa hora e que eu sabia o número: O Rudy’s Can’t Fail – o restaurante de Mike. Pedi o mesmo de sempre e esperei impaciente, ligando a tv.
Pensei em ligar para Mike, mas do jeito que é, vai enlouquecer e vir para cá agora mesmo e ficar até que Addie me perdoe. E o que menos quero é roubar mais ainda o tempo que ele tem para passar com a família. O homem se preocupa demais.
Pensei em ligar para o Tré, para o Jason, para o Aaron. Pensei em informar a todos sobre a minha situação. Mas eu não era o único com problemas. E honestamente, o meu nem era tão grande assim, visto que ainda estava tudo bem.
A televisão parecia tentar me despertar, quando começava a falar sozinha. Inclinei minha cabeça na poltrona do lado e esperei mais ou menos quarenta minutos para que um enorme hamburguer de gosto usualmente ácido estivesse na minha frente.
Dez horas da noite. O sono havia se escafedido pelo dia que passei dormindo. Olhei novamente o relógio que não tinha mudado sequer um ponteiro.
É. Subi as escadas e troquei de roupa, descendo em direção ao carro. Fiz meu caminho, que a essa altura se tornara rotineiro. Não sentia dor, não sentia ansiedade, medo ou tédio. Não sentia nada.
Estacionei o carro e percebi um familiar acorde de guitarra soando em um fluxo lento de ar.
Dearly beloved, are you listening? I can’t remember a word that you were saying.”

- Que? – Perguntei a mim mesmo, ao perceber a quarta parte de Jesus of Suburbia.

Andei em direção ao carro, e a encontrei cantando cada palavra com propriedade enquanto tocava ligeiramente uma air guitar.

- Esses caras são bons! – Falou sorrindo para si mesma, sem nem ao menos se virar para me olhar.

- Ahm, o som parece meio amador e assim como as letras. – Falei em tom esnobe. – Qual da banda?

Ela pegou o encarte do cd e apertou os olhos.

- American Idiot. – Disse, balançando a cabeça logo em seguida. – Ah não, esse é nome do cd. Pink Floyd, eu acho.

Ela se virou para me olhar agora, e me puxou pelo pulso, me fazendo inclinar e não ter opções, a não ser sentar ao seu lado. Ela ficou calada alguns minutos, até se virar e me dar um beijo rápido.

- Então, o que tem feito? – Perguntou, me passando um bong que acabara de acender.

Puxei a maior quantidade de vapor que consegui e tentei me lembrar da pergunta.

- Ahm.

Ela me puxou para perto de si e me beijou novamente.

- Eu gosto de você, Green Day. – Disse quando me largou.

Me inclinei e a beijei novamente como resposta. Holiday chegava ao fim, e o começo de Are We The Waiting coincindia perfeitamente com a situação. Em todos os shows, sempre chamara alguém para o palco quando a mesma começava, e agraciava o sortudo em potencial com um beijo. Toda essa idéia me fez rastejar para mais perto. A cidade ao redor piscava em compasso com as peças de roupa que caíam. Tudo parecia muito mais contrastado, mais alto e claro. Não era nada frenético. Até começar St. Jimmy e seu rosto ganhar outra forma, como se todos as suas contorções se devessem a música.
Eu não sabia o que estava fazendo, ou até mesmo com quem estava naquele momento. Não era ela. Eu não conseguia parar.

“It’s Sait Jimmy, and that’s my name.”  Ela explodiu como se tivesse, de fato, dito o último verso.

Give Me Novacaine me afastou dela, como se me acordasse novamente. Me sentei o mais longe que pude, enquanto ela me olhava casualmente, acendendo um cigarro. Apoiei minha cabeça nas mãos. Ela me abraçou por trás, passando o filtro do cigarro pelos meus lábios. Dei uma tragada e me virei para a encarar.

- Você não a ama menos por isso, não é mesmo? – Perguntou em um sorriso óbvio.

- Não. – Falei rudemente.

- Então não há porque se jogar daqui de cima, huh?

Balancei a cabeça e vesti minhas roupas com certo desespero. Entrei no carro sem ao menos me despedi e a olhei de longe, continuava no mesmo lugar, fumando da mesma forma, como se minha presença não fizesse a mínima diferença. She’s A Rebel começou a tocar, junto com um rugido e uma gargalhada.

Dirigi o mais rápido possível para longe dalí.


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Notas finais do capítulo

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