Suzumiya Haruki no Monogatari escrita por Shiroyuki


Capítulo 3
Capítulo 3 - Conversa




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Após os feriados da “Golden Week”, eu ia até a escola sozinha, pensando que tipo de doença havia afetado a Mãe Natureza para que estivesse tão anormalmente quente em pleno mês de Maio. Eu estava derretendo rapidamente, e aquela ladeira parecia não ter fim.

— E aí, Kyonko! – alguém me cumprimentou com um tapa nas costas, animadamente. Obviamente era a Taniguchi – Onde você foi durante a Golden Week? – aquela pergunta não era por interesse em mim, era apenas uma deixa para que ela desatasse a falar sobre si mesma, é claro.

— Levei meu irmão menor para ver minha vó no interior – respondi com sinceridade, e causando risos histéricos na pessoa ao meu lado que eu fingi não conhecer, caminhei mais rápido.

— Você deveria tentar se parecer mais com uma estudante do Ensino Médio. Visitar a vovó! Que chato!

— Bem, então, o que uma estudante do ensino médio faria?

— Hmm... – Taniguchi fingiu pensar por poucos segundos – Quem sabe você deveria tentar convidar o Suzumiya para sair?

— Ah! Por favor! Não me venha com essa de novo! Você está começando a parecer a Kunikida, fantasiando dessa maneira! – exclamei, tentando ao máximo afastar o pensamento de empurrar Taniguchi ladeira abaixo.

Definitivamente eu nunca iria me humilhar e falar com aquele ser outra vez, nem por todo dinheiro do mundo. E além de tudo isso, ele já tinha certa fama na escola, por fazer algumas coisas esquisitas, como participar de um clube diferente cada dia, trocar de roupa na frente das garotas (tentar, é claro, já que Asakura-san sempre o impedia de seguir em frente) ou passar todas as aulas com um fone de ouvido amarelo no volume máximo, sem se importar com o quanto os professores reclamassem. Eu não queria acabar com a reputação que eu nem mesmo tinha andando com aquele...

— Vamos lá! No próximo fim de semana eu e você vamos fazer coisas de estudantes do Ensino Médio, Kyonko.

A propósito, Kyonko sou eu. Um dia uma tia me chamou assim, e meu irmão menor achou engraçado e tratou de espalhar entre os meus amigos (isso quando ainda era um bebê, para vocês terem ideia da proporção das coisas). Sinto saudades do tempo em que eu era a Onee-chan... mas isso não vem ao caso.

Tratei de me concentrar em não falar mais nada que desse a Taniguchi a ideia de que eu queria prolongar a conversa, e continuei a escalada. Ela não se deixou abalar e continuou a tagarelar, sobre roupas e encontros que nunca aconteceriam, e assim chegamos na escola.

Quando chegamos à sala de aula, Suzumiya Haruki já estava sentado no lugar atrás de mim, desenhando algo na classe, parecendo acima de tudo, entediado. Agora que paro para prestar atenção, ele sempre está riscando nas classes e nos cadernos rabiscos sem sentido, não importando o quanto os professores, ou Asakura Ryoushi, lhe pedissem que não vandalizasse dessa maneira os móveis da escola.

Sentei no meu lugar me sentindo um pouco inquieta, e por alguma razão além da minha compreensão (talvez eu estivesse enlouquecendo, ou quem sabe, minha glicose estava baixa), eu senti o ímpeto de falar com Suzumiya. Foi por mero impulso, mas antes que eu me desse conta, já tinha falado.

— Esses desenhos são para chamar aliens?

Como num daqueles filmes de Hitchcock, Suzumiya Haruki virou seu rosto lentamente na minha direção, e me encarou com a expressão mortalmente séria, e os olhos flamejantes quase perfuravam minha alma.

— Quando você percebeu? – ele disse de maneira fria. Parei por alguns segundos para pensar, enquanto recuperava o fôlego.

— Faz algum tempo... – respondi incerta.

— Sério? – Haruki apoiou a cabeça no queixo, com o semblante irritado – você vem me observando há muito tempo?

Me sobressaltei com sua pergunta, que obviamente poderia ter um segundo sentido, e me concentrei em dar uma resposta apropriada.

— Você não é o tipo de pessoa que passa despercebido, todos por aqui vem observando suas atitudes... estranh... quero dizer... fora do comum, desde o ínicio. Eu...

— Alguém pediu sua opinião? – Haruki me olhava de cara feia, insatisfeito com a minha resposta.

Eu apenas fiquei sentada ali, torcendo para o tempo passar. Aquela foi a primeira conversa quase decente que eu tive com ele, não chegou a ser um longo papo entre amigos de infância, mas foi menos traumatizante que a última, pelo menos.

— Eu já não vi você? Há muito tempo atrás? – Haruki perguntou, com um leve tom de curiosidade na voz. Não posso negar que fiquei surpresa por ele voltar a falar comigo, é a primeira vez que o vejo puxando assunto com alguém.

— Acho que não – respondi com sinceridade. Era impossível eu conhecer alguém como Suzumiya Haruki e simplesmente ter me esquecido.

Após eu responder, Okabe-sensei entrou na sala, e a nossa primeira conversa terminou.

-

Apesar desse primeiro contato não ser nada digno de nota, sinceramente eu esperava por algo do tipo “Cala a boca, você é irritante, apresse-se e morra!”, então posso dizer que eu fui bem-sucedida. A partir daquele dia, conversar com Haruki no pequeno espaço de tempo antes das aulas (já que no intervalo ele sumia sempre) tornou-se um hábito. Claro que se não tentasse iniciar a conversa, Haruki não mostraria nenhum tipo de reação, e se eu falasse de assuntos como o programa que passou ontem na TV, como o tempo está hoje, ou a última edição daquela revista, ele apenas ignoraria, então eu escolhia cuidadosamente o tópico de nossas conversas.

— Você tentou mesmo entrar em todos os clubes?

— Sim.

— E existe algum que seja mais interessante que os outros? Estou pensando em me juntar em algum...

— Nenhum – ele respondeu parecendo revoltado – Absolutamente nenhum! – ele respirou fundo, estaria suspirando?

— Eu achei que essa escola fosse ser diferente, mas ao que parece nada mudou, é a mesma educação forçada que eu tinha no ginásio! Eu entrei na escola errada... Todos os clubes, esportivos ou culturais, são normais, iguais aos outros. Se ao menos houvesse algum clube que fosse único.

— E quem lhe deu o direito de decidir quais clubes são normais e quais não são?

— Cale a boca! – Haruki virou sua cabeça com incômodo, encerrando a conversa do dia, e colocando na cabeça o fone amarelo.

Como eu queria nunca ter iniciado aquele assunto... Como eu queria nunca ter falado com Suzumiya Haruki... Mas como nada do que eu quero acontece, tudo o que posso fazer é me conformar e aceitar cada um dos meus pequenos erros... Como isso é... irritante!


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Notas finais do capítulo

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