Suzumiya Haruki no Monogatari escrita por Shiroyuki


Capítulo 19
Capítulo 19 - Visita


Notas iniciais do capítulo

Etto... Olá, leitores... *desvia de tomatadas*
Eu sei que demorei muuuuito tempo pra atualizar. Sei que mereço morrer de uma forma lenta, dolorosa, bizarra e humilhante, e que vocês devem estar desejando a minha cabeça numa bandeja, com uma maçã na boca.... mas depois de lutar contra dragões, magos do mal e alguns orcs, eu finalmente consegui escrever mais um capítulo *pose heroica*
Certo, isso é um exagero, mas seria bom se acreditassem ._.
Enfim, chega disso, vamos logo ao capítulo *espanta teias de aranha*



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Atravessei o pesado portão de ferro, que havia acabado de ser aberto, e caminhei lentamente, com a visão embaçada por causa do sono e do cansaço. O tempo estava nublado, refletindo meu estado de espírito. Eu não havia dormido nada durante a noite, pois a imagem daquele irritante ser cujo nome eu me recuso a pronunciar não queria me deixar descansar. Depois de horas e horas de insônia, em que passei revirando-me na cama para encontrar uma posição confortável, desisti de tentar ter um ciclo de sono normal e acabei levantando para vir para a escola, tão cedo que provavelmente nem o velho zelador estaria de pé.

Também havia o fato de eu ter esquecido minha mochila na sala do clube, e eu ainda teria que passar no prédio antigo antes de tudo. O pensamento insano de que talvez Nagato Yuuki já estivesse lá, acompanhado de um livro, me deixou inquieta. Será que ele vinha para a escola assim tão cedo? De alguma forma… esse tipo de comportamento parecia se encaixar em seu personagem.

Ainda refletindo sobre isso, eu entrei no prédio principal, para trocar de sapatos. Abri o armário, e sentindo algo estranho afundar no meu estômago, vi um pedaço de papel rodopiar até o chão. O que há com essas pessoas que deixam bilhetes em armários de sapatos? Yuuki tinha mais colegas yangires circulando livremente por aí? Ele teria que selecionar melhor as suas companhias, se fosse esse o caso…

Apesar da coincidência, eu tive uma sensação diferente dessa vez. Depois de colocar os sapatos internos rapidamente, abaixei-me e peguei o pequeno bilhete. Ela um papel-cartão, de aparência séria e objetiva, e dessa vez, não era anônimo. O nome que saltava até meus olhos, em uma letra elegante que poderia muito bem pertencer a um professor de caligrafia, era o de “Asahina Mitsuru”; Abri o cartão, curiosa, imaginando se o senpai já estaria na escola há essa hora, e o li rapidamente. “Estarei esperando você na sala do clube agora mesmo. Mitsuru-kun”.

Estranhei o pedido, mas não pensei em nenhum momento em negá-lo. Não quando eu podia ouvir claramente a voz doce do senpai dizendo aquelas palavras ecoar pelos meus ouvidos. E ele parecia mesmo o tipo de pessoa que recorria a métodos indiretos. Corri para subir as escadas e atravessei a passarela que separava os dois pavilhões, tomando o rumo tão familiar que levava à sala do clube. Como esperado, estava tudo completamente deserto, e eu conseguiria ouvir o bater das asas de uma borboleta caso houvesse alguma por lá.

Em menos de cinco minutos, cheguei à sala do clube. Em um ato involuntário e completamente sem fundamento, bati na porta antes de entrar.

— Pode entrar – ouvi uma voz grave e educada responder, e assustando-me, abri a porta do clube com ímpeto. Seria algum maníaco louco que invadiu a escola para fazer mal ao nosso mascote moe?

Quando entrei, não encontrei nenhum maníaco, nem Asahina, muito menos Nagato Yuuki. Na minha frente estava um homem, que poderia muito bem ser universitário, ou pelo menos um jovem professor. Trajava um elegante terno negro, com gravata azul-marinho listrada diagonalmente, e tinha um sorriso que poderia facilmente convencer qualquer garota a fazer o que ele quisesse. Talvez ele fosse um host…

De alguma forma, as suas feições lembravam as de Mitsuru, com os mesmos cabelos cor de pôr-do-sol, meio bagunçados e bastante volumosos, no entanto, bem mais longos do que os dele. Era também mais alto do que eu, embora não chegasse tanto quanto Yuuki, talvez somente um pouco mais do que Haruki. Suas costas eram largas e ele possuía um porte ereto e imponente que impressionava. Tinha olhos decididos e maduros, muito diferentes dos olhos de bebê-foca do meu senpai.

— Kyonko-chan! Já faz tanto tempo! – o homem disse subitamente, reparando na minha falta de reação, e então veio na minha direção, segurando minhas mãos antes que eu pudesse me opor. Novamente, eu tive a incômoda sensação de que era Mitsuru-senpai na minha frente. Mas não havia como! Esse homem estava com seus vinte e tantos, e não importando o quanto ele fosse bonito, seu rosto de adulto não poderia pertencer a alguém que se parecia com um estudante do ginásio como Mitsuru.

— D-desculpe-me… etto… você é irmão do Asahina-san? – indaguei, atirando a única hipótese que me parecia plausível.

Ele pareceu surpreso por alguns segundos, no entanto, não soltou minhas mãos. Sorriu e piscou um dos olhos, encolhendo os ombros.

— Heh heh… eu sou eu! – ele disse, parecendo subitamente mais jovem, e seus olhos brilharam de uma maneira que só podia ser descrita como “Misturu” – Ah, eu senti tantas saudades de você…! – ele suspirou, afagando as minhas mãos carinhosamente. Eu ofeguei, assustada, e provavelmente corando também, e desvencilhei minhas mãos das dele, discretamente. Aquelas mãos eram bem maiores que as do senpai que eu havia visto ontem… mas transmitiam uma sensação cálida que me parecia familiar. – Não tenha medo. Eu sou de fato Asahina Mitsuru, e venho de uma linha temporal mais adiantada que o Mitsuru que você conhece. – ele disse seriamente, recolhendo-se ao notar a minha relutância.

Devo ter parecido extremamente patética neste instante. Apesar de haver dezenas de motivos para eu me agarrar à razão, não conseguia me forçar a acreditar em qualquer outra verdade que não fosse aquela. A pessoa à minha frente era a versão do futuro de Asahina Mitsuru. É claro. Eu podia aceitar isso facilmente – e isso me assustava muito. No entanto… nunca pensei que Mitsuru-kun pudesse crescer tanto e se tornar uma espécie de modelo sexy de outdoor. Na minha mente, ele seria para sempre o pequeno Mitsuru, com sua fantasia de coelho, chorando e sorrindo gentilmente, não necessariamente nessa ordem. Só que o homem à minha frente me provava exatamente o contrário.

— Você ainda não acredita em mim, não é? – ele sorriu como quem se desculpa, recuando um passo – Ah, eu devia ter previsto isso, você é apenas uma colegial, afinal. Deve estar assustada, com um cara aparecendo do nada, falando dessas coisas… Que cabeça a minha, jogar tantas informações para você e esperar que entenda de uma só vez! – ele deu um tapinha na própria cabeça, e então voltou a me encarar – Aqui, irei mostrar a você a prova – disse, e em um movimento preciso, ergueu a camisa. Eu arquejei, em choque. Era a primeira vez que me via nessa situação, e não sabia onde focar os olhos. Meu rosto queimava tanto que não seria surpresa se eu derretesse inteira ali mesmo.

O abdômen do Mitsuru crescido era incrivelmente bem definido, o que me fez pensar se ele não andara gastando algumas horas na academia, apesar de ainda ser tão magro como sempre, e da imagem de Asahina Mitsuru levantando peso ser de certa forma desconcertante. Logo abaixo do umbigo, perto do cós da calça e quase tocando a linha da virilha, havia uma pequena marca, que passaria despercebida facilmente. Não que eu estivesse prestando tanta atenção assim, é claro!

Depois de alguns segundos registrando aquela imagem para posterior análise, eu virei o rosto, incomodada e chocada, sem saber o que deveria ser dito agora. Seria de bom tom agradecer? Enquanto eu ainda pensava na inocência corrompida dos meus olhos, o atraente e maduro Asahina falou:

— Você não se lembra dessa marca? – ele indagou de uma forma tão inocente que era um crime ser utilizado por um adulto, enquanto baixava novamente a camisa – Que estranho… se não tivesse me dito, eu jamais teria percebido sozinho… - ele ponderou por alguns segundos, e então seus olhos se arregalaram em pavor – Eh, isso quer dizer que… ainda não, nós… eu apenas… aah, o que eu deveria fazer? – ele se desesperou, andando de um lado para o outro apreensivamente – Eu entendi errado, me desculpe pelo que acabei de fazer! – ele pediu, olhando-me aflito. Ah, certo, era mais fácil falar do que fazer. Essa imagem já está gravada na minha retina!

— Eu acredito em você. Na verdade, me tornei uma pessoa propensa a acreditar em qualquer coisa – admiti, forçando-me a olhar novamente para ele, embora tivesse certeza de que meu rosto ainda deveria estar tão vermelho quando um sinal de trânsito. Meus olhos vergonhosamente voltavam para a direção do tórax do Asahina crescido, e isso era perturbador.

— Você realmente acredita que eu vim do futuro deste plano temporal? – ele repetiu, apenas para confirmar.

— Claro. Mas… isso significa que existem dois Mitsuru-senpais nesse mundo? – indaguei, fatalmente curiosa.

— Sim, o meu eu do passado deve estar dormindo, ou provavelmente acordando, há essa hora.

— E ele sabe que você está aqui?

— Não. Afinal… ele é o meu passado. Se ele soubesse… eu também saberia. Bem, é um conceito complicado, não vale a pena pensar nisso agora.

— Entendo… – eu sentei em uma das cadeiras dobráveis, ao sentir minhas pernas sedentárias reclamarem de ficar em pé. Asahina fez o mesmo, parecendo por um breve momento, melancólico, ao abrir a cadeira mais próxima e sentar-se também.

— Eu tinha algo importante a dizer para você, por isso implorei aos meus superiores para que me deixassem retornar a esse quadro temporal. Ah, sim, eu também pedi ao Nagato-san que nos deixasse a sós por um momento.

Eu sabia! Então ele realmente vem assim tão cedo para a escola…

— Você sabe quem o Nagato realmente é? – indaguei, apoiando os cotovelos na mesa à minha frente.

— Perdão, mas essa é uma informação confidencial. Oh! Faz realmente muito tempo que não digo isso!! – ele pareceu radiante por um breve momento, lembrando a sua versão colegial que eu ouvira falar essa mesma frase há poucos dias atrás. – Bem, não tenho muito tempo aqui, então vou direto ao ponto. Kyonko-chan… Você já ouviu falar da história da Pequena Sereia?

— Bem, sim… - eu respondi lentamente, levantando os olhos para o mais alto Mitsuru, e vendo seu semblante parecendo preocupado. Começar um assunto sério falando de contos de fadas não parece “ser direto” para mim, mas como se tratava de Asahina Mikuru, mesmo que um vindo do futuro, não acho que possa contestá-lo quanto a isso – Você diz aquela com a sereia que quer ser humana, e precisa que o príncipe se declare e a beije, mesmo que tenha perdido a voz? – eu repeti o que me lembrava dos livros de histórias. Fazia muito tempo que não ouvia essa.

— Isso, a Pequena Sereia. Não importa por quais situações complicadas você passe de agora em diante, espero que se lembre desta história, está certo? – ele se inclinou para mim, esperando uma confirmação.

— E-eu… passei por uma situação complicada há poucos dias… - eu disse, lembrando-me mais uma vez do sorriso do representante de classe com uma faca brilhando em sua mão. Essa imagem povoara meus pesadelos nas últimas dias.

—Não, será bem mais sério do que isso. Não posso dizer detalhes, mas como você poderia presumir, eu posso informar que Suzumiya Haruki estará ao seu lado quando acontecer.

Haruki? Comigo? Ah, eu passei por uma situação estranha com ele ontem, será que era disso que você estava falando…? Espero que não, por que uma história de amor de contos para crianças não tem absolutamente nada a ver com aquilo. A não ser a parte de virar espuma… eu realmente queria poder sumir de repente naquela situação.

— Você não pode ser um pouco mais específico? – pedi hesitante, lembrando-me da cena da noite anterior e querendo por tudo no mundo esquecê-la o quanto antes.

— Sinto muito, mas por agora, só posso fornecer algumas pistas, isso é tudo.

— Pequena Sereia, certo… acho que posso me lembrar disso… - repeti para mim mesma, registrando a ideia.

— Bom, acho que tenho um pouco mais de tempo sobrando afinal de contas – Mitsuru comentou alegremente, e então se levantou, andando pela sala do clube com as mãos nos bolsos e um semblante nostálgico demais para alguém tão bonito. Parou ao lado da arara em que estava sua fantasia de mordomo e a de coelhinho, e mais algumas que eu ainda não tinha tido coragem de dar uma olhada – Eu costumava vestir isso frequentemente, e acabei até mesmo me acostumando… mas agora, definitivamente não teria coragem de usar qualquer uma dessas…

Se ele fosse um host como eu supus, ainda ficaria muito bem na fantasia de mordomo…

— Você parece estar fazendo um cosplay agora, com esse terno… - eu disse tolamente. De certa forma era verdade, afinal, Asahina Mitsuru e seu rosto angelical, seja o garoto do segundo ano que eu conheço, seja sua versão adulta e absolutamente atraente, não combinavam em nada com a imagem sóbria que um terno passa.

— Ah, sim! Como eu não entro mais em meu uniforme, tive que me vestir como um professor – ele explicou sorrindo. Algo me diz que ele conseguiria se passar por um estudante do colegial com essa aparência, facilmente. Bem… algumas pessoas apenas nascem para usar fantasias…

— Falando nisso… - um surto de curiosidade me forçou a falar – O que mais o Haruki vai te forçar a vestir?

— Não posso dizer, é embaraçoso demais. Acabaria com essa minha imagem de adulto – ele apontou para si mesmo, rindo melodiosamente – Além do mais, creio que você vai descobrir logo, de todo modo – caminhou na minha direção, e descobri que seus olhos estavam um pouco úmidos, algo que eu nunca imaginei visualizar no rosto de um homem mais velho – Então… eu acho que vou indo agora. Com licença… - ele disse, num tom que mais parecia um pedido, e antes que eu me desse conta, estava envolvida em seus braços. As costas de Mitsuru-kun estavam bem mais largas do que eu poderia imaginar, e seus braços eram fortes e quentes. Mantive-me sem reação, quando Mitsuru repentinamente me soltou, afastando-se alguns passos a mais do que o necessário. Seu semblante era ilegível – Vai certamente parecer contraditório depois de eu ter agido assim, mas eu tenho mais um pedido a fazer a você. Kyonko-chan… por favor, não se aproxime muito de mim…

— C-como?

— Cuide do Suzumiya-kun – ele falou, sorrindo de canto enquanto andava por mim, na direção da porta.

— Eu tenho uma pergunta para você! – eu exclamei, vendo-o colocar a mão na maçaneta. Ele apenas girou a cabeça, como se estivesse posando para uma foto, e esperou que eu dissesse – Hmm… Asahina-san… quantos anos você tem agora? – eu perguntei, embora tivesse minhas suposições de que ele certamente teria muito mais do que a sua aparência sugeria.

Vi o Asahina Mitsuru mais velho balançar seus cabelos, enviando-me um sorriso que poderia ser classificado facilmente como “sedutor”.

— Informação confidencial~

A porta se fechou. Provavelmente não fazia sentido ir atrás dele.

Wow! Eu jamais poderia acreditar que Asahina se tornaria tão lindo quando crescesse. Ou talvez pudesse… de qualquer forma, aquilo que ele disse, “Kyonko-chan, já faz tanto tempo!”, dá a entender que ele não me via há pelo menos alguns anos. O Asahina do futuro deve ter retornado ao seu próprio tempo e passado alguns anos por lá antes de vir me encontrar nessa época novamente… Quanto tempo deve ter sido? Bom, pela mudança em sua aparência, eu diria que foram muitos. Algo entre 8 e 10 talvez… ou mais… pessoas como Mitsuru dificilmente demostram envelhecimento. Ele deve ser como uma daquelas idols que não parecem ter seus 30 ou 40 anos, enquanto dançam e rebolam com uma saia curta demais para a idade que tem.

— Sim, isso faz sentido – eu murmurei para mim mesma, ciente de que não pareceria muito sã enquanto resmungava como uma velha solteirona.

Disposta há gastar algum tempo na sala do clube antes da aula, eu me sentei na cadeira de Chefe, erguendo as pernas em cima da mesa, para aproveitar o silêncio e a ausência de certas pessoas barulhentas demais. Liguei o computador, e enquanto esperava que ele iniciasse, ouvi alguém adentrar a sala do clube. Não precisei me preocupar em mudar de posição para ver de quem se tratava, pois com aquela altura, certamente seria Nagato Yuuki.

Ele entrou, com sua usual face gélida, e seu olhar nu pousou sobre mim. Ele ainda não usava os óculos hoje.

— Você viu alguém parecido com o Mitsuru-kun por aqui? – indaguei, em tom de brincadeira.

— Eu já havia visto o clone de diferencial temporal de Asahina Mitsuru mais cedo – ele sentou, silencioso como um gato, na sua cadeira próximo à janela, e abriu o livro que tinha em mãos – Ele não está mais aqui, pois retornou ao seu quadro temporal.

— Você pode viajar no tempo também? – eu perguntei, enquanto esticava o braço para alcançar o mouse e arrastá-lo até o ícone do navegador.

— Não. Porém o movimento temporal não é algo tão complicado quando possa pensar. Os humanos somente não compreenderam ainda os seus princípios básicos. O tempo e o espaço são bastante similares entre si, e movimentar-se por ambos é muito simples. – eu não precisava olhar para saber que em nenhum momento Yuuki levantou os olhos do livro ao responder.

— Pode me ensinar então? – eu arrisquei, arqueando uma sobrancelha.

— O conceito não pode ser explicado com palavras que você seja capaz de entender.

Impressão minha ou ele está duvidando da minha capacidade?

O que mais me aborrece é que ele provavelmente está certo quanto a isso…

— Então é assim?

— Sim.

— É uma pena…

— Uma pena.

— Você vem bem cedo para a escola… por que?

Ele apenas indicou o livro que lia, sem nem me dar uma resposta monossilábica dessa vez. Certo, ele vinha para a escola para ler. Entendi. Porém, não fazia sentido dialogar com um personagem estático. Suspirei, descendo a barra de rolagem do site da brigada. Era a única coisa que havia nos favoritos. Havia novamente fotos do Mitsuru-senpai ali, então eu ergui levemente a cabeça, sem descer os pés da mesa, olhando-as com atenção. Comecei a deleta-las uma a uma, mas havia uma em especial  que chamou minha atenção.

Era uma foto que eu não havia visto ainda. Trazia Mitsuru com sua cara chorosa, sentado de uma maneira sugestiva em cima da mesa, sem o fraque preto, e com o colete cinza e a camisa branca meio abertos, revelando parte do peitoral liso e outra do seu abdômen. Havia uma diferença assombrosa entre esse tórax e o que eu vi mais cedo, tanto que cheguei a duvidar dos meus próprios sentidos. Como poderiam ser a mesma pessoa?!  Encarei a foto por vários segundos, em choque.  Um pouco abaixo do umbigo, no local exato, um pequeno sinal se destacava na pele pálida. Aproximei a imagem, fatalmente curiosa. Era uma pinta em forma de estrela.

É. Não restavam dúvidas. Suzumiya Haruki era um grande pervertido de mente doentia, que tira fotos de senpais moe nessas poses vergonhosas. E a pessoa que com quem eu me encontrei essa manhã era uma versão de um futuro distante do meu colega de clube, que por sua vez já era um viajante do tempo… É, eu posso conviver com isso.

— Hmm… Yuuki-kun… - eu chamei, hesitante, lembrando-me de algo que precisava ser dito. Virei o rosto para a tela do computador, recebendo em cheio os seus raios prejudiciais a minha visão, apenas para não ter que encarar Nagato nesse momento. O rosto choroso de Mitsuru, que me fitava entrecortado pelos pixels, me tranquilizou em parte – Muito Obrigada. Por aquele dia…

— Não há necessidade de agradecimentos. As ações de Asakura Ryoushi eram da minha responsabilidade, e tudo ocorreu devido à minha supervisão descuidada – sua expressão estática se alterou alguns centésimos de milímetros, e seu cabelo moveu-se minimamente. Era um pedido de desculpas?

— Você ficou bem sem os óculos também… - eu disse rapidamente, e ele não respondeu.

O belo momento de confraternização foi cortado por um estrondo na porta. Eu gemi inconsciente, fechando a página da brigada imediatamente para que ele não visse que eu novamente excluí todas as fotos do Mitsuru. Do outro lado da sala, Suzumiya Haruki me encarava com furor, e um semblante ameaçador escondido por trás de um sorriso.

— Chegaram cedo meus súditos! Muito bem, esse comportamento será levado em conta na hora de avaliar quem merece uma promoção! – ele bradou de lá, jogando a mala sobre a mesa e vindo na direção da mesa – Kyonko! Eu posso ver… é listrada, azul e branca!!

— Kyaa! – eu baixei as pernas de imediato, levando junto as mãos, protetoramente. Yuuki, você não percebeu, nem mesmo para me avisar? Não sei se fico aliviada ou frustrada por você nem mesmo se dignar a ter um comportamento mais típico de garoto…

— Chega de frescura, Kyonko! – Haruki replicou, e eu rosnei, fuzilando-o com os olhos enquanto levantava do seu trono, ainda segurando a barra da saia com as mãos. Haruki não parecia tão depressivo quanto na noite anterior, e isso me deixava mais tranquila… mas só de pensar nas coisas vergonhosas que ele foi capaz de fazer comigo ontem, e pelo visto, hoje também, tinha vontade de socá-lo daqui até a Lua – Eu ainda não tomei café, venha, vamos até a cantina! – ele agarrou meu braço, rebocando-me para fora.

— Me solte! – protestei, inutilmente, enquanto Haruki me levava pela mão. Das poucas pessoas que estava no caminho da sala do clube até o prédio novo, nenhuma parecia notar nada de estranho no nosso comportamento, e isso me deixava ainda mais inquieta. Será que ver a mim sendo arrastada pelo Suzumiya tornou-se algo banal, indigno de nota?

Pensando bem, eu saí tão apressada de casa que sequer pensei em tomar café da manhã. Comer alguma coisa não parecia mais uma ideia tão ruim.

No caminho, eu vi Mitsuru-kun pela janela, entrando pelo portão. Aaah, ele parece ainda mais pequeno e fofinho hoje, enquanto andava a passos lentos e sonolentos até a entrada… era reconfortante vê-lo de novo. E em um tamanho apertável e fofo…

— Não se distraia! – Haruki apressou ainda mais o passo, segurando com firmeza a minha mão.

— Certo… - eu sibilei, acertando-me ao seu passo apressado e tentando me colocar ao seu lado. Não era tão difícil, depois de pegar certa prática. Ah, o que eu deveria pegar para comer? Bem, como esqueci minha carteira na sala do clube, então é por sua conta hoje, Danchou.

Aliás… como será que o Suzumiya vai parecer quando crescer…? Acho que eu gostaria de ver isso…


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Notas finais do capítulo

Bem, e aí, gostaram?
Bom, a Teffy-senpai pediu para que eu fizesse um desenho do Mitsuru crescido, mas realmente não deu tempo... Eu to atolada em trabalhos, e segunda-feira tenho uma prova de desenho geométrico, e por falar nisso, eu estava fazendo alguns outros trabalhos agora mesmo, e parei na metade só pra postar a fic '-' --Não sigam esse exemplo, onegai
Como não deu pra fazer o desenho, eu procurei na internet por alguma coisa, e achei uma imagem que se aproximava - e muito - do que eu tinha idealizado. Na verdade, parece até que leram minha mente enquanto eu escrevia pra fazer esse desenho. Então, deem uma olhada n_n

http://www.zerochan.net/1221399

Então, é isso. Não sei quando o próximo vem, então não alimentem esperanças de que seja logo... Mas, de repente, sei lá, se acontecer uma catástrofe e eu não tiver aulas, talvez... vish, nem pensem numa coisa dessas~ Sei que não to merecendo, mas um reviewzinho seria bom nee? *u*
Kisu♥ Minna-san!



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