Suzumiya Haruki no Monogatari escrita por Shiroyuki


Capítulo 2
Capítulo 2 - Tentativa




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Capítulo 2. Tentativa

Já haviam se passado alguns dias desde a apresentação explosiva do garoto misterioso, e todos acabaram por esquecer esse fato, Haruki passou a ser somente mais um aluno dessa escola, apenas inalcançável e afastado de todo o resto.

Apesar da minha clara preferência por estar sozinha, eu conseguir fazer algumas amigas. É melhor assim, afinal eu não quero ser tachada como anti-social e introvertida. Elas eram Kunikida-chan, que se formou comigo no ensino fundamental, e Taniguchi-chan, que estudou na escola Média do Leste e sentava perto de mim. As duas já se conheciam, e eu fui facilmente incluída no grupo. Kunikida era do tipo bonitinha e comportada, que atraia os olhares masculinos, ainda mais com aquelas marias-chiquinhas que pareciam gritar ‘olhem como eu sou kawaii!!!’, ao contrário de Taniguchi, com seus cabelos curtos e presos atrás da cabeça, que era impaciente e agitada, gostava de falar de todo mundo e com todo mundo, e andava louca por um namorado.

Estávamos almoçando calmamente, como fazíamos sempre, mas eu não consigo me lembrar exatamente em que momento tópico de nossas conversas passou a ser Suzumiya-san.

— Você já tentou conversar com o Suzumiya-san? – Kunikida perguntou, estranhamente interessada no garoto, com a cabeça apoiada no queixo, inclinada para mim. Uma garota moe como você não deve demonstrar interesses desse tipo, acaba com a imagem pura que você espalha por aí!

— Não – respondi apenas, contendo a vontade de perguntar se elas achavam que eu era louca de puxar assunto com um otaku louco daqueles. Eu nunca ia admitir que andava pensando em maneiras de puxar assunto nas últimas noites, é claro.

— Se você está interessada nele, eu só tenho um conselho a te dar. Desista!  - por que está olhando para mim? Quando foi que eu disse que estava interessada? Quem fez perguntas estranhas foi Kunikida, não eu!Eu estive na classe dele por três anos, sei como ele é. – ela deixara uma deixa para o discurso, e como esperado, Kunikida manifestou sua curiosidade conduzindo-a a continuar.

— Ele sempre faz coisas estranhas. Estranhas e surpreendentes. Eu pensei que ele tivesse amadurecido um pouco, ou ao menos tentasse se controlar, agora que está no Ensino Médio, mas ao que parece ele continua o mesmo. Você sabe do discurso de apresentação, não é?

— Você diz daquela coisa de ficção cientifica?

— Sim, sim! No ensino fundamental também, ele disse e fez várias coisas esquisitas, como por exemplo aquele incidente da vandalização da escola.

— O que aconteceu? – Kunikida, de tão empolgada, dava pequenos pulinhos, quicando na cadeira.

— Você não sabe? Saiu até no jornal!Sabe aquele equipamento de desenhar linhas no campo, certo? Ele invadiu a escola no meio da noite, e desenhou com aquilo um imenso símbolo bem no meio do campo. Aquilo foi um grande choque. Ninguém sabia dizer ao certo o que aquilo significava, mas ele mesmo admitiu ter feito aquilo.

— E por que ele fez isso afinal?

— Eu não sei. Mas não foi só isso. Ele fez inúmeras coisas desse tipo durante todo o tempo, como pintar estrelas no teto, ou espalhar papéis de maldição pelo lugar.– Taniguchi encerrou a conversa, enfiando um punhado de arroz para dentro da boca.

A imagem de Suzumiya Haruki fazendo todas essas coisas, com aquela sua aparência sem sentido, e uma expressão séria e obstinada em seu rosto assolava minha mente. Estou certa de que se eu continuar a pensar nesse garoto, vou acabar tão louca quanto ele!

— Ah! Apesar de tudo isso, Suzumiya é bastante popular com as garotas... eu conheço uma que já saiu com ele... – Kunikida ainda não se cansara do assunto.

— Ele é lindo, atlético, e inteligente – Taniguchi se intrometeu – Mesmo sendo peculiar, se manter a boca fechada, ele é perfeito. Durante certo período ele trocou de namorada sem parar, o máximo de tempo que já ficou com alguém foi uma semana... não que isso não seja comum hoje em dia, mas ele sempre dava a mesma desculpa ao chutar as garotas. ‘Não tenho tempo para perder com humanas’. E é por isso que eu digo, Kyonko, desista! Ele não se sensibiliza com declarações, você só vai ser mais uma chutada – Assim como você, eu presumo, pois ao que parece, você tem um sentimento de frustração, aposto que esta dividindo sua própria experiência conosco. E diga o que quiser, eu não estou interessado nele desta maneira. E nem de maneira nenhuma, é claro.

— Aaaah! Não me olha assim, eu nunca ia querer  Suzumiya. Eu já escolhi o meu alvo – ela riu maliciosamente, apontando para trás da minha cabeça. Me virei discretamente para olhar, assim como Kunikida. Ela apontava para Asakura Ryoushi, o representante de classe.  Ele era alto e atraente, quase tanto quanto Suzumiya, eu posso dizer. Seus cabelos lisos azulados eram curtos, e perfeitamente alinhados, e um sorriso perfeito brincava em seus lábios. Ele transmitia uma áurea de responsabilidade e cuidado, não lembrava em nada esses adolescentes delinqüentes e mimados que se vê por aí. Aos olhos dos professores era um estudante modelo, e o sonho de consumo de todas as garotas dessa escola, e provavelmente da cidade inteira. Comparado ao carrancudo otaku viciado em ficção cientifica, a escolha era óbvia, e mais óbvio ainda era o fato de Taniguchi não ter chance alguma com nenhum dos dois. Apesar de ser bonitinha, ela não pertencia ao mesmo nível, entende?

Eu devo parecer arrogante falando dessa maneira, mas é a mais pura e cristalina verdade, e todos temos que conviver com a verdade e aceitá-la, assim como se faz com uma sogra, ou com um irmão chato. Taniguchi ainda não percebeu esse fato, e não sou eu quem vai abrir seus olhos para a realidade, espero que ela perceba logo e não se afogue em ilusões.

— Sabe o que eu acho? – Kunikida levou dedo indicador ao queixo, com um semblante pensativo. Eu não sei o que você acha, e tenho medo dessas suas idéias retiradas de mangás shoujo. Por favor, não me envolva em suas fantasias, eu imploro – você devia falar com ele.

— O que? Eu? Há! Eu prefiro ter que aguentar um dia inteiro de educação física com aquele Hulk-sem-cérebro do Okabe-sensei do que ter que trocar uma palavra com aquele ser.

— Aaaah! Vamos! Não vai doer nadinha... – Kunikida pediu chorosa.

— Eu aposto 900 ienes que você não tem coragem de falar com ele – Taniguchi desafiou, com metade de um onigiri dentro da boca.

Eu sorri. Aquele seria o dinheiro mais fácil que eu já ganhei. É claro que muitos já haviam tentado falar com o Suzumiya, e falharam miseravelmente. Comigo não seria diferente, mas apesar de ser extremamente mal-educado, o fato era que ele respondia qualquer coisa que lhe perguntassem. Secamente, mas respondia. Ele já havia feito uma garota chorar com suas respostas rápidas e rudes, mas eu tinha bons nervos, e não ia me deixar me abalar tão facilmente.

Me aproximei e sentei na minha classe, que ficava em frente à dele, como quem não quer nada. Seria bem mais fácil se aquelas duas não estivessem observando tão atenta e indiscretamente, será que elas não querem uns binóculos e dispositivos de escuta pra ajudar?

— Hey! – eu preparei o meu melhor sorriso afetado para parecer alguém refrescante e sociável – Aquelas coisas que você falou durante a apresentação, você estava falando sério? – esse não era o melhor assunto para iniciar uma conversa, mas eu não consigo pensar em nada melhor.

Suzumiya manteve sua postura fechada, olhando profundamente no fundo dos meus olhos, o que me deixou perturbada.

— Que coisas na minha apresentação? – ele respondeu com outra pergunta, crispando os lábios.

— Anh.. a coisa, sobre aliens.. – aquele ar de aborrecida seriedade estava evaporando toda a minha confiança, e isso me deixa irritada.

— Você é um alien?

— Não...

— Tem a aparência de um

— Eu... o que?

Ele suspirou enfadado antes de continuar.

— Se você não é um alien, o que quer?

—... nada...

— Então não fale comigo, está gastando meu tempo.

Seu olhar era tão frio, que eu acabei por pedir desculpas sem nem mesmo perceber. Agora eu consigo entender a garota que saiu chorando. Pensei em algumas coisas para dizer, mas nada parecia bom o bastante. Senti os olhares ansiosos de todos pesando ás minhas costas, e um pouco incomodada, eu os fitei. Todos mantinham a expressão de ávido interesse em seus rostos, misturado à uma evidente e inesperada solidariedade. Algumas garotas até mesmo me parabenizaram silenciosamente.

Dado que esse primeiro contato teve um fim lastimável, eu decidi por manter distância segura da zona de perigo, e tudo o que pude fazer, foi sussurrar na direção de Taniguchi.

Eu quero o meu dinheiro!


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Notas finais do capítulo

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