Nunca Sonhei escrita por Miller


Capítulo 15
Me desculpa, Lily?


Notas iniciais do capítulo

Dedicado à Lovegood pela recomendação =D



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Eu não sabia muito bem o que fazer. Meu primeiro impulso foi puxar a cortina e fingir que não tinha visto nada, o que não adiantaria, pois provavelmente James continuaria atirando pedras.

– Vai lá – a voz de Lene me fez dar um pulo devido ao susto. Não tinha percebido que ela havia se aproximado enquanto eu fitava o garoto no jardim.

Olhei para Lene e balancei a cabeça negativamente.

– Não – eu lhe disse. – Já me machuquei demais.

– Não seja covarde Lily, você é grifinória, lembra? – ela disse e eu suspirei.

– Eles erraram na seleção okay? Não vou ir até lá – disse, mas eu podia sentir minha teimosia ir sumindo aos poucos.

Minha razão me dizia para me trancar naquele quarto e não sair dali nunca mais. O problema era meu coração que à cada batida dizia ‘vá falar com ele’.

Se ele não servisse para me manter viva, eu teria arrancado-o naquele momento. Porque meu coração era um traidor.

Olhei para a porta do quarto. Dorcas ainda não tinha voltado. Decidi ir falar com ele.

– Okay, tudo bem, vou ir lá – eu disse e puxei meu lençol da cama.

– Espera... – Lene me encarava estranhamente. – O que você... Não! Você vai mesmo pular pela janela? – ela perguntou completamente incrédula.

Depois de amarrar firmemente o lençol na minha escrivaninha, atirei-o pela janela e dei um impulso, ficando pendurada por um braço.

– Você é louca – Lene sussurrou pela janela e eu sorri para ela.

O problema era que meu braço estava começando a perder a força e eu não tinha onde me apoiar para que não me estatelasse no chão.

– Droga – resmunguei enquanto tentava encaixar um dos meus braços em um vão na parede.

– Eu te ajudo – ouvi a voz de James e senti mãos segurarem meus tornozelos.

Tentei esticar um pouco mais o outro braço, mas não consegui. Minha força se foi e eu teria quebrado todos meus ossos se James não tivesse me segurado.

Cai por cima dele, a grama fofa abafando o barulho e eu agradeci aos céus por isso. Não precisava que minha mãe soubesse o que eu estava fazendo.

E então meus olhos encontraram com os dele e eu não pude deixar de lembrar o maldito dia em que aquilo havia acontecido pela primeira vez.

Eu precisei de toda a minha força de vontade e concentração para não beijá-lo ali mesmo. Que impulsos eram aqueles? Eu nunca fui nenhuma espécie perto de ‘tarada’.

Rolei para o lado, saindo de cima dele, mas continuando deitada na grama. James suspirou pesadamente.

– Obrigado – eu disse silenciosamente.

Devia ser estranho estar ali com ele, eu devia me sentir constrangida e o silêncio entre nós dois deveria ser tenso. Mas não era assim. Eu estava bem ali. Eu gostava de estar ali. E eu gostava de quem estava ali comigo.

James encarava o céu e eu não pude deixar de apreciar o quanto ele era bonito. Senti meu rosto esquentar consideravelmente com esse pensamento então virei meus olhos para o céu também.

A noite estava linda, as estrelas pareciam estar de muito bom humor, pois brilhavam mais intensamente do que há muito tempo. Ou talvez eu achasse isso porque estava com ele ali.

– Olha... – James começou a falar e eu senti ele se mover ao meu lado. Decidi não encará-lo. – Me desculpe – ele falou e eu suspirei.

– Desculpe... Desculpe pelo quê, afinal de contas? – eu disse e finalmente o encarei. – Desculpe por te ignorar Lily? Desculpe por te deixar sem entender nada Lily? Ou desculpe por eu ser um idiota Lily? – lhe disse, sentindo finalmente uma faísca de tensão no ar à nossa volta.

James sorriu à contragosto.

– Você é a pessoa mais absurdamente sarcástica que conheço – ele balançou a cabeça e voltou a deitar na grama, ainda me encarando. – Acho que me desculpe por tudo isso – ele falou e passou as mãos pelos cabelos sedosos.

– Não tenho certeza de que você mereça – eu disse, minha voz saindo birrenta até mesmo em meus ouvidos.

– Eu sei – ele disse e ficou em silêncio novamente.

O silêncio se estendeu entre nós dois e eu já não me sentia tão confortável de estar ali com ele. Era quase como se nós dois estivéssemos trancando alguma coisa – o que para mim era verdade, afinal eu estava me controlando para não agarrá-lo.

Finalmente não agüentei mais e tive de quebrar o silêncio.

– Porque, sempre que você vem aqui, está de pijama? – perguntei qualquer coisa e eu ouvi sua risada próxima ao meu ouvido. O que me arrepiou terrivelmente. Aquilo parecia demais com as cenas de meus sonhos com ele.

– Não sei – ele disse e seu tom era tão divertido que tive de olhá-lo. O que foi um erro.

Ele estava próximo demais, sua respiração cruzava com a minha e eu senti meu coração parar por alguns segundos antes de acelerar extremamente.

Ele era ainda mais sedutor do que em meus sonhos. E eu achando que seria impossível.

Quando faltavam apenas centímetros entre nós dois eu me ergui, sentando tão rapidamente que fiquei tonta.

O que diabos eu estava pensando? Como eu podia sequer cogitar a idéia de beijá-lo? EU QUASE O BEIJEI! Quase terminei com todas as chances de voltarmos a ser amigos. Afinal de contas eu tinha certeza de que se eu o beijasse, ele sentiria nojo de mim. Eu era amiga dele. Ele estava ali pedindo desculpas porque me queria como amiga dele. A-M-I-G-A. Não qualquer outra coisa besta que se passasse por minha mente.

Ouvi um muxoxo, mas talvez fosse só impressão minha. Estava tonta demais para saber se escutava direito. Pus minha cabeça no meio de minhas pernas para fazer a tontura passar e senti James também sentar ao meu lado.

– Falta 3 dias para a festa a fantasia – ele falou. – Você vai ir?

Quando senti que não iria desmaiar, ergui minha cabeça e o encarei.

– Sim, vou – eu disse. - As garotas me matariam se eu não fosse – tentei sorrir.

James me encarou por algum tempo, sua expressão indecifrável.

– Com que fantasia você vai ir? – perguntou e eu franzi a testa pela pergunta.

– Ainda não decidi – disse.

Eu havia me esquecido desse detalhe. Na louca procura para uma roupara para Dorcas e Remus eu havia me esquecido que eu também deveria me fantasiar.

– E você? – perguntei.

Ele balançou a cabeça em negação.

– Também não decidi.

Mais silêncio constrangedor.

Então eu me levantei, tomando cuidado para não ficar tonta novamente.

James continuou sentado, mas me olhou em indagação.

– Vou dormir – eu disse. – tem aula amanhã.

Ele suspirou.

– Yeah, infelizmente.

– Infelizmente – concordei e voltei meus olhos para o lençol pendurado na janela sentindo um desânimo imenso.

– Não tem uma escada? – ele perguntou e eu neguei.

– Vou entrar pela porta mesmo – disse.

– Tem certeza?

– Yeah, eu invento alguma coisa se minha mãe estiver na sala – sorri fracamente e ele retribuiu. – Boa noite James – disse à ele e fui em direção à porta da frente.

– Hey – ele disse quando eu estava prestes a abrir a porta.

Encarei-o indagativamente.

– Você não me respondeu se me desculpa – ele disse e, pela primeira vez naquela noite, sorri verdadeiramente.

– Yeah, eu desculpo – disse a ele e entrei em casa deixando ele sozinho em frente ao jardim.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam, amores?

Jily é sempre tão ♥

Não esqueçam de me contar o que estão achando!
Beijoosss