Nunca Sonhei escrita por Miller


Capítulo 8
Problemas mentais.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas do meu coração! Como estão?
Bem, aqui está mais um novo capítulo da fanfic e estamos chegando no meio da história. Acredito que vai haver mais uns 10 capítulos até o fim...
Anyway...
Espero que gostem.



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E então você se vê perdidamente apaixonada pelo seu amigo enquanto ele ri da sua cara porque vocês dois caíram no chão. Sim, isso é uma coisa que definitivamente tinha de acontecer comigo. Porque é claro que, justo quando eu penso que minha vida vai melhorar e eu tenho novos amigos maravilhosos, eu tenho que estragar tudo.

Porque os olhos dele tinham de parecer tão maravilhosamente castanhos naquela hora? Porque a boca dele tinha de se tornar extremamente convidativa justo naquele momento? Porque eu, Lily Evans, não morria de uma vez antes que mais catástrofes continuassem a acontecer na minha vida?

Eram milhares de perguntas e para nenhuma delas eu tinha resposta.

– Você está bem? – ele perguntou e eu agradeci por ele me tirar de meus devaneios enlouquecedores.

– Se você sair de cima de mim eu vou ficar – eu disse enquanto lutava internamente com duas partes de mim: a razão – Você precisa afastá-lo antes que acabe fazendo uma loucura com ele tão perto – e a emoção – Oh, esqueça tudo e beije ele de uma vez sua lesada!

É eu estava ficando louca.

James, com um pouco de dificuldade saiu de cima de mim e eu consegui me sentar. Soltei um longo suspiro e tentei acalmar os batimentos acelerados de meu coração.

Pegando-me desprevenida, James puxou meu braço – o que estava machucado – e o analisou de perto.

– É melhor a gente dar um jeito nisso antes que comece a infeccionar – ele disse e me olhou. – Como foi que você conseguiu fazer isso?

– Não fui eu, foi a Lucia – eu resmunguei enquanto levantava do chão sentindo-me extremamente irritada. Comecei a caminhar rapidamente tentando por o máximo de distância entre James e mim.

Porque é completamente normal você acordar, tomar banho, tomar café, pegar suas coisas e ir para a escola não é mesmo? E é completamente normal você tentar lembrar letras de músicas que você ouve na TV enquanto você não tem nada para fazer, não é? É completamente normal você ser interceptada no corredor por um narigudo seboso que te chama de vadia e ainda te ameaça com um bando de idiotas, e também é normal você dar um soco na cara deste mesmo narigudo, assim como também é normal ser chamada para sair na frente da escola inteira pelo cara que quer que você o ajude a conquistar sua melhor amiga. E é mais normal ainda você se apaixonar justamente por esse cara apenas porque ele caiu em cima de você e te olhou com seus olhos absurdamente bonitos e brilhantes. Yeah, minha ironia estava nas alturas ultimamente.

– Hey, espera – James correu até onde eu estava e me encarou confuso. – Porque você saiu correndo desse jeito? – perguntou.

Dei de ombros querendo que ele sumisse da minha frente.

Ele me encarou por mais algum tempo e deu de ombros também.

– Ótimo – ele disse e deu as costas para mim, andando para o outro lado da rua.

E eu fiquei lá, sentindo-me uma palhaça imbecil e completamente estúpida. Pelo menos ele tinha realmente sumido da minha frente.

Caminhei lentamente para casa, preparando-me psicologicamente para a reprimenda que minha mãe com certeza me daria, mas não tinha ninguém em casa de novo. Dois bilhetes estavam colados na geladeira; um era de Petúnia – Mamãe se for você que estiver lendo esse bilhete, fui à casa de Valter. Se for a Lily quem estiver lendo esse bilhete: vá à merda! – carinhosa como sempre e outro de minha mãe – Vou ficar até mais tarde no trabalho, assim que, quando eu chegar, quero a casa impecável.

Suspirei e me atirei pesadamente em uma das cadeiras que estavam em volta da mesa.

– O que diabos eu vou fazer? – resmunguei comigo mesma.

Pousei minha testa no mármore frio da mesa e fiquei assim por um bom tempo; isso aliviava a dor de cabeça que eu não sabia que estava sentindo. Teria ficado lá por muito mais tempo se não fossem as batidas na porta.

Eu levantei preguiçosamente da cadeira e, quando passei por um espelho que havia entre a cozinha e a sala, vi que minha testa estava vermelha onde eu tinha apoiado na mesa. Oh, como se eu precisasse de mais alguma marca.

Foi com uma mão na testa que abri a porta.

– Hey Lily – James Potter estava parado em frente à porta aberta com uma maleta de primeiros socorros em uma mão e a mochila na outra. Não era preciso dizer que meu coração estava disparado a mais de mil por hora.

– O... O que você está fazendo aqui? – perguntei completamente confusa. – Eu pensei...

– Você pensou que eu estava bravo com você? – ele perguntou enquanto passava pela porta sem minha permissão. – Oh não, quando você convive muito tempo com o Sirius você aprende a relevar certas coisas – ele disse e virou de frente para mim. – Linda casa.

Senti minha sobrancelha se erguer sem meu consentimento.

– Você não acha que é falta de educação entrar na minha casa sem o meu consentimento? – perguntei.

James me encarou por algum tempo e sorriu.

Andou lentamente até a porta, saiu e puxou fechando-a novamente. Eu fiquei sem entender, apenas olhando para a porta fechada até que um ‘toc, toc’ me fez abri-la novamente. James sorria, ainda com a mochila e a maleta de primeiro socorros.

– Posso entrar madame? – ele perguntou fazendo uma reverência exagerada.

Revirei os olhos e não pude deixar de sorrir também. James era incrivelmente idiota. E eu gostava disso.

Afastei-me dando passagem e ele entrou.

– Linda casa – ele disse novamente.

– Yeah, minha mãe é decoradora – eu disse enquanto fechava a porta. – Mas então, o que é que você quer? – perguntei diretamente.

– Uau, você é bem direta não é mesmo? – ele riu com uma sobrancelha erguida.

– Não gosto de enrolação – eu disse enquanto me concentrava em não corar por ter ele tão perto.

– Eu vim cuidar de você – ele disse as palavras de tal forma que meu coração pareceu inflar, esmagando meus pulmões, deixando-me com dificuldade para respirar. Duas palavras: Grande merda! James mostrou a maleta de primeiros socorros e a abriu, puxando de dentro alguns frascos e uma grande quantidade de gaze para ferimentos.

Eu apenas fiquei encarando-o boquiaberta. James sentou no grande sofá azul marinho da sala e me encarou com o braço esticado.

– Me dê seu braço Lily – ele pediu.

– Eu não! Ainda vou precisar dele, muito obrigado – eu disse. Realmente, ele até podia ser o amor da minha vida, mas eu não confiava em seus dotes medicinais.

James revirou os olhos.

– Se você não me deixar fazer um curativo nisso daí, vai acabar inflamando e você, ai sim, não vai poder usá-lo – ele disse como um professor. Não me movi, não porque não quis, mas por medo de chegar perto demais dele. – Ande Lily, deixe de ser infantil.

A palavra infantil me fez estreitar os olhos e eu finalmente fui até ele.

– Se eu perder o braço por sua culpa, juro que você vai se arrepender – eu disse tentando parecer ameaçadora.

– Como se eu fosse conseguir fazer alguma coisa com o seu braço apenas com álcool e gaze – ele revirou os olhos novamente. – O que houve com a sua testa? – ele perguntou um pouco antes de começar a passar o algodão com álcool pelo meu ferimento.

Eu olhei novamente para o espelho e lembrei que minha testa estava marcada da mesa. Dei de ombros.

– Eu estava apoiada na mesa – eu disse.

– Com a testa? – ele perguntou como se duvidasse de minhas capacidades mentais.

– Não, com a b... – eu parei para respirar e vi que ele prendia o riso. – Sim, com a testa.

– Huh – ele disse e tacou o algodão com álcool no machucado.

– AI! – eu gritei. Doía para caramba – Cuidado ai – eu disse.

Como você reclama – ele disse e me olhou com uma carinha de cachorro sem dono. – Eu aqui te fazendo um favor e você brigando comigo! Quase tive que implorar para me deixar entrar – dramatizou.

Eu ri da sua atuação fajuta.

Ele ficou em silêncio enquanto limpava meu ferimento e o enrolava com gaze logo em seguida.

– Pronto – ele disse. – Você ainda tem um braço.

– Vamos ver por quanto tempo – eu disse não perdendo a oportunidade de fazer birra. Ele riu. Mexi meu braço e percebi que já não estava mais dolorido. A faixa de gaze me impedia de fazer alguns movimentos, mas aliviava consideravelmente a dor. – Porque você trouxe a mochila? – perguntei quando vi a mochila do outro lado do sofá.

– Porque, caso você não lembre, nós temos detenção daqui a pouco – e apontou para o grande relógio que era visto pela porta da cozinha.

Era uma e meia da tarde.

Percebi que estava morrendo de fome e que tinha muito pouco tempo para comer.

– Ah Deus, eu tinha me esquecido disso – eu levantei de um salto do sofá e corri escadas acima até meu quarto. Estava tão concentrada em procurar minha mochila que nem reparei que James havia me seguido. Foi só quando eu virei em direção à porta, depois de ter achado minha bolsa, que eu percebi que ele estava ali.

– AH – eu gritei e pus a mão sobre o coração.

– Calma Lily, nem sou tão feio assim – James brincou e caminhou pelo quarto observando a decoração.

Era tudo azul-marinho com branco, duas paredes azuis e duas brancas; e em uma das paredes azuis, a que dava de frente para minha cama, estavam coladas milhares daquelas estrelas em neon que brilham no escuro. Eu tinha demorado quase uma semana para colar tudo ali. Em outra das paredes, a que ficava a porta, estavam coladas várias fotos das situações mais inusitadas que eu já tinha vivido com Lene e Dorcas.

– Isso é legal – ele apontou para as estrelas e logo em seguida para as fotos. – Hum – ele resmungou enquanto ia para mais perto da parede. – Você não tem um mural onde colar tudo isso?

– Para quê um mural se eu tenho a parede? – disse desvirtuadamente. – Eu posso fazer o que quiser ai, e por milhares de fotos que sempre vai ter espaço. Não é tão limitado quanto um mural – dei de ombros.

Os olhos de James me analisaram estranhamente e eu não pude ler a emoção que perpassava por ali.

– Hey, vamos descer? Ainda tenho que comer alguma coisa antes de ir para a detenção – fiz uma careta na última parte.

– Aham – ele concordou e descemos as escadas em silêncio.

Fui até a cozinha novamente, com James sempre em meu encalço, e abri a geladeira à procura de alguma coisa rápida para comer. Quando vire, James estava com a cabeça apoiada na mesa, assim como eu estava antes de ele chegar.

– O que você está fazendo? – perguntei com um pote de manteiga em uma mão e presunto na outra.

Ele ergueu a cabeça e sua testa estava marcada.

– Refazendo os passos de seu crime – ele disse e apontou para a testa. – Está vermelho?

Eu tive que rir.

– Você tem problemas mentais, é sério – eu disse.

– Acho que você já me disse isso uma vez – ele falou enquanto me observava preparar um sanduíche.

– Quer um? – perguntei antes de guardar as coisas. Ele fez que não com a cabeça.

Guardei a manteiga e o presunto e peguei meu sanduíche enquanto era minuciosamente observada por James. Estava quase pondo meu pão na boca quando percebi que ele não parava de me olhar.

– Será que dá para você olhar para o outro lado? – perguntei sentindo-me constrangida.

– Por quê? – ele perguntou.

– É constrangedor você me encarando desse jeito – eu disse. – Não consigo comer.

– Okay – ele virou o rosto para o outro lado e eu voltei para meu sanduíche sentindo minhas bochechas vermelhas.

Acabei de comer e arrumei tudo que estava fora do lugar correndo antes de sairmos, os dois com as mochilas nas costas para o dia bonito que estava fazendo.

E que iria ser estragado por causa de uma maldita detenção. Grande Merda.

– Isso foi interessante – James falou quando estávamos à uma quadra da minha casa.

– O que? – perguntei sem entender.

– Ah, nada – ele resmungou e eu fiquei ainda mais confusa.

– Hey, você sabe o que se faz em uma detenção? – perguntei.

James me encarou como se eu fosse um alien.

– Você não sabe? – perguntou.

– Sabe, diferente de outras pessoas, eu não passo a maior parte da minha vida cumprindo detenções – eu disse.

– Yeah, você passa metade da sua vida colando estrelas na parede – ele respondeu.

– O que você quer dizer com isso? – parei de andar e perguntei.

– Nada.

– Fale James – eu pedi.

James parou de andar e virou para mim.

– Eu apenas não entendo – ele disse. – Você tem tudo para ser uma adolescente normal...

– Está me chamando de anormal? – perguntei.

– Não é a isso que me refiro, o que estou tentando dizer é que você não aproveita a vida que tem – ele disse.

– Como você pode saber disso? Nós nem nos conhecíamos à apenas uma semana – eu disse.

– Eu... – James corou e sacudiu a cabeça. – Você precisa sair mais Lily – ele disse. – Precisa se divertir mais, ir à festas e beber alguma coisa...

– Eu não gosto disso – eu bati o pé.

– Você alguma vez já bebeu na vida? – perguntou ele.

– Já – respondi e corei logo em seguida. – Champagne no Natal... – ele riu.

– Viu o que eu quis dizer? Não estou falando de beber até ficar bêbada, estou falando de sair com as suas amigas e sei lá, ficar até tarde se divertindo. E você não faz isso, mesmo que tenha como fazer – ele disse.

– Aonde você quer chegar com essa conversa afinal? – perguntei sentindo-me deprimida.

– Sexta – ele disse e afirmou com a cabeça suas palavras. – Sexta nós vamos sair e eu vou mostrar a você como é se divertir de verdade – ele disse e continuou a andar.

Eu tinha a sensação de que aquilo não ia dar certo.

Eu e James, sexta, bebidas, uma paixão recém descoberta.

Uh, eu estava tão perdida.


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Notas finais do capítulo

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