Suzumiya Haruki no Monogatari escrita por Shiroyuki


Capítulo 16
Capítulo 16 - Encurralada


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei pra postar, e ainda por cima, o capítulo está curto... mas já to quase terminando o próximo, então não vai demorar (só não se acostumem...)



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O rosto alvo, iluminado pela luz quente do sol poente, virou-se na minha direção. A mudança fez a sombra se projetar em sua face. Não foi um efeito muito agradável.

— Você já ouviu falar que é melhor fazer e se arrepender do que nunca ter feito? Acha que isso faz sentido? – Ryoushi indagou, divagando com ar despreocupado.

— Acho que faz sim... por que?

— Se em uma situação em que manter as coisas como estão as deixaria piores, e você não tem ideia de como melhorá-las, o que você faria?

— Melhorar? Está falando da política? Da economia da Europa...? – aquela conversa sem sentido estava indo para lugar algum.

Ignorando minha pergunta, Asakura sorriu novamente, inclinando-se na minha direção. Inconscientemente, recuei um passo.

— Você acredita que devemos fazer agir primeiro e encarar as consequências depois? Pois eu sei que nada vai mudar se as coisas continuarem assim...

— Hmm... acho que sim. – concordei, imaginando uma forma de me despedir sem parecer rude. Talvez eu devesse dizer que tenho um compromisso inadiável com meu irmãozinho. Se dissesse que tenho um encontro, até mesmo o gentil Asakura Ryoushi perceberia a nota falsa nessas palavras.

— É isso o eu queria dizer – Asakura acenou brevemente, aproximando-se mais uma vez – De toda forma, sendo que aqueles que estão acima são incapazes de causar mudanças rápidas nessa realidade, eu estou determinado a fazer algo para que as coisas ocorram de maneira mais suave. Decidi agir por conta própria e forçar algumas mudanças.

Que diabos você está falando? Olhei ao redor, esperando que Taniguchi surgisse debaixo da mesa da professora dando gargalhadas escandalosas. É a cara dela obrigar as pessoas a participarem de suas brincadeiras sem sentido, e não vejo como Asakura-san negaria um pedido feito a ele por qualquer pessoa.

— Cansei de observar um ambiente sem mudanças, e isso é o motivo pelo qual... – ele deu uma pausa repentina, dando um passo à frente. Eu senti aquele arrepio de alerta novamente, com o sangue gelando em minhas veias. Ergueu o braço, tocando levemente minha bochecha com as costas da mão. Arfei, incapaz de ter reação alguma – o motivo pelo qual terei de matar você, e ver que tipo de efeitos isso causaria em Suzumiya Haruki.

Eu recuei mais alguns passos, rapidamente. Ele me fitou com repreensão, com a mão ainda erguida no ar. Antes que pudesse me afastar mais, meus pés avançaram involuntariamente, eu caí pateticamente como uma mocinha de filme de terror. Asakura vinha para perto, lentamente, como se apreciasse o momento.

Se estiver encurralada, não terei como escapar. Foi o pensamento que passou como um raio pela minha cabeça. Como um gafanhoto, eu me arrastei pelo piso frio, sem me importar com as normas da escola para o uso de saias. A porta estava fechada, e parecia muito mais longe do que estava quando eu entrei.

Ele está me perseguindo?

... não, espere!

Que raios está acontecendo? Por que o representante de classe perfeito estava tentando me esfaquear? O que ele acabou de dizer? Ele quer me matar? Asakura Ryoushi quer me matar? Me matar? Mas, por quê?

— Pare de brincadeira! – gritei, ouvindo minha voz aguda ecoar no espaço sem conseguir reconhecê-la – Isso foi muito perigoso! Solte já essa coisa!

Eu estava confusa, obviamente. Se alguém entender o que está acontecendo, por favor, venha até aqui e me explique! Foi alguma coisa que eu fiz...?

— Você acha que estou brincando? – Asakura sussurrou, tentando ser agradável. A faca em sua mão não ajudava muito na composição do efeito. Ele passou os dedos na lâmina, lançando o reflexo avermelhado na minha direção. Seus olhos brilharam no mesmo tom, maliciosos. – Você não gostaria de morrer? A morte de seres baseados em carbono não tem qualquer significado para mim, mas parece que há a crença em algo maior, e melhor, depois do fim… talvez você possa verificar com seus próprios olhos!

Levantei com dificuldade, dando passos cambaleantes para trás. Ainda tremia, assustada demais para ver a lógica por trás daquela brincadeira. Por que, obviamente, aquilo se tratava de uma brincadeira! Eu continuava a repetir isso em minha mente, atordoada com a situação surreal. Asakura Ryoushi, o representante de classe, sério e responsável, aluno modelo, favorito entre os professores e ídolo de toda a escola. Não era o tipo de pessoa que surtava com facilidade. Por que iria carregar uma faca e alegar que quer me matar tão subitamente?

— Eu não entendo o que você está falando – eu disse, andando mais para trás e me batendo em uma das classes. Estava sem saída.  – Acabou a graça, ok? Fique longe de mim com essa coisa!

— Eu não posso fazer isso – ele mostrou seu sorriso educado de sempre – Pois eu quero vê-la morta.

Ele segurou a faca com força, os olhos brilhando na minha direção, e avançou. Foi rápido. Apenas o tempo de eu me jogar contra as classes de costas, empilhando-as umas por cima das outras, e o brilho metálico da faca passou a milímetros do meu pescoço.

Virei-me, vendo a chance de correr para a porta, quando, mas dei de cara com a parede. A porta por onde eu entrei não estava mais lá. Não havia sinais de uma porta em lugar algum. As janelas também desapareceram, como se nunca houvessem existido. Só restaram as mesmas paredes grossas e cinzas, sem luz alguma. O sol desaparecera também, e apenas as luzes brancas iluminavam friamente as mesas.

Impossível!

— É inútil – Asakura aumentou o tom de voz, ainda suave, aproximando-se das minhas costas – Eu tenho o controle sobre essa área específica, então bloqueei todas as saídas. Você não tem para onde escapar agora – ele deu o último passo na minha direção. Com certa suavidade, passou os dedos em meu rosto, terminando no pescoço. Tremi com o toque, sentindo algo pedras de gelo que faziam minha pele formigar. Cerrei os dentes, reprimindo um grito. Ele apertou os dedos ao redor do meu pescoço, forçando-me a erguer a cabeça e olhar diretamente para ele – Eu avisei para não resistir – ele rosnou guturalmente, ainda sorrindo – Você vai morrer de qualquer forma, não vejo motivos para adiar... Isso só a deixará com semblante cansado durante o enterro.

Em um instante, Asakura avançou com a mão, segurando com firmeza meu cabelo, puxando minha cabeça para trás. Gemi, cerrando os dentes. Um brilho metálico encostou-se ao local onde minha garganta se esticava para trás, e senti a lâmina gelada tocando minha pele.

Asakura sorriu prazerosamente, segurando a faca com tanta firmeza que os nós dos seus dedos se revelavam. Ofegante, eu o visualizei com o canto dos olhos, que se enchiam rapidamente com lágrimas até a beira. Ele não hesitaria, e nenhum momento. Essa constatação me fez tremer com mais força.

— ... o que... é você? – eu sibilei, encarando-o diretamente, tentando manter o controle.

Ele sorriu com a pergunta, afrouxando o aperto na minha cabeça. Preparava-se para uma explicação, e eu vi nisso uma brecha.

Usando todo o conhecimento que os anos de filmes de suspense, e de comédia nonsense me trouxe, concentrei as forças na minha única e estúpida chance. Respirei fundo, e acertei Asakura Ryoushi exatamente em seu local mais sensível, aproveitando para escapar de suas garras e correr para qualquer lugar enquanto ele se curvava vulneravelmente.

Tive muita sorte de conseguir escapar dessa maneira, mas é claro que não duraria muito tempo. Corri desesperadamente por entre as mesas, sem rumo, ou um plano de fuga definido. Ele parecia totalmente recuperado, e andava em linha reta na minha direção, empurrando as mesas e cadeiras em seu caminho apenas com sua vontade. O brilho de prazer e divertimento que antes fulgurava em seus olhos fora substituído por uma ameaçadora sombra negra, que se projetava em seu rosto, tornando-o duro e inflexível, apesar de permanecer controlado, e até mesmo com um ínfimo sorriso gentil.

A perseguição não durou muito, e logo eu estava novamente encurralada. Respirava com dificuldade, com meus sentidos curiosamente aguçados, atentos a cada pequeno ruído dos passos perfeitamente elegantes de Asakura Ryoushi.

Num ato de desespero e total falta de opções, joguei a cadeira mais próxima em Asakura. Não foi um golpe certeiro, e muito menos forte, mas antes que a cadeira pudesse sequer realizar seu movimento de queda, girou no ar e voou para o lado oposto da sala.

— Eu não disse que era inútil? Tudo nessa sala se move de acordo com a minha vontade. Você vai morrer. – ele disse calmamente, como se estivesse apenas dizendo “não corra nos corredores” para os garotos do time de futebol.

Senti meu coração martelar loucamente, como se quisesse dar todas as batidas a que tinha direito de uma só vez. Por favor, não pare agora!

Sigh... O que está acontecendo aqui? Se não é uma piada, ou uma brincadeira, e eu não estava louca, e provavelmente Asakura também não (quanto a isso, há algumas dúvidas) então o que ocorria ali?

Terei de matar você, e ver que tipo de efeitos isso causaria em Suzumiya Haruki.



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Notas finais do capítulo

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